O real observado a nível irônico é a pesquisa de Emerson Zalotti, feita para transmitir diálogos e acontecimentos paradoxais da vida hodierna. Através de vultos caricaturais realizados por um grafismo inspirado na liberação desempenhada e sincera do viver, o jovem artista fantasia e desenha apoiando-se sobre um cromatismo próximo a "Pop Art" de um Pollock e de um Mark Tobey.

Componente muitas vezes de uma "science-fiction", sugerida através de formas e símbolos, a série "Personas" de Emerson Zalotti não pode ser analisada quadro a quadro, sua leitura deve ser através de um conjunto de telas que contam uma história.

Estes acontecimentos, analisados na sua possibilidade de significado, são colocados sobre a tela, com uma intenção demistificadora, mas, também e sobretudo, por um interesse representativo que macroscopicamente oferecido por intermédio do que é real em chave de "histórias em quadrinhos", constituem denúncia dos próprios acontecimentos assumidos.

Surge assim a possibilidade narrativa, exatamente pelo relato onde o grafismo sintético torna-se um válido instrumento do desenrolar dos fatos que são colocados para análise. Utilizando uma técnica mista, o artista se apropria também de restos de construção e as transforma em imagens aplicadas a suas telas.

As figuras de Emerson Zalotti que sobressaem nas obras As Quatro Gerações e Discurso assinalam as coordenadas emotivas de uma espécie de papel de sonhos e de esperanças que exprimem com intensidade um instante registrado no fluxo do tempo.

Outra obra também doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, Homenagem a Pollock reflete a necessidade real do artista em pintar criando uma união intima entre o homem e sua obra.

O artista

Emerson Zalotti, pseudônimo artístico de Emerson Sousa Zalotti, nasceu em Andradina, SP, em 1972. Possui licenciatura plena e bacharelado com habilitação em artes plásticas pela Universidade Federal de Uberlândia, MG (1998). Foi monitor na disciplina de "Mixed-Media I", naquela universidade (1996). Possui ampla experiência como professor de arte na rede estadual de ensino de São Paulo, é organizador de festivais de arte em escolas públicas de São Paulo, representou a Secretaria da Educação em congressos e fóruns de arte.

Participou de exposições individuais e coletivas na Biblioteca Central de Uberlândia (junho e outubro de 1995); Espaço Cultural do Center Shopping de Uberlândia; Espaço Cultural Friends, Uberlândia (1996); Espaço Cultural Portfólio, Uberlândia (1997); Espaço Cultural, Universidade Federal de Uberlândia (1998); Galeria Santista, Santos SP; Projeto Studio Café, Santos, SP; Centro Cultural Brasil Estado Unidos, SP (2004); Galeria de Arte Casa Caiada, SP; Espaço Cultural V Centenário, Assembléia Legislativa de São Paulo (2005). Possui obras em coleções particulares de Minas Gerais, São Paulo e no acervo do Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.