Audiência em defesa do Jardim Botânico aborda privatização e objetivos das unidades de conservação
10/02/2023 16:23 | Atividade Parlamentar | Da assessoria do deputado Carlos Giannazi



Mesmo com a confirmação de que o Piknic Électronik, previsto para 4/3, estava mudando de local para o parque do Ibirapuera, a audiência pública convocada por Carlos Giannazi (PSOL) em 8/2, contra a realização do evento de música eletrônica no Jardim Botânico, prosseguiu normalmente.
Todos os participantes entenderam que a vitória da mobilização popular foi apenas pontual e que o risco ao meio ambiente permanecerá enquanto as unidades de conservação do Estado continuarem a ser geridas por empresas privadas, cuja orientação é sempre o lucro
Vulnerabilidade ambiental
O presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (Proam), Carlos Bocuhy, destacou que a simples cogitação de se realizar no Jardim Botânico um evento de música eletrônica de 12 horas ininterruptas, com a participação de 3 mil pessoas, já denota uma mudança drástica na história de preservação do local, que sempre foi considerado uma das "joias da coroa" do patrimônio ambiental paulista, mas que foi concedido à iniciativa privada em 2021, junto com o Zoológico e o Zoo Safari.
Para Bocuhy, a perda de qualidade do sistema ambiental passa, sem dúvida, pela destruição dos institutos de pesquisa e pela privatização dos parques. Mas vai muito além disso. "Como nós chegamos a essa perda de princípios e valores de proteção ambiental?", questionou o ecologista, apontando para o desmantelamento do Sistema Estadual do Meio Ambiente (Sisema) e da própria pasta do Meio Ambiente, hoje relegada ao status de subsecretaria.
Com uma unidade do Jardim Botânico, o Instituto de Pesquisas Ambientais desenvolve pesquisas científicas nas áreas de biodiversidade, botânica, geociências e ciências florestais, além de capacitar e formar profissionais dessas áreas. Entre esses cientistas que vivem o dia a dia naquele parque, a doutoranda Renata citou diversas espécies que vivem livremente no local. "A área escolhida para o evento fica muito próximo aos ninhos das garças, e a música alta faria com que os filhotes fosses abandonados", exemplificou.
Mobilização popular
Com formação no antigo Instituto de Botânica, o biólogo Santiago foi o responsável por redigir a petição online que em uma semana amealhou 22 mil assinaturas. "Eu fiz questão de incluir leis ambientais para embasar o que nós estávamos falando. O Jardim Botânico está inserido no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga. É uma área de proteção que já possibilitou centenas de estudos científicos sobre diversas espécies de vegetais e fungos", afirmou.
Patrícia Clissa, presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos (APqC), comemorou a grande repercussão do movimento desde que Giannazi ingressou no Ministério Público, na semana anterior, contra a realização do evento. "Todos sabemos que haveria animais que, fugindo do barulho, cruzariam a avenida e seriam atropelados. O que nós precisamos fazer é mostrar para o governo e para essa concessionária Reserva Paulista que há outras coisas importantes além do lucro", disse.
"Se o Jardim Botânico ainda estivesse sob a guarda do Instituto de Botânica, nós não estaríamos aqui, brigando contra um evento como esse", afirmou a ecóloga Helena Dutra Lutgens, que integrava os quadros do instituto extinto. Além do contexto de preservação, a cientista chamou a atenção para os preços dos eventos realizados nos parques privatizados, que estão deixando de ser um espaço de lazer da população mais pobre.
A mesma posição em relação ao acesso das pessoas mais pobres foi compartilhada por Adriana Abelhão, da ONG Preservar Itapecerica da Serra. "Quando nós vamos conversar com a população para promover o parque Jequitibá, próximo à nossa região, é comum nós ouvirmos as mães perguntando quanto custa para entrar", lamentou. "Nós precisamos reverter essas políticas excludentes."
A botânica Cíntia Kameyama fez uma ponderação muito clara sobre a inadequação do modelo de privatização adotado no Jardim Botânico paulista. "Não existe no mundo jardim botânico que dê lucro. Mesmo nos Estados Unidos, um país realmente capitalista, os jardins botânicos são entidades filantrópicas, que recebem doações e incentivos fiscais. É impossível manter os objetivos e características de um jardim botânico ou de uma unidade de conservação e ao mesmo tempo gerar lucro", concluiu.
Participaram ainda da audiência pública o deputado estadual Paulo Fiorilo (PT), a deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL/SP) e o vereador paulistano Celso Giannazi (PSOL).
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