DECRETO N. 15.142, DE 18 DE OUTUBRO DE 1945

Aprova o Regimento dos Cursos de Especialização Agrícola na Escola Profissional Agricola Industrial Mista de Pinhal.

O INTERVENTOR FEDERAL NO ESTADO DE SÃO PAULO, na conformidade do disposto no artigo 7.°, n.° 1, do decreto-lei federal n.° 1.202, de 8 de abril de 1939.
DECRETA:

Artigo 1.° - Fica aprovado o Regimento do Curso de Especialização Agrícola na Escola Profissional Agrícola Industrial Mista de Pinhal, criado pelo Decreto-lei n.° 13.992, de 23 da maio de 1944, que com este baixa, assinado pelo Secretário de Estado dos Negócios da Educação e Saude Pública.

Artigo 2.° - Este Decreto entrará em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em contrário.

Palácio do Governo do Estada de São Paulo, em 18 de outubro de 1945,

FERNANDO COSTA
Jorge Americano, respondendo pelo expediente da Secretaria da Educação.

Publicada na Diretoria Geral da Secretaria da Interventoria, em 18 de outubro de 1945.
Victor Caruso - Diretor Geral.

REGIMENTO DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO AGRÍCOLA

TITULO .I
Das finalidades

Artigo 1.° - O Curso de Especialização Agrícola na Escola Profissional Agrícola Industrial Mista de Pinhal (C. E. A. P.), criado pelo Decreto-lei n.° 13.992. de 23 de maio de 1944, dirigido pelo Diretor da Escola Profissional Agrícola Industrial Mista de Pinhal, tem por finalidade a preparação de professores normalistas para o mais perfeito exercício do magistério primário rural.
a) dando-lhes conhecimentos suficientes para o desenvolvimento do programa de ensino das escolas primárias rurais;
b) favorecendo-lhes a ambientação no meio rural onde devem viver;
c) tornando-os fatores de progresso e radicação da população dos campos.

TITULO .II
Da Organização dos Cursos

Artigo 2.° - Os trabalhos do Curso de Especializaçao Agricola distribuem-se por;
a) aulas de cultura técnica;
b) estágio de prática de ensino.

Artigo 3.º - São as seguintes disciplinas das aulas de cultura técnica:
a) agricultura geral;
b) agricultura especial;
c) criação de animais de grande e pequeno porte:
d) pequenas indústrias rurais;
e) noções de escrituração e economia rural;
f) higiene rural;
g) artes industriais (somente para alunos do sexo masculino):
h) economia e artes domésticas ( somente para alunos do sexo feminino).
Parágrafo único - O ensino de todas as disciplinas compreenderá aulas teóricas e trabalhos práticos, desenvolvendo-se conforme programa que será baixado, mediante proposta do Departamento de Educação e Superintendência do Ensino Profissional, por ato do Secretário da Educação.

Artigo 4.º - As aulas de cultura técnica serão ministração pelos professores e mestres das respectivas disciplinas do quadro do pessoal da Escola Profissional Agricola Industrial Mista cie Pinhal, de acordo com o artigo 15 do Decreto-lei n.o 13.992, de 23 de maio de 1944.

Artigo 5.º - O estágio de prática de ensino será realizado na granja escolar, instalada nos termos do artigo 9,º do decreto-lei n, 13.992, de 23 de maio de 1944.
Parágrafo único - Durante o estágio, os alunos de Curso de Especialização Agrícola aplicarão os conhecimentos recebidos, ao mesmo tempo que farão estudos e observações práticas referentes ao ensino primário rural.

Artigo 6.° - O estágio de prática de ensino será organizado pelo Assistente Pedagógico.

Artigo 7.° - O Curso de Especialização Agícola terá a duração de um (1) ano. de 1.° de fevereiro a 31 de janeiro, com férias durante o mês de junho.
Parágrafo único - Afim de que melhor sejam atendidas as finalidades do Curso, o início e o fim do ano letivo, bem como o periodo de férias, poderão ser modificados, pelo Secretario de Educação e Saúde, mediante proposta conjunta da Superintendência do Ensino Profissional e do Departamento de Educação, adaptando-se assim ao ano agrícola.

Artigo 8.° - O Curso funcionará em regime de internato e semi-internato, de acôrdo com as possibilidades orçamentárias e instalações disponíveis.

Artigo 9.° - A lotação do Curso será fixada anualmente por ato do Secretário da Educação e Saúde Púbica, mediante proposta feita conjuntamente pelo Departamento de Educação e Superintendência do Ensino Profissional, reservando-se dois terços das vagas para os professores pertencentes aos quadros do magistério público primário subordinado ao Departamento de Educação. O terço restante será provido por professores estranhos aos Quadros do magistério público primário e substitutos efetivos.
Parágrafo único - As vagas do curso serão preenchidas por professores de ambos os sexos.

TITULO .III
Do Regime Didático do Curso

Artigo 10 - O Curso ministrará, de preferência, conhecimentos práticos, sendo teóricas apenas as aulas indispensaveis ao esclarecimento dos trabalhos rurais e exata compreensão de soa finalidade e importância.

Artigo 11 - As aulas serão dadas em turmas de vinte alunos no máximo devendo-se proceder á separação por sexo nos trabalhos que exijam essa medida.

TITULO .IV
Do Regime Escolar

CAPITULO .I
Da Seleção e da Matricula

Artigo 12. - Para a matricula no Curso far-seá, pa- ra os candidatos que fazem parte do magistério público primário, concurso de títulos, e para os demais, concurso de provas.

Artigo 13 - No concurso de titulos derão considera- dos para cada candidato:
a) o diploma de normalista, computando-se a meta- de da média geral, portanto, até um limite de 50 pontos;
b) o tempo de exercicio na zona rural, computando- se 3 (três) pontos por ano, nos dois primeiros anos, e 6 (seis) pontos por ano, daí por deante, até um maximo de 30 (trinta) pontos no total:
c) os trabalhos realizados sôbre o ensino rural ou questões ao mesmo relacionados, computando-se até o máximo de 10 pontos no total:
d) os cursos realizados, exetuado o Curso Normal (curso de formação de professôres e fundamental ou ginasial), computando-se até máximo de 10 pontos no total.
Parágrafo único - Em caso de empate os desempate se processará em favor:
1.º Lugar - do que tiver mais tempo de exercício na na zona rural;
2.º Lugar - do que tiver ascendência constituida por lavradores.

Artigo 14 - O concurso de provas será realizado pe- rante banca nomeada pelo Diretor Geral do Departamen- to de Educação, versando sôbre temas referêntes ao en- sino primário rural, constantes de relação que será orga- nizada com dez dias de antecedência, no minimo, para referida banca.
§ 1.º - As provas a que se refere este artigo serão escritas e avaliadas de 0 (zero) a 100 (cem).
§ 2.º - Em caso de empate,o desempate se processará em favor:
1.º - Lugar - do que tiver maior média geral no diplo- ma de normalista;
2.º lugar - do que tiver maior média em biologia e- ducacional;
3.º lugar - do que tiver ascendência constituida por lavradores.

Artigo 15 - Será facultada a inscrição conjunta de casais de profesores para o concurso de titulos ou de provas.
Parágrafo único - Neste caso somar-se-ão os pon- tos obtidos pelos cônjugues e a média final de cada um será a média aritmética das notas obtidas pelo casal.

Artigo 16 - No concurso de titulos ou de provas, a cada um dos candidatos constituindo casais e aos direto- res de grupos escolares serão acrescidos 10 pontos.

Artigo 17 - Os candidatos submetidos a concurso de ordem decrescente do número de pontos obtidos, em duas listas separadas, sendo aberta a matricula aos primeiros classificados, de acôrdo com a lotação prevista em o ar- tifo 9.º dêste Regimento.

CAPÍLULO .II
Do Horário e da frequência

Artigo 18 - A direção da Escola organizará o horário das aulas e sua distribuição pelos dias da semana, ouvindo o assistente pedagógico e atendendo às possibilidades dos docentes que devem servir no curso, submetendo-o à aprovação do Departamento de Educação e da Superintendência do Ensino Profissional.

Artigo 19 - A frequência dos alunos às aulas e trabalhos do curso é obrigatória me será apurada mediante chamada feita em cada aula.
Parágrafo único - Os alunos a que se refere o artigo 38 deste Regimento poderão o vencimento do dia, quando não comparecerem às aulas, salvo o caso previsto nos .§§ 2.º e 3.º do artigo 110 do Estatuto dos Funcionarios Públicos Civis do Estado de São Paulo

Artigo 20 - Será considerado inabilitado aqueles que faltarem a mais de dez (10) por cento dos dias de estágio de prática ou do total de aulas de qualquer disciplina.
Parágrafo único - Dentro do primeiro mês do ano letivo a Diretoria da Escola fixará para conhecimento dos alunos o número máximo calculado de faltas que poderão ser dadas em cada disciplina e no estágio de prática.

Artigo 21 - Será imediatamente desligado dos cursos o aluno que atingir o limite de faltas calculado em qualquer das disciplinas ou no estágio de prática.

CAPÍTULO .III
Da Aprovação e da conclusão do Curso

Artigo 22 - Haverá em cada disciplina, para verificação do aproveitamento, arguições, trabalhos práticos e provas parciais com atribuição de notas graduadas de 0 (zero) a 100 (cem).

Artigo 23 - Durante o curso deverão ser atribuidas a cada aluno em cada matéria pelo respectivo professor ou mestre, pelo menos duas notas de aplicação relativas a arquições e trabalhos práticos.

Artigo 24 - O aluno que não comparecer a qualquer uma das provas do curso terá nota 0 (zero)
Parágrafo único - Só haverá segunda chamada provando o aluno faltoso, motivo de força maios, aceito pelo Diretor da Escola.

Artigo 25 - Serão considerados aprovados e com direito ao título de monitores agrícolas os alunos do curso cujos trabalhos, notas, relatórios forem julgados satisfatório pelos técnicos competentes do Departamento de Educação e da Superintendência do Ensino Prosfissional.

CAPÍTULO .IV 
Dos   Alunos


Artigo 26 - Os alunos do Curso de Especialização professores normalistas com ou sem exercicio no ensino público primário serão:
a) semi-internos:
b) internos;

Artigo 27 - Serão semi-internos quando alojados na cidade e internos quando alojados na Fazenda da Escola Profissional Agrícola Industrial Mista de Pinhal, subordinando-se, em ambos os casos, às possibilidades orçamentárias e instalações disposíveis.

Artigo 28 - Serão inteiramente gratuitos
a) para os alunos internos os serviços de alojamento e alimentação, correndo, entretanto, por sua própria conta as despesas com lavagem de roupa;
b) para os alunos semi-internos a alimentação que se fizer na Escola.
§ 1.º - A Escola não fornecerá alojamento nem alimentação aos alunos durante o período de férias regulamentares.
§ 2.º - Quando alojados na cidade, em regime de semi-internato portanto, terão os alunos direito a transporte gratuito para a Fazenda, desde que compareçam, às horas determinadas ao local designado para a partida do onibus do estabelecimento:

Artigo 29 - São obrigações dos alunos do curso:
a)atender as disposições deste Regimento;
b)frequentar as aulas e realizar todos os trabalhos
c)tratar com urbanidade professores, colegas, corpo administrativo e pessoal subalterno da escola.
d)acatar as ordens baixadas pela Diretoria pela Assistente pedagogico e professores.

TITULO .V
Do Regimento Administrativo.

Capitulo .I
Do pessoal administrativo

Artigo 30 - Ao Diretor da escola profissional Industrial de pinhal, como diretor do curso de especialização agricola, imvube alem da direção geral deste curso.
a)tomar todas as medidas que se relacionem com o entrosamento das atividades escolares comuns á Escola e ao curso;
b)providenciar o alojamento e alimentação dos alunos do curso e professores da granja.
c)propor a designação dos professores, mestres e funcionarios administrativos da Escola que devem prestar serviços no curso.
d)propor, quando necessario, contrato de professores mestres estranhos a Escola.
e)auxiliar a orientação do curso, de maneira que o ensino seja pratico, não procurando transformar o professor em tecnico de assuntos agricolas.
f)propor, ouvido oassistente pedagogico, ao Departamento de Educação, a dispensa dos alunos cuja frequência não seja considerada satisfatoria ou proveitosa.
g)encaminhar os relatorios trimetrais e finais dos. alunos ao departamento de Educação.
h)manter um serviço de controle da frequencia dos allunos e por em execução as disposições do artigo 21 deste regimento.

Artigo 31 - Ao professor-assistente da escola compete, alem de suas funções de auxiliar do Diretor na direção do curso:
a)organizar, de posse dos relatorios mensais dos professores um relatorio mensal das atividades do curso que será encaminhado pelo Diretor ao Departamento de Educação.
b) organizar e manter um serviço de registro e controle das atividades dosalunos docurso, prevendo-se nesse trabalho as compensações do caso de interrupção das. atividades escolares preestabelecidas pela necessidade de atender a fatores imprevistos(chuva, tratamento de gado, intervenções do agronomos ou do veterinario que devam ser presenciados pelos alunos.

Artigo 32 - Ao assistente pedagogico compete:
a)orientar os trabalhos do curso, segundo as normas traçadas pelo departamento de Educação e superintend~encia do ensino profissional, evitando-se demasiada ou insuficiente extensão das aulas que devem visar sobretudo e preparação do mestre para o exercicio do magisterio condicionada as exigencias do meio rural.
b)organizar o estagio de pratica de ensino.
c)acompanhar e auxiliar os launos do curso durante o estagio obrigatorio na granja escolar.
d)garantir, de acordo com o diretor da escola, cunho pratico ao ensino e participação direta e ativa dos alunos nos trabalhos escolares.
e)propor, ouvido o diretor da escola, ao departa mento de educação, a dispensa dos alunos cuja frequencia não seja considerada satisfatoria ou proveitosa.

Artigo 33 - O diretor da Escola e o Assistente pedagogico, respeitada a esfera de atribuições de cada au- toridade agirão de comum acordo, segundo a orienta- ção traçada pelo departamento de educação e superin tendencia do Ensino profissional.

Capítulo II
Do Pessoal Docente

Artigo 34 - Compete aos professores e mestres:
a) elevar ao máximo o aproveitamento eficiente do período de aulas:
b) dar caráter essencialmente prático e utilitário às lições; facultar quando possivel ensejos para debates aceitar a orientação didática que fôr recomendada pelo Assistente Pedagógico e Diretor da Escola;
c) encaminhar até o dia 5 de cada mês ao Diretor da Escola o relatório sucinto dos trabalhos realizados no mês anterior pelos alunos do Curso:
d) elaborar os resumos e sumários das aulas dentro da orientação que fõr estabelecida;
e) dar os temas e designar os dias para entrega dos relatórios trimestrais e finais de sua matéria;
f) responsabilizar-se pela ordem inteira dos cursos que regerem;
g) comunicar à administração do Curso as dificuldades encontrahdas na execução dos trabalhos indicando as causas e sugerindo os meios de removê-las;
h) ser pontual no exercicio de todas as suas atribuições;
i) fornecer à administração do Curso os elementos solicitados e necessários à vida administrativa do Curso;A
j) auxiliar a administração observando e fazendo observar o prsente rtegimento e as instruções especiais elaboradas pelo assistente pedagógico e pelo Diretor da Escola;
k) dar aos alunos nos termos deste regimento as notas de aplicação mediante arguições, trabalhos práticos e outros exercícios.

TÍTULO .VI
Da granja Escolar

Artigo 35 - A granja Escolar, instalada na Escola de Pinhas, visrá não somente a proporcionar campo de observação e prática aos alunos do Curso de Especialização Agricola, mas ainda atender à população escolar da região, mantendo duas classes, sendo uma feminina e outra masculina.
Parágrafo único - A granja distribuirá lanche aos seus alunos de acordo com as suas possibilidades e as necessidades dos educandos, atendendo-se ao horário e a permanência deles na escola.

Artigo 36 - As despesas de alojamento e de alimentação dos professores da Granja serão custeados pelo Estado, desde que eles residam na fazenda da Escola.

Artigo 37 - Para a instalação da Granja Escolar na Escola de Pinhal, a Superintendência do Ensino Profissional reservará, na Fazenda da Escola, uma área aproximada de dois alqueires.

TITULO .VII
Disposições Gerais

Artigo 38 - Os professores do magistério público prímario, que vierem a frequentar o Curso de Especialização Agrícola, não sofrendo prejuizo de espécie alguma, permanecendo com vencimentos integrais conferidas e tendo direito a todas as regalias e vantagens conferidas pelo exercicio de seu cargo efetivo.

Artigo 39 - Obrigam-se os servidores públicos alunos do Curso de Especializados ás disposições dp Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do Estado que lhes forem aplicaveis.

Artigo 40 - As dúvidas surgidas na execução ou interpretação deste Regimento e os casos omissos serão resolvidos de comum acordo pela Superintedência do Ensino Profissional e pelo Departamento de Educação.

Artigo 41 - O presente Regimento entrará em vigor na data de sua publicação revogadas as disposições em contrário.

FERNANDO COSTA.