Comissão da Verdade inicia trabalhos sobre a imprensa de resistência à ditadura militar
01/10/2013 23:01 | Da Redação: Sillene Coquetti - Foto: José Antônio Teixeira
A Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva iniciou nesta terça-feira, 1º/10, debates acerca da importância da imprensa de resistência à ditadura militar. A iniciativa de abordar o papel dos veículos de resistência é pioneira desta comissão, que prolongará o tema até o dia 4 de outubro. Os primeiros veículos abordados foram os periódicos Opinião, que funcionou de 1972 a 1977, e o Movimento, de 1975 a 1981. Para elucidar a história dos periódicos estiveram presentes Luiz Bernardes e Carlos Azevedo, ambos colaboradores dos jornais.
O presidente da comissão, Adriano Diogo (PT), explicou que os jornalistas atuantes nos impressos de resistência eram "companheiros corajosos e que talvez possam ser classificados como os precursores das redes sociais, já que exerciam a comunicação sem o uso da grande imprensa. Nesse sentido, Carlos Azevedo elucidou que as publicações funcionavam como centros de oposição à ditadura e foram perseguidas indiscriminadamente pela censura imposta pelo governo.
Segundo Azevedo no Brasil havia diversas publicações da imprensa comunista, socialista, operária e camponesa, que foram extintas após o golpe de 1964. Para opor-se à ditadura, em 1972, surge o Opinião, o primeiro jornal de oposição política de forma declarada, tendo em vista que periódicos anteriores eram voltados para o humor.
O jornal Movimento surgiu da dissidência do Opinião devido à divergência entre redação e o dono. O periódico não tinha patrocinador, os recursos eram originários dos próprios leitores, por meio de assinaturas, venda nas bancas de jornal, venda direta feita por membros do jornal e de forma inovadora pela venda de ações.
O Movimento foi censurado desde a edição de número zero, que era o panfleto de anuncio do futuro jornal. Para que fosse impresso, em tempos de censura, eram feitos de dois a três jornais, para que resultassem em uma única edição, depois de passado o crivo da censura.
Azevedo colaborava no Movimento de forma clandestina, após se envolver com o movimento esquerdista Ação Popular. Nesse período foi publicado o "Livro Negro da Ditadura", que teve repercussão internacional e será utilizado pela comissão como fonte documental.
Para Antônio Luiz Bernardes, cujos prenomes eram omitidos para dificultar seu reconhecimento, o ingresso no jornal partiu de sua militância na Ação Católica e posteriormente na Ação Popular. Foi preso pela Operação Bandeirantes (Oban) e, ao sair, sentiu a necessidade de se manifestar por meio da imprensa. Colaborou na fundação do Movimento, no qual permaneceu até 1980, ano anterior ao fechamento do periódico.
Com a promessa do presidente Geisel de abertura lenta, gradual e segura do regime, parte da oposição se aliou ao governo e, por acreditar que era apenas um plano de reciclagem do presidente para permanecer no poder, muitos se uniram e fundaram o Movimento com posicionamento definido, o qual abordava fatos políticos e sociais como miséria, concentração de renda, o papel da mulher na sociedade, entre outros.
Um diferencial do jornal, segundo Bernardes, é o uso do periódico como forma de debate. No caso da reforma agrária, o periódico publicava matérias a favor e contra. Após debate entre os integrantes, o jornal passava a publicar seu posicionamento. Neste caso, a favor das reformas. O jornal se extinguiu em 1981.
A coordenadora da comissão Amelinha Teles atuou na divulgação e venda do Movimento e afirmou que "toda semana tinha gente presa por vender o jornal". Ela ressaltou que ninguém ganhava nana vendendo o periódico. "Pelo contrário, tínhamos que colocar dinheiro". O jornal Movimento é uma das mais importantes publicações da imprensa resistência durante a ditadura militar.
Momento difícil
Em forma de desabafo, o deputado Adriano Diogo (PT) informou que as comissões da verdade estão vivendo um momento difícil e que será terrível para o povo brasileiro, para os sobreviventes e para aquele que lutaram para que a verdade prevalecesse, se a verdade for novamente escondida. "Se não houver justiça, ao menos que a verdade prevaleça", pediu o deputado.
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