No centenário da Semana de Arte Moderna de 22, Alesp destaca deputados que também atuaram na literatura

Fundador da ABL e homem que inspirou o personagem Visconde de Sabugosa são alguns exemplos
11/03/2022 18:41 | Informativo | Maurícia Figueira - Reprodução Rede Alesp

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João de Azevedo Carneiro Maia, Antonio Joaquim da Rosa, Theóphilo Dias de Mesquita, Herculano Marcos Inglês de Sousa, Padre Mamede José Gomes da Silva.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283219.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> João de Azevedo Carneiro Maia<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283220.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Joaquim da Rosa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283221.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Theóphilo Dias de Mesquita<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283222.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Herculano Marcos Inglês de Sousa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283223.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Padre Mamede José Gomes da Silva.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283224.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Francisco Monteiro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2022/fg283225.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Menotti del Picchia, Plínio Salgado e Cândido Motta Filho foram deputados da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo e também participantes da Semana de Arte Moderna de 1922. Mas eles não foram os únicos artistas que se elegeram parlamentares paulistas.

No centenário do movimento que rompeu com as artes vivenciadas até então, a Alesp levantou em seus registros históricos os deputados que foram artistas.

Na Assembleia Legislativa Provincial, entre 1835 e 1889, diversos parlamentares foram relevantes no campo da literatura nacional. Um deles foi, inclusive, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL). Houve deputado romancista, poeta, músico e também deputado que inspirou o escritor Monteiro Lobato a criar o personagem Visconde de Sabugosa.

ABL

Deputado entre os anos de 1880 e 1883, o advogado, jornalista, professor, contista e romancista Herculano Marcos Inglês de Sousa fundou a cadeira número 28 da ABL em 1897. Sousa é considerado o introdutor do naturalismo na literatura brasileira, movimento que usava a literatura não apenas como entretenimento, mas como instrumento de denúncia social. O principal representante do naturalismo no país foi Aluísio Azevedo, com o livro O cortiço.

Sousa também foi presidente das províncias de Sergipe e Espírito Santo. Entre as obras publicadas, destacamos: O cacaulista (1876), História de um pescador (1876), O coronel sangrado (1877), O missionário (1891) e Contos amazônicos (1893). O deputado também escreveu diversas obras jurídicas e artigos.

Na fundação da ABL, os fundadores homenagearam personalidades que marcaram a cultura brasileira elegendo um patrono para cada cadeira. O deputado Theóphilo Dias de Mesquita foi um deles. Sobrinho do poeta Gonçalves Dias, o patrono da cadeira número 36 foi deputado provincial paulista entre os anos de 1886 e 1887.

Algumas das obras do jornalista, advogado e poeta foram: Flores e amores (1874); Cantos tropicais (1878); Fanfarras (1882); Lira dos verdes anos (1878) e A comédia dos deuses (1888). Participou também das publicações Província de São Paulo, A República e Revista Brasileira, de José Veríssimo. Sua principal obra, Fanfarras, foi elogiada por escritores como Manuel Bandeira e Antônio Cândido.

Outro nome entre os deputados escritores foi Antonio Joaquim da Rosa, eleito por quatro vezes deputado provincial, entre 1852 e 1857, e entre 1876 e 1877. Rosa também foi presidente da Assembleia Provincial entre 1º de fevereiro de 1876 e 6 de fevereiro de 1877.

Patrono da cadeira 19 da Academia Paulista de Letras, escreveu os romances: A feiticeira (1849), A assassina (1854), A cruz de cedro (1854), além das poesias Canto do cisne e vivo-morto (1876-1885), Gozar e morrer (1881) e A ermida de Santo Antônio (1881).

Teatro e música

Já no campo do teatro, destacamos o deputado provincial Paulo Antônio do Valle. Nos tempos de estudante da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Valle escreveu diversas peças de teatro. Caetaninho e O tempo colonial (1848), As freiras de Pilatos (1849) e Capitão Leme (1850) são algumas delas. Escreveu também as obras Legenda do Ipiranga (1874), Noções de arte poética (1884) e A Bernarda de Francisco Ignacio em São Paulo, em 23 de maio de 1822 (1884). O teatrólogo, advogado e poeta foi deputado entre os anos 1850 e 1853.

Outro deputado poeta foi João de Azevedo Carneiro Maia. Deputado entre 1858 e 1859, foi também jornalista, crítico de arte e sociólogo. Sua principal obra foi O município (1878). Escreveu o poema O Itatiaia e o Wagon (1872) e o conto Lenda do Tymburibá (1883).

Além da literatura, houve também deputados músicos, como o padre Mamede José Gomes da Silva. Segundo a revista Polichinello, de 12 de novembro de 1876, Mamede estudou seriamente música e foi discípulo do maestro Jesuíno de Cássia. O padre, que foi deputado entre 1862 e 1863, também foi advogado formado pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco em 1854, com doutorado em 1858.

Visconde de Sabugosa

Por fim, nosso último destaque vai para um deputado que não escreveu livros, mas tem um importante papel na literatura brasileira. José Francisco Monteiro foi avô de Monteiro Lobato e serviu de inspiração para a criação do personagem Visconde de Sabugosa.

Deputado entre 1862 e 1863, José Francisco recebeu o título de Visconde de Tremembé, em 1887, e era proprietário das terras imortalizadas como o Sítio do Pica-Pau Amarelo por Monteiro Lobato. Cafeicultor, Visconde de Tremembé foi colaborador da iluminação pública da cidade de Taubaté em 1867 e da Companhia de Bondes a Vapor entre Taubaté e Tremembé. Chegou a angariar fundos e recrutar voluntários para a Guerra do Paraguai.


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