Dom Pedro I e os seus filhos




Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon nasceu no Palácio de Queluz, em Lisboa, em 12 de outubro de 1798. Era o quarto filho de dom João VI e de dona Carlota Joaquina, e o segundo na linha sucessória. Desde que não houvesse filhos homens, a sucessão da coroa poderia ir para as mulheres, o que ocorreu com sua avó Dona Maria I. Em 1801, com a morte, aos seis anos de idade, de seu irmão mais velho, D. Francisco Antonio, Pedro herdou o direito ao trono e o título de príncipe da Beira. Educado por preceptores religiosos, dedicou-se mais à equitação e atividades físicas do que aos estudos.
Seus pais tiveram nove filhos: Maria Teresa de Bragança (1793/1874), Francisco Antonio (1795/1801), Maria Isabel de Bragança (1797/1818), Pedro (1797/1834), Maria Francisca de Bragança (1800/1834), Isabel Maria de Bragança (1801/1876), Miguel I (1802/1866), Maria da Assunção de Bragança (1805/1834) e Ana de Jesus Maria de Bragança (1806/1857).
Com a iminência da invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão Bonaparte, o príncipe regente D. João resolveu, com o apoio da Inglaterra, fugir com sua família e parte da corte para o Brasil, tendo chegado no Rio de Janeiro em 1808. Governando suas possessões ultramarinas na África e Ásia, o Brasil foi elevado à condição de Reino Unido em 16 de dezembro de 1815. No ano seguinte, com a morte de sua mãe, a rainha D. Maria I, foi coroado rei e decidiu permanecer no Brasil, apesar da derrota das tropas napoleônicas. O descontentamento em Portugal, entretanto, com a população vivendo uma profunda crise social e econômica, precipitou a eclosão da chamada Revolução Liberal do Porto, obrigando o monarca a retornar à Europa. Em 21 de abril de 1821, D. João partiu do Rio de Janeiro, deixando seu filho Pedro como príncipe regente.
Poucos meses depois, as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa, convocadas desde janeiro para elaborar uma Constituição para o Reino, exigiram o retorno imediato de D. Pedro a Portugal. Sua recusa em acatar o ultimato deu origem ao famoso "Dia do Fico", em 9 de janeiro de 1822. A tensão entre as ordens vindas de Lisboa e o governo regencial do Rio de Janeiro, igualmente verificada no embate entre deputados portugueses e brasileiros nas sessões das Cortes, intensificou-se no decorrer do ano. Finalmente, em 7 de setembro de 1822, quando regressava de uma viagem a Santos, o príncipe, encontrando-se às margens do riacho do Ipiranga, declarou a separação dos laços com Portugal e proclamou a Independência do Brasil, sendo aclamado imperador da nova nação. Nesse mesmo dia, compôs, na capital paulista, a música do Hino da Independência, que receberia letra do poeta, jornalista e político Evaristo Ferreira da Veiga.
Dom Pedro, apesar de ser herdeiro do trono português, príncipe do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves e ter suas responsabilidades de Estado, era um aventureiro e boêmio. No Rio de Janeiro sua fama de namorador era bem conhecida, e envolvendo-se com diversas mulheres, inclusive na adolescência.
Com apenas 18 anos, em 1817, em um casamento arranjado, desposou, no Rio de Janeiro, a princesa austríaca D. Maria Leopoldina Josefa Carolina (1797-1826), arquiduquesa da Áustria. Dessa união nasceram os filhos Maria da Glória (1819-1853), futura D. Maria II, rainha de Portugal, Miguel (1820), falecido logo após nascer, João Carlos (1821-1822), Januária (1822-1897), futura condessa de Áquila, Paula (1823-1833), Francisca (1824-1898), futura princesa de Joinville, e Pedro Alcântara (1825-1891), futuro imperador D. Pedro II.
Apesar de casado, ele continuou a freqüentar os mesmos locais de antes e, em sua vida extraconjugal, teve diversos filhos. O primeiro, com a francesa Noémi Thierry, de nome Pedro, nascido em 1818, e falecido antes de completar um ano. Apesar de sua famosa ligação com Domitila de Castro, a marquesa de Santos, pouca gente sabe que ele teve um caso com a irmã desta, Maria Benedita de Castro Canto e Mello (1872-1857), futura baronesa de Sorocaba pelo casamento com o barão Boaventura Delfim Pereira. Este assumiu a paternidade deste filho, nascido em 1823, que recebeu o nome de Rodrigo Delfim Pereira. Durante o Império, Rodrigo foi comendador na Corte.
Com a marquesa de Santos teve cinco filhos: um menino natimorto (1823), Isabel Maria de Alcântara Brasileira (1824), futura duquesa de Goiás, Pedro de Alcântara Brasileiro (1825-1826), falecido antes de completar um ano, Maria Isabel Alcântara Brasileira (1827), duquesa do Ceará, que faleceu com poucos meses de idade, Maria Isabel Alcântara Brasileira (1827), duquesa do Ceará, e Maria Isabel II Alcântara Brasileira (1830-1896) condessa de Iguaçu, por seu casamento com Pedro Caldeira Brant. Ela seria reconhecida apenas às vésperas da morte.
Durante a campanha Cisplatina, D. Pedro esteve no sul no Brasil, comandando as tropas brasileiras. Em Montevidéu, teve um relacionamento com a uruguaia Maria Del Carmen García, com quem teve uma criança natimorta (1828). De regresso ao Brasil, envolveu-se com a francesa Clémence Saisset que, retornando a Paris, daria à luz um menino que recebeu o nome de Pedro de Alcântara Brasileiro.
Viúvo da imperatriz Leopoldina, D. Pedro casou, em 1830, com Amélia Augusta Eugênia Napoleão de Beauharnais, duquesa de Leuchtenberg (1812-1873), com quem teve uma filha, a princesa do Brasil, Maria Amélia (1831-1853).
Herdeiro da coroa portuguesa, com a morte de D. João VI, em Lisboa, em 10 de março de 1826, tornou-se o rei Pedro IV. Como seu irmão D. Miguel havia usurpado o trono, foi obrigado a retornar a Portugal, abdicando da condição de imperador do Brasil em favor de seu filho Pedro, de apenas 4 anos de idade. Regressando à Europa, travou com o irmão uma verdadeira guerra civil que durou dois anos. Durante sua estada na cidade do Porto, teve um caso com a monja portuguesa Ana Augusta, que daria à luz um menino, em 1833, de nome Pedro.
Vencendo o embate, D. Pedro restaurou o absolutismo e instalou no trono português sua filha Maria da Glória, como a rainha D. Maria II. Tendo contraído tuberculose durante a campanha, morreu em 24 de setembro de 1834, no Palácio de Queluz, Lisboa, aos 35 anos. Em 1972, no sesquicentenário da Independência, seus restos mortais foram trazidos pelo então presidente de Portugal, almirante Américo Thomaz, a bordo do navio Funchal, e, após homenagens em todo o Brasil, foi em 7 de setembro colocado na cripta do monumento do Ipiranga, em São Paulo.
(*) Antônio Sérgio Ribeiro, é advogado e pesquisador. Funcionário da Secretaria Geral da ALESP.
(**) o texto original foi revisado em 20/1/2023 pela Divisão de Biblioteca e Acervo Histórico.
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