As "Emoções" de Ferrara: uma evocação de amor atávico pela terra

EMANUEL VON LAUENSTEIN MASSARANI
17/09/2002 17:59

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Seriedade e coerência são pontos marcantes na obra de José Armando Ferrara. O conhecimento que possui do desenho e da cor fazem com que seu geometrismo evite uma certa frieza plástica.

Cenógrafo, designer gráfico, arquiteto, organizador de eventos, Ferrara foi durante anos diretor de cenografia da TV Cultura. Trata-se de uma personalidade completa que passa com extrema facilidade de uma ação a outra no campo cultural, enfim um criador no sentido mais amplo do termo. Um teórico em perspectiva.

Por sua formação e em virtude dos trabalhos atuais está hoje mais próximo da pintura geométrica e construída do que da naturalista ou descritiva de sua época de estudante.

Homem da cidade, atualmente refugiado no campo, entretanto sua obra "Emoções", doada ao Acervo Artístico do Palácio 9 de Julho, reflete paralelamente a força da terra representada por um globo em movimento com seus quatro quadrantes, onde com uma pena a nanquim cria ziguezagues, linhas que serpenteiam ou flutuam no espaço, decididamente instável, mas que indicam os sulcos dessa terra.

O olhar do espectador perscruta a obra e ali encontra uma atmosfera envolvente e uma evocação de amor atávico pelo solo nativo.

O ARTISTA

Nascido em 1938, na capital paulista, José Armando Ferrara se formou no curso de Artes Gráficas do Senai, em 1955, tendo feito Escola de Arte Dramática, em 1961.

Ferrara desenvolveu, entre outros projetos de cenografia, Morte e Vida Severina, no teatro da PUC, em 1965, Medeia, no Teatro Anchieta, em 1970, e O Carrasco do Sol, no mesmo teatro, em 1973.

O artista também trabalhou com cenários de TV, sendo o responsável pelos programas Meu Pedacinho de Chão (1971), Vila Sézamo (1972) e Um Banda Um (1982).

No campo das artes plásticas, Ferrara obteve, em 1964, bolsa de estudos como prêmio no Salão Anual de Cursos Livres. Também foi premiado com o primeiro lugar no Salão de Artistas Plásticos Universitários, em 1965. Suas exposições individuais de maior destaque foram na Galeria Directa, em 1965, e na Galeria Artécnica, em 1966.

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