Dia da Mulher do Futebol de Várzea reforça protagonismo feminino nos campos paulistas
09/03/2025 07:19 | Conquista | João Pedro Barreto - Fotos: Arquivo pessoal e Rodrigo Costa







Jogadoras, técnicas, árbitras, mesárias, diretoras, presidentes e torcedoras. Todas essas funções são desempenhadas por mulheres apaixonadas por futebol. Não o futebol profissional, mas o amador, aquele praticado e construído por aqueles que praticam o esporte por amor. Em São Paulo, é conhecido principalmente como futebol de várzea.
O amor pelo futebol amador fez de Sandra Aparecida Pereira, a Sandra da Várzea, dedicar a sua vida a isso. Ela é a fundadora do movimento Mulheres da Várzea, que reúne o público feminino que acompanha a modalidade pelos campos de São Paulo e incentiva e reforça a participação e o protagonismo das mulheres nesse espaço.
O seu projeto, que nasceu em São Caetano do Sul, na Região Metropolitana de São Paulo, completa nove anos neste domingo (9) e inspirou a criação do Dia da Mulher do Futebol de Várzea. A data é comemorada pela primeira vez de forma oficial, após a criação e aprovação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
"Quando eu falo de mulher varzeana, não é só a mulher que vai torcer. Eu falo da arbitragem, da diretora, da presidente, da fundadora, da organizadora e tantas outras mulheres que tem na beira de campo", explica Sandra. "Na realidade a mulher sempre esteve lá. A gente tem mulheres que permaneceram nos bastidores durante toda a história da várzea. Só que hoje elas são vistas. A mulher saiu da cozinha, da lavanderia para ir para a beira de campo e ter voz. Hoje, existem diretoras, presidentes dentro de agremiações imensas de São Paulo. Essas mulheres nos representam", completa.
A Lei 17.929/2024, responsável por instituir a data em São Paulo, surgiu a partir de um projeto da deputada Carla Morando (PSDB), que conheceu Sandra e decidiu homenagear o grupo que fundou.
"O futebol de várzea faz parte da rotina de muitas comunidades do Estado de São Paulo e do Brasil. No entanto, segue sendo raro ver meninas jogando nos principais campos amadores de São Paulo. Por isso, buscamos incentivar a participação feminina fomentando o futebol de várzea no estado", afirma a deputada.
"Desde o meu primeiro mandato tenho feito um trabalho intenso em São Bernardo do Campo para revitalização dos campos de Várzea. Acompanhamos de perto o desenvolvimento deste esporte que tem a participação importante das mulheres que administram e organizam campeonatos e eventos, dando ainda mais protagonismo ao esporte. Por isso, buscamos dar destaque a estas mulheres, reconhecendo sua contribuição para a prática esportiva, combatendo o preconceito e incentivando ainda mais a participação feminina nos campos de várzea", finaliza Carla Morando.
História e legado
Sandra conta que começou no futebol amador por acaso, porque precisava de uma ocupação em um momento difícil. "Em 2000, o pai da minha filha estava desempregado. Eu nunca tinha pisado no campo de várzea, não conhecia e nem imaginava o que era. Até que um grande árbitro de São Bernardo do Campo me convidou: 'Sandrinha, vamos fazer parte da Liga de Futebol de São Bernardo do Campo'. E eu fui. Comecei como mesária com um medo terrível porque era cada jogo pesado naquela época, mas mesmo assim fui e pensei: 'Vou ficar dois meses até a situação ruim passar'", relembra
Depois disso, esses dois meses que ela imaginou que passaria à beira do campo se transformaram em 27 anos. Hoje, ela reflete sobre as dificuldades que enfrentou para chegar até aqui: "Eu me recordo que, naquela época, tinha uma única mulher que ia torcer na beira de campo. Então não tinha mulher na torcida. Árbitras eram poucas, mesárias só eu e mais umas duas. Então foi um período muito difícil. Eu escutava muito falar: 'Vai lavar louça, vai procurar o que fazer em casa, lugar de mulher não é em beira de campo'. De lá para cá a participação feminina cresceu muito".
Depois de mais de 15 anos frequentando os campos da várzea paulista, Sandra decidiu criar um grupo destinado a reconhecer o protagonismo das mulheres nesse espaço. Segundo ela, em 2016, a presença feminina já havia crescido, mas não havia um grupo que as reunisse.
Hoje, o coletivo Mulheres da Várzea conta com mais de 10 mil seguidores nas redes sociais e tem presença em campos dos mais diversos municípios do estado. O grupo realiza festivais de futebol amador feminino, sempre incentivando a participação de mulheres.
"Outra bandeira muito importante que eu levanto é o combate à violência contra a mulher dentro e fora dos campos. A gente sabe que a violência não está só no esporte. Infelizmente, o feminicídio só cresce. Então, de 4 anos para cá, a mulher varzeana vem entrando com um bandeirão e com uma faixa nas principais copas de São Paulo pedindo pelo fim da violência. Nós merecemos viver, nós merecemos respeito", comenta Sandra.
Além de lutar pelo fim da violência de gênero, ela ainda reivindica melhorias nos campos da várzea e do futebol profissional para atender e receber de uma melhor forma o público feminino. "Muitas vezes não tem um banheiro adequado, um fraldário, as mulheres têm que trocar as crianças na beira de campo. Não tem um espaço reservado para a gestante ou para a mulher que está carregando um bebê no colo. Não tem policiais femininas para dar suporte para as mulheres", explica.
Com todos esses anos de luta, Sandra celebra a Lei estadual que criou a data comemorativa de hoje e espera deixar um legado para as próximas gerações. "Não é uma lei qualquer. Estamos comemorando em todo o estado. As mulheres estão felizes e se sentindo valorizadas. A gente deixa esse legado para as futuras meninas. Tem muita menina que pensa: 'Um dia, eu vou ser presidente, jogadora profissional de sucesso' e as mais velhas estão deixando o legado dessa data."
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