Parlamentares e trabalhadores de empresas públicas do Estado contrários à privatização de serviços públicos se reuniram em uma audiência pública realizada nesta segunda-feira (19), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, para debater ações promovidas pelo Governo Estadual. O cerne da discussão, organizada pelo gabinete da deputada Paula da Bancada Feminista (Psol), foi o processo de privatização de empresas como Sabesp, Metrô e CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), por parte do Governo Estadual, e o direito à greve dos trabalhadores estaduais. "Essa audiência pública é uma primeira iniciativa desse ano para a gente voltar a se articular, discutir ações, ouvir a população e fazer a resistência a esse projeto de privatização", disse o deputado Guilherme Cortez (Psol). O público presente, composto por parlamentares e representantes de diferentes setores sociais, expressou as dificuldades e o descontentamento com o processo de privatização de empresas encabeçado pelo Governo do Estado. "Viemos debater o prejuízo que isso vai trazer para o Estado de São Paulo. A iniciativa privada vem para ter lucro e isso, como no caso do saneamento, traz riscos até mesmo para a saúde da população", disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado (Sintaema), José Antonio Faggian. Um dos parlamentares que compuseram a mesa do evento, o deputado Eduardo Suplicy (PT) defendeu a participação popular no processo de privatização. "A forma mais democrática que ele [Governo] teria para estar realizando algo de acordo com a população é chamar um plebiscito", afirmou o deputado. Direito à greve Durante a reunião pública, os trabalhadores presentes também apresentaram denúncias sobre sanções que alegam sofrer por parte do Executivo estadual, como o cerceamento ao direito de greve. Presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Camila Lisboa defendeu o direito de mobilização. "Os trabalhadores fizeram mobilizações muito importantes no final do ano passado e estão sendo perseguidos pelo Governo do Estado, seja através de demissões ou através de advertências, que julgamos que são inconstitucionais". Um dos convidados do debate foi o jurista e professor de Direito do Trabalho da USP, Jorge Luiz Solto Maior que, em sua fala, reforçou a manifestação pelo direito à greve. "É um momento triste para a classe trabalhadora, onde temos que lembrar que a greve é um direito fundamental", disse Maior. "Não há dúvida que se os trabalhadores querem exercer a greve, que é o meio legítimo de manifestação, legitimamente poderão manifestar sua opção", completou.