Opinião - O Brasil gasta mais com preso ou com aluno?
A educação é o berço do mundo, a mãe de todas as civilizações. Ou pelo menos deveria ser. Justamente porque a ausência dela também mata, como matam os massacres nos presídios do Brasil. Mas, apesar de todos sabermos disso, em nosso país gasta-se, com cada preso, dez vezes mais do que se investe em cada aluno do ensino básico. Os números são oficiais. As contas, em dados claros, são essas: cada preso, no Brasil, custa para você, para mim, para toda a população, R$ 2.400,00 todos os meses, segundo dados do Ministério da Justiça. Já para um aluno do ensino fundamental, que deveria ter o maior investimento do país, são destinados, por mês, apenas R$ 239,58, de acordo com informações do Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), do Ministério da Educação.
O valor previsto para investimento por aluno, para o ano de 2017, é de R$ 2.875,03, conforme publicado no Diário Oficial da União, de 27 de dezembro de 2016. Se compararmos com o gasto anual de um preso de segurança máxima, a situação é ainda mais grave. Com esse tipo de detento, o governo tem um custo anual de R$ 45.600,00 (ou R$ 3.800,00 por mês). No Amazonas, em presídios privados, pagos pelo estado, ou seja, pelo povo, o preso custa " acreditem " R$ 4.112,00 mensais. E lá, como foi notícia em todo o mundo, vimos o que aconteceu, com barbáries e mortes. Lembro que, em 1982, Darcy Ribeiro, antropólogo e político, um dos maiores pensadores da história, fez um pronunciamento dizendo que, se os governadores não construíssem escolas, em vinte anos faltaria dinheiro para construir presídios. Hoje os presídios estão superlotados, e faltam cadeias, como faltam escolas.
Outro desafio dos governantes brasileiros é melhorar o salário dos professores. Por mês, aqui, os educadores ganham R$ 2.700,00 em média, enquanto na Alemanha o salário mensal é de R$ 13.300,00, na Austrália R$ 9.925,00, nos Estados Unidos R$ 9.680,00. Mesmo entre países da América Latina estamos mal: no Chile, um professor recebe R$ 4.738,00; no México, R$ 4.150,00. Os dados são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que integra 40 nações.
Outros dados preocupantes chamam a atenção. No Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) de 2015, elaborado também pela OCDE, o Brasil foi classificado, entre 70 países, nas posições 59ª em leitura, 65ª em matemática e 63ª em ciências. Isso significa que 56,6% dos nossos alunos não dominam o básico de Ciências; 50,99% não alcançam o nível mínimo de leitura, e 70,25% não sabem as funções mais comuns da matemática.
Todo esse panorama da Educação também significa um massacre. Milhares, milhões de crianças e jovens são condenados à morte por esse abandono, pela falta de apoio dos governos. Muitos, sem caminho, entram no mundo do crime e viram outro tipo de estatística. Da morte por arma branca ou revólver.
Não temos mais tempo. Todo tempo em que não investimos em Educação é tempo perdido. O Brasil já perdeu demais. Todos nós perdemos. É hora de fazer dos nossos professores as maiores referências do país. E tratar nossas crianças e jovens como verdadeiros filhos de uma pátria-mãe que, tristemente, se esqueceu de ser gentil.
*Rafael Silva é deputado estadual, formado em Filosofia e pós-graduado em Sociologia
Notícias mais lidas
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações