Metalúrgicos da VW e GM pedem intermediação do poder público na questão das demissões

Sindicalistas querem negociar com as empresas solução para evitar a perda de cerca de 6 mil empregos
22/06/2006 10:43

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Membros da Comissão ouvem sindicalistas de empresas automotivas<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/03-2008/m REL TRAB mesa01ROB.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A reestruturação das montadoras Volkswagen e General Motors, que implicará demissões em massa de operários das unidades instaladas no Estado de São Paulo, levou os sindicatos da categoria a buscar a unificação da luta e pedir aos poderes públicos das três esferas (municipal, estadual e federal) que ajudem a negociar com as empresas uma solução para evitar a perda de cerca de 6 mil empregos.

A proposta foi feita pelos representantes dos sindicatos dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e de Taubaté, onde estão instaladas fábricas da Volkswagen, e de São José do Rio Preto, onde fica a General Motors, durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações do Trabalho da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira, 21/6. As multinacionais não enviaram representantes à reunião. A Volkswagen alegou falta de disponibilidade de agenda e a GM não enviou resposta.

Que crise?

Os representantes dos metalúrgicos foram unânimes em afirmar que os motivos alegados pelas empresas para promoverem reestruturações com corte de pessoal " prejuízos decorrentes do câmbio e alto custo dos encargos com pessoal " não procedem, já que o próprio sindicato da indústria automotiva, o Sinfavea, aponta previsão de 9% de crescimento no ano de 2006 e o pico das exportações deu-se com o dólar em baixa.

Isac do Carmo, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, afirma que se trata de uma crise diferente das anteriores, pois o mercado vai muito bem. Para ele, as montadoras pretendem fechar unidades em São Paulo e transferir a produção para Estados em que o nível de salário dos empregados é mais baixo, como o Rio Grande do Sul, no caso da GM (a empresa tem uma fábrica instalada em Gravataí - RS).

Para Francisco Duarte, o Alemão, vice-presidente do Sindicado dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desde 98 a Volkswagen vem anunciando demissões, mas a categoria tem feito acordos, que sempre implicam perda de direitos, para garantir o máximo de empregos, mas muitos trabalhadores saíram da empresa em programas de demissão voluntária (PDV).

Alemão alertou para os efeitos de demissões em massa sobre a cadeia produtiva da indústria automobilística. Segundo ele, para cada trabalhador de montadora que perde o emprego, outros quatro trabalhadores das indústrias relacionadas (autopeças e materiais) também serão demitidos. O dia 20/11 é o prazo para concretizar o corte de pessoal da Volkswagen.

Denúncia

Membro da Comissão de Fábrica da Volkswagen em Taubaté, Paulo Dutra denunciou que no último ato público realizado pelos trabalhadores da montadora, quatro empregados (dois dos quais foram presos) foram indiciados por formação de quadrilha. Além disso, também policiais civis e militares têm feito policiamento dentro da fábrica, segundo Dutra. O assunto será levado à Comissão de Segurança Pública para que se apure a denúncia, informou o presidente da comissão, Mauro Bragato (PSDB).

A ausência de representantes das empresas causou manifestações de repúdio tanto de deputados quanto de sindicalistas. José Carlos Prates, do sindicato de São José dos Campos, considerou a atitude um desrespeito aos trabalhadores e uma demonstração clara de que não há disposição de negociação por parte das montadoras. Para ele, a instalação das fábricas foi financiada com incentivos fiscais e auxílios oficiais, com aporte de recursos do BNDES, e "elas (as fábricas) devem satisfações ao poder público e à sociedade".

Ações

O deputado Mário Reali (PT) foi autor de um requerimento convidando os dirigentes da Volkswagen e da General Motors a comparecerem à Comissão de Finanças e Orçamento para esclarecerem o plano de reestruturação das empresas, mas ainda não foi votado. Para Reali, assim como a economia, o movimento sindical tem de ser também globalizado, com a unificação da luta da categoria em todos os países.

O deputado Nivaldo Santana (PCdoB) também concorda com a unificação da luta e o envolvimento do poder público nas negociações.

Carlinhos Almeida (PT) propôs moção de apoio aos trabalhadores, com um apelo às montadoras para que recuem nas demissões. Também propôs que se solicite ao governador Cláudio Lembo audiência com os deputados, trabalhadores e representantes da empresa para buscar solução para o problema. As propostas foram aprovadas.

Carlos Eduardo Franco Fernandes, representante do secretário do Emprego e Relações do Trabalho, afirmou que o governo paulista está sensível ao problema e à disposição para auxiliar nas negociações.

Carlinhos Almeida e Mário Reali apresentarão ainda requerimento ao secretário da Segurança Pública pedindo informações sobre as denúncias do indiciamento de sindicalistas e de desvio de finalidade da polícia na segurança de fábricas.

alesp