Drauzio Varella fala à CPI que investiga a epidemia do crack no Estado de São Paulo
09/08/2016 21:06 | Da Redação Fotos: Vera Massaro







A comissão parlamentar de inquérito constituída com a finalidade de investigar a denominada Epidemia do Crack no Estado de São Paulo recebeu nesta terça-feira, 9/8, Drauzio Varella, médico cancerologista com experiência em moléstias infecciosas.
Autor de vários livros e protagonista de séries televisivas sobre saúde e medicina, Drauzio Varella é reconhecido pelo trabalho realizado em penitenciárias. O médico desenvolveu trabalho de pesquisa sobre a prevalência do vírus HIV entre os presos da Casa de Detenção do Carandiru, de 1989 até a desativação do presídio em 2002, e atualmente faz trabalho idêntico na Penitenciária Feminina de São Paulo.
De acordo com o convidado, é possível aprender a viver sem o crack e, nesse sentido, ele destaca a necessidade de manter o usuário longe da droga. Ele chega a essa formulação a partir dos fatores químicos que envolvem o consumo de cocaíca e da experiência que acumulou nas prisões paulistas desde a época em que o crack chegou às penitenciárias (1992) até quando a droga foi eliminada. Segundo o médico, os "líderes de facções perceberam que os craqueiros criavam obstáculos para a ordem econômica que pretendiam implantar na cadeia e a solução foi proibir o crack. A lei na cadeia é clara: fumou crack na cadeia, apanha de pau; vendeu, morre".
Drauzio Varella diz que atende várias ex-usuárias de crack na Penitenciária Feminina. "Quando elas saem de lá, voltam para a cracolândia e começa tudo de novo", diz.
Mulheres
A situação das mulheres é especialmente trágica no entender de Drauzio Varella. Ele conta que mulheres que levam drogas para presos " em geral seus pais, irmãos, companheiros " e são detidas, ainda nas filas de revista, são levadas para a delegacia e de lá para a penitenciária feminina, condenadas a quatro anos de prisão. "Quem ganha com isso?", pergunta.
Segundo o articulista da Folha de S. Paulo, esse procedimento não tem qualquer impacto sobre o combate ao tráfico e sequer o preso é afetado, porque rapidamente arranja outro jeito de conseguir a droga. "As consequências recaem sobre as mulheres, muitas vezes apenas meninas", anota o médico.
Sobre as mulheres há também a questão da gravidez extremamente precoce e o alto número de filhos. "Na minha experiência, vi avós com 28 anos. Meninas engravidam com 11 anos e, quando nasce a criança, ela é entregue à família ou ao Conselho Tutelar. Isso é uma tragédia para mãe e filhos", afirmou Drauzio Varella.
Encaminhamentos para a CPI
Participando do debate, a deputada Beth Sahão lamentou a impossibilidade da discussão no âmbito da CPI de conceitos relativos à questão das drogas e da sua prevenção, e sugeriu, como recomendação, maior diálogo entre os programas nos municípios e no Estado.
Coronel Telhada (PSDB) disse ser favorável à internação compulsória e sugeriu a utilização do complexo do Juqueri para isso.
Entre as questões que apresentou, Wellington Moura (PRB) quis saber da existência de lobby de hospitais psiquiátricos que lucram com a internação compulsória.
Drauzio Varella disse desconhecer a existência de tal lobby, mas que, se existir, deve ser enfrentado. Ele destacou que é preciso planejamento na implantação de qualquer tipo de programa que envolva a internação. "Não é sair recolhendo as pessoas", disse.
Sobre o programa De Braços Abertos da prefeitura de São Paulo, o médico discordou da permanência dos participantes do programa no mesmo local onde há disponibilidade da droga.
O debate que se seguiu à exposição do convidado nesta terça-feira servirá de base para o que será o produto final da comissão, informou Adilson Rossi (PSB), presidente da CPI.
Participaram da reunião também os deputados Welson Gasparini (PSDB), Jooji Hato (PMDB), Ed Thomas e Caio França, ambos do PSB.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Deputado aciona MP e PGE para impedir ato de partido em celebração ao ataque do Hamas a Israel
- Governo envia à Alesp projetos com diretrizes orçamentárias para 2026 e reajuste do mínimo paulista
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações