Símbolo cultural e de resistência, rap é patrimônio do Estado e segue inspirando novas gerações
06/08/2024 09:00 | Dia do Rap Nacional | Matheus Batista - Foto: Rodrigo Romeo






Ritmo, poesia e mais de 50 anos de uma história de transformações sociais e conquistas ao redor do mundo. O rap, nascido nos Estados Unidos a partir de influências musicais africanas e jamaicanas, chegou ao Brasil na década de 1980 e, em terras tupiniquins, floresceu graças a movimentos culturais paulistas.
Um dos gêneros musicais mais ouvidos do mundo na atualidade, o rap sempre teve em sua raiz a luta por igualdade e direito de expressão. No Brasil, a história não é diferente. Desde seus primeiros passos no Largo São Bento aos supergrupos de rap dos anos 1990, foi em São Paulo que o movimento ganhou força e se espalhou para o resto do país.
Neste 6 de agosto, a Assembleia Legislativa de São Paulo celebra o Dia do Rap Nacional e a diversidade cultural desse gênero tipicamente paulista, Patrimônio Cultural Imaterial do nosso Estado.
No Brasil, em São Paulo
A cultura hip-hop chegou ao Brasil poucos anos após o seu surgimento na década de 1970, no bairro do Bronx, em Nova Iorque, e teve São Paulo como berço do movimento no país.
Inspirados pela cultura norte-americana, nomes como Nelson Triunfo, DJ Hum e Thaíde transformaram a região central da cidade em ponto de encontro para jovens da periferia encantados com o novo movimento que surgia, mais precisamente no largo da estação São Bento da Linha 2-Azul do Metrô.
Assim como muitos movimentos nacionais de origem preta, como o samba ou capoeira, o rap também se viu marginalizado e alvo de preconceito e discriminação. Fortemente ligado às periferias e à parcela mais pobre da população, no Brasil o rap se tornou ferramenta de protesto e de denúncia da desigualdade social.
Com mensagens fortes e sonoridade energética, o rap logo se espalhou pelo país e viu, nos anos seguintes, grupos como Racionais MC's, Facção Central e RZO conquistarem fãs ao redor do Brasil e consolidarem o estilo musical.
Batalhas de rima
Pilares da cultura hip-hop, as batalhas de rima acompanharam o crescimento do rap e hoje, em São Paulo, são um dos principais movimentos e estão mais populares do que nunca. Responsáveis por revelar grandes nomes da música, as batalhas surgiram como ponto de encontro de jovens da periferia e se tornaram grandes movimentos culturais e fenômeno do entretenimento.
Uma das batalhas de maior sucesso no país, a Batalha do Santa Cruz foi criada em 2006 e está entre as mais frequentadas de São Paulo. Realizada aos sábados, em frente à estação Santa Cruz do Metrô, a batalha já revelou nomes como Emicida, Rashid e Projota - expoentes do rap nacional.
As disputas reúnem MCs de todas as idades, profissionais e iniciantes, que buscam, através de suas rimas de improviso, expressar suas ideias. "Tem gente que enxerga como trabalho, que vive das batalhas, tem gente que vem atrás de um sonho e tem quem vem porque gosta de rimar e leva como um hobby", conta Caio Cabral, o 'MC Billy', que participa de batalhas de rima há 5 anos.
Cabral conta que o rap entrou em sua vida por meio de seu pai e que, hoje, divide a paixão pela cultura com o trabalho como biólogo. "Desde pequeno escuto muito rap com meu pai. Quando eu tinha 12 anos ele me levou em um show e ali eu vi que queria fazer parte disso", diz.
Em São Paulo, as batalhas de rima podem ser encontradas por toda a Região Metropolitana, de São Bernardo do Campo a Guarulhos, de Barueri a Suzano. Sempre cheios de jovens apaixonados por rap, esses eventos surgiram organicamente e muitos hoje contam com alvará para realização, patrocínio e investimentos.
A Batalha do Ana Rosa é outro movimento surgido nos entornos das estações de metrô de São Paulo. Criada em 2017, a batalha é hoje uma das principais da Capital e reúne centenas de pessoas todas as quintas-feiras.
Para o organizador William Mota, o 'Coto', mais que um ponto de encontro, as batalhas são também transformadoras sociais. "Muita gente grande no cenário musical saiu das batalhas e isso é sobre dar perspectiva. Muitos aqui são criados na favela e não têm muitas opções, por isso é muito legal conseguir enxergar alguém que veio para a batalha e começou a ter perspectivas para sua vida".
William 'Coto' divide sua vida como publicitário com o trabalho voluntário na organização das batalhas no Metrô Ana Rosa, tudo pelo amor ao rap. "Eu vejo o hip-hop como figura paterna e materna. Nesses espaços, muita gente foi educada pelas letras de músicas dos Racionais, do Dexter ou do Sabotagem, que estavam ali para deixar uma mensagem do que é certo", diz.
Um dos principais desafios para os organizadores é conseguir o reconhecimento do Poder Público e incentivos para manter os encontros, afirma William. "Queremos que enxerguem a gente como uma pista de skate, uma quadra de futebol e um projeto social que salva muita gente. As batalhas pra mim são isso".
Reconhecimento
Por tudo que o movimento hip-hop representa para o Brasil, o Dia do Rap Nacional faz parte do Calendário Oficial do Estado desde 2008, graças à Lei 13.201/2008, proposta pelo ex-deputado Geraldo Vinholi e aprovada pela Alesp.
Além disso, em 2024 o hip-hop se tornou Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de São Paulo. O título, aprovado pela Alesp, consolida os mais de 50 anos de história do movimento e a importância da cultura para os paulistas.
A Lei 17.896/2024, de autoria da deputada Leci Brandão (PCdoB), com coautoria dos deputados Marcia Lia (PT), Emídio de Souza (PT) e Marcio Nakashima (PDT), foi aprovada pelo Plenário da Alesp e sancionada em abril deste ano.
A autora Leci Brandão justificou a declaração como reconhecimento ao papel social que o movimento desempenha. "O hip-hop e toda sua genealogia tem grande importância na vida dos jovens das periferias. O hip-hop é grande responsável pela diminuição de problemas sociais", afirma.
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