A Comissão de Transportes e Comunicação, presidida pelo deputado João Caramez (PSDB), ouviu nesta terça-feira, 18/2, a socióloga Maria Aparecida Toledo apresentar o resultado da pesquisa de imagem promovida pela Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP). Ela explicou a metodologia utilizada, que divide a pesquisa em duas fases: na qualitativa, a pesquisa recolhe os fatos que impactam a vida da população desde que sai de casa (etapa 1), enquanto troca o primeiro meio de transporte pelo segundo (etapa 2), e do desembarque do último meio de transporte até a chegada ao trabalho (etapa 3); na fase quantitativa, o enfoque era a medição do grau de satisfação com cada meio de transporte.

De casa até o ônibus

O primeiro resultado importante, ainda na fase qualitativa, veio com a análise do entorno, isto é, do que o usuário de transporte público encontra logo que sai de casa e até entrar no ônibus, que é o primeiro transporte que a maioria da população utiliza diariamente (mais da metade da população se utiliza de pelo menos dois meios de transporte em sues trajetos diários). As queixas vão da péssima qualidade das calçadas, passa pela falta de iluminação, pelos carros sobre a calçada, pela falta de abrigo nos pontos de ônibus e pela falta de segurança de uma maneira geral (assaltos, mendigos e drogados, atropelamentos etc.). Maria Aparecida disse que isso gera um estresse que vai se acumulando à medida que o usuário vai utilizando outros meios de transporte.

Fica bom perto do emprego

A segunda parte é dividida entre ônibus, novamente, Metrô ou trem. As etapas 1 e 2 receberam avaliações praticamente idênticas (47% e 48% de bom). A parte mais bem avaliada é a terceira, entre o desembarque do último meio de transporte e a chegada ao trabalho, com 65% de bom.

Quanto à incidência de problemas, a primeira etapa apresenta 62% de reclamações, a segunda, 53%, e a terceira, 29%. As principais queixas sobre a primeira etapa são o excesso de lotação dos ônibus e o grande tempo de espera, que aumenta ainda mais nos finais de semana.

Na segunda etapa, quando a maioria do público utiliza o Metrô e os trens da CPTM, a principal reclamação é quanto à lotação. A avaliação dos transportes coletivos na Região Metropolitana da Grande São Paulo é de cinco e meio, num intervalo de zero a dez.

Metrô tem 74% de aprovação

A pesquisa é feita pela ANTP desde 1985 e os resultados do ano passado (a pesquisa foi feita de outubro a dezembro de 2012) dão conta de que a qualidade dos serviços piorou em todas as modalidades de transporte público, na opinião dos usuários. "O queridinho da população, o Metrô", segundo Maria Aparecida, foi considerado excelente ou bom por 74% dos entrevistados, uma avaliação muito acima da feita para os demais meios, mas que apresentou uma queda de 10 pontos com relação a 2009. Maria Aparecida considerou que a entrada de novas linhas se integrando ao sistema pode ter um impacto positivo, no começo da operação, mas que, com o tempo, acaba por sobrecarregar o restante do sistema.

Problemas históricos

Após a exposição de Maria Aparecida, o presidente da ANTP, Aílton Brasiliense Pires, enfatizou a grande dificuldade que São Paulo tem para resolver problemas estruturais que remontam ao início do século passado, ocasião em que a empresa canadense São Paulo Light and Power estendeu os primeiros trilhos de bonde na capital e deu início ao transporte público sem obedecer nenhum plano diretor, omissão que foi mantida pelo setor público nas décadas seguintes. Por outro lado, Ailton Pires elogiou as novas parcerias entre prefeitos e governadores, "como a que fez o prefeito Haddad com o governador Alckmin para levar o Metrô de Capão Redondo até Jardim Ângela".

Pauta

Na mesma reunião, a comissão apreciou pauta com sete itens, aprovando, entres eles, o PL que dá denominação a passarela na rodovia Washington Luis e que teve o parecer favorável do relator. Além disso, deliberou sobre requerimentos, a maioria apresentada pelo deputado Gerson Bittencourt, que convidam autoridades para prestar esclarecimentos sobre obras em andamento e serviços implantados.

Participaram da reunião os deputados Antonio Mentor e Gerson Bittencourt (ambos do PT), Chico Sardelli e Marcos Neves (ambos do PV), Baleia Rossi (PMDB) e Rogério Nogueira (DEM).