Dois casos de estrangeiros presos pela repressão são tema da Comissão da Verdade









Em sua 62ª audiência pública, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), abordou os casos do militante de origem italiana Antonio Benetazzo e do estudante boliviano Juan Antonio Carrasco Forrastal.
Militante do movimento estudantil do PCB e do Movimento de Libertação Popular (Molipo), Antonio Benetazzo chegou ao Brasil aos 9 anos de idade. Era também jornalista e artista plástico, e tinha atuação no meio cinematográfico. Em 1969 foi a Cuba realizar treinamento de guerrilha, retornando três anos depois.
Emboscada
Em 28/10/1969, foi preso no bairro de Vila Carrão, na capital, quando ia encontrar com um operário. Dois dias depois morreu sob torturas no DOI/Codi-SP. Cida e Maria Amélia Teles, coordenadora da Comissão da Verdade, contaram as circunstâncias que Benê (como era conhecido) foi preso, na casa do operário Rubens Carlos Costa, que estava cercada por policiais. Rubens tentou inclusive avisar da situação, colocando fogo no bujão de gás, o que lhe causou sérias queimaduras.
O corpo de Antonio Benetazzo foi enterrado no cemitério de Perus, sendo recuperado pela família posteriormente. Houve diversas versões sobre as circunstâncias de sua morte, sendo que algumas foram publicadas pela imprensa. Numa delas, teria sido atropelado quando fugia de policiais, mas já na época a família e amigos constataram que o tal "acidente" nunca ocorreu.
Imprensa Popular
A existência de várias versões sobre a morte de Benetazzo foi confirmada por Cida Horta, militante que foi sua companheira no último ano de vida, e com quem teve uma filha. Ela falou do trabalho de Benê no jornal Imprensa Popular, do Molipo, publicação mimeografada que tinha como lema "contra a mentira reacionária, a verdade revolucionária".
Também prestaram depoimento Alípio Freire, Toshio Kawamura e Valter da Silva, o Teco. Todos falaram da personalidade e das convicções de Antonio Benetazzo. Alípio Freire, ao final da reunião, leu o poema intitulado Da Tragédia.
A professora Rose Teles, da Escola Estadual Thomaz Ribeiro de Lima, de Caraguatatuba, que estava acompanhada por grupo de alunos, falou do trabalho que a escola mantém desde 2010 de resgate da memória do ex-aluno Antonio Benetazzo. Foram feitas coletas de depoimentos de pessoas que conviveram com ele, com coleta de fotos, que já perfazem um dossiê de cerca de 300 páginas. Hoje, Antonio Benetazzo dá nome à praça atrás do Masp.
Vítimas inocentes
Em 17/12/1968, durante a invasão do Conjunto Residencial da USP (Crusp) foram presas por volta de 1.200 pessoas. Dentre elas, diversos alunos de origem estrangeira, que foram levados ao 2º Exército - entre eles estava o estudante boliviano de engenharia Jorge Rafael Carrasco Forrastal. Ao saber da prisão, seu irmão Juan Antonio, estudante de física, foi procurá-lo e também acabou preso. A família havia vindo ao Brasil para procurar tratamento para a hemofilia de Juan, que já perdera uma perna.
Ambos, que não tinham qualquer militância política, foram barbaramente torturados, sob comando do coronel Sebastião Alvim. Juan Antonio, que se locomovia com ajuda de muletas, ficou sem sua prótese na tortura. Hemofílico, corria grande risco de vida, o que fez com que sua mãe Olga lutasse por sua saúde. Mas, apesear de ter sido internado em hospital, Juan sofreu torturas psicológicas.
Quem falou sobre o caso foi a jornalista Luiza Sansão, que fez matéria sobre a história para a Revista Adusp (que pode ser acessada em migre.me/fJ5Eh). Os irmãos foram libertados meses depois. Jorge Rafael formou-se e foi trabalhar em Curitiba, mas faleceu em um acidente de automóvel em outubro de 1970.
Juan Antonio, após sua libertação, nunca se recuperou física e psicologicamente, e tentou o suicídio duas vezes. A família levou-o ao Hospital da Cruz Vermelha de Madri, Espanha, mas, num descuido, Juan desligou os aparelhos que o mantinham vivo, em 28/10/1972.
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