O Seminário "Cuidar é Político", realizado em 1º de setembro na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), reuniu parlamentares, especialistas, representantes de organizações e a comunidade para um dia de debates intensos sobre a importância de transformar o cuidado em uma política pública estrutural e transversal. O evento, que aconteceu das 9h às 17h no Auditório Franco Montoro, reforçou a ideia de que o cuidado é um ato político, essencial para a vida e para a construção de uma sociedade mais justa.

"O cuidado é uma experiência intrinsecamente humana e é a partir dessa lógica que a gente se mantém enquanto humanidade na Terra. Em tempos de inteligência artificial e tantas tecnologias, se conectar com essa importância é fundamental. Ao mesmo tempo, vivemos uma absoluta invisibilidade dos que cuidam e a falta de políticas públicas para atender quem precisa ser cuidado com prioridade", comentou a deputada.

A programação incluiu uma mesa de abertura com a participação de Marina Helou e Marina Bragante, painéis com especialistas de diversas áreas, grupos de trabalho temáticos e uma plenária final para sistematizar as discussões. Durante o evento, foram discutidas estratégias para integrar o cuidado a diversas áreas como saúde, educação, assistência social, igualdade de gênero e direitos humanos. Os grupos de trabalho abordaram as especificidades do cuidado para diferentes públicos, como mulheres, idosos, pessoas com deficiência, crianças e adolescentes, além de discutir o papel das masculinidades nesse contexto.

Em sua fala de abertura, Marina Bragante destacou a desigualdade no cuidado ao apontar como as mulheres dedicam, em média, 10 horas a mais por mês a tarefas de cuidado. "Ao longo dos meus 20 anos no serviço público, aprendi que a construção de políticas tem que ser feita a partir da necessidade das pessoas em si, e da conexão entre os poderes Executivo e Legislativo com a população. O desafio é construir uma política robusta o suficiente, que se concentre nas divisões que pensamos para este evento, mas que também considere outros públicos específicos. Afinal, o cuidado não fala de um recorte, mas de toda a população, todos foram cuidados e cuidarão algum dia", complementou.

Cida Falabella, vereadora por Belo Horizonte, participou do evento de forma online e destacou como a pandemia teve um papel importante na visibilidade do tema do cuidado. "O cuidado está no centro da vida e sem ele não existimos. Mulheres em todo o país estão à frente das ações de cuidado, mas é interessante como em todo o Brasil também são as parlamentares e gestoras mulheres que estão levando esse tema a frente", reforçou.

No período da tarde, o Seminário "Cuidar é Político" contou com os grupos de trabalho focados na produção de propostas e sugestões sobre a pauta do cuidado e políticas públicas que poderiam ser produzidas com esse enfoque. Os participantes se dividiram em oficinas temáticas, aprofundando o debate e elaborando insumos para futuras propostas legislativas e ações junto aos poderes executivos, tanto em nível estadual quanto municipal.

A programação incluiu grupos de trabalho focados em temas específicos e a condução ficou por conta de especialistas de diversas organizações. Esther Le Blanc, do Instituto Foz, liderou a discussão sobre mulheres; Karin Schmidt, da Últimos Socorros, participou do grupo sobre idosos; Flávio Gonzalez, da Jô Clemente, mediou o debate sobre pessoas com deficiência; o grupo de masculinidades foi liderado por Lincoln Tavares, da Homens que Cuidam; e Verônica Ennes, do Mandato Marina Helou, conduziu o grupo sobre crianças e adolescentes.

Após um breve intervalo para o café, a plenária geral trouxe os principais pontos discutidos em cada grupo de trabalho, sistematizando as propostas e reforçando a necessidade de uma ação conjunta para que o cuidado se torne uma política pública prioritária em São Paulo. O encontro consolidou a visão de que a articulação entre sociedade civil, academia, especialistas e o poder público é fundamental para transformar o cuidado em um pilar de desenvolvimento social.