Nakba, a catástrofe palestina, é tema de ato solene na Alesp
17/05/2023 19:31 | Memória | João Pedro Barreto, sob supervisão de Cléber Gonçalves - Fotos: Rodrigo Romeo






Nakba. Palavra árabe que significa 'catástrofe', 'desastre'. Palavra que virou também significado de um dos momentos mais importantes para os povos árabes, principalmente para os palestinos, em sua história recente. Há 75 anos, mais de 800 mil palestinos foram expulsos de suas terras e, até os dias de hoje, eles lutam pelo direito de um lugar para chamar de seu. Essa catástrofe humanitária mudou o destino de centenas de milhares de pessoas que viviam na região da Palestina. Nesta terça-feira (16), ela foi relembrada na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
Um ato solene reuniu autoridades da comunidade árabe, pesquisadores da história da região e o deputado Eduardo Suplicy (PT) para relembrar o fato histórico e debater a situação do povo palestino.
"Para nós, é muito importante relembrar essa data, porque o povo palestino está lutando todos os dias contra a ocupação e colonização de suas terras. Por isso viemos aqui, no maior Parlamento da América Latina, para que tenhamos suporte político para que a gente continue a divulgar a causa palestina e o sofrimento desse povo", explicou Mohamad Sami El Kadri, presidente do Fórum Latino Palestino e organizador do evento.
O deputado Eduardo Suplicy também destacou a importância da data e seu desejo para um futuro de paz. "Eu, como discípulo de Martin Luther King, sempre batalho para que possamos seguir suas recomendações quando diz 'que os filhos de ex-escravos e os filhos de donos os filhos de ex-donos de escravos sejam capazes de se sentar juntos na mesa da fraternidade'", pontuou Suplicy.
O que foi a Nakba?
A Nakba, ou catástrofe palestina, é como é chamado o início do processo de expulsão do povo palestino de suas terras. A história dos problemas enfrentados pelo povo palestino não é curta, nem simples. Mas, de forma resumida, essa história começa em novembro de 1947, quando, em uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), um projeto de partilha do território palestino foi aprovado. Esse projeto cedeu mais da metade das terras da Palestina para a criação do estado de Israel.
"A partir dessa votação, o movimento sionista [movimento político pela estruturação de um Estado judeu na região da Palestina] conseguiu uma chancela para a criação de Israel e começou a atacar os vilarejos palestinos. Eram 1.100 e 530 foram varridos do mapa até o fim de 1949", explicou a professora de História Árabe da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), Arlene Clemesha.
A data de recordação da Nakba, 15 de maio, representa o início da guerra Árabe-Israelense, travada entre o recém-criado Israel e cinco países Árabes, um dia após a criação oficial do estado de Israel. Mas, ressalta a docente, a expulsão do povo palestino de suas terras começou depois daquela aprovação da ONU, em 1947. De acordo com ela, entre a assembleia e o início da guerra, foram expulsos 400 mil palestinos de suas casas e mais 400 mil até o fim das batalhas que terminaram com os Israelenses dominando 78% do território.
Durante o ato solene, os presentes frisaram que a Nakba perdura até os dias atuais. Para eles, Israel possui uma política de apartheid, oprimindo, subjulgando e violentando o povo palestino que ainda vive na região. Arlene Clemesha destaca que, atualmente, esta parcela da população vive em bolsões territoriais e sem liberdades plenas. "Não existe território palestino autônomo. O que existe é um estado único, que é o de Israel, que ocupa militarmente territórios palestinos e que transferiu para as autoridades palestinas apenas poderes municipais, sem exército, fronteira ou alfândega", explicou.
Memória
As celebrações anuais da data têm a função ainda de resgatar a memória daqueles palestinos que foram mortos, violentados e expulsos de suas terras pelos israelenses. Soraya Misleh, jornalista palestino-brasileira e autora do livro "Al Nakba - Um estudo sobre a catástrofe palestina", usou seu espaço de fala durante a solenidade para narrar a história de seu pai, contada também em seu livro.
Soraya detalha que, em 1948, a aldeia de seu pai foi cercada, bombardeada e todos os seus habitantes expulsos pelas forças paramilitares sionistas, quando ele tinha apenas 13 anos. Ela destaca que essa história é comum a centenas de milhares de palestinos, que tiveram que se refugiar em outros países do mundo naqueles anos e ao longo das décadas seguintes. Atualmente, estima-se que existam mais de 6 milhões de refugiados palestinos a redor do mundo.
"Meu pai sempre me contou o que era a Palestina, como eles viviam e como foi essa violência. Ele transmitiu essa identidade e esse vínculo com a terra palestina para mim. Eu dedico essa fala ao meu pai, que não conseguiu realizar o seu sonho de retornar a sua terra", contou a jornalista que perdeu seu pai no início de abril.
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