O corpo do ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, foi velado na manhã desta sexta-feira (25) em cerimônia aberta no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. O velório atraiu cerca de 200 pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Maguila morreu aos 66 anos, nesta quinta-feira (24), na Capital paulista. Maior peso-pesado brasileiro, ele lutava contra uma patologia degenerativa desde 2013, quando foi diagnosticado.

No velório, familiares, amigos, admiradores e autoridades exaltaram o legado do pugilista para o Esporte e a Ciência. Nos ringues de boxe, Maguila obteve 77 vitórias - 61 por nocaute - das 85 lutas que disputou ao longo de 17 anos de carreira.

No âmbito científico, ele contribuiu ao decidir, ainda durante o tratamento, doar o cérebro para o Grupo de Estudos em Envelhecimento Cerebral (Gerolab), da USP.

Por volta do meio-dia, o caixão com o corpo de Maguila deixou a Alesp e seguiu para a cidade de São Caetano do Sul. O enterro estava marcado para as 17h, em cerimônia restrita a familiares.

Família

Primeiro da família a chegar à Alesp, Adenilson Santos, filho mais velho de Maguila, de seu primeiro casamento, descreveu o pai como um homem atencioso e carinhoso. "Ele gostava muito de brincar e contar histórias", lembrou.

Em entrevista coletiva no Hall Monumental da Casa, a viúva Irani Pinheiro e o filho do casal, José Júnior, lembraram os momentos finais de vida de Maguila. "Ele já estava bem debilitado pelo quadro da saúde, mas ainda estava muito brincalhão com a gente", disse Júnior.

O terceiro filho de Maguila lembrou que, nas últimas conversas que tiveram, o pai demostrava estar sem força para continuar enfrentando a doença. "Literalmente, ele lutou muito, foi muito forte nesse momento", comentou o caçula.

Irani agradeceu o apoio do povo brasileiro e ressaltou o legado profissional e humano do marido. "É uma honra estar falando de uma pessoa que fez parte do Brasil e não negou, em nenhum momento, a sua origem", destacou a viúva.

Doação de órgão

O neurologista Renato Anghinah, que cuidou de Maguila nos últimos dez anos, encarou a doação do cérebro do ex-boxeador como um ato de grandeza. "O Maguila ainda vai deixar esse legado para nós e para a Ciência, no sentido de tentarmos entender, cada vez mais, essa doença", destacou o médico. Outros atletas, como o zagueiro campeão mundial de futebol Bellini e o lutador de boxe Éder Jofre também tiveram seus cérebros doados para estudos científicos.

Carinho

O árbitro de boxe Antônio Bernardo Soares, que atuou em 32 disputas vitoriosas de Maguila, afirmou que o atleta era um lutador diferenciado, com um dos golpes de direita mais potentes do mundo. "Tive o prazer de fazer as maiores lutas dele. Quando pegava com a direita, ele acabava a luta", recordou.

Na Alesp, a secretária estadual de Esportes, Coronel Helena Reis, ressaltou que Maguila tornou-se uma inspiração para muitos jovens. "Ele é uma pessoa muito importante dentro do esporte brasileiro, a começar pela própria história de vida e de superação. Não teve uma iniciação precoce no esporte como profissional, mas ainda assim superou tudo", lembrou ela.

Marcel Jofre, filho do peso-galo Éder Jofre (que morreu em 2022), ressaltou a evolução profissional de Maguila e destacou as qualidades pessoais do peso-pesado. "Um cara excepcional como ser humano, que procurou sempre ter opiniões autênticas. Tomara que ele faça umas lutas com Seu Éder no céu", brincou Marcel, com o mesmo carinho que o povo brasileiro sempre dedicou ao campeão Maguila.