A privatização dos Correios foi debatida em audiência pública realizada nesta segunda-feira (23/8) pelo 2º secretário da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, deputado Luiz Fernando (PT). O encontro reuniu representantes de movimentos populares e instituições de várias regiões como a Federação Nacional dos Técnicos Industriais (FENTEC) e o Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo (SINTECT), em protesto à intenção do governo federal em privatizar os Correios. O projeto 591/21, já aprovado na Câmara dos Deputados, em Brasília, vai permitir a exploração de todos os serviços postais pela iniciativa privada com o objetivo de incitar uma maior competição no setor para promover a qualidade dos serviços prestados e de investimentos, de acordo com o texto apresentado. O deputado Luiz Fernando afirma que a potencial privatização dos Correios significa dar aval para a exploração por parte das empresas privadas. "Querem passar mais algo do Estado, algo que é nosso, para a iniciativa privada explorar", disse. O secretário geral da FENTECT, José Rivaldo da Silva, afirma que é necessário que existam debates sobre o tema nas Casas Legislativas para impedir a aprovação do projeto no Senado. "Uma frente parlamentar em defesa dos Correios é importante para fortalecer a nossa luta contra a privatização", afirmou. O deputado federal Paulo Teixeira (PT/SP) afirmou que a entrega da instituição para a iniciativa privada resultaria no crescimento das taxas para a população. "Não tem sentido vender uma empresa lucrativa". "Se privatizar [os Correios] vai aumentar a tarifa, assim como aconteceu com a luz", disse. Para a presidente do SINTECT/DF, Amanda Gomes, as empresas privadas iriam interromper a democratização de serviços essenciais para a população. "A operação do Enem é a maior em logística do mundo, a questão da emissão de documentos ou medicamentos. Os Correios não levam apenas mercadorias, levam também cidadania". "Defender os correios é defender o Brasil", afirmou. Rogério de Queiróz, ex-presidente do sindicato dos trabalhadores dos Correios/SP, pediu para que a população se questione sobre a real intenção da proposta. "A pergunta que tem que estar na mente dos brasileiros é: a quem de fato interessa a venda dos Correios?". "Esse tipo de pergunta o povo precisa refletir e se posicionar", disse. "Nós queremos o Correios para todos. O papel [do Correios] não é dar lucro ao governo, é cumprir o papel social dele", afirmou o presidente da SINTECT/Campinas, Luís Aparecido de Moraes, sobre os serviços oferecidos pelos Correios, que, segundo ele, estão além dos lucros. O Projeto 591/21, do governo federal, que foi aprovado com alterações durante Sessão Plenária na Câmara dos Deputados no dia 5 de agosto, segue agora para o Senado Federal que irá deliberar a proposta.