Especialista diz que prevenção à obesidade infantil deve começar no início da vida

Dieta ideal para crianças de até os dois anos de idade deve ser isenta de açúcar
01/06/2016 20:46 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: Bruna Sampaio

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Vera Lúcia Perino, Clélia Gomes e Márcia Regina <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2016/fg190089.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Clélia Gomes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2016/fg190091.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Vera Lúcia Perino, Clélia Gomes e Márcia Regina<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2016/fg190092.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Márcia Regina Vitolo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2016/fg190093.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Vera Lúcia Perino Barbosa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2016/fg190094.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Esta tese foi apresentada pela professora-associada do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, Márcia Regina Vitolo, que participou nesta quarta-feira, 1º/6, de reunião da comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar o crescimento da obesidade infantil no Estado. Márcia, que é também do programa de pós-graduação em ciências da saúde dessa universidade, esclareceu que prevenção é uma coisa e tratamento e outra e, no primeiro caso, a dificuldade inicial seria a tendência natural que bebês têm de gostar de alimentos doces e rejeitar alimentos amargos, associados a hortaliças ou legumes. Talvez pelo fato de o inconsciente humano remeter à prevenção contra a ingestão de plantas venenosas, explicou.

Em 2015, a Organização Mundial da Saúde publicou um documento sobre açúcares, mostrando sua associação com a obesidade e as cáries. A partir desse estudo, limitou-se a 10% o consumo desse produto, a partir dos dois anos de idade, informou Márcia. Antes dessa idade, o ideal seria o consumo zero de açúcares, já que outro estudo, apresentado pela Fundação Nacional do Câncer, comprovou que o consumo de açúcar contribui para o sobrepeso e aparecimento de câncer em crianças.

A preocupação com o consumo de açúcares por crianças, afirmou Márcia, deve-se à formação pela preferência alimentar, que se estabelece dos dois aos três anos de idade.

O consumo de açúcar

Frente a esse quadro, a realidade das crianças brasileiras é o "retrato do horror", na opinião de Márcia. Estudo feito em 2013 nas regiões Norte, Nordeste e Sul do país, com 615 crianças de seis a oito meses de idade cadastradas em postos de saúde, revelou que 74% já haviam consumido açúcares; 60% das crianças com menos de dois anos de idade comiam bolos, biscoitos e bolachas; e de 30% a 40% tomavam refrigerantes. Munida de outras pesquisas, Márcia ilustrou sua palestra com outro estudo feito em 16 pequenos municípios rurais do Paraná e do Rio Grande do Sul, com 1.576 bebês de menos de seis meses de idade. Mais de 50% já haviam consumido açúcar. Ou seja, alimentos inadequados como mingaus e queijos tipo "petit suisse", que contém açúcar, substituíram o aleitamento materno mesmo entre a população menos favorecida.

Márcia elencou algumas ações do governo para prevenir a obesidade, como a redução da gordura trans em produtos processados e a redução de publicidade sobre alimentos não saudáveis. Entretanto, argumentou, só isso não basta, principalmente em um quadro em que crianças mudaram também hábitos comportamentais. "Elas não ficam mais correndo nas ruas; estão nos tablets, celulares ou em frente às tevês. Nos Estados Unidos, segundo dados estatísticos recentes, crianças de menos de dois anos ficam expostas a cinco horas de televisão por dia e 98% das crianças com menos de seis meses já assistem a programas infantis".

O trabalho do Instituto Movere

Além de Márcia Vitolo, a segunda reunião da CPI da Obesidade Infantil contou também com a palestra de Vera Lúcia Perino Barbosa, educadora física, doutora em ciências da saúde e presidente do Instituto Movere. Ela explicou como funcionam os vários núcleos de trabalho dessa ONG, como o de nutrição, psicologia ou o de lazer, mostrando que a obesidade é multifatorial e deve ser combatida por equipe multiprofissional.

"Crianças e adolescentes obesos sofrem bullying, violência e descontam na comida. Por isso não precisam só de nutricionistas, têm de ter acompanhamento de psicólogos, médicos, assistentes sociais, educadores físicos e fisioterapeutas", disse.

A Movere trabalha junto a crianças e adolescentes carentes e Lúcia Perino destacou a necessidade de envolver a família no processo de reeducação alimentar. Esta atitude, segundo ela, tem dado resultados positivos, inclusive em parcerias feitas com escolas da rede pública.

Os deputados Ed Thomas (PSB) e Clélia Gomes (PHS) revezaram-se na presidência da CPI, que contou com a presença do deputado Mauro Bragato (PSDB).

alesp