Nestas próximas semanas, vamos conhecer um pouco mais sobre as expectativas dos principais personagens do legislativo estadual paulista para os próximos quatro anos: os deputados.

Depois de seis meses de mandato, o que será que eles esperam? Em quem eles se inspiram? Quais as prioridades de cada gabinete?

A entrevista desta edição é com o deputado Roberto Morais.

Últimos meses

No dia 17 de março eu tive um sério problema de saúde e fiquei 50 dias internado. Tive uma hemorragia abdominal, perdi quatro litros e meio de sangue e passei 30 dias internado na UTI, 16 dias em coma, quase fui a óbito. Com isso, fiquei praticamente três meses afastado da Alesp, mas felizmente estou aqui e só agora passando a conhecer melhor os novos deputados. Atá agora tenho uma convivência tranquila com eles, nenhum problema de relacionamento. Espero que façam um excelente trabalho. De todo modo, vejo uma legislatura diferente, já que pela primeira vez fizemos uma renovação de praticamente metade da Casa. Isso nunca tinha acontecido nos meus outros cinco mandatos. Renovava-se 10 ou 12%, mas dessa vez houve um corte brutal. Deputados com vários mandatos e grande representatividade infelizmente não conseguiram a reeleição.

Projetos, legado e futuro

Cheguei na Assembleia em 1999 vindo de uma região de Piracicaba, que estava 12 anos sem nenhum representante. E Piracicaba era totalmente dependente de Campinas. Nós conseguimos levar para lá o Comando da Polícia Militar, Polícia Civil e Polícia Federal, levamos uma AME, Etec, Fatec, polo industrial. Nós temos o helicóptero Águia da Polícia, uma escola de formação de pilotos dos helicópteros da Polícia Militar. Hoje Piracicaba tem uma fábrica de veículos, um parque tecnológico maravilhoso e é totalmente independente. E isso tudo aconteceu - coincidência ou não - nesses 20 anos que estamos aqui na Assembleia. Eu fui vereador seis anos em Piracicaba e ainda hoje - no sexto mandato seguido como deputado estadual - sou o vereador mais votado da história da cidade. A minha vocação é, portanto, trabalhar nesta região e nas 26 cidades próximas. Criamos o aglomerado urbano de Piracicaba e agora o meu sonho neste sexto mandato é que o governador autorize a Região Metropolitana de Piracicaba. Estamos lutando também para levar uma unidade do hospital de reabilitação Lucy Montoro e um hospital de animais para Piracicaba.

Nosso trabalho é muito na área social e o grande projeto da minha vida, sem dúvida, foi na área de saúde que é o projeto da fibrose cística. Uma doença hereditária e pulmonar que não tem cura. O Estado não fornecia medicamentos de uso contínuo, que chegam a custar até R$ 40 mil e esse foi o primeiro projeto que eu pude ver aprovado aqui em 2002. Hoje os doentes do Estado recebem graciosamente o atendimento e o medicamento, que a gente conseguiu também incluir no teste do pezinho. Então quando o bebê nasce, se você descobre a doença logo no início o custo é bem mais barato e o tratamento é muito mais bem sucedido.

Inspiração e referências

Eu sempre me inspirei nos ensinamentos do meu pai, Roberto Morais, já falecido. Eu estou há 43 anos trabalhando com rádio, em Piracicaba, e nunca parei. Eu viajo todos os dias, não fico aqui em São Paulo. Quando eu disse a ele que iria concorrer à eleição a vereador da cidade, em 1992, ele me chamou e falou: "só toma cuidado com o que você vai fazer na política, porque você tem o meu nome, eu dei o meu nome para você e não quero que esse nome seja manchado". Essa foi uma grande marca. Quando meu pai falou isso, marcou minha vida. Ele foi um cidadão muito sério e sempre rígido com os filhos, mas sempre priorizou a educação, fazendo a gente trabalhar desde criança. Eu nasci em um bairro da zona rural de Charqueada, trabalhava no armazém do meu pai desde criança. Ele passou a ser o meu herói e todos os dias eu rezo para ele e para minha mãe, dona Julieta. Agradeço pelos ensinamentos que eles me deram e que também passei para minha filha.