A voz e a vez delas: ativista colombiano valoriza o protagonismo das crianças em defesa do planeta

Francisco Vera Manzanares, de 14 anos, participou de evento na Alesp sobre mudanças climáticas; documento que trata sobre "Eco Esperança" será apresentado por ele na COP27, no Egito
31/08/2023 18:46 | Meio Ambiente | Fábio Gallacci - Fotos: Rodrigo Costa

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Audiência pública Mudanças Climáticas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg308031.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Audiência pública Mudanças Climáticas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg308034.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Audiência pública Mudanças Climáticas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg308039.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Audiência pública Mudanças Climáticas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg308040.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Audiência pública Mudanças Climáticas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2023/fg308041.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Dar às crianças o protagonismo que elas merecem - e são capazes de assumir - no debate sobre as mudanças climáticas no planeta. Este foi o tópico do evento organizado pela deputada Marina Helou (Rede), nesta quinta-feira (30), na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Entre os convidados, o ativista ambiental colombiano Francisco Vera Manzanares, de apenas 14 anos.

"Estamos fazendo todo o possível para que as crianças se empoderem e comecem a participar, cada vez mais, dos espaços onde podem interferir de alguma maneira. Muitas vezes, o que acontece é que outras pessoas, jovens ou adultos, falam pelas crianças. Mas podemos falar por nós mesmos", afirmou o ativista, que é integrante do Conselho do Comitê dos Direitos das Crianças da ONU, defensor jovem da Unicef para a América Latina e Caribe e embaixador da Delegação da União Europeia na Colômbia.

Guardianes por la Vida

Fundador do grupo "Guardianes por la Vida", iniciado com exatos seis amigos que resolveram fazer algo de prático pela natureza em sua terra natal e não pararam mais de voar, Manzanares conta hoje com mais de 700 companheiros pelo mundo. Crianças como ele, que não querem mais apenas ser figurantes em vídeos ou fotos publicitárias sobre o assunto. Agora, elas querem ser ouvidas e estão preparadas para isso. "As crianças devem ser incluídas de fato nas políticas climáticas, ambientais e nos diversos espaços de participação e tomadas de decisões sobre o tema", reforçou ele.

Dignidade e a Eco Esperança

Conforme Manzanares ressaltou no evento da Alesp que contou com outros representantes de organizações ambientais, as mudanças climáticas afetam os direitos que as crianças têm de viver em um ambiente saudável, sustentável e limpo, ou seja, com dignidade. As crianças também são muito mais vulneráveis e impactadas pelos efeitos dessas mudanças, principalmente as que vivem nas periferias das cidades.

Nesse sentido, o colombiano apresentou um documento que será levado para a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP), em 2027, no Egito: a "Declaração de Eco Esperança". São cinco itens básicos que colocam as crianças como detentoras de um espaço de opinião entre os órgãos representativos internacionais e líderes políticos.

Os principais pontos são: a garantia de direitos; o acesso à cidadania e a educação ambiental; maior representação para tomadas de decisões; políticas reais de adaptação às alterações climáticas; além da necessidade de uma transição energética no planeta.

"Nós realmente acreditamos nisso como um conceito que planta a esperança. Muitas vezes, as mudanças climáticas, os problemas e dilemas da nossa sociedade nos afetam, gerando indignação e tristeza, o que se conhece como eco ansiedade. Frente a isso, apresentamos a eco esperança. Tudo baseado em ações e compromissos que não só os cidadãos devem assumir, mas também os governos, empresas e indústrias que têm a principal responsabilidade neste problema", comentou Manzanares.

Tomada de atitude aos 9 anos

O ativista colombiano começou sua trajetória aos 9 anos de idade. A raiz de tudo foi a situação da Amazônia colombiana, que na época sofria com as queimadas. Os incêndios estavam em um pico que impressionou o menino que assistia diariamente ao noticiário com seu avô depois da escola. "Todo o meu entorno estava impactado por isso; a escola e o restante da sociedade. Cresci ao redor da natureza e ela sempre esteve ao meu lado. Isso influenciou no meu ativismo desde o começo", lembrou.

Assim, Manzanares criou o grupo com os companheiros de escola. Crianças com determinação de sobra para impressionar instituições estabelecidas. "Quando pude ver a Amazônia pela primeira vez, com meus próprios olhos, foi uma coisa impressionante. A beleza do nosso mundo é impactante e creio que ainda não somos conscientes do privilégio de morar neste planeta", comentou o menino, que ainda precisa fazer suas lições de casa enquanto luta por um futuro melhor.

Perseverança

O tempo passou e o grupo seguiu com perseverança e constância. "A perseverança é algo muito importante porque a formulação de políticas públicas é algo difícil de se realizar", comentou, com o equilíbrio de um veterano.

No final de 2019, ele foi ao Congresso colombiano falar sobre o assunto. "Foi a primeira vez que estive num espaço formal, onde alçava a minha voz para exigir políticas reais sobre clima e Meio Ambiente na Colômbia. Isso inspirou muito os meus companheiros e a mim para seguirmos adiante. A partir daí, começamos a expandir ao redor do país e a fazer muitos projetos de educação ambiental, climática e cidadã", lembrou o ativista que segue conquistando corações e mentes por onde passa. "Temos ainda muitos desafios no futuro, mas o importante é ter clareza de que a nossa participação é importante", convidou Manzanares.


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