Um olhar atento à Habitação e à Saúde com o objetivo de salvar vidas. Na décima Audiência Pública do Orçamento 2024, promovida pela Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento (CFOP) da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a população de Marília e região concentrou muitas de suas reivindicações nestes dois pontos. Com uma Santa Casa que atende 62 municípios vizinhos - com 586 mil pacientes registrados apenas em 2022, sendo 80% do Sistema Único de Saúde (SUS) -, a necessidade de recursos é urgente. A fila de cirurgias ortopédicas, por exemplo, tem atualmente 400 pessoas, com uma espera de até quatro anos para a realização do procedimento. "O que a Santa Casa precisa é investimento em equipamentos para salvar vidas e dar conforto para quem nós atendemos. Precisamos de ventilador pulmonar, bisturi elétrico, autoclaves, camas. Parece coisa canhestra, mas isso é da mais alta importância aqui. São nossas carências para atender melhor quem precisa, e são muitas pessoas", afirmou Luiz Antônio Orlando, vice-provedor da Santa Casa local. Representantes de Assis aproveitaram para pedir apoio ao Hospital Regional de sua cidade também. Segundo eles, a unidade está fechando as portas por falta de funcionários. Começou a atuar com mil profissionais em seus quadros e atualmente tem apenas 450. O hospital atende mais de 25 municípios. CDHU Os riscos vividos pelas centenas de famílias que moram nas unidades da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbana (CDHU) de Marília também receberam um grande destaque na tribuna durante a audiência pública. "A situação está muito precária. As pessoas que moram lá correm risco de morrer. O prédio está em estado de calamidade. Precisamos que o Governo do Estado venha olhar de perto. São muitas famílias que moram no local", pediu a vereadora Vânia Ramos. De acordo com o também vereador de Marília Marcos Custódio, o atual déficit habitacional de moradias de interesse social é de 15 mil unidades no município. "Essa questão está gritando aqui na cidade todos os dias. São pessoas que precisam morar em melhores condições", apontou. Representante dos moradores da CDHU da cidade, Maria Madalena Rangel reforçou os apelos. "Vivemos uma calamidade. Vimos notícias recentes sobre chuvas com ventos de 80 km/h. O CDHU não aguenta isso. Não estamos dormindo, esperando [solução para] esses problemas. São famílias, crianças, pessoas acamadas. Gostaria que a gente recebesse uma assistência rápida. Vivemos um processo que se arrasta desde 2018. Quando pessoas morrerem ali, não adiantará mais nada", disse ela. Escolas e mobilidade Outras demandas apresentadas mencionaram necessárias melhorias nos prédios das escolas estaduais da região e a instalação de marginais, ou vias alternativas, nas rodovias da região para melhorar a fluidez do tráfego e aumentar a segurança local. Além de Marília e Assis, ainda participaram do evento representantes das cidades de Oriente, Pompéia, entre outras. Novo momento Fizeram parte da mesa diretora do encontro o presidente da CFOP, o deputado Gilmaci Santos (Republicanos); o vice-presidente do grupo, Luiz Claudio Marcolino (PT); o deputado federal Vinícius Carvalho (Republicanos); e o presidente do Legislativo local, o vereador Eduardo Nascimento. A deputada estadual Dani Alonso (PL), que tem sua base na região, acompanhou os trabalhados pela internet. O colega de Parlamento Vinicius Camarinha (PSDB), que também tem base em Marília, estava na cidade, mas se ausentou por questões de saúde. Em sua fala on-line, Dani Alonso ressaltou a importância da reposição de funcionários do Hospital Regional de Assis. "Acreditamos muito em um novo momento do Hospital Regional. Estamos trabalhando na reposição do RH da unidade. Sobre o CDHU, esta foi a minha primeira pauta com o governador Tarcísio de Freitas. Precisamos buscar solução imediata, já que existem situações que não podem esperar até o ano que vem", afirmou a parlamentar. Capital do Alimento Marília tem 237,7 mil habitantes, de acordo com o último Censo do IBGE (2022) e fica a 443 quilômetros da Capital. Conhecida como "Capital Nacional do Alimento", o parque industrial mariliense é composto por cerca de 1.100 empresas do setor alimentício, metalúrgico, construção, têxtil, gráfico e plástico, entre outros. O setor agropecuário, por sua vez, é representado principalmente pelo amendoim, ovos, laranja, mandioca, cana-de-açúcar e café. Orçamento O Orçamento do Estado é definido pela Lei Orçamentária Anual, que será votada pelo Parlamento neste segundo semestre. O documento contempla as despesas e a receita que o Governo Estadual terá à disposição para aplicar nas mais diversas áreas. A previsão é que, para 2024, esta receita seja de R$ 307 bilhões - a segunda maior do País, atrás apenas da União. Com as audiências realizadas pela CFOP, a população paulista pode participar da construção do Orçamento estadual, apresentando suas propostas, ideias e reivindicações para os municípios. Como participar Durante os meses de agosto e setembro, a Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia percorrerá 26 municípios para colher as principais demandas da população. A próxima cidade visitada será Itaberá, no próximo dia 24. O encontro acontece na Câmara Municipal da cidade, na Rua Josefina Silva de Mello, 550, Centro, a partir das 18h. Importante lembrar que a participação da população pode ocorrer de três formas: presencialmente, no local do evento; por meio de videoconferência (Link: http://bit.ly/orcamento2024; Senha: 2024); ou ainda acompanhando a transmissão em tempo real pelo canal da Alesp no YouTube.