A Assembleia Legislativa e saúde pública do Estado ao longo da história: Instituto Emílio Ribas




O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, unidade estadual de saúde referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, passou a dedicar sua estrutura ao atendimento de pacientes infectados pela Covid-19 desde o início da pandemia, em 2020, destacando-se no tratamento de pessoas com o caso grave da doença.
Na série de reportagens especiais semanais que se inicia neste sábado (10/4), vamos abordar o papel da Assembleia Legislativa na criação e desenvolvimento de instituições públicas que, assim como o Parlamento estadual, auxiliaram os paulistas nos momentos de crises sanitárias ao longo da sua história.
No ano passado, diversas reportagens foram produzidas para relembrar a atuação do Legislativo e dos parlamentares estaduais paulistas durante períodos em que epidemias se abateram sobre o Estado. Os textos produzidos vão complementar os já publicados anteriormente.
Histórico
Conhecido por muitos como Hospital Emílio Ribas, a história do atual Instituto de Infectologia Emílio Ribas começou ainda durante o Império. No final do século 19, a população brasileira e os moradores da então Província de São Paulo viviam em meio a surtos de diversas doenças contagiosas, como a varíola.
Nos documentos do Acervo Histórico da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, é possível encontrar correspondências enviadas por cidadãos, médicos, autoridades, Câmaras municipais e prefeituras ao Legislativo paulista solicitando providências de combate às doenças.
Nesse período, o desenvolvimento de medicamentos para tratar as moléstias e de vacinas para prevenir o contágio era incipiente e acontecia ao mesmo em que as doenças se propagavam.
A varíola, por exemplo, assolou a sociedade paulista, afetando inclusive o abastecimento local. A criação do Instituto Vacinogênico de São Paulo, responsável pela fabricação de doses da vacina antivariólica, e o início da imunização dos paulistas não foram suficientes para conter a pressão social para que o Poder Público resolvesse o problema.
Assim, o governo da época decidiu construir uma unidade de saúde próxima à avenida Rebouças, na capital paulista, local que era distante do centro da cidade, para abrigar os atingidos pela varíola. As obras começaram em 1876 e terminaram em 1880.
Com o passar dos anos, o edifício, que inicialmente se chamava Lazareto dos Variolosos, passou a atender também casos de febre amarela, febre tifoide e meningite.
Em 1888, os deputados paulistas aprovaram a Lei 29, que autorizou o presidente da Província a reorganizar o Serviço de Higiene. Com a criação da norma, os parlamentares buscaram fortalecer o sistema público de saúde de São Paulo ao estabelecer critérios de organização e coordenação dos diversos órgãos estaduais da área da saúde.
O texto determinou, como condição para essa reestruturação que o Poder Executivo poderia promover, a conversão do Lazareto da capital em hospital permanente de isolamento de doentes.
Assim, uma estrutura que fora concebida emergencialmente para lidar com um surto de varíola tornou-se um aparelho de saúde definitivo. A decisão da Assembleia Provincial permitiria que, com o passar dos anos, o local aprimorasse o atendimento à população, tornando-se referência no tratamento de doenças contagiosas e abrindo caminho para a criação do Instituto Emílio Ribas tempos depois.
Em 1892, toda a estrutura elaborada nos anos anteriores, incluindo o hospital de isolamento, foi integrada e passou para o Serviço Sanitário do Estado, criado pelos parlamentares paulistas através da Lei 43.
Em 1917, os parlamentares paulistas promoveram uma nova reorganização do Serviço Sanitário do Estado. De acordo com o texto da Lei 1.596, os hospitais de isolamento passariam a ficar sob gestão da Diretoria Geral do Serviço Sanitário que, era comandada pelo médico Emílio Ribas desde 1898.
No ano de 1932, o Hospital de Isolamento foi renomeado como Hospital Emílio Ribas. A mudança aconteceu após uma doação do médico sanitarista à campanha paulista na Revolução Constitucionalista de 1932.
Alguns anos depois, em 1957, o então governador do Estado, Jânio Quadros, encaminhou o Projeto de Lei 490 que, após aprovação da Assembleia Legislativa, seria transformado na Lei 4.127. Pelo texto da proposta, o Poder Executivo poderia investir até duzentos e cinquenta mil cruzeiros no Hospital.
Ao longo das décadas seguintes, o Instituto de Infectologia Emílio Ribas foi, e ainda é, objeto de preocupação por parte dos deputados paulistas que, além de diversos projetos de leis voltados à instituição, demonstram preocupação com os desafios enfrentados pelo hospitais em momentos críticos da história do Estado de São Paulo, seja por meio de indicações e requerimentos de informação ou até mesmo durante as sessões plenárias.
Referência
O Instituto de Infectologia Emílio Ribas tem esse nome em homenagem ao médico sanitarista Emílio Marcondes Ribas, considerado uma referência na medicina brasileira por seus estudos e experimentos científicos, sobretudo relacionados à doenças infecciosas.
Natural de Pindamonhangaba, Emílio nasceu em 11 de abril de 1862. Após a conclusão do curso de medicina em 1887, cursado no Rio de Janeiro, o médico voltou à terra dos Bandeirantes, onde iniciou sua carreira de clínico.
Em 1895 foi nomeado inspetor sanitário e, três anos depois, assumiu a direção do Serviço Sanitário do Estado de São Paulo, cargo que exerceu por quase duas décadas. Ao longo desses anos, dedicou-se à modernização da estrutura sanitária paulista e lutou pelo combate, com sucesso, de diversas epidemias.
Emílio Ribas foi um dos responsáveis pela criação do Instituto Butantan em 1899, cuja trajetória converge com a atuação do Legislativo paulista e será abordada mais adiante em outra reportagem.
Já conhecido pelo seu trabalho em prol da saúde pública, o médico paulista ganhou notoriedade no meio científico ao ser um dos primeiros a defender a teoria de que a transmissão da febre amarela, que abatia a população mundial no final do século 19 e início do século 20, ocorria através de mosquitos.
Para comprovar seu ponto de vista, juntamente com o médico Adolpho Lutz, Emílio se expôs aos insetos infectados. Além da febre amarela, ele também dedicou sua vida ao estudo de outras enfermidades, como a tuberculose e a hanseníase, por exemplo, vindo a falecer em São Paulo em 19 de dezembro de 1925.
Notícias relacionadas
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Unicamp
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública no Estado ao longo da história: Faculdade de Medicina de Botucatu
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Iamspe
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Faculdade de Medicina da USP
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Instituto Adolfo Lutz
- A Assembleia Legislativa e a saúde pública do Estado ao longo da história: Instituto Butantan
Notícias mais lidas
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações