Corrupção Tucana " II

Durante as três horas em que prestou depoimento ao Ministério Público Estadual na última terça-feira, 18/4, o estilista Rogério Figueiredo confirmou as doações de peças (não quantificou) de alta costura, feitas sob medida, à Sra. Maria Lúcia Alckmin, entre os anos de 2001 e 2003, quando a então primeira-dama presidia o Fundo Social de Solidariedade do Estado de São Paulo.
Ao deixar o prédio do Ministério Público em São Paulo, o advogado de Figueiredo, Vinícius Abrão, disse à imprensa que "as encomendas eram feitas pela própria Lu Alckmin ou pela assessoria dela", e apresentou como prova a cópia de um fax assinado pela assessoria da ex-primeira-dama, com o - pasmem - brasão do Governo do Estado. "Meu cliente fez questão de ressaltar que as doações eram feitas para a Lu Alckmin e não para o Fundo Social de Solidariedade", reafirmou o advogado.
Diante disto, o Ministério Público não descarta a possibilidade de convocar Lu Alckmin para prestar depoimento sobre o caso. Vale observar que este episódio explica a confusão que a família Alckmin sempre fez entre o público e o privado. No primeiro trimestre de 2005, Sofia Alckmin, funcionária da Daslu, manteve encontros com o então Secretário de Fazenda do Estado, Eduardo Guardia, a fim de solicitar autorização da Fazenda para a instalação de um sistema de vendas com caixa único (altamente vulnerável à sonegação) na majestosa loja onde também trabalhava Vera, cunhada de Geraldo Alckmin. O secretário, convocado para depor na Assembléia Legislativa, confirmou o que chamou de "visitas ilustres da filha do governador".
Outro caso envolvendo a família de Geraldo Alckmin é o do seu filho Thomaz Rodrigues, sócio de Suelyen Jou, que é filha do acupunturista do ex-governador. Thomaz e Suelyen são sócios de uma empresa que comercializa produtos naturais, chás e ervas. O médico de Alckmin, Jou Eel Jia foi favorecido com verbas publicitárias destinadas a uma revista ligada à empresa de acupuntura. A Folha de S. Paulo divulgou que a publicação Ch´an Tao recebeu R$ 60 mil em publicidade da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista em 2005, e que outros R$ 60 mil já foram aprovados para a próxima edição, que deve sair mês que vem. Alckmin é o destaque de capa da revista deste mês (pura coincidência, dirão os tucanos!). A relação entre a empresa de Thomaz Alckmin e a clínica de acupuntura do pai de sua sócia está sendo investigada pela Assembléia Legislativa, que já recebeu requerimento do deputado Renato Simões (PT) convidando os jovens sócios para serem ouvidos pela comissão de Finanças Públicas.
Como se diz popularmente, "a chapa está esquentando" para os tucanos. Será que isso também tem a ver com o caso dos fornos ou de Furnas? Passemos a entender melhor estas e outras questões:
1- Nossa Caixa: a destinação de R$ 48 milhões em verbas publicitárias (de 2003 a 2005) sem licitações nem contratos para jornais, emissoras de rádio, televisão, revistas e outras mídias foi confirmada pelo ex-gerente de marketing do banco, Jaime de Castro Júnior, em depoimento no Ministério Público. Ele acusou o ex-assessor de comunicação de Geraldo Alckmin, Roger Ferreira, de direcionar o dinheiro para veículos de comunicação ligados aos deputados da base de apoio ao governo estadual na Assembléia Legislativa.
2 - Compra Irregular de Fornos: (esta é quente!) a Folha de S. Paulo denunciou que a Nossa Caixa comprou em duplicidade 500 fornos a gás por R$ 400 mil, para serem doados ao projeto de padarias artesanais, comandado pela ex-presidente do Fundo Social de Solidariedade do Estado, Lu Alckmin. Na investigação, em curso no Ministério Público, o ex-gerente de marketing do banco, Jaime de Castro Júnior disse que recebeu orientação da presidência da Nossa Caixa para "assumir a despesa sem alardes e encontrar uma saída, um destino para os fornos adquiridos".
3 - Furnas: foi divulgada uma lista de políticos da base de apoio do governo Fernando Henrique Cardoso agraciados com R$ 39,9 milhões de Furnas para financiamento de campanhas em 2002: 68,3% são do PSDB, e o PFL fica em segundo lugar, com 9,3%. Entre os mais favorecidos estão (outra coincidência?): Geraldo Alckmin (PSDB), com R$ 9,3 milhões; José Serra (PSDB), com R$ 7 milhões e o desconhecido prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), com R$ 100 mil.Sobre a autenticidade do documento, assim se manifestou o perito Dr. Ricardo Molina de Figueiredo: "...é possível afirmar que o documento questionado não apresenta indícios de manipulação fraudulenta..." A assinatura do ex-presidente de Furnas, Dimas Fabiano Toledo, também foi reconhecida por cartórios.
A corrupção tucana ganha notoriedade em outros pontos do território nacional. O senador Arthur Virgílio, que destila ódio e revanchismo em seus discursos decorados por fases de efeito, em entrevista ao Jornal do Brasil, publicada no dia 19 de novembro de 2000, declarou: "Em 1986 fui obrigado a fazer caixa dois na campanha para o governo do Amazonas. As empresas não declararam as doações com medo de perseguição política", disse ele, em matéria assinada por Valdeci Rodrigues. O repórter anotou após essa afirmação que o então deputado, cinicamente, "ficou tranqüilo porque esse crime eleitoral que cometeu já está prescrito". A reportagem, que tinha o título de "Ilegalidade é freqüente", tratava da denúncia de que houve doações de mais de R$ 10 milhões à campanha de reeleição de Fernando Henrique Cardoso, que não foram registrados no Tribunal Superior Eleitoral.
A Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, dando continuidade ao seu papel de apurar os fatos, confirmou, por meio de resposta de seu presidente, a uma questão de ordem levantada por dois deputados "alckmistas": a convocação dos envolvidos para prestarem esclarecimentos: os que ocupam cargos públicos - destacadamente o presidente da Nossa Caixa - e o convite às demais pessoas citadas, para o bem da verdade e da justiça.
*Roberto Felício é professor e deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores
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