3 DE AGOSTO DE 2023
74ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: REIS e SIMÃO PEDRO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - REIS
Assume a Presidência e abre a sessão.
2 - SIMÃO PEDRO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
5 - PRESIDENTE REIS
Cumprimenta a deputada Leci Brandão por seu retorno a esta
Casa.
6 - MAJOR MECCA
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - SIMÃO PEDRO
Assume a Presidência.
8 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - MAJOR MECCA
Para comunicação, faz pronunciamento.
10 - REIS
Para comunicação, faz pronunciamento.
11 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Por inscrição, faz pronunciamento.
12 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
13 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
14 - PRESIDENTE SIMÃO PEDRO
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão
ordinária do dia 04/08, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Reis.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Presente o número
regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus,
iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da
sessão anterior e recebe o expediente.
Dando início ao Pequeno Expediente, a
primeira oradora inscrita, deputada Ediane Maria. (Pausa.) Deputada Márcia
Lia. (Pausa.) Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Agente Federal Danilo Balas. (Pausa.) Deputado Paulo Fiorilo. (Pausa.)
Deputada Thainara Faria. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. Tem V. Exa. o tempo
regimental de cinco minutos.
O
SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, Sr. Presidente desta sessão, nobre deputado Reis.
Senhoras Deputadas e Senhores Deputados, público que nos acompanha na tarde
desta quinta-feira, eu já me pronunciei aqui sobre a questão da tragédia que
ocorreu e vem ainda repercutindo no Guarujá, mas hoje eu queria falar sobre
Educação.
Duas medidas
que o governo tomou esta semana, anunciadas esta semana, não são só polêmicas,
mas têm ilegalidades. A primeira delas é essa decisão da coordenação pedagógica
da Secretaria da Educação, que publicou uma portaria ilegal. É ilegal porque
fere a legislação que garante a liberdade de cátedra para os professores.
O professor se
esforça para estudar, conclui uma universidade, faz o mestrado, passa em um
concurso, e o que é que essa portaria está determinando? Que o diretor da
escola assista às aulas, pelo menos duas vezes por semana, daquele professor e
faça um relatório, deputado Giannazi, V. Exa. que é um especialista, professor
também, como eu...
Então, essa
portaria determina que o diretor da escola acompanhe as aulas, pelo menos duas
vezes, daquele professor, faça um relatório e encaminhe para a Secretaria de
Educação. Claramente é uma medida intimidatória aos professores, vem nesse
rastro do bolsonarismo que persegue os professores, que tem a Educação como
inimiga. É um absurdo que não tem sentido.
Então, colocar
medo nos professores... o professor vai ficar acuado. Primeiro que não é função
do diretor fazer isso. Ele pode, sim, acompanhar o desempenho e tal, mas não
tem o menor sentido.
Nós não vamos
ficar aqui esperando, fazendo só a denúncia para que o governo obrigue o
secretário da Educação, o Renato Feder, a revogar essa portaria. Mas eu vou
protocolar hoje, Sr. Presidente Reis, um projeto de decreto legislativo para
sustar esse decreto, para que ele não vigore e assim a gente não crie esse
clima de perseguição, de medo, de intimidação aos professores, principalmente
aqueles de disciplinas que o bolsonarismo tem ódio, que é a História, a
Geografia, a Língua Portuguesa, Filosofia, Sociologia, que estimulam a
consciência crítica dos alunos e assim por diante.
Então, esta é
uma decisão. Eu vou também fazer um requerimento à Comissão de Educação,
deputado Giannazi, para que esse nosso decreto legislativo possa ser aprovado
aqui. Se o governo não tomar providências, pelo menos este Parlamento vai
tomar, no sentido de impedir essa ilegalidade que o secretário da Educação,
Renato Feder, está patrocinando.
E a outra é essa
decisão do secretário de não mais aceitar o convênio com o governo federal para
a compra de livros didáticos para os alunos, estimulando o uso de livros
didáticos pelo computador. Outra medida absurda, que vai na contramão de todas
as orientações pedagógicas no mundo inteiro, e aqui no Brasil também,
estimulando o uso de computadores.
A gente sabe
que o Renato Feder é um empresário dessa área de tecnologias digitais para
Educação, inclusive a empresa que ele era dono e sócio tem contrato milionário
com o Governo do Estado. Então ele traz uma experiência aplicada lá no Paraná
para cá, que é uma medida também arbitrária, absurda.
E é tão
contraditório com as decisões do governo, que o governo Tarcísio acabou de
sancionar uma lei oriunda aqui desta Casa, nobre deputado Carlos Giannazi... Eu
vou citar aqui a lei que está aqui no Portal da Alesp, peguei hoje: “São Paulo
ganha Semana de Conscientização sobre o Uso de Celular, Tablet e Computador por
crianças, a Lei nº 17.622, de 2023, sancionada pelo governador Tarcísio de
Freitas, publicada nesta quarta-feira”. Foi no mês de fevereiro, dia 8, que foi
proposta, criada e aprovada, aqui pela Assembleia Legislativa.
Essa lei
sancionada pelo governador Tarcísio cria a Semana de Conscientização e
Prevenção sobre males causados pelo uso intenso de celulares, tablets,
computadores por bebês e crianças. A lei, dos deputados Carlos Cezar, desculpa,
deputado Cezar, do PDT, e Marcio Nakashima, do PDT, foi aprovada em dezembro do
ano passado e sancionada.
Quer dizer, uma
lei sancionada pelo governador que vai na contramão desta, que o governador
decidiu, pelo seu secretário da Educação, que tira o livro didático, estimula o
uso de computador, das telas, o que vai na contramão dos problemas prejudiciais ao
aprendizado, à retenção de conhecimento dos nossos jovens, dos nossos alunos,
que é o uso intensivo de celulares, que muitas vezes não é recomendado.
Então, senhor presidente, queria aqui, ao término
deste meu tempo, fazer esse protesto em relação a essas medidas da Secretaria
de Educação, que causam retrocesso, na contramão da saúde, do bem-estar e da
liberdade de cátedra dos professores.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a
lista de oradores, o próximo orador, deputado Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Sebastião Santos. (Pausa.)
Deputado Capitão Telhada. (Pausa.) Deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR
- Sr. Presidente, deputado
Reis, deputados e deputadas, público aqui presente, Sr. Presidente, quero me associar ao que disse agora em seu
pronunciamento o deputado Simão Pedro, e dizer que logo que o secretário da
Educação, Renato Feder, dono da Multilaser, anunciou que estaria se retirando
do Plano Nacional do Livro Didático, ou seja, retirando São Paulo, eu
protocolei uma representação.
Fui imediatamente ao Ministério Público Estadual,
e eu recebi a notícia hoje de que o MP acatou a nossa representação e abriu um
procedimento para investigar esse crime, esse atentado da gestão do Tarcísio de
Freitas, desse secretário Renato Feder, empresário milionário, dono da
Multilaser, retirando o livro didático da rede estadual de ensino, algo jamais
pensado, jamais feito aqui no nosso Estado.
Retirar o livro didático das crianças do Ensino
Fundamental, em nome das tecnologias que não funcionam na rede estadual, e que
nem existem ainda na rede estadual. E eu gosto sempre de lembrar, Sr. Presidente, primeiro que tem aí,
minha gente... É muito importante que todos saibam, ele Renato Feder, dono da
Multilaser, tem contratos milionários com o governo estadual para fornecer
tablets e toda essa parafernália eletrônica.
E nós já tínhamos denunciado isso desde o início
do ano. Eu já tinha acionado o Tribunal de Contas, o Ministério Público, as
comissões pertinentes aqui da Assembleia Legislativa.
Então, em primeiro lugar, tem um grande conflito
de interesse, porque ele tem interesse em vender tablets, computadores e todos
os instrumentos digitais para o próprio governo, para sua própria secretaria.
Olha o absurdo. Esses contratos já existem. Isso tem que ser profundamente
investigado.
Agora, retirar o livro didático, dizendo que vai
fornecer um certo material digital que será formulado aqui mesmo em São Paulo,
não sei por quem, não sei que material vai ser esse, e que os alunos terão
acesso ao material a um tipo de material pedagógico, que não vai ser mais esse
livro didático, que é utilizado em todo o Brasil, através dos tablets, através
dos computadores. Mas, primeiro, que não. Eu já aqui, em vários momentos,
utilizei a tribuna, mostrando que isso não é possível na rede estadual de
ensino.
É uma rede sucateada, degradada, sem
infraestrutura, que quase não tem internet, e quando tem, não funciona. Tem
pouquíssimos computadores, pouquíssimos tablets, e esses poucos são da
Multilaser. É só a gente visitar as escolas, tudo da Multilaser.
Agora, retirar o livro didático, dizendo que vai
substituir por material digital? Isso é um absurdo total. Eu quero aqui dizer
que o Ministério Público, então, acatou a minha representação. Minha
representação virou um procedimento. Espero que o Ministério Público abra uma
ação civil pública contra essa atitude criminosa do governo estadual. Quero
ainda mostrar: “olha, esses são os livros didáticos da rede estadual”.
É importante que o aluno tenha acesso a esse
livro, que ele leia o livro,
porque não dá para ler um livro desse no computador. Não tem como ele
substituir. Primeiro o aluno não vai ter...
Muitos não têm
computadores em casa. A internet, também, muitas vezes, ele não tem internet na
sua casa, a internet da escola não funciona na maioria das vezes. Não tem como
ele acessar todos esses livros.
E tem mais,
olha só, eu tenho aqui uma matéria, eu queria mostrar para os deputados e
deputadas: “Livros rejeitados pelo governo de São Paulo são usados por escolas
de ponta”. O Colégio Bandeirantes, o Colégio Miguel de Cervantes, a Escola
Nossa Senhora das Graças, o Colégio Gracinha. Nem quero fazer propaganda de
escola particular, porque o meu compromisso aqui é com a escola pública.
Mas olha só,
então, para as escolas da classe média, dos ricos, tudo, material de qualidade,
material do Programa Nacional do Livro Didático. Para a rede estadual, não. Ele
vai retirar o livro didático. Gente, é um crime, isso daí é um atentado
terrorista contra a Educação, contra os nossos alunos, que nós não podemos
permitir.
Eu já acionei o
Ministério Público estadual, estou acionando o Tribunal de Contas do Estado de
São Paulo, estamos tomando várias providências contra esse ataque à Educação,
esse desmonte da Educação.
Nós sabemos que
esse governo é bolsonarista, é de extrema-direita, na verdade, em sua essência.
E a extrema-direita não gosta de livros, não gosta de Educação, não gosta de
Cultura. Então, é o bolsonarismo aqui no estado de São Paulo. A extrema-direita
nazifascista atacando, agora, os livros.
Os fascistas
fizeram isso na Itália. Os nazistas fizeram isso na Alemanha, queimaram os
livros. E estão fazendo aqui em São Paulo, retirando o livro didático das
crianças, dos nossos alunos. Os livros que são essenciais para o processo de
ensino, de aprendizagem.
E para
concluir, Sr. Presidente: ele deu uma entrevista ontem à “Folha de S.Paulo”, o
Renato Feder, dono da Multilaser, secretário da Educação, dizendo que o aluno
vai poder imprimir, se ele quiser, os textos e os livros na escola. Eu sou
diretor de escola, professor, não tem nem impressora nas escolas, mas eu acho
que, talvez, ele queira vender, talvez, quem sabe, vender impressoras da
Multilaser.
Porque a
Multilaser, deputada Leci Brandão, quero saudá-la, parabenizá-la, grande
deputada, uma das deputadas mais combativas na história de São Paulo. Deputada
Leci Brandão, essa empresa Multilaser começou vendendo cartucho de impressora.
Agora, ele
disse que o aluno vai poder imprimir. Mentira. Não tem impressora, quando tem é
para uso da secretaria. O professor, hoje, para imprimir um texto, uma prova,
uma avaliação, ele paga do seu próprio bolso. E ele disse isso: “o aluno vai
poder imprimir o texto na escola”, isso não procede.
Então, Sr.
Presidente, vou continuar denunciando até que esse atentado terrorista contra
os nossos alunos da rede estadual seja cessado. Que ele volte atrás nessa
decisão nefasta e perversa contra a Educação.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem. Seguindo a
lista de oradores, o próximo orador, deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado Caio
França. (Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes.
(Pausa.) Deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Deputada Marta Costa. (Pausa.)
Deputada Leci Brandão.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados,
funcionários desta Casa, que Deus abençoe, proteja e ilumine todas as pessoas
que estão aqui. Sr. Presidente. Eu volto a esta tribuna depois de passar por um
procedimento médico, que me manteve afastada desta Casa e das atividades
parlamentares.
Estou para
falar com vocês desde o dia que cheguei, que foi no dia de ontem, mas não tive
condições, até porque eu estava muito emocionada. Muitas vezes, precisamos nos
recolher e nos recuperar para voltarmos mais fortes, com mais disposição para a
luta. É assim que me sinto hoje. Volto a esta tribuna com a disposição renovada
para retomar nosso trabalho pela população do estado de São Paulo.
Mas, antes de
retomar as atividades parlamentares, preciso agradecer, primeiramente, a Deus,
aos meus orixás, porque sem eles nada acontece, mas também preciso agradecer às
pessoas que nos acompanham na caminhada, porque, na sabedoria da matriz
africana, nós sabemos que ninguém chega longe sozinho. E eu não ando só.
Portanto,
nesses dias de afastamento, o nosso gabinete, que é o Quilombo da Diversidade,
continuou com as portas abertas atendendo a quem chegava e realizando ações importantes
dentro e fora desta Casa.
Para isso,
contamos com o apoio e o incentivo de outros mandatos que faço questão de citar
aqui: a Bancada Feminista, a Mandata das Pretas em Movimento, as deputadas
Ediane Maria e Thainara Faria, o deputado Reis, o deputado Barba, Luiz Claudio
Marcolino, deputado Giannazi, enfim, as bancadas do PT e do PSOL, que lançaram
duas frentes parlamentares importantíssimas das quais o nosso mandato fez
parte: uma Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial e em Defesa dos
Povos Indígenas e Tradicionais. A Frente Parlamentar em Defesa dos Povos e
Comunidades Tradicionais é importantíssima.
Aproveito a
oportunidade para agradecer as homenagens feitas à minha história de vida
durante o lançamento dessas duas frentes. Foi uma honra receber esse
reconhecimento. Quero agradecer também à deputada Marina Helou, que,
coincidentemente, hoje, quando vim aqui assinar, me conduziu até o meu
gabinete. Faço questão de agradecê-la. Preciso agradecer ao professor Juarez
Xavier, da Unesp, que ministrou uma oficina sobre economia criativa aqui na
Alesp a convite do nosso mandato.
Finalmente, sou
grata a todos os parlamentares desta Casa, em especial ao presidente André do
Prado e aos parlamentares que compõem a Mesa Diretora, pela compreensão e pelas
palavras de conforto.
O que me deixa
mais emocionada é que, desde o dia em que retornei a esta Casa, só tenho
recebido afeto, carinho, reconhecimento, torcidas, rezas, enfim, que fizeram
por mim para que eu me recuperasse.
Independente da
religião, quero dizer muito obrigada, do fundo do meu coração, a todo mundo que
orou por mim, que pediu por mim, seja católico, espírita, messiânico,
evangélico. Nessas horas a gente não fica olhando qual é o credo. A gente sabe
que as pessoas lutam por mim.
Estou vendo que
aqui na Casa, hoje, não temos aqui toda a bancada do PT, mas como agora eu
pertenço à federação, é muito importante para mim que, embora seja a única
deputada do PCdoB nesta Casa, fui muito bem recebida pelo pessoal dessa
federação.
Não posso negar
que me sinto em casa. Não há nenhuma diferença, até porque a nossa relação com
o Partido dos Trabalhadores é uma relação antiga. Eu nem sonhava em estar aqui
e o PT sempre me tratou com muito carinho, haja vista a minha admiração, desde
a primeira campanha do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
É muito bom que
a gente passe por um processo como esse, para ver quem realmente gosta de você,
quem te respeita, quem te reconhece. É como eu digo: os 93 parlamentares desta
Casa sempre serão respeitados por mim, porque sei que uma hora ou outra vou
precisar deles, independente do partido, independente da corrente política, mas
eu só posso afirmar para vocês que continuarei sendo a mesma pessoa que sempre
fui, com muita simplicidade, com muita humildade, reconhecendo que sou tratada
com muito carinho nesta Casa.
Senti muita
falta de estar aqui. Isso aqui, como a gente diz popularmente, é uma cachaça.
Você não pode ficar longe daqui, pois você sente falta.
Mas quero
especialmente dizer às deputadas que fizeram a presença nas frentes e nos
eventos que eu tinha, que me representaram... Nada ficou sem ser realizado;
todas as pessoas me ajudaram e cumpriram a minha parte. Que Deus abençoe,
proteja e ilumine todos vocês e, principalmente, as assessorias desta Casa, as
assessorias de todos os deputados, que me procuraram, que tentaram me
substituir e me substituíram à altura.
Deus abençoe a
todos, muito grata.
Obrigada, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Obrigado, Leci
Brandão. Obrigado pelo carinho e por tudo o que você representa em nossas
vidas. Obrigado.
Continuando a lista. O próximo orador é
o deputado Jorge Wilson Xerife do Consumidor. (Pausa.) Deputado Major Mecca.
O
SR. MAJOR MECCA - PL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, a todos que nos acompanham pela TV Alesp e pelas redes sociais.
O que está
acontecendo no estado de São Paulo é a iniciativa e a disposição do governador
Tarcísio de Freitas, do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, do
Comando da Polícia Militar, o coronel Cássio, do Comando da Polícia Civil,
delegado Artur Dian, de todos os nossos patrulheiros em verdadeiramente traçar
o planejamento e combater o crime organizado.
Eu tenho como
obrigação, como um veterano de polícia, com 31 anos de serviços prestados na
Polícia Militar, e pelas etapas que eu tive ao longo da minha carreira, na
tentativa que tivemos nas polícias de combater o crime organizado em São Paulo
e tivemos o nosso trabalho interrompido pelo Governo do Estado à época.
* * *
-Assume a
Presidência o Sr. Simão Pedro.
* * *
Hoje, nós vemos
inúmeros setores, como nós vimos a Defensoria Pública, estamos vendo até mesmo
alguns parlamentares defenderem o término da Operação Escudo, no litoral
paulista. O que acontece naquela região, a todos vocês que nos acompanham? O
Porto de Santos é um ponto de entrada e saída de drogas, de armas, ou seja, é
um ponto estratégico para os traficantes do crime organizado.
Traficantes que
levam a droga para dentro de sua casa, viciam seus filhos e destroem a sua
família. E não é só o tráfico de drogas. É tráfico de drogas, tráfico de armas,
tráfico de pessoas e tráfico de órgãos. É um tumor na nossa sociedade. E o que
acontece naquela região? As comunidades nos morros do Guarujá, de Santos, foram
tomadas pelo crime organizado.
O povo de bem
foi subjugado por esses criminosos, que, empunhando fuzis e armas de alto
calibre, o força a fazer uma salvaguarda desse crime organizado. Então, aqueles
pontos se tornaram grandes centros de distribuição, tornaram-se entrepostos de
drogas e há muitos anos o crime organizado vem dominando essas regiões.
E vocês podem
ter certeza... Deputada Leci, sabe por que não chegam nesses pontos escolas
dignas com bons professores, não chegam centros esportivos, centros culturais
para que essas pessoas, para que essas crianças e esses trabalhadores tenham o
seu desenvolvimento, a sua evolução cultural, a sua evolução como pessoa, como
família? Porque, na verdade, o crime organizado não está somente lá no morro.
O crime
organizado está também na política; o crime organizado está em todos os
Poderes, sejam em âmbito federal, estadual ou municipal. As facções do mal
trabalham em todos os setores e aonde me espanta - e eu chamo a atenção aqui -
que é a iniciativa que nós teremos, eu terei como presidente da Comissão de
Segurança Pública.
Por qual motivo
nós assistimos ao ministro da Justiça e Segurança Pública se manifestar e
colocar como desproporcional o embate das forças de segurança com esse crime
organizado? E por que nós não vemos a contrapartida de iniciativas e ações do
próprio governo federal em operações dentro do Porto de Santos, que é uma área
federal?
Como se passa
tanta droga, tanto armamento pelo porto de Santos e o ministro não apresenta
quais foram as medidas e iniciativas adotadas para que se estanque essa
torneira que está fazendo tanto mal para o estado de São Paulo? Essa informação
é importante para que o nosso povo possa entender o significado das operações
que são desencadeadas hoje pela Secretaria de Segurança Pública.
E aonde entram
as nossas ações como parlamentar, como presidente da Comissão de Segurança
Pública? É acionar, é provocar. O Ministério Público precisa participar através
do Gaeco, porque a próxima etapa da Operação Escudo tem que, sim, ser a prisão
dos grandes traficantes, confiscar residências, carros, fortunas, que são
movimentadas hoje por esses grandes traficantes; e essa fortuna não está só na
mão desses bandidos, viu?
Tem muito
dinheiro circulando na mão de grandes políticos, na mão de grandes empresários,
que lavam esse dinheiro. Para quem não sabe - e o deputado Reis sabe disso - o
tráfico de drogas e o tráfico de armas só perde em montante de recursos para o
dinheiro movimentado pelos sheiks árabes no comércio do petróleo e onde se lava
tanto dinheiro.
Aí os senhores
têm a ideia do motivo pelo qual há tanta resistência e tanta gente trabalhando
para o crime organizado no sentido de desincentivar e se retirar todas essas
operações que são implementadas hoje pelo Governo do Estado de São Paulo para
que realmente haja um trabalho no combate ao crime organizado, que não é um problema
só em São Paulo, é em todo o Brasil.
Nós estamos
acompanhando isso no Rio de Janeiro e também na Bahia, que inclusive a Bahia é
governo do PT e está tendo que lidar de frente com o crime organizado.
Muito obrigado,
Sr. Presidente, pela tolerância do tempo.
Eu retorno para
continuar a minha fala.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Muito
obrigado, deputado Major Mecca. Chamo para fazer uso da palavra o deputado
Atila Jacomussi. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputado Marcos
Damasio. (Pausa.) Deputada Letícia Aguiar. (Pausa.) Deputada Beth Sahão.
(Pausa.)
Deputada Solange Freitas. (Pausa.)
Deputado Donato. (Pausa.) Deputado Eduardo Suplicy. (Pausa.) Deputado Rodrigo
Moraes. (Pausa.) Deputado Reis, já na lista suplementar. Tem a palavra V. Exa.
por cinco minutos.
O
SR. REIS - PT -
Cumprimento todos os funcionários desta Casa, os integrantes da Polícia
Militar, da Polícia Civil, da Polícia Técnico-Científica, da Polícia Penal,
todos aqueles e aquelas que estão em suas casas e nos acompanham pela Rede
Alesp.
Eu quero dizer,
Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, deputada Paula, deputada
Leci, ontem eu participei, eu acompanhei a diligência que foi feita pela
Comissão de Direitos Humanos, o deputado Suplicy, a deputada Paula da Bancada
Feminista. Também nos acompanharam a deputada Monica Seixas, a deputada Ediane
Maria, a vereadora Elaine do Quilombo Periférico, a vereadora Telma de Souza,
lá de Santos, a vereadora Débora e, se eu esqueci de mais algum, porque foram
muitos participantes, inclusive o Ouvidor, que nos acompanhou.
Nós visitamos
várias residências lá no Guarujá. Estivemos lá nas comunidades, conversando com
as pessoas para entendermos toda essa ação do governador Tarcísio. Eu entendo
que a polícia tem que fazer o seu papel. Aqueles que têm armas têm que ser
presos; aqueles que traficam drogas têm que ser presos. Então a polícia faz o
seu papel prendendo.
Se houver
confronto com a polícia, a lei diz que tem que usar de força moderada. Então, a
polícia tem autorização para usar suas armas em confronto, e tudo isso está
dentro do nosso sistema, do nosso ordenamento legal.
O que não está:
quando aquelas pessoas que estavam lá nas comunidades que nós visitamos, quando
uma pessoa fala, você pode até duvidar “nossa, ele falou, será que é isso
mesmo?”; mas quando uma, duas, 10, 20, 30, 40, 50, 100 vão reproduzindo, aí
fica complicado.
O poder de
polícia não é arbitrário. A polícia não está autorizada a entrar na casa das
pessoas sem que haja um mandado expedido pelo juiz. A polícia não está
autorizada a invadir o domicílio das pessoas, a provocar terror.
O que o
governador Tarcísio está fazendo, a gente chama de terror de estado. Uma coisa
é a ação da polícia, é a investigação, é a prisão. Esse é papel do estado.
Agora, terror de estado, não!
Eu fiz a
indicação, sim, ao Sr. Governador para cessar essa operação, porque não é uma
operação que foi pensada, não é uma operação que foi planejada. Simplesmente
houve a morte do Patrick Reis, à qual sou solidário, e sou solidário a todas as
mortes, não só do soldado, mas de cidadãos também, de pessoas que morrem no dia
a dia vítimas do banditismo.
A partir daí
houve, então, uma lógica de vingança do governador. E o estado não pode ser tão
bandido quanto o bandido. O estado tem que aplicar a lei. Ninguém está acima da
lei.
Então, ontem
quando eu pude presenciar aquela senhora chorando e dizendo: “eu tenho medo,
meu filho não pode sair de casa, meu filho trabalha, chega 10 horas da noite e
eu estou com medo do que pode acontecer com os meus filhos”. E nós fomos
ouvindo relatos de invasão de domicílio.
Então, se a
polícia sabe que tem um bandido naquela casa, ela vai lá, o delegado faz o
pedido para o juiz do mandado de busca e apreensão, mandado de prisão, a
polícia faz a segurança no entorno, para que aquele bandido não fuja. Ela vai
lá e faz a prisão.
E, se houver
resistência, ela vai usar a força necessária, que a lei estabeleceu. Mas a
polícia não pode fazer invasão casa a casa, conforme o que foi nos falado ontem
lá. Isso não é papel de polícia.
Desculpe-me,
defender os policiais nós temos que defender. Nós temos que defender aquilo que
está dentro da lei. E as câmeras? As câmeras já caíram por terra, porque as
câmeras podem ser adulteradas. Tem matéria do “Domingo Espetacular” mostrando
que as câmeras podem ser adulteradas. Então, ter câmera ou não ter câmera, já
não significa muito, quando vêm essas denúncias. Já não significa muito.
Então, a
polícia tem que fazer o papel que a lei estabeleceu. O papel de polícia não é
arbitrário, ele não é para ser fora da lei, ele não é para usurpar aquilo que a
Constituição estabeleceu.
O policial
investigou, descobriu que tem armamento, que tem droga: juiz, mandado de busca
e apreensão. Pegou em flagrante: prende em flagrante. Esse é o papel de
polícia.
Não é o papel
que ontem, nas diligências que nós fizemos in loco, porque uma coisa é vim aqui
falar, outra coisa é ir lá ver, é acompanhar. E ontem, in loco, nós visitamos
aquelas centenas de moradias e fomos ouvindo dos moradores, das donas de casa,
das mães de família falando, narrando o pavor, o medo.
A polícia não é
para fazer medo a ninguém. Nós não temos que ter medo da polícia, nós temos que
ter respeito. A sociedade tem que ter respeito, ela tem que respeitar a
polícia, e não ter medo da polícia. O que nós vimos ontem no Guarujá, pelas
entrevistas, por aquilo que nós ouvimos, foi o medo, o pavor, o terror.
Então, terror
de estado nós não vamos aceitar.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Muito
obrigado, deputado Reis.
O SR. MAJOR MECCA - PL - Sr. Presidente, só uma
comunicação. O senhor permite?
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Para uma
informação?
O SR. MAJOR MECCA - PL
-
PARA COMUNICAÇÃO - Deputado Reis, nós também fomos lá até o Guarujá,
conversamos com muitas pessoas, inclusive com os policiais, e nenhuma das
pessoas que nós conversamos tem medo da polícia.
Tem medo, sim,
de bandido, tem medo de traficante, tem medo dos jovens, que vocês falam, que
desembarcaram na terça-feira de um SUV preta empunhando fuzil e deram mais de
dez tiros na cabo Najara, que está internada na Santa Casa. Desses o povo tem
medo, da polícia não.
A polícia entra
nos morros e conversa com as pessoas e tem o apoio dessas pessoas. E nós temos
o conhecimento e sabemos do temor que essas pessoas têm do crime organizado. Em
algum momento aqui no estado de São Paulo vocês vão ter que decidir: se
ficam do lado do bandido ou do lado da polícia e dos cidadãos de bem.
Não tem como
nós combatermos o crime criando, escondendo a verdade do que acontece no nosso
Estado. Não resolveremos nunca o grave problema de Segurança Pública que há, não só em São
Paulo, como em todo
o Brasil.
O
SR. REIS - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Pela ordem,
nobre deputado Reis.
O
SR. REIS - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Uma comunicação, menos de dois minutos, só para... O major
poderia ter ido com a gente lá. Eu acho que nós podemos fazer uma outra
diligência lá, inclusive com a participação da Comissão de Segurança Pública, a qual, inclusive,
já tem um requerimento de minha autoria, que foi aprovado na última reunião
antes do recesso, para que nós pudéssemos fazer uma grande audiência lá no
Guarujá, porque nós já tínhamos assistido aqui bandidos com fuzis e armas
andando nas ruas como se nada tivesse acontecido.
Não somos
contra que essas pessoas sejam presas, que elas paguem pelos seus crimes. O que
nós temos que entender é que não se trata de ficar a favor de A ou de B, se
trata de ficar a favor da lei. O que impera é o rigor da lei, não a vontade de
A ou B. Os agentes do estado têm que acatar, tem que seguir a lei. Não tem
cabimento o que ontem algumas senhoras me falaram da forma como a polícia
entrou na casa delas. Isso não é aceitável.
Agora, os
bandidos, major, é cadeia, sem dó. Aqui não alisa a cabeça de ninguém, bandido
é cadeia. Agora, não dá para fazer prisões só quando acontecem fatos. As
prisões têm que acontecer durante todo o tempo que o crime está acontecendo.
Aqueles policiais que foram alvejados, os seus algozes têm que ser presos na
forma da lei. Nós não estamos defendendo nada contra o que diz o nosso
ordenamento.
Agora, nós não
podemos aceitar abusos porque uma coisa é uma pessoa falar: “Várias pessoas
nessa comunidade falaram dos abusos, dos medos e dos traumas.” A polícia tem
que trabalhar dentro da lei, dentro daquilo que está escrito na cartilha, é só
isso. Se fizer aquilo que está dentro da cartilha, não há problema, ninguém vai
questionar. Vale para A, vale para B, vale para mim e vale para Vossa Excelência.
Então vamos,
sim, fazer a diligência. Vamos toda a Comissão de Direitos Humanos, Segurança Pública. Eu acho que é
melhor porque eu vou lá e vou ouvir de uma pessoa, o senhor vai ouvir de outra,
um defende uma coisa, o outro defende...
Vamos ouvir
todos? Vamos fazer audiência, ouvir toda a sociedade e entender realmente o que
tem que ser feito? E que a polícia trabalhe dentro daquilo que a Constituição
estabeleceu.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Srs.
Deputados, Srs. Deputados eu vou...
O SR. MAJOR MECCA - PL - Deputado Reis, eu não
desci com o senhor...
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Deputado
Mecca...
O
SR. MAJOR MECCA - PL - Eu não desci com o
senhor porque eu não vou descer para o litoral dar pano para bandido. A gente
desce para o litoral para apoiar os policiais. Os policiais cumprem a lei.
O
SR. REIS - PT - Nas casas que eu visitei ninguém
era bandido. Eram trabalhadores.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Nós temos que
garantir o direito dos deputados que se inscreveram no Pequeno Expediente,
deputado Mecca. Então, por isso que eu fiz advertência aqui.
Eu quero dar aqui a sequência à Lista
Suplementar: deputada Dani Alonso. (Pausa.) Deputado Delegado Olim. (Pausa.)
Enio Tatto. (Pausa.) Paulo Mansur. (Pausa.) Marina Helou. (Pausa.) Paula da
Bancada Feminista.
Tem V.Exa. o tempo de cinco minutos.
A
SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente; aos
deputados aqui presentes, às pessoas que nos acompanham, trabalhadores e
trabalhadoras desta Casa; bom, antes de tudo, Sr. Presidente, eu quero desejar
boas-vindas para a nossa querida deputada Leci Brandão. Dizer que a Leci fez
muita falta nesta Casa e me deixou muito emocionada quando agradeceu nosso
mandato aqui.
É pouco, e na
verdade é uma grande honra para o nosso mandato coordenar hoje a Frente
Parlamentar de Igualdade Racial, que foi iniciada por você, e sem os seus
passos, a gente costuma dizer muito no movimento negro que os nossos passos vêm
de longe. E, se não fossem os seus passos, provavelmente eu não estaria aqui
hoje como deputada. Então, é uma grande honra para mim dividir esse plenário e
esta Casa com a senhora.
Sr. Presidente,
queria dizer que ontem eu estive com outros deputados - deputado Suplicy,
deputada Ediane, deputada Monica, deputado Reis, que esteve aqui agora -,
também órgãos como o Condepe, a OAB e a ouvidoria das Polícias no Guarujá para
conversar com pessoas que foram vítimas, e que estão sendo ainda vítimas da
operação policial que tem acontecido desde esse final de semana e que, segundo
o secretário de Segurança Pública, vai se prolongar na Baixada Santista, a
Operação Escudo.
Nós estivemos
numa comunidade e tivemos relatos que são bastante impressionantes. Eu venho
aqui, como vim no dia... na terça-feira dizer que nós iríamos até o Guarujá,
venho hoje prestar contas às pessoas que nos acompanham para dizer o que nós
vimos e ouvimos no Guarujá.
Bom, nós
ouvimos relatos impressionantes, não um, não dois, não dez, muito mais do que
isso, de invasões de casas sem mandado judicial, sem autorização judicial. Pela
lei brasileira, se não for por uma situação de flagrante, residências só podem
ser invadidas pela Polícia com autorização judicial.
E nós ouvimos
inúmeros relatos de invasões de residências pela Polícia, sem investigação e
sem câmera corporal. E muitas pessoas, mães de família lavando louça e viram
sua casa invadida, viram a Polícia com fuzil entrando e falando: “o que está
acontecendo, não sei nem o que está acontecendo, calma, tranque a porta, vamos
ver, tem droga, o que que tem”, um caos total em muitas casas, crianças
expostas a esse tipo de violência.
Nós vimos, eu
vi uma foto de uma pichação em um bar de uma comunidade escrito: “O Baep não
para”. O bar foi revirado e foi escrito: “O Baep não para”. Mais um relato que
nós ouvimos lá e que me surpreendeu muito também.
Ouvimos relatos
de duas mortes que me chamaram a atenção: uma morte de uma pessoa que não foi
identificada, que as pessoas da comunidade não sabem quem é, mas que foi levada
por um carro da Polícia até a comunidade. Os policiais ordenaram que essa
pessoa saísse do carro, corresse para o matagal e, ao correr para o matagal,
ela levou cinco tiros e foi assassinada.
Um outro relato
ainda mais impressionante de um homem que estava dentro de casa com um filho de
dez meses e que o que se sabe - porque só quem estava em casa era ele e o filho
- foi que esse homem foi assassinado com um tiro, com uma criança de dez meses.
E que depois a
Polícia entregou essa criança de dez meses a um irmão que vinha andando, de 13
anos. Então, um homem foi assassinado com um bebê no colo, que testemunhou essa
violência.
Já falei e
repito, policiais sem identificação, policiais sem câmera corporal
presenciando, na verdade protagonizando casos tão bárbaros, tão trágicos como
esses que nós ouvimos aqui relatados.
O secretário de
Segurança Pública confirmou até agora 16 mortes, o terror não está parado no
Guarujá, o terror chegou também a Santos, comunidades têm sido invadidas, casas
invadidas, as pessoas estão assustadas, desesperadas, não mandam crianças para
a escola.
Eu mesma ouvi
de uma criança de três anos, deputado Mecca, e desculpa, as pessoas têm, sim,
medo da Polícia, porque eu escutei de uma criança de três anos, apavorada,
dizendo que tinha medo da polícia, que ficava desesperada quando a polícia
chegava lá no beco. Então, eu quero dizer para vocês que, quando nós fomos lá,
ouvimos relatos e viemos aqui mais de uma vez, insistentemente, pedir para o
governador, para o secretário de Segurança Pública que encerrem imediatamente a
Operação Escudo.
Nós fazemos
isso - e eu repito - não porque nós entendemos que não é importante combater o
tráfico de drogas ou o crime organizado, muito pelo contrário, mas porque nós
entendemos também que têm pessoas que não têm nada a ver com essa história, que
o único crime que cometem é morar numa favela, é terem a pele escura - isso,
por si só, é suficiente pra serem alvejadas - ou pessoas ainda que já tiveram
passagem pela polícia, mas que a mera pergunta “você tem passagem?” não é o
suficiente pra você tomar um tiro pela frente ou pelas costas e ser executado,
mas sim a averiguação sobre existir algo de regular com essa pessoa. Então é
muito importante.
Encerro com
isso, presidente: que nós falemos, sim, sobre a necessidade do combate ao
tráfico de drogas, e que esse tráfico, que é o tráfico internacional de drogas
-que ganha tanto dinheiro e que é a segunda maior economia do mundo, perdendo
só para o petróleo - precisa ser combatido. Inclusive o tráfico de drogas que é
encontrado no avião da FAB, 37 quilos de drogas, e que não tem resposta, que
não tem prisão e que muito menos atinge os soldados, os sargentos, que muitas
vezes estão envolvidos com a criminalidade e com o tráfico internacional de
drogas.
Obrigada, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - SIMÃO PEDRO - PT - Dando continuidade à
lista suplementar, deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Simão Pedro, deputados e
deputadas, telespectador da TV Assembleia, de volta à tribuna de hoje.
Enquanto o
secretário da Educação ataca o Magistério, ataca os profissionais da Educação,
ataca os alunos, retirando o livro didático da rede estadual, impondo a
fiscalização, impondo o assédio, impondo a perseguição aos professores e
professoras em sala de aula, obrigando os diretores, através de uma portaria, a
fiscalizar, a entrar na sala de aula e fazer relatórios como na época da
ditadura militar para fiscalizar os professores...
Enquanto o
secretário não paga corretamente o piso nacional salarial com repercussão em
toda a carreira; enquanto o secretário não resolve uma questão gravíssima que
está acontecendo na rede, e que eu tenho denunciado exaustivamente desde o ano
passado, que é a questão da APDs, das Atividades Pedagógicas Diversificadas,
que nós estamos lutando para que elas sejam feitas e executadas em local de
livre escolha dos professores; enquanto ele não revoga essa famigerada Lei
1.374, que é a lei do Rossieli, do Doria e do Rodrigo Garcia, que acabou com o
Magistério, que está destruindo o Magistério estadual...
Também, Sr.
Presidente, eu quero ainda destacar aqui algo importante que nós denunciamos e
denunciamos exaustivamente: o autoritarismo que reina nas escolas do Programa
de Ensino Integral no estado de São Paulo.
Porque existe
uma legislação à parte para a contratação dos professores que tem aumentado
ainda mais o processo de perseguição. Então o secretário tem que se preocupar
com essas questões todas que eu coloquei aqui, não em retirar livro da rede
estadual de ensino.
Mas olha: a
situação é tão grave, Sr. Presidente, que os nossos professores e professoras,
profissionais da Educação, estão adoecendo. Eles não aguentam mais trabalhar na
rede estadual por conta desse contexto, dessa situação que eu registrei aqui e
de outras também.
Mas olha: a
situação é tão grave que, para ilustrar o que eu disse, temos um professor, um
colega nosso da rede estadual de ensino, um professor de filosofia da rede
estadual que está em greve de fome. Esse professor não aguentou mais e chegou a
esse ponto.
Então, é um
grito de socorro, é um protesto e é também a ilustração mais fiel do que está
acontecendo na rede estadual. O professor Ulisses, professor Ulisses Gomes
Bueno, foi demitido da escola em tempo integral, da escola PEI Dona Irene
Machado Lima, que fica na região de Registro, que pertence à Diretoria de
Ensino de Registro.
Ele foi
demitido, ele é professor efetivo, concursado, e na
escola PEI não há lotação de cargo, professor não tem estabilidade. Ele fica
refém dos humores, da vontade da direção da escola ou de uma tal de avaliação
360.
O professor foi afastado
da escola. A diretoria de ensino atribuiu aula a esses professores, como ele é
efetivo, ele tem direito a dar aula em três escolas diferentes, a quilômetros e
quilômetros de distância uma da outra, deputada Leci Brandão.
Ou seja, o professor não
vai conseguir lecionar em três escolas no mesmo dia, em regiões distantes. Tem
uma que tem 70 quilômetros de distância da outra escola, naquela região de
Registro, no Baixo Vale do Ribeira.
O professor entrou em um
colapso, com certeza, qualquer um de nós entraria, então ele está em greve de
fome. Ele tem o apoio aqui da Apeoesp, ele está na subsede da Lapa, deputado
Simão Pedro, que é professor também, inclusive de Filosofia. Olhe só a situação
do professor, esse é o retrato da rede. É o professor Ulisses.
Nós estamos acompanhando,
eu já entrei em contato com a Diretoria de Ensino de Registro, já oficializamos
o gabinete do secretário para que providências sejam tomadas, para que esse
professor volte para a escola PEI ou que ele tenha atribuição de aulas em uma
única escola, onde ele possa lecionar.
Enfim, que ele seja
ouvido, que ele seja, no mínimo, recebido pela Diretoria de Ensino de Registro,
que não recebeu o professor, não conversou com o professor, nem a Secretaria da
Educação, porque se acontecer alguma coisa com o professor Ulisses a
Secretaria, a Seduc será responsabilizada em todos os níveis, porque ela está
sabendo, ela foi oficializada, o nosso mandato oficializou o gabinete do
secretário.
Eu fiz contato com a
Diretoria de Ensino de Registro. A dirigente regional de Registro será
responsabilizada juntamente com o secretário da Educação por omissão, estão
prevaricando diante de uma situação gravíssima.
Então fica aqui o nosso
total apoio, a nossa solidariedade ao professor Ulisses. Exigimos que a
Secretaria da Educação resolva imediatamente a situação do professor Ulisses e
de toda a rede estadual, fazendo uma revisão dessa legislação extremamente
autoritária da contratação dos professores e diretores da escola PEI. Isso tem que
ser revisado, Sr. Presidente.
Por fim, apelo ao
secretário para que encaminhe em regime de extrema urgência o projeto de lei
que ele disse que encaminharia à Assembleia Legislativa para revogar artigos,
para mudar os artigos da Lei 1.374, sobretudo na questão das APDs e da falta-
aula.
Era isso, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento desta sessão.
O SR. PRESIDENTE -
SIMÃO PEDRO - PT - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, havendo acordo entre
as lideranças, esta Presidência, antes de dar por levantados os trabalhos,
convoca V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à hora regimental, sem
Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
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- Levanta-se a sessão às 15 horas e 03 minutos.
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