A COLA DE SAPATEIRO COM OS DIAS CONTADOS - OPINIÃO
A cola sintética, também conhecida como cola de sapateiro, largamente utilizada pela indústria brasileira de calçados, móveis e construção civil, precisa ser colocada no centro de discussões ambientais, trabalhistas e, fundamentalmente, das que tratam de sua utilização como substância alucinógena.
Produzida à base de tolueno de benzeno, a cola sintética foi introduzida no mercado no início da década de 60. Nos últimos anos, foi iniciado um debate para que o solvente, com propriedade alucinógena, pudesse ser substituído por outro elemento sem efeitos tóxicos sobre o organismo. Uma das alternativas seria substituir o benzeno por uma substância cujo cheiro provocasse náusea na maioria das pessoas. No entanto, a discussão não foi além.
Na França e nos Estados Unidos, a utilização do tolueno de benzeno é proibida, pois provoca lesões na medula óssea, nos rins, fígado e nervos periféricos que controlam nossos músculos, torna o coração mais sensível à adrenalina, substância que faz os batimentos cardíacos aumentar.
Quando inalado, causa excitação, letargia e vômito, compromete a produção das células sangüíneas e reduz a imunidade do organismo, abrindo caminho para as infecções oportunistas. Nos "cheiradores de cola", que usam saco plástico, e após um certo tempo não conseguem mais afastá-lo do nariz, a intoxicação pode levar à inconsciência, queda de pressão, convulsões, ao coma e à morte.
Os efeitos sobre o meio ambiente também são preocupantes, já que, por serem voláteis, os solventes evaporam poluindo o ar que respiramos. Nas linhas de produção, os trabalhadores também estão sujeitos à intoxicação, mesmo diante do grande esforço da indústria para adotar sistemas eficientes de ventilação.
Pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, do Ministério da Saúde, constatou que, das drogas consumidas, a maconha está em primeiro lugar - 41%, a cocaína é usada por 21% dos usuários de drogas e os solventes, como a cola de sapateiro, por 14%.
Outro levantamento, do Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua de São Paulo, feito com a população carcerária da Febem, mostrou que 40% dos meninos, quando cometeram o crime pelo qual cumprem pena, estavam sob o efeito da cola ou do crack. Os especialistas apontam também que os menores de 10 a 18 anos que usam cola acabam migrando para o crack, droga mais pesada, cujo efeito sobre o sistema neurológico é devastador.
Para estimular a discussão sobre a necessidade de elaborarmos um calendário para que o tolueno de benzeno deixe de ser utilizado na fabricação das colas, apresentamos projeto à Assembléia Legislativa que prevê a substituição da cola de sapateiro pelo adesivo à base de água, tecnologia já desenvolvida e que começou a ser utilizada timidamente pela indústria, justamente pela falta de uma legislação sobre isso.
A substituição será gradual, assim como foi definido pela lei que proibiu a utilização do amianto, mineral com propriedades cancerígenas, publicada na semana passada. Até 2005, o amianto não será mais usada por nenhum ramo da indústria. O que se pretende, no caso da cola de sapateiro, é que a substituição ocorra a médio e longo prazo. Quem vai definir os prazos é justamente quem está envolvido: indústrias, fornecedores, trabalhadores e secretarias de Estado. Na mesa de discussão, a solução para um problema tão grave e antigo estará mais próxima.
Duarte Nogueira, 37, é engenheiro agrônomo, líder do governo na Assembléia Legislativa e vice-presidente do PSDB de São Paulo. Foi secretário de Estado da Habitação no governo Covas (95/96)
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