O VELHO, O MENINO E O BURRO - OPINIÃO
O PT acaba de reunir alguns especialistas, todos contrários à atual política econômica, para debater o que seria uma espécie de embrião de seu programa de governo. Dessa forma, o partido pretendeu dar uma resposta aos que, há tempos, o acusam de só criticar e não apresentar alternativas factíveis ao que aí está. Não há como reconhecer méritos na iniciativa. Afinal, diz o ditado, antes tarde do que nunca.
Também não é o caso de simplesmente criticar a legenda, atribuindo às propostas que acaba de apresentar um mero oportunismo eleitoral. Fazer isso seria simplificar o debate, reduzi-lo a uma reprodução da antiga historinha do velho, do menino e do burro - segundo a qual o velho é sempre criticado, ora porque monta no burro e deixa o menino a pé, ora porque cede o lugar ao menino e caminha ao lado do burro, ora porque o menino e ele dividem o lombo do burro igualmente velho e extenuado, ora porque seguem todos juntos, com pés e patas no chão. Impossível agradar a todos, ainda mais se os personagens forem velhos, meninos e burros.
Diante das propostas apresentadas, a primeira impressão é a de que o partido pretendeu apenas não assustar investidores internos e externos, ao defender a estabilidade da moeda, as privatizações já feitas, a manutenção da CPMF, o não calote da dívida e uma série de outras medidas adotadas pelo atual governo "neoliberal", para usar uma expressão tão ao gosto da turma do ABC e adjacências. A mesma turma, diga-se, que às vezes tem dificuldades concretas para lidar com o painel eletrônico de votações, como se veio a saber recentemente.
Por via das dúvidas, os autores do documento já deixaram claro que nada é definitivo, que, a partir de um amplo debate nacional, tudo pode ser mudado, que as propostas de amanhã poderão ser o contrário das que acabam de ser apresentadas. E a imprensa que lhes faça o favor de não insistir nessa questão da CPMF. Senão, bem, senão a economista Maria da Conceição Tavares não participará mais das discussões e vai chorar no programa do Jô.
Pelo que se pôde constatar, as propostas iniciais (é importante reiterar que elas podem mudar, em função das pesquisas de opinião e das conveniências eleitorais) não diferem muito das medidas em vigor. Claro que o PT, no governo, seria mais competente que os atuais governantes. Seus representantes se valeriam de todo o charme de que dispõem, por exemplo, para convencer mister Soros & cia. a parar de fazer maldades mundo afora, para mudar de imediato o perfil da dívida pública, para exigir dos futuros concessionários de serviços públicos o cumprimento de metas de investimentos, como se os atuais estivessem dispensados de tal tarefa.
Como o PT só pretende "fechar" o seu programa em dezembro, é lícito supor que até lá muitas águas vão rolar, levando na correnteza algumas das atuais propostas e trazendo outras bravatas. Faz parte do jogo. O problema é saber se o partido, em vencendo as eleições de 2002, cumprirá o que está escrito, ou se elevará as tarifas públicas além do necessário, concederá aumentos salariais polpudos apenas aos companheiros em cargos de confiança e beneficiará os generosos patrocinadores de campanha, como aliás tem feito a prefeita de São Paulo. Eis uma dúvida que nem os psicodramas coletivos talvez sejam capazes de resolver.
*Milton Flávio é deputado estadual pelo PSDB e presidente da Comissão de Assuntos Internacionais da Assembléia Legislativa de São Paulo
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