A Renúncia que marcou a história republicana brasileira
23/08/2002 18:04
DA REDAÇÃO
"Jamais pensei que o presidente fosse capaz de uma coisa destas", confidenciou ao seu secretário particular o governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, pivô da crise política que resultou na renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República.
Há 41 anos, numa sexta-feira, dia 25 de agosto de 1961, o país foi surpreendido com a notícia da renúncia do presidente da República, comunicada oficialmente ao Congresso Nacional com os seguintes termos: "Fui vencido pela reação e, assim, deixo o governo... Sinto-me esmagado. Forças terríveis levantaram-se contra mim e me intrigam ou infamam até com a desculpa da colaboração. Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranqüilidade ora quebrada e indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio, mesmo, não manteria a própria paz pública."
Assim, o sucessor de Juscelino Kubitschek abandonava o cargo, assumido há apenas 7 meses e 25 dias, em meio a uma crise que lançava sobre o episódio da renúncia uma nebulosa de intrigas e maquinações insondáveis.
Um silêncio espesso de suspense
Versão corrente, Jânio Quadros, no fundo, imaginava voltar ao governo nos braços do povo. A caricatura remeteria a um modelo. O ato do presidente poderia ter sido motivado pela intenção de parodiar as circunstâncias e as pressões sofridas por Getúlio Vargas, sete anos antes, que o levou ao suicídio e à conseqüente comoção popular. Na Cinelândia, Rio de Janeiro, no dia da renúncia de Jânio houve aglomeração popular em frente ao busto do presidente Getúlio Vargas. Mas não passou disso.
Em São Paulo, para onde se dirigiram as expectativas do país inteiro, relataram o jornalista da revista Cruzeiro, Carlos de Freitas e Audálio Dantas, a renúncia não gerou as convulsões que o impacto do fato sugeriu nos primeiros momentos: "A cidade manteve-se em absoluta calma desde as primeiras horas da tarde do dia 25 até a manhã do dia seguinte, quando a rádio anunciou que o ex-presidente e sua família já haviam deixado a Base Aérea de Cumbica, com destino à aristocrática praia de Guarujá. Na noite da renúncia grupos de trabalhadores improvisaram comícios na Praça da Sé, onde houve um pequeno atrito entre populares e policiais. Foi depredada uma fábrica, num bairro operário; uma camioneta ocupada por dirigentes sindicais andou pelas ruas apregoando: Jânio, sim! Lacerda, não! E foi só. Na manhã do dia 26 havia calma nas ruas, um silêncio espesso de suspense."
Jânio não voltou à Presidência da República. Nem o povo, nem os seguidores janistas movimentaram-se para reconduzi-lo. Passados 40 anos, restam as versões e interpretações sobre o fato e as intenções ocultas nas teias dos acontecimentos.
Resistência a Jango
O impacto da renúncia de Jânio provocou dúvidas sobre a posição que o Exército tomaria em relação à posse do vice-presidente, João Goulart, na Presidência da República. Temia-se pela continuidade do regime, caso crescesse nos meios militares as resistências a João Goulart. Membros das Forças Armadas revelavam que aguardava-se no circuito militar também a renúncia de Goulart. E se isto não ocorresse, pensariam na possibilidade de uma posição contrária à sua posse. Neste caso, haveria um movimento por mudanças na Constituição para legalizar qualquer ato em nome do "regime democrático". Jornais da época diziam: seria uma solução democrática "sem Goulart".
A divisão de duas correntes: defesa da continuidade do regime constitucional com a posse tranqüila de Goulart ou o desdobramento da crise com o impedimento do vice, provocando a convulsão no país. Eis o dilema em que se enfrentavam as forças políticas civis e militares.
A posição do general Lott em defesa da legalidade e da observação do texto constitucional somou-se a atitudes similares de setores civis, como a do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que encabeçou campanha para assegurar a posse de Goulart. No sul do país, o governador Leonel Brizola, em pronunciamento a uma rádio, conclama o povo do Rio Grande a se levantar num movimento de defesa da legalidade democrática, declarando-se o comandante das forças de reação.
Depois de longos dia de tensão, o Congresso chega a uma decisão aceita pelos militares: Goulart tomaria posse, porém num regime parlamentarista.
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