O Ensino a Distância (EAD), forma de aprendizado relativamente recente, utilizada em algumas faculdades por facilitar acesso e diminuir custos, ganha cada vez mais adeptos. Diversas universidades estão aderindo a este tipo de ensino em diversas áreas, incluindo a área da saúde. Na audiência pública realizada nessa segunda-feira, 26/7, pela Comissão de Saúde, entidades de classe como o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), Coren-SP (Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo) e ABEn-SP (Associação Brasileira de Enfermagem de São Paulo), se posicionaram contra essa modalidade, afirmando que lutam pelo seu fim, principalmente na área de enfermagem. Os deputados Coronel Camilo (PSD) e Carlos Neder (PT) se colocaram a favor da causa, dizendo que esta é uma discussão muito importante e que a Comissão de Saúde e seus membros estão à disposição das instituições Cofen, Coren-Sp e ABEn-SP para ajudar na causa. Eles entendem que os profissionais da saúde não devem ser formados através de "um computador". A professora Dorisdaia Carvalho de Humerez, do Cofen, explicou que tanto a instituição que ela representa como o Coren-SP, sabem que o EAD é uma ferramenta de ensino legal e útil em alguns cursos, mas que para área de saúde é inaceitável e uma irresponsabilidade por parte do MEC (Ministério da Educação). Em 2015, aconteceu a "Operação EAD", uma ação da Cofen ao redor do país que consistia em fiscalizar os polos de EAD (onde o estudante tem as atividades de tutoria presencial, biblioteca, laboratórios, teleaulas e avaliações) de diversas universidades brasileiras. Segundo Humerez, muitos desses polos estavam cheios de irregularidades que não atendiam às exigências do MEC, os docentes eram alunos recém-formados, as estruturas eram insuficientes - não contavam com bibliotecas e laboratórios, ou seja, encontravam-se em situações precárias. "Mesmo o ensino a distância, tendo as mesmas exigências do presencial (estágios, atividades complementares, controle de frequência, laboratórios, TCC - Trabalho de Conclusão de Curso etc.), a fiscalização do MEC é muito pobre, o que motivou a "Operação EAD". A luta do Cofen e dos conselhos regionais de enfermagem já diminuiu 20% dos cursos de EAD na enfermagem", acrescentou Dorisdaia. Fabíola de Campos, vice-presidente do Coren-SP; e Ariadne Fonsceca, presidente da ABEn-SP, disseram é preciso a melhoria das condições de trabalho dos profissionais da enfermagem e que o profissional da saúde precisa ser mais respeitado, em especial o enfermeiro, que é tão desvalorizado. Ambas se posicionaram contra o EAD junto à doutora Dorisdaia Humerez e parabenizaram a fiscalização dos polos de ensino a distância feita pelo Cofen ao redor do Brasil. Ao final, as doutoras que compuseram a mesa da audiência pública agradeceram a presença de todos e acrescentaram que esse assunto ainda tem de ser muito discutido, pois é a vida de muitas pessoas que está em jogo.