Setembro Amarelo: Leis aprovadas na Alesp reforçam compromisso com a vida
13/09/2024 19:58 | Conscientização | Giullia Chiara - Foto: Agência Alesp





"A pior coisa que pode acontecer quando você está passando por um momento difícil, é você compartilhar com alguém e a pessoa não dar muita importância". O sincero relato é de Alice de Gaspari, jovem de 24 anos que faz acompanhamento psiquiátrico e psicológico.
O quadro depressivo de Alice, agravado por um episódio de violência sexual, foi o gatilho que fez ela pensar, por muitas vezes, em tirar a própria vida. Diagnosticada com transtorno bipolar - condição de saúde mental que se caracteriza por mudanças extremas de humor -, Alice passou a reconhecer a necessidade da busca por tratamento.
Apesar de delicado, a melhor forma de evitar que os índices de mortes causadas por autoagressão aumentem é falar sobre o tema. Os transtornos depressivos - principais motivadores do suicídio -, ainda não recebem a atenção necessária.
Destinado à conscientização para a prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, maior campanha anti-estigma do mundo, é essencial para a discussão deste tema sensível, mas de extrema importância.
Neste mês, a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo reitera o comprometimento pela conscientização acerca do tema e destaca medidas importantes no combate à depressão.
Casos como o de Alice são amparados graças a normas aprovadas pela Casa. Em São Paulo, mulheres vítimas de violência sexual têm à disposição ajuda psicológica e acompanhamento psicossocial, garantidos pela Lei 13.813/2009, atualizada em 2021, mas que vigora há 15 anos.
Mudança de Hábitos
Alice de Gaspari conta que compartilhou pensamentos negativos com pessoas de confiança. "Contei para as minhas melhores amigas. Foi um período muito conturbado porque era pandemia, mas eu consegui ter acolhimento delas mesmo de longe e nunca me senti sozinha por ter pessoas que eu sabia que continuariam me amando mesmo com pensamentos suicidas. Não sei como seria minha vida, nem se seria, se eu não tivesse elas ao meu lado".
A jovem conta que, mesmo sob cuidados de especialistas, o tratamento não é linear e existem altos e baixos durante o processo, tornando a escuta e o apoio de pessoas próximas fundamental.
O psiquiatra graduado pela Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, Fernando Tomita, explica que, além do suporte, a mudança de hábitos é essencial no combate à depressão. "Uso de álcool, tabaco e outras drogas, falta de lazer e atividades prazerosas, exposição a situações estressantes, violência doméstica, abandono ou dificuldade de acesso ao tratamento interferem de forma negativa no tratamento", explica.
Situações estressantes e risco de morte são rotina de algumas profissões. Os agentes da Segurança Pública, por exemplo, lidam diretamente com eventos traumáticos e precisam de suporte psicológico constante.
A Alesp, pensando nisso, instituiu a "Semana Estadual em Prol da Saúde Mental Policial", oficializada pela Lei 17.739/2023 e que acontece na primeira semana do mês de setembro.
Outra ação neste sentido é a Frente Parlamentar da Prevenção ao Suicídio e Defesa da Saúde Mental na Segurança Pública do Estado de São Paulo, que debate o tema na Casa.
Quem vê cara, não vê coração
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com a depressão no mundo. Embora exista uma ocorrência um pouco maior em mulheres, o transtorno envolve fatores biológicos do funcionamento dos neurotransmissores cerebrais, fatores genéticos e ambientais.
Fernando Tomita conta que algumas condições podem contribuir no desenvolvimento da depressão, como disfunções hormonais e doenças como Parkinson, hipotireoidismo, anemia, deficiência vitamínica, aids, hepatite, lúpus, dor crônica, entre outras.
Ao contrário do que diz o senso comum, em muitos casos, uma pessoa com depressão pode não demonstrar sintomas ou se queixar em público. Apesar disso, existem alguns comportamentos que podem sinalizar que algo está errado e é importante que alguém próximo seja capaz de identificá-los.
O médico salienta a importância de estar atento aos casos mais graves, em que a pessoa apresenta perda da vontade de viver, com ideias suicidas, planejamento e tentativas de autoextermínio. Nesses casos, a ação precisa ser rápida e mais incisiva.
Ações na Casa
O cuidado e o apoio também são prioridades da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que atua por meio da criação de normas, debates, auxílio aos servidores e outras iniciativas.
Criada e aprovada na Casa, a Lei 17.300/2020 institui o Programa de Prevenção de Violências Autoprovocadas ou Autoinfligidas e tem a finalidade de atender e capacitar os agentes de segurança do estado para o auxílio e o enfrentamento ao suicídio.
Já a Lei 18.011/2024 institui a Semana Estadual do "Não te julgo, te ajudo", realizada na segunda semana de setembro. O objetivo é propor a divulgação de diversas formas de transtornos psicológicos e conscientizar a população a respeito do tema.
Sancionada neste mês, a Lei nº 18.026/2024 autoriza a criação do Programa Cuidar de Quem Educa, voltada aos profissionais da Educação estadual. A iniciativa prevê ações específicas para a promoção da saúde mental e emocional, oferecendo suporte psicológico e psiquiátrico, entre outras medidas voltadas ao bem-estar dos profissionais.
Além das normas, a Alesp conta com duas Frentes Parlamentares que reúnem parlamentares e sociedade civil para debater o tema. São elas: a Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental e a Frente Parlamentar de Prevenção ao Suicídio.
Pensando na saúde dos servidores, estagiários e terceirizados do Legislativo Paulista, a Alesp oferece, diariamente, atendimento psicológico por meio da Divisão de Atendimento de Saúde ao Servidor, além de campanhas como a "Semana da Saúde", que, neste ano, teve foco na saúde mental.
Peça ajuda
Fundado em São Paulo em 1962, o CVV (Centro de Valorização da Vida) é um serviço voluntário gratuito de apoio emocional e prevenção ao suicídio para todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. O canal oferece atendimento pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), por chat, e-mail ou pessoalmente.
Notícias relacionadas
- Dia Estadual de Combate à Hepatite busca informar e conscientizar população sobre doença
- Maio Laranja alerta sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes
- Projeto busca atendimento preferencial a portadores de fibromialgia no Estado de SP
- Semana de Prevenção Contra o Uso de Drogas: parlamentares alertam usuários para os perigos
- Dia estadual alerta população sobre as consequências do tabagismo
- Propostas de parlamentares da Assembleia visam cuidado com a saúde do trabalhador
- Protagonismo da mulher, acolhimento e respeito são os pilares do parto humanizado
- Dia Mundial de Combate à Tuberculose ressalta a importância da vacinação e do tratamento da doença
Notícias mais lidas
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações