Os servidores da São Paulo Previdência (SPPrev) promoveram nesta quarta-feira, 28/5, audiência pública para discutir problemas salariais e o plano de cargos e salários da categoria, que tem sofrido com a evasão de servidores. Segundo o presidente da Associação dos Analistas e Técnicos Gestores em Previdência do Estado de São Paulo (Ageprev), Wagner Andrade Júnior, de cada cinco funcionários admitidos, dois saem em busca de uma carreira melhor, com incentivo e mais reconhecimento. "A consequência direta dessa evasão são os 420 mil pensionistas e aposentados do Estado que acabam sendo prejudicados", frisou. "Desde 2011, esses servidores tiveram um único aumento de 7,93%, que nada mais foi do que um reajuste. E, neste ano, temos de começar a campanha salarial desde já, por causa do prazo do Orçamento do Estado", explicou. Segundo ele, há técnicos ganhando R$ 1.900, com a responsabilidade das funções de um analista. O deputado Carlos Giannazi, (PSOL), autor do pedido desta segunda audiência pública dos servidores da SPPrev, endossou a fala de Wagner, lembrando que a categoria, apesar de pequena, é muito forte, tanto que, no final do ano passado, conseguiram a aprovação de um projeto de lei sobre a data-base em apenas duas semanas. Comentou o caso de servidores da Educação, "cuja aposentadoria demora de dois a três anos para ser concedida" para destacar que a luta dos profissionais da SPPrev precisa ganhar visibilidade junto ao governo, justamente por comprometer servidores civis e militares já aposentados. A secretária da Ageprev Lucimara Motter afirmou que a folha de pagamento da SPPrev é a terceira maior do Estado, mas 99% dela destina-se aos beneficiários finais - aposentados e pensionistas - e só 1% aos seu próprio quadro. Lembrou que os 420 mil beneficiários finais vão aumentar quando a SPPrev passar a gerir também as pensões dos funcionários do Legislativo e Judiciário. "Será muito trabalho para poucos trabalhadores". Regime celetista Observou que a Lei 1.010, que criou a São Paulo Previdência em 1º de Junho de 2007, foi muito debatida, mas na hora de ser executada, um número expressivo de profissionais que passava a adquirir um conhecimento único sobre previdência, até então inexistente, não recebeu o reconhecimento necessário. "Não temos respaldo ou investimento: somos celetistas, mas não temos banco de horas e nem recebemos horas extras; somos servidores, mas não temos os benefícios dos estatutários; caímos numa vala comum e só ouvimos não", lamentou. Mauro Campos, presidente do Sindicato dos Técnicos da Secretaria Estadual da Fazenda, procurou transmitir aos participantes da audiência sua experiência enquanto sindicalista. Orientou sobre a importância de os técnicos e analistas da SPPrev identificarem, em suas funções, atividades essenciais ao funcionamento do Estado e também da necessidade de vantagens pecuniárias agregarem a soma total dos salários. "A carreira vem antes do embate com o governo; a estrutura de um plano de carreiras dá força; a legislação é que dita regras sobre o que a gente faz e o que a gente ganha", destacou. Comentou ainda que é preciso saber diferenciar a reivindicação política da trabalhista. "A primeira se ganha com o poder do convencimento e a segunda são leis trabalhistas já consolidadas", finalizou.