Comissões da Verdade ouvem depoimentos sobre a morte de Arnaldo Cardoso Rocha
25/02/2014 22:03 | Da Redação: Gabriel Cabral Fotos: Roberto Navarro e Márcia Yamamoto

















Pelo segundo dia consecutivo, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), e a Comissão Nacional da Verdade realizaram reunião conjunta para tratar do assassinato de oito militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) em São Paulo, na década de 1970. Nesta terça-feira, 25/2, foi abordado o caso da rua Caquito, onde, em 15/3/1973, ocorreu a morte dos militantes Arnaldo Cardoso Rocha, Francisco Emanuel Penteado e Francisco Seiko Okama.
A versão oficial dada pelos órgãos de segurança na época afirmava que as mortes ocorreram em confronto, depois de os três militantes terem sido encontrados casualmente por forças policiais.
Segundo Iara Xavier Pereira, ex-militante e companheira de Arnaldo, há indícios de que os três assassinados vinham sendo seguidos, depois de delatados por um ex-militante que passara a colaborar com a polícia. "No confronto foram mortos dois chefes de grupo tático armado e um coordenador da ALN. Não é possível que esse encontro tenha sido fortuito", afirmou.
Iara foi ao local onde teria ocorrido o confronto e, em conversas com moradores, descobriu que um dos militantes foi levado do local, ainda vivo, por duas pessoas que dirigiam um Fusca verde. Para Iara, é possível que o pai de Arnaldo já estivesse em busca do corpo do filho enquanto este ainda estava sendo seviciado no DOI-Codi.
Outros depoimentos
Preso no DOI-Codi à época, Amilcar Baiardi relatou que da janela de sua cela tinha ampla visão do pátio do conjunto da rua Tutoia. Após notar uma movimentação estranha, viu um cortejo de três carros chegar ao som de buzinas e tiros para o alto, numa espécie de comemoração. Depois chegou um rabecão de onde foram retirados dois corpos agonizantes. Um deles poderia ser Arnaldo. "Uma das pessoas eu identifiquei como um japonês", relatou.
As comissões ouviram ainda o depoimento de Marco Aurélio Guimarães, professor de medicina legal na Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto. Ele fez um laudo da exumação do corpo de Arnaldo, em agosto de 2013. Sepultado em urna metálica e tendo a cova invadida por água, essas condições resultaram em surpreendentes condições de conservação do corpo. "O padrão simétrico de lesões encontradas no corpo inviabiliza a possibilidade de que elas tenham ocorrido em situação de confronto", disse Guimarães. "A vítima precisaria estar contida para que isso fosse executado."
Além disso, segundo o especialista, três disparos foram dados em sentido incompatível em um eventual confronto. Guimarães conclui que é altamente sugestivo que Arnaldo tenha sido submetido a torturas, pelos traumatismos sofridos.
Ex-escrivão do Dops
Manoel Aurélio Lopes, ex-escrivão do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), depois transferido para o Departamento de Operações de Informações " Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), foi questionado por Adriano Diogo, Ivan Seixas, coordenador da comissão, e Márcio Kameoka, da Comissão nacional da Verdade.
Kameoka perguntou a Lopes sobre sua transferência e o depoente contou que recebia no DOI-Codi um acréscimo de mais ou menos 25 cruzeiros. Também falou sobre alguns de seus superiores hierárquicos, do seu trabalho e rotina.
Durante a audiência na comissão, Kameoka leu um auto de apreensão, redigido por Lopes, de diversos armamentos e munições feita pelo DOI-Codi. No documento também havia menção a Arnaldo Cardoso Rocha, que, de acordo com a polícia, usava nome falso.
Iara, viúva de Arnaldo, pediu que Lopes falasse o que sabia. Lopes alegou falta de memória e problemas auditivos, mas disse que o documento poderia ter sido forjado e que sabia de apenas um morto na rua Caquito.
Ivan Seixas destacou que o ex-escrivão deve ter sido um funcionário "especial" para os órgãos de repressão, pois possui treinamento de tiro e defesa pessoal.
Notícias mais lidas
- Deputado participa de missão oficial a Taiwan e busca ampliar cooperação com potência asiática
- Entra em vigor hoje o novo Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804
- Aprovado na Alesp, novo valor do Salário Mínimo Paulista, de R$ 1.804, é sancionado
- Deputado aciona MP e PGE para impedir ato de partido em celebração ao ataque do Hamas a Israel
- Governo envia à Alesp projetos com diretrizes orçamentárias para 2026 e reajuste do mínimo paulista
- São Vicente: a importância histórica da primeira cidade do Brasil
- Vitória dos pescadores: artigo que restringia acesso ao seguro-defeso é suprimido
- Alesp aprova projeto que garante piso salarial nacional a professores paulistas
- Sindicatos da Polícia Civil cobram envio de projeto da nova Lei Orgânica à Alesp
Lista de Deputados
Mesa Diretora
Líderes
Relação de Presidentes
Parlamentares desde 1947
Frentes Parlamentares
Prestação de Contas
Presença em Plenário
Código de Ética
Corregedoria Parlamentar
Perda de Mandato
Veículos do Gabinete
O Trabalho do Deputado
Pesquisa de Proposições
Sobre o Processo Legislativo
Regimento Interno
Questões de Ordem
Processos
Sessões Plenárias
Votações no Plenário
Ordem do Dia
Pauta
Consolidação de Leis
Notificação de Tramitação
Comissões Permanentes
CPIs
Relatórios Anuais
Pesquisa nas Atas das Comissões
O que é uma Comissão
Prêmio Beth Lobo
Prêmio Inezita Barroso
Prêmio Santo Dias
Legislação Estadual
Orçamento
Atos e Decisões
Constituições
Regimento Interno
Coletâneas de Leis
Constituinte Estadual 1988-89
Legislação Eleitoral
Notificação de Alterações