Amigos relatam detalhes da convivência com Orlando Villas Boas
27/04/2004 20:34





DA REDAÇÃO
"Orlando Villas Bôas foi um grande contador de casos". Essa frase, dita pelo médico e amigo de 50 anos, Murilo Vilela, definiu para o público no auditório Teotônio Villela na manhã desta terça-feira, 27/4, um dos aspectos marcantes da personalidade de Orlando Villas Bôas. "Ele tinha uma grande capacidade de guardar os "causos" que ouvia de cablocos e índios e contá-los a uma platéia sempre atenta e voraz. Eles embalaram diversas rodas nossas ao redor da fogueira no Xingu".
Vilela expôs outra faceta do indigenista: a de aluno atento. O médico, em uma de suas estadas no parque indígena, ensinou a Orlando como medir a pressão, utilizar o estetoscópio, aplicar injeções e realizar pequenas suturas. Ele contou que muitas vezes levou o indigenista ao Hospital Santa Catarina, em São Paulo para ele aprimorar seus conhecimentos "Orlando assimilou de tal modo os ensinamentos que muitas vezes era tratado pelas freiras do, como doutor Orlando", revelou Vilela ao público, em sua maioria estudantes, que lotou o auditório na Assembléia. "Orlando muitas vezes, sob minha supervisão, participou do diagnóstico de pacientes, ele tinha muita sensibilidade, tendo inclusive participado da discussão de casos com outros médicos", relatou Murilo Vilela.
No mesmo tom de profunda admiração e respeito, os diversos participantes da mesa no segundo dia da Semana Orlando Villas Bôas falaram de Orlando e seus irmãos, a seguir trechos dos depoimentos:
José Carlos de Barros Lima (educador e diretor geral do Colégio Santo Ivo) "Eu queria primeiro prestar minhas homenagens às lideranças indígenas presentes e afirmar que os alunos de nossa instituição que fizeram esta pequena homenagem ao cantar e dançar ao som da música "Tu Tu Tu Tupi" realizaram uma pesquisa sobre os fatos marcantes da vida de Orlando e seus irmãos. Nossa escola se sente honrada por ter podido prestar uma homenagem a Orlando Villas Bôas. Ele esteve em nossa escola e inaugurou o auditório 'Irmãos Villas Bôas'. Quero destacar ainda dois ensinamentos que ficaram marcados em meu coração e de nossos alunos que, na ocasião, prepararam uma exposição sobre a saga dos irmãos. Orlando sempre dizia: 'Temos uma dívida de séculos com os índios'. Também era sua a frase: " O índio só poderá sobreviver dentro de sua própria cultura".
Pirakumã (liderança Yawalapiti do Xingu) - "Precisamos de mais pessoas com a grandeza de Orlando que possam fazer esta ponte entre nossos dois povos. Hoje o parque do Xingu já sofre a pressão de fazendeiros e sente os efeitos da degradação e da poluição dos rios que estão fora da reserva, mas cujas as águas formam o rio Xingu."
Tabata (liderança Kuikuro do Xingu) - "Graças ao trabalho dos irmãos Villas Bôas podemos comemorar o aumento da população indígena no Xingu. Eles foram responsáveis pela preservação de várias etnias que formam hoje a população do Xingu. O Orlando foi quem me deu o meu apelido Tabata. Eu era um menino quando ele me viu com uma camiseta que tinha umas letras japonesas, imediatamente ele apontou para mim e meu deu este nome japonês."
Sapain/Kamayurá (pajé do parque Indígena do Xingu) - "Ele, Orlando, tinha este espírito brincalhão e foi ele também quem me deu o apelido de Sapain, que na verdade era o nome de uma etnia em extinção. Meu nome verdadeiro é Uanumaka, que significa onça na liguagem Menako. Orlando me possibilitou trabalhar junto com médicos brancos no atendimento do meu povo. Eu como pajé fui formado pelos espíritos que me treinaram para ver os espíritos e sentir a energia das pessoas. Orlando e seus irmãos tinham esta energia boa."
Roberto Baruzzi (médico responsável pela implantação da parceria entre o parque Xingu e a Escola paulista de medicina) - "Quando Orlando me pediu em 1965 para implantar um serviço de atendimento aos índios do parque eu não pude resistir e este programa existe até hoje, inclusive com jovens índios que são auxiliares de enfermagem e que estão na linha de frente do atendimento ás aldeias. Orlando nos ensinou o respeito pela medicina tradicional praticada pelos pajés e ainda hoje seguimos a máxima desta grande homem: 'O médicos atendem, os pajés curam!"
Maureen Bisiliat (fotógrafa) - "Só tenho a agradecer aos irmãos Villas Bôas que me revelaram um mundo fantástico em todos os sentidos. Uma vivência que não foi apenas profissional, mas profundamente pessoal.
Encerrando o evento, falaram ainda o jornalista Manu Lafer e a viúva de Orlando, Marina, que ressaltou a importância do marido e de seus irmãos, que além de lutarem pela preservação da cultura e dos povos indígenas, realizaram um trabalho de pacificação de diversas tribos, que hoje dão um exemplo no Xingu do que é viver em paz e harmonia. O jornalista Antonio Ximenes, um dos organizadores do evento, se despediu do público desejando a todos "que a paz indígena esteja conosco".
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