Filme sobre o Xingu estimula debate sobre cultura indígena na Semana Orlando Villas Bôas





DA REDAÇÃO
O filme Yã Katu - O Brasil dos Villas Bôas, exibido nesta quinta-feira, 29/4, durante a Semana Orlando Villas Bôas, na Assembléia Legislativa, serviu de base para discussão no painel "O direito dos índios - uma outra civilização". O debate contou com a participação do deputado Renato Simões (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, do presidente do Conselho Brasileiro de Cultura e Civilização, Claury Alves da Silva, das antropólogas e escritoras Betty Mindlin e Carmem Junqueira, do cineasta Nilson Villas Bôas, autor do filme, Pirakumã, líder Yawalapiti, e Tabata, líder Kuikuro, de Paiê Kaiabi, administrador do Parque Indígena do Xingu, de Jorge Carlovich, coordenador do ambulatório do índio da Universidade Federal de São Paulo; de Marina Villas Bôas, viúva de Orlando, e de Noel Villas Bôas, seu filho.
O filme mostra a cultura xinguana a partir dos depoimentos de Orlando Villas Bôas, que enaltece os costume indígenas e mostra como uma civilização que praticamente acabara, agora está crescendo. Orlando descreve algumas características da vida dos índios: ninguém dá satisfação de seus atos; o respeito pela criança é imenso; o conhecimento é um processo normal e se dá sem pressa; o índio é o dono da aldeia, a criança é a dona do mundo; ninguém manda em ninguém; o chefe não é autoritário, é conselheiro. O índio jamais grita ou corre; tem plena tranqüilidade; o índio vive o presente.
Agentes de conquistas
O deputado Renato Simões, que presidiu os trabalhos em conjunto com o jornalista Antonio Ximenes, discorreu sobre a história dos direitos humanos, enfatizando a necessidade de que todos sejamos agentes das conquistas de tais direitos. Segundo ele, hoje, os direitos humanos vão na direção do reconhecimento dos direitos indígenas, e comentou sobre o encontro do presidente Lula com uma comissão de representantes indígenas que ocorrerá no dia 10 de maio. "Estamos esperançosos de que o presidente cumpra com o compromisso que sempre teve em relação aos direitos dos índios", declarou.
A antropóloga Carmem Junqueira, que conviveu com os índios Kaiamurá, prestou homenagem a Orlando Villas Bôas, que conheceu em 1965, quando começou sua pesquisa no Parque do Xingu. Para ela, três foram os motivos que fizeram com que os irmãos Villas Bôas nunca mais fossem embora do Xingu: a percepção de que com pouca tecnologia é possível construir uma civilização rica e boa, de que as crianças e os velhos são sempre amparados e de que existem eficazes mecanismos para se evitar a acumulação, tornando a sociedade mais generosa. E concluiu: "precisamos refletir se há alguma forma de nos aproximarmos disso".
"A Escola Paulista de Medicina é muito mais devedora do Xingu, do que o Xingu dela", comentou Jorge Carlovich. Explicou que a intervenção deles no Xingu não é no sentido de interferir na medicina indígena, mas de tratar de doenças levadas pelos brancos. "É nossa obrigação", concluiu.
Momento crucial
Para Betty Mindlin, estamos num momento crucial para o índio no Brasil. Para ela, este filme deveria ser passado no Congresso Nacional com o objetivo de sensibilizar os parlamentares para a questão do índio. "Todos esperamos que o Lula homologue a demarcação das terras Macuxi", enfatizou. Segundo a antropóloga, o filme transmite a idéia de que os índios podem ter suas terras e contribuir para um Brasil desenvolvido.
"Somos os maiores preservadores da natureza", disse Pirakumã. Segundo ele, no entanto, o entorno do parque está destruído, e para evitar a destruição os índios devem buscar a ajuda do governo e de toda a sociedade.
Para o administrador do parque, Paiê Kaiabi, está na hora de todos se unirem para discutir a questão indígena, pois a destruição das florestas e dos rios está muito próxima. Contou que foi preparado por Orlando e que nunca mais haverá um defensor dos índios como ele.
Noel Villas Bôas considera que está na hora de a sociedade brasileira pagar a dívida que tem com os índios. Para tanto, ele sugere a criação do Ministério do Índio como uma forma de começar a pagar esta dívida.
O autor do filme, Nilson Villas Boas, anunciou que a Eletrobrás vai patrocinar a continuação. Em junho, terão início filmagens no Xingu para a realização de vários documentários para a televisão.
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