'Esquecendo Flora': documentário resgata vida de ex-escravizada e seu espaço na sociedade

Alforriada em 1881, Flora Maria Blumer tornou-se a primeira mulher preta a ser admitida em uma Igreja Metodista no Brasil; obra foi exibida na Alesp
16/05/2024 17:16 | História | Fábio Gallacci - Fotos: Rodrigo Costa

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Cenas do documentário Esquecendo Flora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324839.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Beatriz Ferraz, produtora do documentário<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324813.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Rose Soares, codeputada: visibilidade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324814.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paulo Roberto de Almeida Júnior: Igreja Metodista<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324815.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cenas do documentário Esquecendo Flora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324816.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cenas do documentário Esquecendo Flora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324817.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cenas do documentário Esquecendo Flora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324819.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cenas do documentário Esquecendo Flora<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2024/fg324820.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Flora Maria Blumer de Toledo foi uma mulher preta que viveu como escrava por 48 anos na cidade de Piracicaba. "Comprada" pela missionária americana Martha Watts, que veio ao Brasil para abrir a primeira escola Metodista na cidade do Interior paulista, Flora foi alforriada em 1881. Livre, ela tornou-se a primeira mulher preta a ser recebida em uma Igreja Metodista no Brasil, época em que as igrejas eram segregadas entre as raças. Essa é a base da história contada no documentário "Esquecendo Flora", exibido na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, nesta terça-feira (14), por iniciativa da deputada Monica Seixas do Movimento Pretas (Psol).

Com direção e roteiro de Beto Oliveira, o documentário busca mostrar os movimentos de resistência contra o apagamento da história dos pretos em São Paulo e trazer o passado para as luzes do presente. Reunindo relatos de historiadores, o material foi produzido de forma independente e contou com recursos do Programa de Ação Cultural de São Paulo (ProAc-SP).

Resistência

Rose Soares, servidora pública e integrante do Movimento Pretas na Alesp, do qual a deputada Monica Seixas faz parte, participou da exibição. "Sendo mulher, Flora tem uma história de resistência política e de gênero que nós consideramos importante que seja retratado através desse documentário. Estamos aqui para dar visibilidade para essa personagem tão emblemática", afirmou Rose. "É importante perceber como uma mulher preta pode demorar para ascender a lugares de destaque na sociedade. As batalhas que são travadas para que ela permaneça neles são difíceis", acrescentou.

Construção de uma história

Paulo Roberto Lopes de Almeida Júnior, coordenador do Ministério Regional de Ações Afirmativas Afrodescendentes da Igreja Metodista, frisou que o documentário também pode ser identificado como parte da história da Igreja Metodista no País, já que foi produzido com diversos materiais encontrados na própria igreja. "Com isso, foi possível a construção dessa história. É muito significativo estar na Alesp hoje, porque aqui é um espaço de debate, de fomento das ideias, das políticas e de atendimento de toda a população. Exibir esse documentário aqui nos oferece um significado especial, justamente pelo Legislativo ser um campo plural, de todos os credos. É uma possibilidade de encontro como sociedade brasileira", pontuou Almeida.

O representante da Igreja Metodista aproveitou o encontro para refletir sobre o 13 de maio, data da assinatura da Lei Áurea, que determinou a abolição da escravatura no Brasil em 1888. "Essa é uma data mais de questionamento, e não de celebração. Justamente por conta de toda a ausência de proteção social e apagamento da história do povo negro. Não podemos esquecer da luta e resistência dessas pessoas. O documentário sobre a Flora também trata desse apagamento dos personagens negros da nossa história", afirmou.

Apagamento

Beatriz Ferraz, produtora do documentário, lembra que Flora não está sozinha na obra e reforça a questão do apagamento. "Dentro dessa história, nós temos outras personalidades negras que também sofreram com esse esquecimento. Através da vida da Flora, a gente expõe os duros processos de escravização que aconteceram no Interior do Brasil e como isso reverbera até hoje na vida das pessoas pretas", apontou Beatriz.

A produtora ainda lembrou que a história teve origem nas pesquisas do historiador Edir Monteiro, também de Piracicaba. "Ele fez um levantamento sobre várias personalidades pretas da cidade que precisam ser revisitadas e a Flora estava ali nesse contexto. Como ela era a única mulher em meio a muitos homens, isso despertou a nossa atenção", explicou.

Agora, o documentário "Esquecendo Flora" vai seguir um roteiro de mostras e festivais pelo Brasil. Espaços, instituições e grupos interessados também poderão exibir a obra a partir de agora.

Mais imagens do evento: https://www.flickr.com/photos/assembleiasp/albums/72177720316978946/

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