Da RedaçãoO juiz federal João Carlos da Rocha Mattos, acusado de participar, entre outros delitos, de uma quadrilha de juízes que vendiam sentenças, depôs nesta sexta-feira na Assembléia Legislativa em reunião da CPI federal que apura crimes de contrabando e falsificação, conhecida como a CPI da Pirataria. O deputado federal Luiz Antonio Medeiros, presidente da CPI, ao abrir os trabalhos agradeceu aos agentes da Polícia Federal, que apesar da greve se dispuseram a acompanhar o juiz da carceragem da Polícia Federal até o plenário D. Pedro I, onde ocorreu o depoimento. Medeiros informou que o comando de greve concordou em autorizar que os agentes fizessem a escolta do juiz.Rocha Mattos, que responde por corrupção passiva, peculato, formação de quadrilha e favorecimento ilícito esteve acompanhado por sua advogada Daniela Pellin Negado.Negando qualquer envolvimento em ações ilícitas, o juiz fez diversas referências ao comportamento desabonador de vários integrantes da magistratura e da polícia. Chegou a afirmar que irá interpelar judicialmente o delegado da polícia federal que comandou a ação de busca e apreensão ao seu apartamento. Rocha Mattos acusou os policiais de furto de um rádio mp3 e equipamentos de informática de sua residência.Outros objetivosInsinuando que as buscas realizadas em seu apartamento e no de sua ex-esposa foram motivadas principalmente pelo objetivo de apreender fitas relativas ao Caso Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, e não em razão da Operação Anaconda, o juiz deixou no ar a idéia de que há nelas revelações comprometedoras. Rocha Mattos afirmou que ouviu pequenos trechos das 42 fitas e que percebeu cortes que poderiam indicar edição do material. Mattos classificou Norma, sua ex-esposa, como emocionalmente desequilibrada e desqualificou os indícios apontados nas várias fitas gravadas com autorização judicial. Das conversas com a ex-esposa reclamou que a polícia considerou apenas alguns trechos, omitindo outros em que contestava as acusações de Norma. Quanto aos vários indícios de que mantém relações com pessoas acusadas pela justiça, deu a entender que são coincidências. Inquerido sobre sua relação com Roberto Eleutério da Silva, o Lobão, afirmou que o conheceu apenas na carceragem da Polícia Federal e que as outras informações que possui são baseadas em notícias de imprensa. Quanto a Law Kim Chong, considerado pela polícia o maior contrabandista do país, dono de duas galerias na Rua 25 de Março, também afirmou que não mantém com ele qualquer relação e que as informações que possui são as veiculadas pela imprensa e as que correm nos meios policiais.Assediado por jornalistas, o Juiz Rocha Mattos deixou o plenário D. Pedro I às 14h45, precedido por sua advogada, Daniela Negado. Em defesa de seu cliente, ela declarou que, há mais de 10 anos, o juiz sofre perseguições dentro do Judiciário, por ser uma pessoa de personalidade forte, polêmica, mas, até hoje nada foi provado contra ele. Segundo ela, no depoimento desta sexta-feira, mais uma vez isso ficou patente.