Na noite desta segunda-feira (29/6), um ato solene realizado na Assembleia Legislativa do Estado homenageou, em ambiente virtual, a percussionista, arte-educadora e fundadora do bloco afro Ilú Obá de Min, Beth Beli. A solenidade, proposta pela deputada Monica da Bancada Ativista (PSOL) também fez um tributo ao poeta, advogado, jornalista e abolicionista, Luiz Gama. "Estamos aqui nesta noite para reafirmamos que vidas negras importam, que estamos vivos e seguiremos em luta marchando pelo bem viver e pela nossa dignidade humana, ocupando os espaços que são nossos e mandando um recado para a sociedade de que ela precisa se repensar", afirmou Erika Hilton, integrante da Bancada Ativista e organizadora do evento,. Para Erika, os atos de preconceito estão cada vez mais visíveis devido à legitimidade que ganham a partir de discursos emitidos por líderes políticos. Erika lembrou um episódio no qual Beth Beli sofreu racismo em uma padaria na cidade de São Paulo e, por denunciar o caso, está sendo processada por calúnia e difamação pelo dono do estabelecimento. A advogada e presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-SP, Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, participou do encontro e abordou a legislação que rege o tema. Segundo Maria Sylvia, o racismo institucional impede respostas satisfatórias para os processos de criminalização dos atos racistas. "Percebemos que as conquistas de leis, ainda que extremamente importantes, não podem ser pensadas como a única via para transformar práticas e costumes atentatórios aos direitos de cidadania da população negra", afirmou a advogada. Beth Beli agradeceu a placa de homenagem recebida e dedicou alguns acontecimentos de sua vida a mulheres que a antecederam. "Eu nasci na Brasilândia, em um bairro periférico, meu pai era militar da Polícia de Choque, eu tinha tudo para ir para outro caminho, então eu digo que criei um exército feminino comandado pelo orixá Xangô e eu na frente, tenho que ser muito certeira, pois sou um Oxóssi de uma flecha só, então preciso estar certa para pensar muito bem estrategicamente", disse. Luiz Gama Nascido na cidade de Salvador em 21 de junho de 1830, Luiz Gama faleceu em São Paulo, no dia 24 de agosto de 1882. O abolicionista libertou centenas de escravos do cativeiro e foi um personagem importante para a autoria negra na literatura brasileira. Foi o fundador do primeiro jornal humorístico ilustrado de São Paulo, em 1864. Durante o encontro, foram anunciadas duas proposições de autoria da deputada Monica: o Projeto de Lei 422/2020, que visa substituir o monumento Anhanguera, localizado na avenida Paulista, por uma obra em homenagem a Luiz Gama e o Projeto de Lei 423/2020 para alterar o nome da rodovia Anhanguera para Luiz Gama. Também estiveram presentes na solenidade a artista e ativista Aretha Sadick, a integrante da Mandata Quilombo de Erica Malunguinho (PSOL), Maria Clara Araújo, a cantora Nega Duda e o jornalista Oswaldo Faustino. A deputada Leci Brandão (PCdoB) enviou um vídeo parabenizando a iniciativa.