Audiência reúne dubladores por regulamentação do uso de inteligência artificial no setor
18/06/2024 20:03 | Cultura | João Pedro Barreto - Fotos: Larissa Navarro





"O que é meu? O que é dele? E o que é nosso?". Foi essa reflexão que deu início à Audiência Pública em defesa dos dubladores e dubladoras na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Na noite de segunda-feira (17), produtores culturais e fãs da dublagem nacional lotaram o auditório Paulo Kobayashi para defender o setor e pedir regulação no uso da inteligência artificial (IA).
A reclamação dos trabalhadores é que tem se tornado comum empresas apresentarem contratos aos dubladores autorizando o uso de suas vozes para o treinamento de ferramentas de IA.
"A inteligência artificial tem que entrar como um complemento, como auxiliar. Ela não pode substituir o trabalho desses profissionais, porque nele há sensibilidade, criatividade, entonação de voz, alma, emoção, o que não existe na IA. Por isso, temos que proteger esses profissionais que são importantíssimos para a nossa cultura e nosso entretenimento", comentou o deputado Carlos Giannazi (Psol), solicitante do evento.
No Senado Federal, tramita um projeto de lei que pretende regular o uso de inteligência artificial no país e, para a categoria, é essencial que ele proteja os dubladores brasileiros. "Essa audiência pública é uma plataforma de lançamento de um grande movimento nacional, que vai ajudar a pressionar o Congresso, em Brasília", concluiu Giannazi.
Confira mais imagens da reunião:
Originalidade
O avanço do uso da inteligência artificial tem causado mudanças em diversos setores da economia mundial. Apesar de representar avanços e melhorias em algumas cadeias produtivas, especialistas já demonstram preocupação em relação à redução do corpo humano nas empresas.
"Hoje os profissionais de arte e várias empresas que atuam na área artística estão em sério risco. Segundo nossa Constituição, o que é seu, é protegido por uma série de leis. Uma foto, pintura, música, texto, dublagem ou qualquer outra manifestação artística não pode ser deliberadamente usada sem o seu consentimento. Hoje, empresas de IA estão fazendo isso e só a regulamentação vai trazer algum tipo de segurança no atual cenário", afirmou Fábio Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Dubladores (Dublar).
Azevedo, que também é dublador, conhecido por ser a voz do personagem Doutor Estranho, da Marvel, ainda defendeu que a futura legislação beneficie os produtores culturais nacionais, em detrimento das empresas donas das ferramentas de IA. "Pense em uma criação artística que custou o suor e a dedicação de alguém sendo usada sem que essa pessoa seja remunerada por isso. Por que favorecer megacorporações em detrimento do ser humano? Por que tirar o sustento de inúmeras famílias? Qual a vantagem de descapitalizar uma parcela enorme da população e capitalizar uma big tech estrangeira?", questionou.
"A IA não faz nada sozinha, ela não pensa, não tem anseios, medos, insatisfações ou convicções. Tudo isso pertence a nós, seres humanos. A IA só cataloga, compila e emula o que nós fazemos. A discussão não tem a ver com direita, esquerda ou centro. Ou apenas com um bando de dubladores com medo de perder seus empregos. A discussão tem a ver com o que nos faz ser seres humanos, com o respeito ao trabalhador e ao povo brasileiro", finalizou Azevedo.
Economia
Além das questões envolvendo os direitos autorais e o valor imaterial da dublagem, também foi enfatizado durante a audiência o valor econômico que a indústria da dublagem possui. "A gente tem uma economia criativa bastante grande. Além de nós no microfone, existem vários outros profissionais dentro do estúdio de dublagem, na produção, na área técnica, de captação, mixagem, transferência de dados, tradutores e diretores. É uma cadeia produtiva totalmente prejudicada", explicou Angela Couto, vice-presidente da Dublar.
Segundo a dubladora, existem cerca de 3 mil profissionais da área no país, apesar de, potencialmente, todos os atores do Brasil poderem fazer serviços de dublagem. "A inteligência artificial usufrui de um trabalho que o profissional realizou anteriormente e não considera a remuneração sobre isso. Então, a gente pede regulamentação, porque queremos construir esse caminho para o consentimento e compensação sobre esses trabalhos", complementou Angela.
Assista à audiência, na íntegra, na transmissão feita pela TV Alesp:
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