Comissão da Verdade ouve ex-mulher do jornalista Luiz Merlino
05/06/2013 19:24 | Da Redação - Foto: Marco Cardelino
Angela Mendes de Almeida, ex-mulher do jornalista Luiz Eduardo Merlino, morto pela repressão, em 1971, foi ouvida nesta quarta-feira, 5/6, sobre o fato, na Comissão da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT). Além de Angela, duas companheiras de cela da presidente Dilma, Leane Almeida e Ana Mércia Silva Roberts, e o militante do Partido Operário Comunista - POC, Stanislaw Szermeta, também foram ouvidos.
Angela narrou todo a dificuldade que teve para ter informações sobre seu marido e o sofrimento da família. A princípio, o regime militar não queria admitir sua morte. No atestado de óbito, diz-se que ele havia sido levado para uma reconstituição de cena no Rio Grande do Sul, que fugiu e se suicidou sob um caminhão na BR-116, na altura de Jacupiranga (SP).
Adalberto, marido de Regina, irmã de Merlino, era delegado de Polícia e recebeu um telefonema avisando sobre a morte. A família, que vivia em Santos, veio a São Paulo. No Instituto Médico Legal, foi informada pelo diretor que não havia nenhum corpo com esse nome. Por ser policial, Adalberto conseguiu entrar e encontrou o cadáver com sinais evidentes de tortura. O corpo foi entregue à família, em um caixão lacrado.
Após diversos testemunhos foi possível reconstituir o que ocorreu. Merlino foi preso no dia 15/7/1971 e, segundo testemunhas, foi torturado no pau de arara, tendo, em seguida, recebido choques elétricos por quase 24 horas. Depois foi jogado em uma solitária e retirado, devido a gangrenas nas pernas.
Otacílio Cecchini, outro militante do POC, que estava em uma sala com o major Ustra quando o militar recebeu um telefonema do hospital, testemunhou que perguntaram ao comandante se era para consultar a família do preso se poderiam amputar suas duas pernas para salvá-lo. Ustra respondeu para não avisarem a família, e deixarem seguir o curso, o que culminou na morte de Merlino.
A família ganhou uma ação civil em primeira instância contra Carlos Alberto Brilhante Ustra. A família Teles, que também foi torturada pelo major, já obteve vitória contra Ustra, em segunda instância, para que o mesmo seja declarado torturador. Entretanto, as ações ainda são passíveis de recurso.
Circo de horrores
Leane Ferreira de Almeida, que hoje é paisagista, também pertencia aos quadros do POC no Rio Grande do Sul, no movimento dos bancários. Presa em julho de 1971, foi torturada e viu quando os militares colocaram o corpo de Merlino em um veículo e saíram das dependências da OBAN " Operação Bandeirantes.
Depois de ficar na OBAN e no DOPS, Leane foi para o Presídio Tiradentes, onde dividiu a cela com a atual presidente do Brasil. Torturada pelo major Ustra, Liane descreveu com emoção os atos praticados com frieza e violência por seus algozes. Ela narrou como foi a angústia de ouvir os gritos de Merlino durante alguns dias.
Ana Mércia Silva Roberts destacou que a tortura trouxe marcas que jamais se apagam na alma dos presos políticos. "Enquanto que os torturadores hoje têm uma vida confortável, muitos deles assessorando forças policiais. A tortura era uma política de Estado", afirmou.
Ela narrou seus dias de sofrimento nos órgãos de repressão e destacou que até hoje pouco se sabe das pessoas e grupos que financiavam esse "circo de horrores".
Oriundo do movimento operário de Osasco, Stanislaw Szermeta entrou para o POC com o objetivo de transformar o Brasil em um país verdadeiramente comunista, com destaque para a solidariedade e a ampliação das conquistas dos direitos dos trabalhadores.
Stan, como é conhecido, também foi torturado e passou pelo trauma do fuzilamento simulado, onde são usadas balas de festim. Após sair da prisão continuou a militar no movimento operário.
O deputado convidou para a mesa a ex-presa política Maria Celeste Marcondes, que fez um pequeno relato de sua militância, mas sugeriu que a comissão marque um novo dia para que os ex-exilados, como ela, possam relatar o sofrimento e as dificuldades de adaptação por que passaram ao serem obrigados a abandonar o país.
A sessão da Comissão da Verdade também foi acompanhada pelo deputado Ulysses Tassinari (PV). (PM)
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