Patrimônio de São Paulo, Fundação Memorial da América Latina completa 35 anos

Instituído como órgão público a partir de Lei aprovada na Alesp, equipamento tem papel fundamental na cultura e no conhecimento
02/07/2024 00:00 | Arte e Cultura | Giullia Chiara - Foto: Giullia Chiara

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Praça Cívica - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330027.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Biblioteca Latino-Americana - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330028.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maquete América Latina - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330029.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Salão de Atos Tiradentes - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330030.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Auditório da Biblioteca - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330031.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Acervo Artístico - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330032.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Acervo Artístico - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330033.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Acervo Artístico - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330034.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Acervo Artístico - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330035.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Travessa - FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330059.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> FMAL<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2024/fg330060.jpeg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Idealizado pelo falecido historiador e político brasileiro Darcy Ribeiro, o Memorial da América Latina, espaço que busca o estreitamento das relações culturais, políticas, econômicas e sociais do Brasil com os demais países latinos, completa hoje 35 anos de reconhecimento como instituição vinculada ao poder público. A data surgiu a partir da publicação da Lei nº 6.472, de 28 de junho de 1989, de autoria do Executivo, aprovada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

Projetada por Oscar Niemeyer, a Fundação foi inaugurada em março de 1989, na cidade de São Paulo. Localizado próximo ao Terminal Barra Funda, na Zona Oeste, o complexo possui espaços destinados a exposições, espetáculos e festivais, com o principal objetivo de difundir manifestações latino-americanas de criatividade e conhecimento. No entanto, possui importante papel político e acadêmico, algo pouco conhecido pela população.

Além de sediar eventos culturais, shows e festivais, como o Coala Festival, o Memorial é um importante órgão multidisciplinar, que oferece bolsas para pesquisadores, além de ser sede de teses de mestrado e doutorado, possuindo parcerias com universidades Brasil afora.

Também educador, antropólogo e museólogo, Darcy pretendia transformar o Memorial em uma grande vitrine latino-americana, exportando conhecimento e cultura, assim como servir de ferramenta para pesquisas e proposição de políticas públicas.

Acervo Artístico

Por meio de uma experiência desconcertante, quem visita o Pavilhão de Criatividade Darcy Ribeiro se depara com uma riqueza inestimável de esculturas em madeiras, artigos religiosos, vestes típicas e outros itens de expressão artística que contemplam a singularidade de cada povo representado.

Sob um piso de vidro, logo na entrada do espaço, está uma maquete do território da América Latina sem divisões administrativas, apenas figuras típicas e itens originários da região.

"Darcy fez algo bastante subversivo do ponto de vista da museologia. Durante três anos, ele percorreu do México ao Peru, recolhendo peças de arte popular que efetivamente tivessem participado das festas e das manifestações religiosas. Ele reuniu tudo sem nenhuma narrativa ou verbete explicativo, então quando o espectador ingressa, a primeira sensação é de perplexidade, porque ele não sabe por onde começar", explica Pedro Mastrobuono, diretor-presidente da Fundação.

Luta, suor e sangue

Além do acervo permanente, o Memorial recebe outras exposições, assim como possui diversas obras de expressivos artistas brasileiros. A organização abriga o segundo maior mural de Portinari, que ilustra a trajetória combativa de Tiradentes, junto a imensos paredões esculpidos em Pedra por Poty e Caribé.

Um dos símbolos de São Paulo, a escultura "Mão" também é uma obra de Niemeyer, que retrata a unificação dos povos latinos através da luta, do suor e do sangue. Representadas no monumento de sete metros, as veias abertas possuem o formato do mapa.

Políticas Públicas

As cátedras, disciplinas acadêmicas que abordam temas de diversas áreas de estudo, promovendo seminários, pesquisas e cursos, são mais uma das atuações da instituição.

"Aqui vai funcionar a primeira cátedra da língua guarani no Brasil, um esforço de aproximação para que a língua tenha uma vertente brasileira. Isso é política pública", explicou o presidente, reforçando a importância da iniciativa na geração de empregos e preservação da identidade latina.

De acordo com Mastrobuono, o número de pesquisadores interessados em bolsas disponibilizadas pelo Memorial se multiplicou nesta gestão, chegando a 46 para cada bolsa disponível, mostrando a relevância da instituição como braço acadêmico.

Seminários que abordam problemáticas sociais que atravessam limites regionais também são promovidos, como recentemente aconteceu em palestras sobre violência doméstica e pessoas em situação de refúgio.

Imigração

Uma das principais preocupações do Memorial como aparelho público é a assistência direta e indireta a refugiados e imigrantes recém-chegados ao país, mais especificamente na cidade de São Paulo.

Algumas das formas encontradas para assistir essa população é dar prioridade para sua contratação no mercado de trabalho, seja de mão de obra qualificada ou não, assim como oferecer cursos de português e dupla certificação para imigrantes com ensino superior. No Memorial, refugiados também encontram um ponto de doação de roupas, serviços de saúde e instruções para a obtenção de documentos.

"Essa gestão acabou de fazer um termo de cooperação e está ocupando espaço aqui dentro no Memorial da América Latina, a Casa da Venezuela. É importante que se diga que no fluxo migratório para o Brasil, a Venezuela perde 300 cidadãos diariamente", disse Mastrobuono, sobre a parceria com uma organização não governamental que tem o objetivo de facilitar o processo de integração socioeconômica de venezuelanos.

Mastrobuono também explicou que, embora o Memorial da América Latina seja uma cátedra da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), não possui autonomia para reconhecimento de diploma de estrangeiros. Contudo, existe um grande interesse em tornar isso possível através do processo legislativo.

Eventos

João Carlos Corrêa, diretor Cultural e de Comunicação da FMAL, contou que além de promover eventos próprios, a Fundação também realiza parcerias, "A gente promove, faz uma correalização e uma curadoria para que o evento não apenas passe por aqui, mas também deixe alguma coisa; que tenha eco".

João ainda explicou que a realização de eventos por meio da doação do espaço é responsável pela arrecadação de impostos, geração de empregos, visibilidade e bagagem cultural. Para ele, um exemplo recente foi a 23ª edição da Feira Cultural da Diversidade LGBT+, que gerou em apenas um dia de evento cerca de mil empregos.

"A gente já programou uma reunião para discutir como o produto do que foi discutido na feira vai ser levado para outros países, para que ele seja também uma referência", mencionou o diretor, sobre como a instituição busca contribuir para além do entretenimento.

O Memorial da América Latina é uma escola a ser seguida, um exemplo de preservação da cultura e da valorização do conhecimento latino. Um aparelho com o potencial de criar políticas públicas por meio de demandas reais que aproximam cada vez mais, o povo de suas origens.

É possível conferir a programação e mais informações sobre futuros eventos nos seguintes canais:

https://memorial.org.br/

@memorialdamericalatina

Leia aqui a versão em espanhol da matéria:

https://www.al.sp.gov.br/noticia/?previa=S&id=480486

alesp