DA ASSESSORIAA deputada Maria Lúcia Prandi (PT) está reivindicando absoluto empenho da Fundação Nacional do Índio (Funai) para que seja retomada a demarcação das terras da reserva indígena Itaoca, em Mongaguá. Em ofício encaminhado à presidência da fundação, a parlamentar relata o clima de medo e de insegurança que domina a aldeia, pois a demarcação foi suspensa há mais de três meses, sem que haja notícia da retomada dos trabalhos.A reserva Guarani foi oficialmente reconhecida em 1998, depois de o processo de reconhecimento tramitar por cinco anos. A área é disputada por um fazendeiro, que sustenta a tese de explorar a Fazenda Itaoca há mais de 50 anos, tendo chegado ao local, segundo diz, antes dos indígenas. "No entanto, o argumento se desmonta facilmente, porque o nome Itaoca é de origem indígena", argumenta Prandi. Para a deputada, a situação é insustentável e não pode persistir. "A União já reconheceu as terras dos Tupi-Guaranis e a Constituição também reconhece os direitos dos índios sobre as terras que ocupam", reforça Prandi, inconformada ao verificar que a prática é completamente diferente. A aldeia se estende por 10 hectares e os 90 indígenas que nela vivem estão sendo obrigados a adiar projetos importantes por receio de virem a perder as terras. Segundo explica a parlamentar, os trabalhos de demarcação já foram interrompidos diversas vezes, devido a ameaças e pressões atribuídas ao fazendeiro que reivindica a posse da mesma área.A última suspensão ocorreu em janeiro deste ano, por força de uma sentença exarada pelo Tribunal Regional Federal. "A decisão contraria uma sentença da Vara Federal de Santos, que julgou improcedente a ação cautelar formulada pelo fazendeiro", comenta Prandi.Embora o empresário alegue que explora as terras em litígio há várias décadas, os autos elaborados pelo Ministério Público Federal, acatados pela Justiça, comprovam que a área pleiteada pelo proprietário está em desacordo com a área de registro original da fazenda. "Os índios têm direitos e precisam ser preservados. Basta de agressões e violência contra uma cultura tão rica, que deveríamos ter o cuidado de preservar", conclui a parlamentar.