A superação de dificuldades e injustiças sociais, a resistência dos trabalhadores durante o golpe militar de 1964 e a importância dos movimentos sindicais foram a tônica dos discursos em homenagem aos 60 anos do Dieese. A sessão solene, ocorrida nesta quinta-feira, 3/11, foi presidida pelo deputado Teonílio Barba (PT), a quem coube a iniciativa desta homenagem, que contou também com a presença de funcionários do Dieese de várias regiões do País - o instituto possui 18 escritórios regionais e 64 subseções em nove Estados brasileiros. As palavras de saudação couberam aos diretores e dirigentes sindicais. Airton dos Santos, coordenador de Atendimento Técnico Sindical, o primeiro a se manifestar, lembrou o enfrentamento do Dieese durante o golpe de 1964, cuja liberdade "não foi tolhida, graças à resistência do movimento sindical" " os sindicatos foram proibidos de contribuir para o instituto, mas os sindicalistas conseguiram driblar essa medida. Santos registrou que, ainda hoje, as informações e estudos desse instituto são referência para a sociedade brasileira, notadamente para a classe trabalhadora. Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, fez referência à política do Dieese de se pautar na realidade dos trabalhadores. "Uma janela diferente, mas reconhecida como representante de outra situação que não a da classe dominante". De fato, o Dieese foi concebido para ser um centro de estudos e formação, aproximando-se da academia, mas tendo como base o mundo do trabalho. Pinho destacou a credibilidade do Departamento, no que foi respaldado por Luis Carlos de Oliveira, vice-presidente do Dieese " STI Metalúrgicos de São Paulo, Mogi e região. Oliveira relembrou que, já em 1955, os trabalhadores viam a necessidade do acesso a conteúdo e informações para equilibrar o poder de negociação com os patrões " vale lembrar, o instituto mantém curso superior de Ciências do Trabalho. A face mais proeminente dessa expectativa ocorreu em 1973, quando o Dieese conseguiu "desmascarar" os índices oficiais da inflação. Outros oradores que se seguiram pontuaram os momentos dramáticos vividos pelo Dieese, como destacou a ex-deputada do PT Clara Ant, ou fizeram referência ao nome que acabou se confundindo com a instituição: o do economista Walter Barelli, lembrado pelo vereador Alfredinho. Barelli permaneceu 22 anos à frente do Dieese " de 1968 a 1990. Baseado em sua experiência como sindicalista, o deputado Barba fez menção à atuação dos dirigentes sindicais na construção de índices baseados na cesta básica do trabalhador e em seu custo de vida. "Esses números discordavam dos oficiais e foram fundamentais na luta sindical pela reposição salarial, principalmente na década de 90", observou. O Dieese é presidido atualmente por Zenaide Honório, diretora do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). Dirigentes da CUT e da Força Sindical revezam-se na presidência. O instituto possui 342 funcionários, sendo aproximadamente 200 técnicos, dos quais 150 economistas.