Conselheiro do TCE defende compra de vacinas por Estados e municípios, mas alerta para desperdícios

Em entrevista à Rede Alesp, Sidney Beraldo também falou sobre consórcio de municípios
31/03/2021 14:32 | Entrevista | Rede Alesp

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Entrevista realizada pela Rede Alesp em ambiente virtual<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2021/fg263987.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP) Sidney Beraldo afirmou, em entrevista ao Jornal da Rede Alesp, ser boa a iniciativa de Estados e municípios de se unirem para a compra de vacinas contra a Covid-19.

No entanto, ele disse que, sem planejamento adequado, o Brasil pode acabar adquirindo mais doses do que é necessário para proteger a população. "Se não houver uma coordenação entre Prefeituras, Estados e o Governo Federal, podem acabar sobrando imunizantes e haver desperdício", disse ele.



Sidney Beraldo também falou sobre a iniciativa do consórcio organizado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitos), no qual mais de 2,6 mil cidades já demonstram interesse em participar.

"A ideia é boa porque, com a adesão de muitos municípios, a escala de compra é grande, os preços caem. A entrega também tem que ser rápida. E uma negociação desse porte sempre ajuda. Mas repito: planejamento e coordenação são fundamentais para que não desperdicemos recursos já escassos com vacinas que podem não ser usadas. Temos que ficar atentos", afirmou Beraldo.

Na semana passada, só o Ministério da Saúde anunciou ter pelo menos 562 milhões de doses contratadas até o final deste ano. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população total do país hoje é de quase 213 milhões de habitantes.

Mas, como o novo coronavírus inicialmente se mostrou mais letal em adultos, especialmente os mais idosos, alguns laboratórios somente agora iniciaram testes de segurança e eficácia em crianças e adolescentes. Por isso, os produtos autorizados no Brasil, até este momento, podem ser aplicados apenas em maiores de 18 anos.

"Sabemos que muitos já tomaram a vacina e que, pelo menos até agora, aqui, esses imunizantes não podem ser usados em menores. Alguns laboratórios também preveem uma única aplicação por pessoa. Sem contar que esses produtos são extremamente frágeis, com prazos de validade reduzidos. Se pensarmos em tudo isso, a conta não fecha. Vamos ter problemas", explica o Conselheiro. "E seria um absurdo desperdiçarmos dinheiro público dessa forma. Ainda mais em um momento tão delicado quanto este."


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