23 DE AGOSTO DE 2023
28ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO, GILMACI
SANTOS e CARLOS CEZAR
Secretaria: GIL DINIZ, THIAGO
AURICCHIO, DANI ALONSO e RICARDO FRANÇA
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão. Convoca os Srs. Deputados para uma segunda
sessão extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o término desta
sessão. Coloca em discussão o PL 1084/23. Informa a presença do vice-prefeito
de Guararema, Odvane Rodrigues, no plenário.
2 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Para comunicação, faz pronunciamento.
3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Cumprimenta o vereador de Itapira, Leandro Sartori, presente
nas galerias.
4 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Solicita verificação de presença.
5 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
6 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Discute o PL 1084/23.
7 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência.
8 - RÔMULO FERNANDES
Discute o PL 1084/23.
9 - SIMÃO PEDRO
Discute o PL 1084/23.
10 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS
Discute o PL 1084/23.
11 - CARLOS CEZAR
Assume a Presidência.
12 - BARROS MUNHOZ
Discute o PL 1084/23.
13 - CARLOS GIANNAZI
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - GUILHERME CORTEZ
Discute o PL 1084/23.
15 - DR. JORGE DO CARMO
Discute o PL 1084/23.
16 - DR. JORGE DO CARMO
Solicita verificação de presença.
17 - CARLOS CEZAR
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de
verificação de presença.
18 - GILMACI SANTOS
Assume a Presidência. Interrompe a chamada de verificação de
presença quando observado quórum.
19 - PROFESSORA BEBEL
Discute o PL 1084/23.
20 - JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR
Para comunicação, faz pronunciamento.
21 - PRESIDENTE GILMACI SANTOS
Lembra a realização da segunda sessão extraordinária, a ter
início às 18 horas e 57 minutos. Levanta a sessão.
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- Abre a sessão o Sr. André do Prado.
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* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o
número de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos
os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão
anterior.
Ordem do Dia.
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* *
- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
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* *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Antes,
porém, nos termos do Art. 100, inciso I, do Regimento Interno, convoco V. Exas.
para uma segunda sessão extraordinária, a realizar-se hoje, dez minutos após o
término da primeira sessão extraordinária, com a finalidade de ser apreciada a
seguinte Ordem do Dia:
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* *
-
NR - A Ordem do Dia para a 29a Sessão Extraordinária foi publicada
no D.O. de 24/08/23.
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* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Ordem do dia.
Discussão e votação adiada do Projeto de lei nº 1.084, de 2023, de autoria do
Sr. Governador.
Para discutir contra, com a palavra o
nobre deputado Luiz Claudio Marcolino.
Antes, porém, de o deputado se
encaminhar à nossa tribuna, gostaria de comunicar que está entre nós o prefeito
da minha cidade natal - nosso vice-prefeito, hoje como prefeito da cidade -,
nosso prefeito Odvane Rodrigues. Seja bem-vindo, Odvane, a esta Casa.
Nosso prefeito que engrandece muito a
nossa cidade. Hoje, nosso prefeito Zé Luiz está de licença e você, como
vice-prefeito, fazendo um grande trabalho. Seja bem-vindo a esta Casa. É uma
honra muito grande.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL -
Pela ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputada Monica Seixas.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL –
PARA COMUNICAÇÃO - Primeiro,
aproveito para saudar: bem-vindo à nossa Casa. Mas também fazer uma outra
saudação que não está aqui, mas está lá na galeria, o vereador da cidade de
Itapira, vereador do PSOL, Leandro, está entre nós.
Quero saudar a presença dele e pedir
uma verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Então, também agradecer e dizer ao vereador
Leandro, da cidade de Itapira, do PSOL, que seja sempre muito bem-vindo a esta
Casa. Você tem uma excelente líder aqui, do PSOL, a deputada Monica Seixas, que
engrandece muito a nossa sociedade. Seja sempre bem-vindo, Leandro.
É regimental o pedido de V. Exa.,
deputada Monica Seixas. Então, convido o deputado Gil Diniz juntamente com o
deputado Carlos Cezar... Deputado Thiago Auricchio, por favor, junto com o
deputado Gil Diniz, para uma verificação de presença.
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* *
- Verificação de presença.
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Havendo quórum
regimental, devolvo a palavra para continuar discutindo o deputado Luiz Claudio
Marcolino.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT –
SEM REVISÃO DO ORADOR - Obrigado, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras.
Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, o projeto ora
apresentado, que foi objeto inclusive de um parecer com voto em separado da
nossa bancada, de autoria do Sr. Governador, o Projeto de Lei nº 1084, de 2023,
que ratifica o protocolo de intenções firmado entre o estado de São Paulo e
demais estados da região sudeste e sul para a construção do consórcio de
integração dos estados sul e sudeste do Brasil, o Cosud.
Deputado
Rômulo, quando tomamos ciência desse projeto, que já começou a ser debatido
pela imprensa nas últimas semanas, nós tivemos o desprazer de ver o governador
de Minas Gerais simplesmente ir à televisão e dizer que o projeto ora
apresentado, em vez de ser um projeto para organizar os estados do sul e
sudeste do Brasil em uma perspectiva de desenvolvimento, articulação,
organização dos estados, ele já apresenta que esse projeto é para fazer uma
contraposição política ao atual governo federal, em uma expectativa já pela
disputa de 2026.
É muito
estranho que o governador de Minas Gerais, que acaba de assumir em uma
reeleição o governo do estado de Minas Gerais, e a expectativa seria que um
governador, um chefe de poder de um executivo estadual, pensasse mecanismos de
melhorias das ações desse governo em relação a uma política pública de estado.
Nós estamos
vendo o presidente Lula, desde o primeiro momento em que assumiu a presidência
do Brasil várias medidas já foram adotadas, tivemos agora, nos últimos dias, o
lançamento do PAC, que é o projeto de desenvolvimento do Brasil e dialoga
praticamente com todos os estados do nosso País.
Então ali tem
investimento em relação ao projeto “Minha Casa, Minha Vida”, tem projetos de
infraestrutura, tem projetos de melhoria dos portos e aeroportos do nosso País,
tem um diálogo em relação a energias renováveis, tem um debate em relação à
estrutura metroferroviária, inclusive ferroviária, do nosso País. É isso que
nós esperamos, nobre deputado Rômulo.
Quando o chefe
do Executivo, seja federal, ou estadual, assume o mandato pós-eleição, tem que
ter uma preocupação com a população do seu Estado, ou, no caso do executivo
federal, uma preocupação com o País como um todo.
Achei muito
estranho no caso do estado de São Paulo o governador Tarcísio, e o governador
Zema, de Minas Gerais, simplesmente não compareceram no lançamento do projeto
do PAC, que visa justamente o desenvolvimento da estrutura de melhoria da
infraestrutura do nosso País.
Então o que a
gente percebe é que aquela fala do governador Zema, alguns dias atrás,
demonstra que o Cosud não é uma preocupação de pensar o desenvolvimento do País
a partir dos estados do nosso Brasil.
Então, é uma
preocupação, nobre deputada Monica, que é justamente fazer uma divisão entre os
estados Sul e Sudeste com a divisão dos estados do nordeste. Nós sempre
defendemos o consórcio como uma forma de pensar o desenvolvimento regional
dialogado a partir das necessidades que cada estado tem.
Quando se
constituiu o Consórcio Nordeste, e nós tivemos e vimos, durante todo o governo
passado, do governo do presidente Bolsonaro, que os estados do nordeste foram
os estados que mais cresceram, que mais se desenvolveram, que mais criaram
condição de construir um diálogo com outras regiões do nosso País, e inclusive
com outros países.
O Consórcio
Nordeste desenvolveu e conseguiu estruturar políticas públicas regionais que
ajudaram no desenvolvimento entre os estados. Diferente do que se propõe com o
Cosud, que é criar um consórcio entre o sul e o sudeste, justamente para fazer
uma contraposição ao Governo Federal.
Vimos que em
relação ao governo Bolsonaro, durante os quatro anos do governo passado no
Governo Federal, governos do nordeste, o único momento em que fez uma
contraposição ou um diálogo em relação ao Governo Federal mais efetivo foi
durante o processo da Covid, porque nós não podemos admitir, nem aqui no estado
de São Paulo, nem no nordeste, que um genocida, como foi o presidente passado,
que matou milhões de pessoas no nosso País, os governos do nordeste conseguiram
fazer um movimento que se contrapôs àquela ação que o genocida estava
estruturando, e conseguiu matar milhares de pessoas no nosso País.
Os governos do
nordeste se organizaram, fizeram um movimento para garantir não só respiradores,
não só fazer uma atenção, havia os hospitais dos estados do nordeste, tanto,
deputada Monica, que no nordeste foram as regiões em que menos tivemos mortes
durante a Covid, de uma ação integrada a partir do Consórcio Nordeste, que
tinha uma preocupação com a população.
Não uma
preocupação como está colocada hoje em relação ao Cosud, e como o governador
Zema já vem e já se apresenta como um consórcio para uma contraposição, uma
contraposição ao Governo Federal. Quero reafirmar aqui: o governo Lula assume a
Presidência do Brasil, já garante para o estado de São Paulo 144 milhões para
cirurgias eletivas no estado de São Paulo; 144 milhões. Esses 144 milhões...
Sr. Presidente,
queria pedir...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Por favor, Srs. Deputados.
Temos um líder na tribuna, está atrapalhando a oratória dele lá.
O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Se o nobre deputado Gil Diniz
quiser, eu dou um aparte depois para Vossa Excelência.
Então, em
relação...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Estabelecida a ordem, devolvo a
palavra ao deputado Luiz Claudio Marcolino.
O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Muito obrigado, Sr. Presidente.
Nós tivemos,
assim que o governo Lula assume a Presidência do Brasil, 600 milhões de reais
para cirurgias eletivas no nosso país, 600 milhões de reais.
Desses 600
milhões de reais, 144 milhões foram destinados ao estado de São Paulo, e nós
sabemos que aqui no estado de São Paulo uma das maiores preocupações e
informações que nós temos dos nossos municípios é a questão das cirurgias
eletivas. E de imediato 144 milhões de reais foram destinados ao estado de São
Paulo.
Da mesma forma,
o presidente Lula, a partir do seu ministério de Segurança Pública, o Flávio
Dino, que é o nosso ministro, já determinou, a partir do ministério, que todas
as cidades ou mesmo os estados que têm Guarda Civil Metropolitana, estabeleceu
edital garantindo para que todas as cidades que têm Guarda Civil Metropolitana
poderiam encaminhar um edital para garantir a ronda escolar, que já foi uma medida
assim que tivemos aqueles problemas dos assassinatos nas escolas.
O governo
federal fez uma medida imediata, preservando para os municípios que têm Guarda
Civil Metropolitana e dar os recursos para a Polícia Militar e para a Guarda
Civil Metropolitana.
O governo Lula,
já nesses primeiros meses de governo, garantiu para o agronegócio no nosso país
e também para a agricultura familiar o Plano Safra, com mais de 100 bilhões de
reais, mais de 100 bilhões de reais no nosso país para garantir alimentação de
qualidade e fortalecimento da agricultura familiar nos estados do nosso país.
O presidente
Lula, dessa mesma forma, retomou o projeto Minha Casa, Minha Vida e já está
gerando milhares de empregos, milhares de empregos no nosso país, porque a retomada
que tem a construção civil a partir do Minha Casa, Minha Vida, retomando os
projetos que foram parados durante o governo Temer, durante o governo
Bolsonaro, os projetos do Minha Casa, Minha Vida já foram retomados dos
projetos que estavam parados. Foram mais de oito mil obras, nobre deputado
Rômulo, que estavam paradas do governo anterior, obras que já foram retomadas.
E é isso que
nós esperamos de um executivo, como é o presidente Lula, que assume o país
praticamente destruído, com uma alta inflação, com alto desemprego, já cria
condição de melhorar a economia do Brasil.
Ainda um debate
importante foi aprovado no dia de ontem, o Arcabouço Fiscal para que mais
investimento possa ser feito, não na microeconomia, mas na macroeconomia do
nosso país.
Está discutindo
a reforma tributária, e é esse debate que nós gostaríamos de ouvir dos
governadores de Minas Gerais, do Rio de Janeiro, de São Paulo, do Espírito
Santo, de Santa Catarina, do Paraná, do Rio Grande do Sul. Quando colocam em
debate construir um projeto sul/sudeste para se contrapor ao Brasil nós não
podemos aceitar.
Aqui na
Assembleia Legislativa sou um dos grandes defensores das regiões
metropolitanas. Nós temos hoje no estado de São Paulo nove regiões
metropolitanas, mas só cinco regiões dessas estão regulamentadas. Ainda falta
regulamentar quatro regiões metropolitanas no estado de São Paulo.
Nós temos
rodado o estado de São Paulo nas reuniões, audiências públicas do Orçamento,
temos conversado com os prefeitos, temos conversado com os vereadores, e nós
sabemos que têm muitos consórcios estruturados no estado de São Paulo,
consórcio para a Saúde, consórcio para o Meio Ambiente, consórcio para debater
resíduos sólidos, consórcio para debater uma série de necessidades da população
no estado de São Paulo.
E nós somos
árduos defensores de consórcio. Inclusive nós teremos, e seríamos a nossa
bancada do Partido dos Trabalhadores, se fosse o Consórcio Sudeste de São
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, nós teríamos a tranquilidade de aprovar
esse consórcio aqui na Assembleia Legislativa, porque
seria um debate de organização, de articulação dos estados para criar condição
de melhorar a vida da população.
Mas nós olhamos esse
projeto apresentado pelo governador Tarcísio, que começa a debatido aqui, na
Assembleia Legislativa, e faltam algumas questões importantes, como o caso da
habitação, que não consta aqui como a área de atuação do consórcio, que são
áreas de interesse. Não tem Habitação, não tem geração de emprego, não tem
mobilidade, não tem sustentabilidade, não tem agricultura familiar.
Aqui são alguns dos itens
que aponta o consórcio, o Cosud como a prioridade para fazer gestão desse
consórcio entre estados, essas áreas que eu acabei de colocar, habitação,
geração de emprego, mobilidade, sustentabilidade e agricultura familiar, não
entram como prioridade para a ação do Cosud.
O outro item também
colocado em relação ao Cosud, um dos itens aqui: realizar estudos técnicos para
subsidiar o processo de licenciamento ambiental e urbanístico pertinente ao seu
objeto. Outro item que o Cosud traz em letras miúdas, que vai exercer o poder
de polícia administrativa, e o projeto de lei não define qual será o papel
dessa polícia administrativa no projeto apresentado.
O outro item também é a
questão do Orçamento Plurianual de Investimento. Quando a gente olha na
estrutura e na lei que organiza e estabelece os consórcios, não tem uma
perspectiva, prerrogativa de ter um Orçamento do Plano Plurianual de
Investimentos.
Então nós percebemos que
o governador Zema quer em relação ao projeto ora apresentado é separar a região
Sul da região Nordeste do nosso País, e nós não podemos aceitar.
Nós somos um país que tem
26 estados, com o Distrito Federal, que tem um pacto federativo, que tem um
diálogo entre os municípios, com uma Constituição em vigência e nós não podemos
aceitar o projeto que é apresentado pelo governador do estado de São Paulo,
Tarcísio, que quer fazer uma separação do Norte e Nordeste em relação, em
detrimento ao Sul e Sudeste do nosso País.
Então a nossa bancada,
nós somos contrários ao projeto que já está estabelecido. Encaminhamos um
projeto substitutivo em que até aceitamos a construção do consórcio para a
região Sudeste do nosso País, mas não podemos aceitar a separação do Sul e
Sudeste como o Governo do Estado de São Paulo está propondo.
*
* *
- Assume a Presidência o Sr. Gilmaci
Santos.
*
* *
O SR. PRESIDENTE -
GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado, deputado.
Continua em discussão o Projeto lei 1.084. Para falar contra, nobre deputado Rômulo Fernandes.
Eu vou dizer com uma
certa tristeza que os lampejos separatistas que o nosso querido governador Zema
tem atuado, para mim, é uma vergonha nacional. Este País viveu um momento na
eleição federal de pessoas, inclusive, parando ônibus, parando carro para não
deixar as pessoas votarem. E esse processo aqui, esse projeto apresentado pelo
governador incentiva um pouco isso.
E aqui não há nada
contra, absolutamente contra a ideia do consórcio. O consórcio - e eu vou dar
um exemplo muito claro - no ABC paulista, onde eu resido, a Ediane mora ali
também, foi o primeiro consórcio, nossa querida deputada que também está aqui
conhece um pouco a história, em 1990, o nosso querido e saudoso Celso Daniel.
Naquele momento, juntaram sete cidades, São Caetano, Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Diadema, São Bernardo. Acho que é isso, são sete cidades, por uma questão que era a questão dos resíduos sólidos, que nós tínhamos um grande problema lá.
As sete cidades se juntaram e começaram a fazer a discussão. E a partir dali começou a se achar soluções em comum. Então a ideia do consórcio é uma ideia fundamental, é uma ideia que ajuda.
A partir dali,
começamos a discutir Saneamento, começamos a discutir Saúde, começamos a
discutir Transporte Público, começamos a discutir uma série de pautas que eram
problemas comuns.
Então aqui não
há nada, absolutamente nada, contra a ideia do consórcio. O que há é uma ideia
contra a separação deste País. Eu queria dar um exemplo, do governador Zema. Eu
queria dar duas frases, o absurdo delas. Eu vou ler, essa frase foi colocada
pelo governador no seu site.
Diz a frase;
“Fomos os primeiros a afirmar que, quanto mais complexa se torna a civilização,
mais se deve restringir a liberdade do indivíduo”. Benito Mussolini. Esa frase
foi colocada no site do governador Zema. É um exemplo claro para onde esse
sujeito quer ir.
Outra frase,
dele, do governador: “A solução do Brasil está nos sete estados da região.
Porque neles existem mais trabalhadores do que dependentes de auxílio”. Isso,
Zema. “A solução do Brasil está nos sete estados da região. Porque neles
existem mais trabalhadores do que dependentes de auxílio”.
Isso é uma
frase terrível. Muito triste. Ele não tem a mínima noção do que significa um
país que tem que ser unificado. Que é o que o governo Lula tem feito o tempo
todo: tentar a reconstrução deste País. Tentar que a gente consiga ser um país
único.
E, mais do que
isso, outra frase que ele disse aqui. Vamos lá: “Também já decidimos que, além
do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia
brasileira, nós queremos, que é o que nunca tivemos, protagonismo político”.
Eu não sei se
ele não conhece a História, ou se ele simplesmente a rejeita. Se teve dois
estados, neste País, que tiveram protagonismo político, foram Minas Gerais e
São Paulo. É reconhecimento. Exatamente isso, eu queria dar um exemplo aqui.
Vamos mais
longe, vamos dar os nomes. Juscelino, mineiro. Tancredo Neves, mineiro. Itamar
Franco, mineiro. Fernando Henrique Cardoso, paulista. Lula, São Paulo. Jânio,
São Paulo.
É não
reconhecimento da História. Quando ele fala que não há protagonismo político, é
falta de conhecimento da História deste País. E a gente tem agora um paulista,
nascido em Pernambuco, pernambucano, mas com a história toda aqui em São Paulo.
Dizer que não há protagonismo político disso, é não reconhecer a História deste
País. Política do Café com Leite.
Quem conhece um
pouco a História, a questão da cana de açúcar, a questão do café? Essa
expressão, “café com leite”, causou, inclusive, vários problemas, vamos dizer
assim, na História de São Paulo e na História do País. Dizer que não há
protagonismo político, me desculpe, é não reconhecer a História deste País. Por
isso que a gente vem aqui fazer quase que uma denúncia.
Este País está
num momento de reconstrução e de união nacional. Nós tivemos exemplos, agora na
eleição presidencial, como eu disse no começo da minha fala, das pessoas
pararem e, infelizmente, alguns policiais, da Polícia Rodoviária Federal,
parando ônibus, impedindo as pessoas votarem.
E gestos como
na descida da rampa do Palácio do Planalto, no dia da posse do Lula, com
estudantes, governadores, pessoas indígenas, pessoas com deficiência, tudo isso
dá uma demonstração do interesse na união nacional.
O Lula
descendo, exatamente, com os ministros que o condenaram. Isso foi um gesto de
união nacional. Por isso que eu fico espantado com essa percepção e com essa
ação do governo Zema. E eu espero que o governador Tarcísio... E agora tem uma
demonstração de que está indo na mesma linha, de divisão nacional.
Não
é isso que nós queremos; é o contrário disso. Nós queremos exatamente ter um
país junto. Esse lampejo separatista que o Zema começa a plantar, eu espero que
não brote aqui no estado de São Paulo.
E
é por isso que nós estamos votando contra, exatamente por conta disso. São
ações, a política é feita por ações; e o protagonismo político de qualquer
pessoa não se dá na divisão, se dá na união.
Este
país precisa exatamente dessa ação. Por isso, nosso voto em separado, que nós
apresentamos na bancada. E eu quero ler aqui, porque não há absolutamente nada
contra o consórcio, a ideia do consórcio; mas, sim, há uma ideia contra a separação.
Por isso, nosso voto em separado, cujo final eu faço questão de ler aqui. É o
seguinte:
“Faço
saber que a Assembleia Legislativa decreta, e eu promulgo, a seguinte lei”.
Esse é o nosso voto em separado: “Fica ratificado, nos termos da Lei Federal no
11.107, de seis de abril de 2005, e demais normas específicas aplicáveis, o
protocolo de intenção firmado entre os estados do Espírito Santo, Minas Gerais,
Rio de Janeiro e São Paulo.” É simples, e é por isso que a gente está aqui
manifestando exatamente o voto contrário a esse projeto de lei.
A
democracia, a gente não faz pela Economia, a gente faz pela distribuição da
riqueza e do direito ao voto. Esses são os dois princípios da democracia. É o
voto. Por isso que a gente está aí na distribuição da riqueza do País. Por
isso, quero manifestar meu voto contrário a esse projeto.
Muito
obrigado, presidente.
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Continua em discussão. Com a palavra, para falar a favor, o deputado Simão
Pedro.
O SR. SIMÃO PEDRO - PT
- SEM REVISÃO DO
ORADOR - Sr. Presidente desta sessão, nobre deputado Gilmaci, Sras. e Srs.
Deputados, público que nos acompanha aqui na Assembleia, pelas nossas redes
sociais. Sr. Presidente, a princípio, eu me inscrevi para falar a favor porque,
de fato, nós não temos nada contra a constituição de um consórcio regional.
Foi
uma legislação criada no governo Lula, em 2004, regulamentada ali no começo,
ainda no primeiro governo Lula: constituição de consórcios regionais para
trocas de experiências, apoio técnico, fortalecimento de políticas públicas
regionais.
Um
bom exemplo é o consórcio do nordeste, que tem funcionado bem para enfrentar as
agruras, todo o atraso provocado por décadas de políticas públicas que só
privilegiaram os estados aqui do sul e sudeste.
Então,
a princípio, nada contra. O problema, nobre deputado Barros Munhoz, que vai
falar aqui também a favor, porque eu vi ali na lista, é que o governador Zema
politizou esse debate, que poderia ser um debate técnico.
Não
só pela entrevista, viu deputada Ediane, em que ele deu aquela... Eu nem vou
dizer “desastrada”, porque é o que ele pensa. Ele mostrou ali o lado fascista
dele, mostrou o lado atrasado dele, o lado de quem é distante do povo.
Ele
é oriundo de uma família poderosa, rica. Nada contra essas pessoas, mas ele
mostrou ali uma carga de preconceito muito forte. E qual é a preocupação? É que
ele se coloca como alternativa à Presidência da República, até porque o
governador Tarcísio está meio quieto em relação a esse tema.
Mas
é o seguinte: politizou. Então, não tem sentido a gente discutir esse projeto
aqui, porque ele ideologizou, ele politizou; então, cria um clima muito
negativo, muito ruim para discutir esse projeto.
Naquela
entrevista que ele deu ao “Estadão”, ele colocou claramente qual era o objetivo
desse consórcio sul-sudeste: enfrentar o governo federal, enfrentar os estados
do norte e nordeste, num clima de flerte com o separatismo.
Reforço
as palavras do nobre deputado Rômulo, que me antecedeu: nós precisamos, nesse momento,
de união nacional para superar as dificuldades econômicas que nós estamos
passando no País, por conta dessa taxa de juros absurda, que impede o
desenvolvimento econômico, industrial, dos serviços.
Nós precisamos
gerar emprego, gerar trabalho, oportunidades, destravar as relações
internacionais que foram travadas nesses últimos anos - o Brasil ficou isolado
- reconstruir políticas públicas, para isso precisamos do esforço de todos os
entes federados, o governo federal com os governadores de estados e com os
prefeitos.
O melhor
exemplo que nós tivemos - a gente achou que era um lampejo de boas notícias,
até porque o governador Tarcísio se apresentou como um governante moderado no
começo do seu governo, agora não - quando teve aquele desastre aqui em São
Sebastião, que o Lula interrompeu o descanso dele no meio do Carnaval, foi lá
em São Sebastião, o governador Tarcísio também foi, o prefeito foi, ou seja, um
presidente do PT, um governador do Republicanos e um prefeito do PSDB juntando
esforços, para socorrer aquelas famílias e construir uma solução, que foi boa.
Então esse é o
clima que precisamos construir no País, depois das eleições, mas o governador
Zema vem e joga um balde de água fria nesse movimento. Talvez motivado pelo
fato de o ex-presidente Bolsonaro ter ficado inelegível, então assanhou o
debate a respeito de quem sucederá ao Bolsonaro nesse campo da direita e da
extrema-direita do espectro político brasileiro.
Talvez ele,
querendo ganhar o apoio desse eleitorado mais radical, vem pregando
separatismo, preconceito contra o nordestino e contra o nordeste e dizendo uma
série de mentiras.
Uma delas,
deputado Barros Munhoz, foi que o povo nordestino é muito mais beneficiado por
programas como o Bolsa Família. Os dados mostram que a região sul e sudeste são
muito mais beneficiadas com cidadãos que recorrem a esse programa para terem
possibilidade de pagar um conta, comprarem um remédio, comprarem comida.
Esse é só um
exemplo das inconsistências e mentiras que ele utilizou naquela entrevista para
justificar a construção do Consórcio Cosud. Voltando ao debate técnico, nada
contra se o governo Tarcísio, governador do Rio, de Espírito Santo, de Minas
constituíssem um consórcio regional sudeste, por exemplo, mas quando incluíram
o sul, com essa história de juntar forças para enfrentar o governo federal,
enfrentar o Congresso, enfrentar o nordeste, aí eles politizaram. Então cria
uma dificuldade, não sei por que colocar esse projeto nesse momento?
Eu acho que a
gente tinha que deixar esfriar esse negócio, colocar as coisas no lugar,
deputado, e depois a gente volta a analisar. E que o governador Zema se
retrate, porque se ele insistir nesse caminho, dificulta o nosso entendimento
político a respeito de um projeto que poderia por natureza ser bom, mas ele
contaminou. Então não dá para a gente prosseguir com esse processo.
Eu queria dizer
que eu sou migrante do Paraná. O Paraná sofreu um problema, no final dos anos
60, 70, sofremos com intemperes, como as geadas. O Paraná, quando eu morava
lá...
Quando eu nasci
nos anos 60, vim para cá no começo da década de 70 e houve uma expulsão do povo
paranaense, povo trabalhador da roça, que trabalhava no café, nas colônias.
Um milhão e
meio subiu para o norte, num projeto de colonização que a Ditadura Militar fez
para colonizar Rondônia, transformou um território em estado, minha família
migrou para lá, daqui de São Paulo para lá, deputado Barros, deputado Conte
Lopes.
Um milhão e
meio de paranaenses subiram entre 1975 e 1985, foi o segundo maior fluxo migratório
da história do Brasil, Paraná-Rondônia, mas o maior é o do nordeste-sudeste.
Eu morei 4 anos
em Guaianases, depois 35 anos em Itaquera, um bairro predominantemente
nordestino. São Miguel Paulista, também ali próximo, um bairro que foi
constituído em torno da Nitroquímica, deputado Jorge, o senhor que é daquela
região, conhece muito bem ali.
É uma região
que abrigou uma migração não natural. Porque sempre se colocou que o nordestino
fugia do Nordeste por conta da seca, das intempéries. É verdade. Tinha um fluxo
migratório do Nordeste para o Sul, para o Sudeste ou para as cidades maiores
ali mesmo, fruto da miséria, da pobreza, não por conta da seca, somente.
Porque o Josué
de Castro, grande brasileiro, grande personalidade, escreveu o livro “Geografia
da Fome”. Foi banido pela Ditadura, infelizmente morreu no exílio, mas hoje uma
das pessoas mais reconhecidas no mundo; seu livro foi traduzido por mais de 49
línguas. “Geografia da Fome”.
Ele mostrou que
a fome, a pobreza, não era fruto das intempéries naturais, era fruto da injusta
distribuição de riquezas e de bens, a injusta distribuição que impera até hoje
na nossa sociedade.
O Brasil é um
dos países mais injustos do mundo do ponto de vista das desigualdades. Do ponto
de vista da distribuição das riquezas acho que estamos em terceiro lugar.
Mas, assim,
aquele processo natural de imigração foi utilizado pelo Juscelino, quando ele
iniciou o processo de industrialização do Brasil, trazendo as multinacionais
para cá, criando legislação para isso, incentivando a migração para cá, criando
uma série de processos que aceleraram aquilo, e esse processo, que era natural,
e as pessoas vinham em busca de melhores condições, de trabalhar na indústria.
Você tinha uma
Volkswagen, com 36 mil trabalhadores nos anos setenta. Então, era uma atração.
Se fazia propaganda no Nordeste a respeito dos benefícios que o cidadão teria
se migrasse para cá para vir trabalhar na indústria, servir de mão-de-obra para
a indústria.
O que a
Ditadura Militar, mas lá atrás também, o Juscelino, fez para garantir para as
multinacionais viessem para cá? Vai ter mão de obra farta, não vão faltar
trabalhadores para vocês virem para cá.
Porque naquela
época, nos anos 60, 70, se precisava de muita mão-de-obra na indústria. Citei
aqui o caso da Volks, que tinha 36 mil, mas a Ford era 30, a Chevrolet tinha
outros tantos mil, o que levou àquela força do sindicalismo, o novo sindicalismo,
que fez surgir o Lula, nas lutas ali por melhores condições de salário, contra
o arrocho, e depois pela democracia.
Barros Munhoz,
eu escrevi um livrinho em 1986. Chamava “Como e Porque Viemos Parar na Cohab”,
que era o bairro que eu morava - publicado pela Edições Paulinas.
E foi fruto de
uma pesquisa que eu fiz, informal na época, porque no meu bairro, Cohab I,
tinha 65 mil moradores, mais do que Itapira, que se constituiu em 79, 80, foi
um daqueles conjuntos que a Ditadura criou para dar uma acalmada na
insatisfação popular aqui na Zona Leste, na Zona Sul. Se criou a Cohab Itaquera
I, Cohab Itaquera II, Cidade Tiradentes, Adventista, Cohab Taipas, essas
grandes Cohabs, Teotônio Vilela.
Para quê? Para
o povo, pagando aluguel, criou insatisfação. Teve eleição em 84, o MDB, de V.
Exa., estava ganhando, então eles tentaram dar uma amenizada. Então, criaram
essa política de grandes conjuntos para dar uma amenizada, mas quando eu mudei
para a Cohab com a minha família, Barros Munhoz, 80% dos moradores eram
nordestinos. Nossa associação era com festa de comida nordestina, música
nordestina, deputada Ediane. Muitos trabalhavam no ABC, trabalhavam aqui no
Centro.
E o que que eu
estou querendo mostrar? Que o nordestino veio para cá ajudar a construir esta
cidade, construir nossas fábricas, trabalhar como mão de obra, construir o
Sudeste. Não só São Paulo, porque o fluxo foi Rio, São Paulo e Belo Horizonte,
regiões mais populosas do Brasil. Os nossos bairros - a maioria - eu citei
alguns aqui ali da Zona Leste, mas se citar Santo Amaro, citar a Zona Sul, a
própria Brasilândia, bairros constituídos pelo povo nordestino, pelo povo
migrante.
Então, estou
citando São Paulo, mas poderia citar várias regiões de Belo Horizonte ou mesmo
do Rio. É um povo que veio para cá forçado, incentivado, para ajudar a
construir a riqueza deste país e deste estado.
Então, por que
esse preconceito do Zema? Por que esse ódio aos nordestinos e ao nordeste? Esse
ranço manifestado naquela entrevista: “Vamos nos unir aqui para enfrentar o
nordeste”, como se fossem inimigos, como se fosse outra nação inimiga.
Então, Barros
Munhoz, não tem sentido um projeto como esse ser colocado em discussão aqui,
porque está contaminado. Eu queria apelar às lideranças partidárias: vamos
esfriar esse negócio, deixar para frente, aí vamos analisar tecnicamente se ele
está dentro da lei, se é melhor mesmo o sul e o sudeste juntos, se não é melhor
só um consórcio da região sudeste, um consórcio da região sul, um consórcio da
região norte.
Como está bem,
andando, o consórcio do nordeste. Cumpriu um papel importante na época da
pandemia, com os governadores comprando insumos, comprando máscaras, comprando
seringas para enfrentar o negacionismo do Bolsonaro, que não queria comprar
seringa, que achava que o tratamento tinha que ser aquele tratamento precoce
com cloroquina. Então, foi um bom exemplo.
Então, eu
queria dizer para vocês o seguinte: queria repudiar esse discurso do governador
Zema. Não vi um repúdio do governador Tarcísio, infelizmente, porque ele
poderia se manifestar, dizer: “Não tenho nada a ver com esse discurso”. Mas
quem cala consente. E agora quer passar aqui, quer forçar a barra.
Então, acho que
não podemos alimentar uma política, um clima de ódio entre nós, brasileiros.
Isso nós conseguimos superar nas eleições e agora é momento de reconstrução, de
política pública, um momento de reconstrução das relações, das relações entre
governo federal e os entes, os governos de estado, as prefeituras.
Está indo bem,
estamos agora construindo as conferências, estamos recuperando a economia. Olha
que importante ter sido aprovado ontem o arcabouço fiscal para dar
estabilidade. Tiramos o Fundeb, deputada Bebel, grande lutadora da Educação.
Foi importante essa luta, essa conscientização dos nossos deputados para isso.
Mas assim, estamos vivendo um outro momento.
Então, acho que
não temos condições de votar esse projeto. Por isso, não fechamos questão ainda
na nossa bancada, mas provavelmente, se for colocado em voto neste momento,
vamos votar contra, por essas inconsistências e por esses problemas que a gente
apontou aqui.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Obrigado, deputado. Com a palavra, a deputada Monica Seixas, para falar contra.
A
SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa
tarde, presidente. Boa tarde a todos. Primeiro, dizer que o PSOL é contra o
projeto. Nós gostaríamos de ter a possibilidade de alterá-lo, mas o projeto
está na Assembleia Legislativa só para ratificação do acordo já feito pelos
estados que pretendem compor o consórcio, anunciado de forma triste,
lamentável, com a presença do governador do estado de São Paulo, com a presença
dos demais governadores, sem que ninguém, naquele momento, respondesse a
barbaridade de que o sul e o sudeste têm a solução para o Brasil porque têm
mais trabalhadores do que dependentes do auxílio.
Primeiro, eu
quero, antes de entrar sobre o que se trata o consórcio, mas já que ele nasce
apresentado pelos seus próprios componentes dessa forma, responder algumas
questões. Não é verdade que as regiões sul e sudeste têm mais trabalhadores do
que dependentes de auxílio.
Se a gente for
se ater aos dados, o maior número de beneficiários do Bolsa Família está
justamente no estado de São Paulo. A cidade de São Paulo, no estado de São
Paulo, concentra sozinha 50% da população em situação de rua do país.
Se a gente for
discutir em números, proporcionalmente, entre desempregados, miseráveis,
moradores de rua, recebedores de auxílio, o ranking do país é, em prioridade,
em números absolutos: primeiro lugar, São Paulo. Segundo, Rio de Janeiro.
Terceiro, Belo
Horizonte. Essa é a realidade do sudeste.
A realidade do sudeste não é que ele é, como
ufanamente proclamado pelos governadores, a região mais produtiva do País. É a
região, e isso é bem diferente, economicamente mais forte do País.
Repito, a região sudeste é a região
economicamente mais forte do País, tem mais condições de se impor na política,
tem mais condições de institucionalizar lobby, tem mais condições de beneficiar
indústrias e empresários, tem mais condições de beneficiar, inclusive, o setor
agrícola, que é, como no demais do País, a maior atividade econômica do estado.
Falando de São Paulo, as duas maiores atividades
econômicas do Estado são cana e gado. Cana e gado são as duas principais
atividades econômicas em números absolutos deste Estado, assim como as demais
regiões do País, ainda muito agrícola.
Pois bem, se o Cosud foi anunciado com a presença
de governadores dos estados do sul e sudeste em Belo Horizonte, o Zema fez essa
fala errada e triste, preconceituosa e criminosa.
Ninguém naquele momento corrigiu, se comoveu,
apresentou outros dados, isso já é bastante grave e motivo para a gente
questionar o porquê de a gente estar deliberando isso aqui. A bancada do Psol é
contra.
Mas vamos ao consórcio.
Consórcios reúnem governos, empresas etc. para
discutirem diversas finalidades. A gente tem um consórcio para tratar de
resíduos na minha região, um grande problema. A gente tem consórcios no Grande
ABC, que todo mundo sabe a importância para o desenvolvimento da região. O próprio
nordeste construiu um consórcio com seus governadores com o objetivo de
desenvolver a região.
Qual é o principal problema do Cosud, depois de a
gente ter ouvido o que o Zema apresenta como propósito dessa agremiação de
governos? O projeto não estipula qual é a finalidade. Se não é a finalidade do
Zema, tampouco existe outra finalidade apresentada. O projeto não fala sobre
isso e a gente, infelizmente, não consegue alterar.
Existe uma grande diferença entre a necessidade
de desenvolvimento do norte e nordeste com as necessidades do sul e sudeste,
principalmente em relação ao sul e ao sudeste.
Sul e sudeste apresentam condições completamente
diferentes, tanto economicamente, quanto socialmente, quanto produtivamente.
Até mesmo dentro do sul a gente verifica, por exemplo, que Santa Catarina e Rio
Grande do Sul têm conflitos a respeito de benefícios econômicos relativos ao
ICMS concedidos pelo governo gaúcho ao setor agrícola.
E a gente sabe - e o maior medo é que neste
momento em que a gente está discutindo a reforma tributária no País - o peso do
sudeste nesse lobby. A gente não pode, a partir desse consórcio, criar novos
tributos, mas a gente pode institucionalizar o lobby a ponto de deixar de
cobrar tributos num tamanho que o resto do País fique sem capacidade
competitiva.
O consórcio sul e sudeste tem condições de
aprofundar as desigualdades regionais no País. O consórcio sul e sudeste tem
condições de aprofundar as desigualdades deste País.
Se não tem escopo definido, se pode praticar o
lobby, aceitar o lobby, institucionalizar benefícios fiscais, se tem conflito
entre os próprios governos sobre esses temas, se não tem na lei dizendo o que
vai fazer esse consórcio, por que nós estamos fazendo?
Se fosse com o objetivo de desenvolvimento, faria
muito mais sentido um consórcio entre o sul e o centro-oeste, por exemplo, que
concentram populações bem menores do que o sudeste.
Se fosse em comparação econômica, outras regiões
combinariam mais do que o próprio sul e sudeste que, repito, têm muitas diferenças
e desigualdades entre os dois. O sul precisa discutir as suas próprias
questões, assim como o Sudeste precisa vencer a sua pobreza acachapante e
miserabilidade do seu povo, que empurra a gente ao amargo marco de ser o estado
com maior população em situação de rua do País.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Cezar.
* * *
O Consórcio
nasce com cara de revanche. O Nordeste foi lá, agremiou os governadores, criou
um consórcio para cuidar do seu desenvolvimento, coisa que eu repito, tem muita
diferença com as necessidades do Sudeste. Só que essa agremiação do Sul e
Sudeste é uma cópia piorada do que é o consórcio Norte e Nordeste.
Primeiro, o
projeto que está na Assembleia Legislativa não copiou as responsabilidades com
prestação de contas e transparência que o Nordeste tem na sua configuração, no
seu consórcio. Isso foi esquecido de ser copiado.
Segundo, o
Cosud não tem conselho consultivo, participação da sociedade civil, não é
permeável à sociedade civil: vai ser de fato uma agremiação de governadores.
Isso também: a participação popular foi esquecida na cópia fajuta que, de
revanchismo, o Sudeste faz contra o Nordeste.
O consórcio, a
lei que está aqui não tem nenhuma cláusula, nenhuma especificação de como um
cidadão poderá pedir informações, as decisões do Cosud. Não faz referência à
Lei de Acesso à Informação, não dá para saber quem vai contratar, quando, por
que, onde, quais dados, por que, quais prazos, quais valores.
Vale lembrar
que a gente não está falando só das condições de contratos que os governadores
podem negociar entre si para impor ao mundo de negócios, o que pode empurrar
muito a reforma tributária. Imagino que seja por aqui que mora o famigerado e
surpreendente apoio do Tarcísio à reforma tributária.
É preciso
lembrar que esse consórcio vai custar três milhões, mais ou menos, por ano,
porque ele mesmo tem contratações, tem cargos disponíveis, para fazer esse
consórcio funcionar.
Voltando ao
assunto de por que esse consórcio nasce, a gente está falando muito do Zema,
mas é preciso falar que o atual secretário da Fazenda, o Samuel, em visita à
CFOP, também defendeu que este momento é um momento de maior protagonismo
paulista no debate da reforma tributária.
Portanto, se
não tem uma explicação do escopo de por que essa agremiação de governadores vai
existir, se existe uma diferença muito grande entre as realidades do Sul e
Sudeste, e consideram-se as realidades do Sul mais profundas, inclusive, se não
existe método de transparência, se não existe participação popular, se existem
fortes indícios de xenofobia na fala do Zema, que anunciou esse consórcio, se
existe a declarada pretensão do estado de São Paulo de pautar condições
diferenciadas e abrir uma guerra fiscal durante este período em que a gente
está discutindo a reforma tributária, não faltam motivos para nós dizermos que
somos contra o Cosud.
A bancada do
PSOL é contra, vai votar contra, e vai usar, como sempre, todos os métodos
possíveis para obstruir. Surpreende-me muito que estejamos nessa tranquilidade
votando essa matéria sem pé nem cabeça, sem lastro, sem rastro, sem o porquê,
em um momento em que a Casa deveria estar se debruçando sobre uma coisa ainda
mais importante.
Por exemplo,
está se aproximando a janela de indicação dos conselheiros do Tribunal de
Contas. Vão se abrir quatro cargos nos próximos anos, três deles de indicação
da Assembleia Legislativa. O Tribunal de Contas é um órgão superimportante para
melhorar e dar confiança aos governos, etc. É uma mudança gigantesca.
Em um colegiado
que tem sete pessoas, você vai trocar quatro é muita coisa. Se isso estivesse
acontecendo em outro tribunal, a gente estaria em choque que um governador,
durante o seu período de mandato, vai ter quatro pessoas indicadas. Em vez de a
gente estar discutindo aqui na Assembleia Legislativa qual a indicação que nós
vamos fazer logo ali em setembro - é agora, em 20 dias que isso vai acontecer -
é o governo que está indicando para os senhores qual é a lista que os senhores
vão assinar, enquanto a gente vem aqui chancelar um consórcio sem pé e nem
cabeça.
Eu acho que a
gente tem muita coisa para se debruçar, eu acho que a lista de projetos de
deputados que vem logo ali na frente seria uma delas. Eu não entendo, como
apesar da troca de governo, existem forças que não consigo explicar que mantêm
essa Casa num permanente estado de inação e superveniência ao governo do estado
de São Paulo.
Nós estamos
aqui nessa tarde infelizmente discutindo um consórcio que sequer explica ao
Poder Legislativo por que quer existir. Não explica a ninguém, não está escrito
na lei, não presta contas e a única vexatória pista que a gente tem é a fala do
Zema.
Então, colegas,
infelizmente nessa tarde vai ser mais uma tarde que vocês vão ter que nos
aguentar aqui a tarde inteira obstruindo uma matéria que a gente não gostaria
de votar. Porque a gente gostaria de ver esta Casa e a Assembleia Legislativa
discutir, por exemplo, autonomia financeira do Poder Judiciário sem repassar
para os usuários da Justiça; discutir, por exemplo, o prometido aumento dos
policiais penais que ainda não chegou a esta Casa.
E eles estão
aguardando; discutir como é que a gente vai fazer que a saúde chegue a todas as
mulheres no estado de São Paulo; discutir, por exemplo, como é que a gente vai
garantir às pessoas com deficiência o acesso à saúde ainda negado no estado de
São Paulo.
Discutir, por
exemplo, as relações escusas que a Secretaria de Educação mantém com o
secretário de Educação para a aquisição de computadores; discutir o conteúdo do
que a Secretaria da Educação está passando em sala de aula que tem até erro de
Português; discutir como é que a gente vai desenvolver a região do Pontal do
Paranapanema, que tem o menor índice de desenvolvimento humano; discutir a
falta de água que vai se aproximar logo ali na frente depois de uma temporada
de chuvas que vai matar pessoas em janeiro e fevereiro, porque é isso que
acontece em todo verão.
Discutir como é
que a gente vai seguir a OMS e contar a verdade para o povo paulista que a
qualidade do ar aqui é péssima e mata pessoas, até as não fumantes neste
Estado; e discutir que a gente depende da produção agrícola do nordeste também
aqui no estado de São Paulo, mas sobretudo da preservação do norte do país,
porque infelizmente é o resto de floresta em pé que regula a água e a chuva que
a gente recebe aqui e que nos mantém, podendo tomar banho, lavar a louça e
cozinhar.
Por isso, não
existe separação do país e não existe um país que não dependa um dos outros, e
nada justifica essa tentativa revanchista de construir um consórcio só porque o
nordeste construiu um agrupamento de governadores para discutir o
desenvolvimento regional.
Obrigada,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputada.
Continua em discussão. Para discutir a
favor, nosso decano, comandante, professor deputado Barros Munhoz.
Tem a palavra V.Exa. pelo tempo
regimental.
O
SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Sr.
Presidente, deputado Carlos Cezar, caros deputados e deputadas, senhores que
nos assessoram, pessoal da galeria que nos honra com sua presença,
telespectadores da TV Assembleia; eu até estou gostando de ser chamado de
decano.
É pelos decanos
que me antecederam nessa denominação, mas eu não sou decano. Não vou dizer que
lamento não ser, mas o decano em idade é o nosso querido deputado Eduardo
Matarazzo Suplicy. E o decano em mandatos é o nosso querido deputado Mauro
Bragato. Então, se Deus quiser, daqui uns oito anos eu vou ser o decano.
Mas, brincadeira à parte, eu queria dizer o
seguinte, estou profundamente incomodado com a nossa atividade parlamentar. É
triste para nós ficarmos nesses embates demorados, longos, cansativos e, muitas
vezes, improdutivos.
Eu, quando presidente da Assembleia, participava
da Unale. E nós fizemos um movimento junto, principalmente, com as assembleias
do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, do Paraná, de Pernambuco, de Minas
Gerais, entre outras, para mudar a Constituição brasileira e dar mais poderes
às assembleias legislativas e às câmaras municipais.
É um absurdo a concentração de poderes em mãos da
Câmara Federal e do Senado da República. Não bastasse o fato de que 95% dos
assuntos de interesse do estado é de competência privativa, para propor projeto
de lei, do Executivo, e não do Legislativo. A nossa participação ínfima no
processo legislativo. Não bastasse isso, 95% dos assuntos nacionais são
decididos em Brasília.
E a nós cabe essas prolongadas, demoradas
discussões sobre quase nada. Sobre quase nada. É duro. Sinceramente, eu acho
que deve incomodar a todos nós. Infelizmente, nós conseguimos, naquela época,
15 assinaturas.
A maioria dos presidentes de assembleias. E cada
um aprovou no seu Legislativo uma proposta de emenda à Constituição que desse
mais poderes aos Legislativos estaduais.
Levamos a Brasília, ao Senado da República e
entregamos na mão do senador Anastasia. E ele foi tão extraordinário, aliás, é
um político respeitável, homem público respeitável, Anastasia, que melhorou a
nossa proposta, incluindo mais poderes do que aqueles que nós estávamos
pleiteando.
Mas, infelizmente, ele acabou saindo do Senado,
acabou indo para a AGU, não sei exatamente onde que ele estava, mas acho que
era um órgão do governo federal.
O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - TCU.
O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Como?
O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Acho que é TCU.
O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Exatamente, TCU, desculpa. E nós estamos agora prontos para
começar uma nova batalha nesse sentido. Vocês vão falar “mas por que o Munhoz
está falando de uma coisa que não tem nada a ver com o que está se discutindo?”
Não, tem tudo a ver com o que está se discutindo.
Sabe o que é isso? É falta de consórcio, é falta
de diálogo, é falta de integração. Mesmo a Unale não é integrada como deve ser.
Então eu fico vendo o seguinte, ninguém é contra o consórcio do nordeste, nem
pode ser, nós somos todos um país só, um país igual.
Mas o nordeste tem nove governadores, tem nove
estados no seu consórcio. Nós temos um consórcio, ou não temos, melhor dizendo,
se fosse do sudeste, teria quatro estados: Espírito Santo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, São Paulo. E do sul, se tivesse, seriam três: Rio Grande do Sul,
Santa Catarina e Paraná.
Então nada contra se fazer um consórcio do
sudeste e do sul, que são muito parecidos, que são muito afins. O importante é
ter um consórcio, é passar a discutir os assuntos que interessam a cada um dos
estados. Isso é saudável, isso é cooperativismo, isso é união de esforços.
Ninguém pode ser contra isso.
Agora, com todo o respeito que eu tenho, eu,
quando vejo a deputada Monica falar, sinceramente, eu discordo de 80% do que
ela fala. Mas eu fico muito satisfeito de ver uma pessoa, tão capacitada quanto ela,
exercendo brilhantemente o seu mandato de deputada. Sinceramente, é uma
confissão que eu faço aqui, e com muita satisfação. Da mesma forma, o Simão
Pedro, o Elton, enfim, as pessoas que se manifestaram.
Mas eu quero
dizer que nós não podemos agora penalizar o Rio Grande do Sul, Paraná, Santa
Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo por causa de
umas abobrinhas, de umas besteiras inconcebíveis que governador Zema falou. Meu
Deus do Céu, não é assim que se anda para a frente!
O fato, minha
gente, é que nós temos um governador em São Paulo hoje que, sinceramente, eu
não o apoiei no primeiro turno, apoiei no segundo turno, achei que era o melhor
candidato. Votei e trabalhei por ele no segundo turno, com todo o respeito ao
candidato Haddad, que disputou com ele.
Mas não se pode
negar o esforço que o governador Tarcísio está fazendo, buscando fazer um bom
governo. E aquilo que parece condenável, como voltar atrás em algumas decisões,
é altamente elogiável. É um ato de dignidade. É um ato de humildade. É um ato
de quem busca governar acertando, de quem busca corrigir os seus próprios
erros.
Então é o
momento de se ajudar. Dos sete governadores desse consórcio Cosud, dois já
aprovaram na assembleia legislativa. Todos os sete governadores assinaram. Não
é porque o Zema falou uma abobrinha... Aliás, com todo o respeito, é um campeão
mundial de falar abobrinha, o Zema. Nunca vi um cara falar tanta besteira
quanto o Zema.
Isso que ele
falou, na fundação do consórcio, ele devia ser excluído do consórcio. Não Minas
Gerais: ele. Porque é um absurdo, é uma calamidade o que ele falou. É a
antítese de tudo o que deve ser. Agora, não é por isso que nós vamos
menosprezar.
E nós vamos
ficar aqui discutindo o óbvio ululante? Todo mundo é a favor. O grande deputado
Simão Pedro falou aqui, com muita propriedade. Deixa acalmar, passando essa
tempestade, causada pelo Zema, aí a gente discute e, quem sabe, até aprove.
Mas, para que fazer
isso, minha gente? Nós estamos perdendo tempo. O tempo é tudo. O Brasil está
andando para trás. O Brasil está andando para trás em todos os aspectos. Em
todos os aspectos, nós estamos ficando na rabeira do mundo. Nós temos que ter a
coragem de dizer isso e de enfrentar as vicissitudes com mais disposição de
acelerar as coisas.
Eu tenho
certeza que é unânime esse meu sentimento. É duro a gente ficar aqui
aguentando. Quanta coisa mais útil nós podíamos estar fazendo, inclusive, se
tivéssemos mais poderes. Legislar aqui sobra nome de viaduto, nome de estrada,
e alguma coisinha a mais. Muito pouco também, poder concentrado, tudo no
Executivo.
Então o meu
pleito aqui hoje é o seguinte. Vamos acelerar, vamos fazer esse projeto. Eu me
disponho. Eu vou correr todo o Brasil, se precisar. Vou de assembleia em
assembleia, tentar pegar assinatura. Vamos fortalecer os poderes das
assembleias legislativas do Brasil, minha gente. E nós vamos enfrentar um
projeto como esse, é para discutir menos.
Eu, quando
assumi a Presidência da Assembleia, eram 12 horas de discussão de matérias em
Regime de Urgência. Não dá vergonha, para vocês, o que a Câmara Federal aprova,
comparado com o que nós aprovamos? Vamos confessar: dá vergonha para nós, não
dá? Dá vergonha, dá inveja.
Não é cabível
isso, minha gente. O governador Tarcísio está sendo colocado numa posição
incomoda, desagradável. Ele não merece isso. Poxa, ele assinou junto com seis
companheiros, é uma coisa séria. Porque um deles claudicou, falou errado, falou
besteira, vai contaminar uma coisa que é boa, que é válida.
Se o consórcio
tiver que ser aprimorado no andar da carruagem, ele vai ser. Agora, não vamos
fazer isso, ficar aqui discutindo uma semana, duas semanas, três semanas, se
aprovamos o consórcio ou não. É o óbvio ululante que o consórcio precisa ser
aprovado, que São Paulo precisa participar desse consórcio.
Mas vamos fazer
o que, castigar o nosso governador? Vamos fazer o que, castigar São Paulo, para
ficar fora desse consórcio? Vai ficar Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas
Gerais, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, fora São Paulo? Nós já
somos estigmatizados. Eu já fui ministro deste país. Eu sei o quanto é difícil
ser político em Brasília - e ser ministro em Brasília mais ainda - sendo
paulista.
E na hora de a
gente se somar, de a gente ganhar forças, de a gente diminuir o estigma que
existe sobre São Paulo, a gente dá uma dessa. “Não, nós não vamos entrar no
consórcio. Não, nós não queremos”. “Por quê?”. “Porque o Zema falou errado,
errado, errado”. É assim que criança faz, quando bate o pé? Está errado, está
errado, está errado. Ah, pessoal, vamos pensar maior, vamos pensar em São
Paulo, vamos ajudar o governador Tarcísio naquilo que ele precisa, vamos dar
condições a ele de governar.
A situação é
difícil, a situação é complicada. Vamos procurar fortalecer esta Casa. Ninguém
quer subserviência. Nós não somos base do Governo, mas nós não somos contra o
Governo, nós queremos que o Governo ande.
E sobretudo não
somos contra a Assembleia Legislativa. Porque não é confortável para nós todos
explicar o que a gente faz aqui. É difícil. Às vezes, as pessoas que vêm aqui
falar comigo falam: “fiquei lá assistindo uma hora e meia, não entendi nada.
Umas bobagenzinhas que estavam discutindo lá, não sei por quê”.
Então, eu faço
esse apelo, minha gente. Me exagerei no tempo, queria falar menos do que falei.
Mas como alguém que está aqui de alma e de coração, acreditando na política,
como sórdida profissão que é, mas como a mais nobre das artes, que também é.
A arte de
servir, de ser útil, de fazer deste país o país com o qual nós sonhamos na
nossa infância e continuamos sonhando. E no qual acreditamos. Um país que seja
melhor do que o Brasil de hoje, e que há de ser, com o nosso esforço, com a
nossa compreensão e com a nossa luta. (Palmas.)
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputado Barros Munhoz, ministro. Pela ordem, deputado.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Para uma rápida
comunicação, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Para uma
comunicação, deputado Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - PARA
COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu queria primeiramente saudar...
O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Só um minuto, deputado. Enquanto
V. Exa. está fazendo a comunicação, eu já quero pedir ao próximo orador subir à
tribuna, deputado Guilherme Cortez. E aí V. Exa. pode fazer a sua comunicação.
O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presidente, eu quero saudar aqui a
ilustre presença dos advogados e advogadas da OAB, que estão aqui no plenário
hoje, na Assembleia Legislativa de São Paulo, mobilizados contra o PL 752.
(Manifestação nas galerias.) OAB que sempre esteve do lado do povo brasileiro,
em todas as lutas, defendendo a democracia, defendendo o Estado Democrático de
Direito.
E é graças a
essa grande mobilização que esse famigerado PL 752 não foi aprovado até agora.
Mas eu quero anunciar, Sr. Presidente, que nós recebemos aqui notas técnicas;
na verdade, documentos da Federação do Comércio, a Fecomercio, se colocando
contra o PL 752. E também um outro documento do Centro das Indústrias do Estado
de São Paulo, Ciesp. Ou seja, a indústria é contra o PL 752, o comércio é
contra o PL 752.
Tem também
nota, tem manifesto de entidades ligadas ao agronegócio, que se colocam contra
o PL 752. A OAB é contra, todo mundo é contra esse projeto, a sociedade, o
estado de São Paulo é contra o PL 752. Vossas Excelências da base do governo,
que querem votar esse projeto, não querem, mas são obrigadas a votar, porque eu
sei como funciona, base do governo vota com o governo.
Vossas
Excelências, que defendem essas entidades, inclusive, vão ficar em uma situação
difícil, porque o povo de São Paulo é contra o PL 752, uma parte da Assembleia
Legislativa é a favor, governador Tarcísio também e o TJ, mas isso é minoria.
Nós fomos eleitos para representar o povo do estado de São Paulo e não uma
facção do governo, do Tribunal de Justiça.
Muito Obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputado Carlos Giannazi. Tem a palavra o deputado Guilherme Cortez, para falar
contra.
O
SR. GUILHERME CORTEZ - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, presidente. Boa tarde a todas as senhoras e
senhores deputados, todos os servidores desta Casa e o público presente que nos
acompanha da galeria ou através da Rede Alesp. Presidente, peço a licença, para
antes de discutir essa matéria, mencionar dois episódios muito importantes.
O primeiro, a
gente recebeu um vídeo hoje de um jovem negro, chamado Hamilton Fernando, que
no uso da sua cidadania, em uma intervenção na Câmara Municipal de Limeira, foi
barbaramente agredido verbalmente pelos vereadores, inclusive com um vereador
falando: “tem que prender ele”, porque os vereadores se incomodaram com um
munícipe, não por coincidência um jovem negro cidadão, usando o seu direito de
discutir uma matéria importante na sua cidade e estava se manifestando.
Acho que essa
postura é muito lamentável, representa o profundo racismo que a gente tem em
nosso Estado, ainda mais enraizado nos interiores. A gente vê muitas câmaras
municipais, infelizmente, pessoas que são eleitas para representar o povo, se
revestindo de uma arrogância, de uma prepotência, de uma violência que não
aceitam ser questionadas pela população, muito menos por um jovem, muito menos
por um jovem negro, e se exaltam dessa maneira, de uma maneira totalmente
lamentável.
Então eu queria
usar esse tempo para me solidarizar com o Hamilton, com seus familiares, com
toda população de Limeira, e repudiar completamente esse ato desses vereadores
preconceituosos, violentos, que não sabem representar a população que os
elegeu.
Em segundo
lugar, antes de começar a discussão, também quero saudar meus colegas de profissão,
advogados e advogadas, que estão ocupando a galeria deste Plenário hoje.
Organizados pelo Sasp - Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo -, pela
Ordem dos Advogados do Brasil, presidente, e que bom ver essas galerias cheias.
E é o primeiro
caso de uma mobilização preventiva, então os advogados e advogadas vieram aqui
hoje para mobilizar, para discutir o projeto de aumento das custas, que a gente
saiu deste Plenário ontem dizendo que seria votado hoje. E a mera manifestação
da advocacia em estar presente aqui hoje, foi suficiente para que esse projeto
saísse da pauta.
O que mostra
que se tem um constrangimento tão grande em discutir e votar esse projeto, que
se tem medo que a advocacia esteja presente, que se tem medo que a sociedade
esteja presente, é porque, consciente ou inconscientemente, os deputados sabem
que é um projeto errado. E não é difícil saber que é errado um projeto para
deixar mais caro o acesso à Justiça no Estado.
E é por isso
que a advocacia tem se mobilizado, não apenas pelos seus interesses
profissionais, mas por interesse de toda sociedade. Então quero parabenizar,
mais uma vez, toda mobilização que a advocacia tem travado.
E dizer para
todos os meus colegas, deputados e deputadas, que reflitam - nesse tempo que a
gente ganhou, para que esse projeto seja discutido - sobre o quão negativo vai
ser um projeto que pode encarecer o acesso à Justiça no estado de São Paulo.
Tenho certeza
que nenhum deputado, nenhuma deputada gostaria de colocar suas digitais para
aprovar um projeto como esse, ainda mais, sabendo da pressão, da mobilização
cidadã, que a advocacia e que outras entidades da sociedade estão travando por
esse projeto.
Então, seguimos
na luta aqui, é uma vitória que esse não projeto tenha sido votado ontem, não
tenha sido pautado hoje. E nós, juntos com a advocacia, os deputados advogados,
como Dr. Jorge do Carmo, deputada Paula da Bancada Feminista, vamos seguir
debatendo e resistindo para não aprovar esse projeto.
Presidente,
sobre o projeto que a gente discute hoje, do Consórcio de Integração Sul e
Sudeste, eu queria dizer que a primeira vez que vi esse projeto, numa análise
superficial, eu não gostaria de estar aqui me opondo a esse projeto, porque eu
acho que a integração regional - como muito bem definido pelo deputado Barros,
que eu respeito, admiro e aprendo muito aqui - é fundamental. Nós não vivemos
numa ilha, nem aqui dentro da Assembleia e nem o estado de São
Paulo é uma ilha.
Eu sei que o
estado de São Paulo, pela sua história, pela sua
trajetória, gosta de se denominar “locomotiva do Brasil”, “um estado muito
superior aos demais”, mas isso é um pensamento muito antiquado.
O estado de São
Paulo não existe sem
o restante do nosso País, o estado de São Paulo não teria se tornado o maior
estado do País, tanto em termos populacionais, quanto em termos econômicos, se
não fosse a contribuição de milhões de brasileiros e brasileiras que não
nasceram aqui.
Então, eu sou
um ferrenho defensor da integração regional, que eu acho que os nossos
problemas muito dificilmente, deputado, se resolvem sozinhos. Por isso eu
defendo, de maneira veemente, que a gente busque integrações com outros
estados, com outros entes.
Agora, quando o
governador Romeu Zema se manifestou sobre esse projeto, ele na verdade
explicitou sobre o quê que trata esse consórcio, que não diz respeito a um
consórcio entre estados para a gente somar forças, para a gente combater
desigualdades.
Mas, pelo
contrário, diz respeito a uma união de estados, que já são economicamente
privilegiados no nosso País, para a gente ganhar mais força para combater os
estados menos favorecidos historicamente no nosso País, sobre quem mais pesa o
peso da opressão, do preconceito, da xenofobia regionais, que mais foram
atrasados no seu desenvolvimento econômico, seja pela colonização do nosso
País, seja pela industrialização do nosso País.
Então eu sou a
favor, presidente, de qualquer
consórcio, de qualquer articulação, de qualquer união, que sirva para a gente
se integrar, que sirva para a gente cooperar, que sirva para a gente superar as
desigualdades.
Mas eu não posso ser a favor de um consórcio que seja para aprofundar
essas desigualdades, que seja para dar mais poder aos estados do sul e do
sudeste travarem a guerra fiscal contra os estados do norte e do nordeste, que
já são os mais prejudicados historicamente no nosso País.
Eu acho que é
uma falsa simetria quando os deputados comparam com o consórcio dos estados do
nordeste. Mais uma vez, o nordeste brasileiro é uma região que historicamente é
desprivilegiada, sofre com preconceito, sofre com a xenofobia, sofre com a
discriminação regional, que carrega no seu desenvolvimento econômico e social
as mazelas ainda do período da colonização de séculos e séculos de descaso do
Estado brasileiro com os estados do nordeste, que alguns deles estão entre os
estados com os menores índices de desenvolvimento humano do País.
Então eu acho
que, no caso dos estados do nordeste, essa soma de forças, deputado Barros, vem
justamente para combater essa desigualdade. Agora, quando o governador Romeu
Zema defende esse consórcio dos estados do sul e do sudeste, alegando que os
estados do norte e do nordeste estão ameaçando os interesses de São
Paulo, ameaçando os
interesses de Minas Gerais, ameaçando os interesses da nossa
região e criando essa rivalização, não à toa esse discurso do Zema ajudou,
impulsionou o discurso e a ação de grupos separatistas.
O separatismo é
crime, de acordo com a Constituição Federal, porque o Estado brasileiro é um só
e é indivisível, e todos os estados que compõem a nossa Federação têm que
colaborar entre si. Então a incitação ao separatismo é uma incitação contra o
nosso País, contra a nossa Constituição.
Você criar uma
situação de competição, de guerra, de discriminação entre os estados do sul e
do sudeste, e os estados do norte e do nordeste, eu acho que não é o caminho
para a gente ter uma integração ainda maior do nosso País, para a gente poder
colaborar para superar todos juntos as desigualdades que a gente tem no nosso
País.
Vejo, que o
discurso do governador Romeu Zema, deputado Barros, ao contrário, na minha
visão, de uma deslizada que ele deu, que não deveria ameaçar o projeto, na
verdade eu vejo aquela declaração como um sincericídio, um momento em que ele
declarou quais são as verdadeiras intenções desse consórcio.
Isso me leva a
não poder votar a favor de um consórcio, de uma proposta que poderia ser para
integrar de maneira inclusiva, cidadã, soberana, democrática, entidades da
Federação no nosso país, na verdade ser utilizada para aprofundar
desigualdades, para incitar o separatismo, a xenofobia, a discriminação
regional com os nossos irmãos e irmãs brasileiros e brasileiras de outras
regiões do nosso país.
O estado de São
Paulo não seria nada, não seria nada sem os milhões de brasileiros de todos os
estados do País, mas sobretudo da região nordeste, sobretudo da região norte,
que foram brasileiros que vieram aqui até o nosso estado para trabalhar, muitas
vezes nos piores postos de trabalho, em paus de arara, em condições, não raras
vezes, análogas à escravidão.
Foram esses
brasileiros e brasileiras, foram esses nordestinos e nordestinas, esses
nortistas que vieram para o nosso Estado para construir a riqueza deste estado
que hoje tanto se orgulha.
Então eu acho
vergonhoso a gente virar as costas para o restante do nosso País, para a região
norte, para a região nordeste, com um discurso preconceituoso, com um discurso
xenófobo, com um discurso separatista, com um discurso autoproclamatório de
quem acha que o estado de São Paulo ou que os estados do sudeste ou que sejam
os estados do sul e do sudeste se bastam em si mesmos.
Por isso,
presidente, meu posicionamento em relação a esse consórcio tem que ser contra o
protocolo para a gente adentrar a esse consórcio. Eu quero que a gente possa
discutir aqui com a colaboração de todos os deputados, com a colaboração do
governo, mecanismos de integração regional pautados na diversidade, pautados na
colaboração cultural e humanitária, pautados no compartilhamento de
tecnologias, para a gente combater a crise ambiental e a crise climática.
O nosso meio
ambiente, presidente, não reconhece essas mesmas fronteiras artificiais que a
política e a sociedade criam. A gente precisa de mais integração regional para
combater a crise ambiental que a gente vive, o avanço das mudanças climáticas.
Hoje a gente está falando, em pleno inverno no estado de São Paulo, com uma das
temperaturas mais quentes do ano.
Se tem prova
mais contundente que os deputados precisam da pertinência, da urgência, da
presença das mudanças climáticas... Eu não sei o que pode ser mais alarmante
para os deputados, se não bastou o que a gente viu acontecer em São Sebastião,
não bastou o que a gente viu acontecer em Araraquara, se não bastam essas
temperaturas cada vez mais não naturais que a gente tem vivido.
Então que a
gente possa discutir mecanismos de integração pautados na colaboração, pautados
no respeito mútuo, pautados no combate a toda forma de injustiça e de discriminação,
e não mecanismos que, sob a premissa tão louvável da integração tão necessária
para o nosso estado e para o nosso país, se tornem mecanismos de luta política
para manter essas desigualdades, para aprofundar a guerra fiscal, para
aprofundar o preconceito e a discriminação contra os brasileiros de outras
regiões do nosso estado.
Então,
presidente, em respeito aos milhões de nordestinos e nordestinas que
construíram tudo de que o estado de São Paulo se orgulha e que não podem ser
excluídos, não podem ser desrespeitados de qualquer projeto para o estado de
São Paulo, eu tenho que me posicionar, junto com toda a bancada do PSOL, contra
esse consórcio.
Eu espero que a
gente possa caminhar para mais integração cidadã, e não para mais tentativas de
separar, de dividir, de usar as nossas diferenças regionais para nos separar,
para aumentar a discriminação e o ódio que infelizmente, de maneira lamentável,
ainda existem no nosso país.
Então, contra
qualquer tentativa de separatismo, contra qualquer tentativa de xenofobia, de
desrespeitar a cidadania de homens e mulheres do nosso país que também
contribuem com o estado de São Paulo, mesmo que não tenham nascido aqui, para
que a gente possa pensar mecanismos para fortalecer a integração também com os
estados do norte e do nordeste, que também contribuem muito com o nosso país e
que não podem ser desrespeitados e muito menos deixados de lado, como esse
consórcio lamentavelmente se propõe, eu me manifesto aqui e, junto com a
bancada do PSOL, vou votar contra esse projeto.
Obrigado,
presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - Obrigado,
deputado Cortez. Para falar a favor, convido à tribuna o deputado Dr. Jorge do
Carmo.
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, público da TV Alesp,
público aqui presente na nossa galeria, os assessores. Sr. Presidente, hoje, mais uma vez, volto a esta tribuna para
falar sobre os temas relevantes que nós tratamos aqui.
Atuamos, de forma veemente, as pessoas que me
antecederam foram bastante enfáticos, e convencíveis de que realmente a gente
precisa discutir melhor, entender melhor, para depois, sim, tomarmos uma
decisão.
Mas antes, Sr. Presidente, quero falar, pedir licença às Sras. Deputadas e
Srs. Deputados, e V. Exa., para dizer, na mesma linha de que tanto o deputado
Carlos Giannazi quanto o deputado Guilherme Cortez falaram aqui, a nossa tática
de obstruir e de falar aqui com os deputados e de fazer essa discussão aqui no
plenário fez o governo perceber que não tinha maioria, não tinha os votos
suficientes para provar o famigerado PL 752 fez com que o governo retirasse da
pauta.
Então, saudar os advogados e advogadas, colegas
que vieram hoje nesta Casa prestigiar, e dizer que é assim mesmo, é diligência,
deputada Professora Bebel, é acompanhar de perto.
Porque, se não tomar esse cuidado, se não tiver
essa diligência, de repente em uma sessão aqui aprovam rapidamente. Por isso
nós estamos aqui também muito diligentes. E quando os colegas advogados, as
colegas advogadas vêm à nossa galeria aqui participar, ouvir, ver, ficar
atentos, é também para saber o que pensa cada deputada e cada deputado.
É também para ficar de olho, deputada, Professora
Bebel, deputado Rômulo Fernandes, ficar de olho em como é que votam aqueles
deputados e deputadas que vão lá pedir voto para vocês? Que vão lá na sociedade
pedir apoio, pedir voto e dizer que está aqui para defender os interesses da
comunidade, da sociedade, e quando chegam aqui votam contra.
Eu sempre falo nas comunidades onde eu atuo.
Sempre falo. Às vezes o deputado, o vereador vai lá na sua comunidade, na sua
cidade e fala: “olha, eu estou lá para defender você, eu estou lá para ser a
sua voz, eu estou lá para falar em seu nome. Eu estou lá para dizer aquilo que
você me elegeu e me escolheu”. Aí falam uma situação, fazem essa promessa lá de
manhã, e quando chega à noite aqui, na sessão extraordinária...
Agora é mais cedo, agora é quatro e meia, antes das
17 horas, quatro e meia, cinco horas. Antes, a sessão extraordinária aqui
começava às 19, e às vezes ia das 19 até às 21, 22, 23 horas. Aí, aquilo que
foi falado lá na cidade, na sua comunidade, não vale mais porque o deputado, a
deputada não sustenta, infelizmente, aquilo que combinou.
A gente tem que ter coerência, deputada Mônica.
Coerência. Coerência é você. não prometer aquilo que não pode cumprir, e não
falar e depois desfalar. Eu aprendi isso, não foi nem aqui no Parlamento, não
foi na Faculdade de Direito, não foi na minha formação, foi com meus pais.
Não é obrigado a prometer - e fale sempre a
verdade - e por isso é que, diligentes como vocês estão, vieram aqui. Que bom
que a gente está sendo vigiado, acompanhado, para saber exatamente como vota
cada deputado.
Eu certamente não pedi voto para muitos dos
colegas, não tive a oportunidade. Se tivesse, pediria, claro. Mas, quando a
gente chega aqui, a gente tem que ter coerência com aquilo que nós defendemos
na campanha ou com aquilo que nós precisamos para a sociedade.
Por isso,
parabéns aos colegas deputados e deputadas que vieram a essa galeria hoje,
pensando até que poderia estar na pauta, mas não está na pauta exatamente por
essa preocupação de não aprovar, porque esse projeto agora virou do governador.
Não era, viu? Não era do governador. Esse era um projeto do tribunal.
De repente, o
governo criou um interesse e aí está organizando, mobilizando. Mas a gente
percebe que não está dando muito certo, porque ninguém aqui é simpático - pelo
menos, eu penso - a aumentar tributos, aumentar impostos, aumentar e dificultar
o acesso à Justiça. Por isso, obrigado pela participação e pela presença de
vocês, advogadas e advogados que vieram a essa galeria da Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Sr. Presidente,
quero também, antes de falar sobre o PL 1.084, de 2023, falar de dois outros
assuntos, rapidamente. Já faz alguns anos que eu, que moro lá na zona leste, na
Cidade Tiradentes, atuo muito ali na região de Guaianases, Itaim Paulista,
Cidade Tiradentes, e naquela região também do Alto Tietê.
Temos uma
estação que é a Estação Guaianases da CPTM, Linha 11 - Coral, que não tem
acessibilidade. Certamente, os deputados e deputadas, o público aqui presente,
o público da TV Alesp, já viram quantas vezes aquela estação de Guaianases já
foi pauta do “Bom Dia, São Paulo” e de outros telejornais, exatamente sobre as
dificuldades que aquela estação oferece para as pessoas que a acessam, que vêm
do Alto Tietê e que têm que fazer, muitas vezes, a ligação com a região.
As dificuldades
que as pessoas enfrentam, a falta de acessibilidade. Eu já vi senhoras e
senhores andando naquelas escadas, se arrastando ali com uma dificuldade
imensa, porque não tem uma escada rolante, quiçá um elevador.
Tomara que
agora a gente resolva isso, porque, de tanto eu insistir e persistir,
encaminhei um pedido para o presidente Pedro Tegon Moro, da Companhia Paulista
de Trens Metropolitanos, isso agora, no mês de maio, dizendo de quando vai ter
acessibilidade, escada rolante naquela estação, na Estação Guaianases da CPTM,
Linha 11 - Coral. E veio a resposta. Tomo a liberdade de ler aqui:
“Ofício da
CPTM. Diante do exposto, em resposta ao ofício em questão, de autoria do
deputado Dr. Jorge do Carmo, informamos que está em desenvolvimento o projeto
para adequações pontuais da Estação Guaianases, onde necessitam de
intervenções.
O projeto prevê
a substituição das escadas fixas” - que eu falei agora há pouco - “por escadas
rolantes, para melhorar o acesso às plataformas, a adequação das rotas táteis
existentes e a implantação do bicicletário, entre outras melhorias.”
Agora perguntei
quando vai começar, qual é a previsão, cadê o projeto? E aí, segundo
informações da CPTM, dizem que não respondem por WhatsApp, só respondem
oficialmente.
Então, vou
oficiar, vou perguntar quando, porque a população quer saber quando vai ter
acessibilidade, escadas rolantes, na estação da CPTM de Guaianases, Linha 11 -
Coral.
Sr. Presidente,
quero pedir uma verificação de presença.
O SR. PRESIDENTE - CARLOS CEZAR - PL - É regimental o pedido de Vossa
Excelência. Quero convidar para fazer essa chamada a nobre deputada Dani Alonso
e o nobre deputado Ricardo França, para fazerem a verificação de presença.
* * *
-
Verificação de presença.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Gilmaci Santos.
* * *
O SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Constatado quórum regimental,
obrigado deputado e deputada, devolvemos a palavra ao orador na tribuna.
Obrigado, deputados.
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, Sr. Presidente. Eu
falava sobre a falta de acessibilidade da estação da CPTM, agora vou
rapidamente falar de outro assunto que é bastante interessante, penso eu.
Pela região
de... está aqui o deputado Rômulo Fernandes, de Mauá, região do ABC, mas especialmente
região de Mauá; pense comigo, deputado Rômulo, isso é uma coisa que já fiz o
encaminhamento, mas o governo não tem interesse. A região do ABC com a região
Alto Tietê, se você mora no Alto Tietê e precisa ir para o ABC, e não tem carro
próprio, você precisa do transporte público, você tem que vir pela Linha 11 -
Coral, pegar o Metrô, ou então ir de trem até o Brás, e de lá você ir para o
ABC.
A recíproca é
verdadeira: se você está no ABC e precisa ir para o Alto Tietê, e não tem carro
para fazer isso, você depende do transporte público, você tem que pegar também
a Linha 10 - Turquesa, lá de Mauá, a região, e vai até o Brás, e dali, sim,
você vai para a região Alto Tietê pela Linha 3 - Vermelha do Metrô, ou pela 11
- Coral, da CPTM.
Imaginem, Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, se uma linha da EMTU, um trecho muito pequeno
ligando o município de Mauá à estação de Mauá da Linha 10 - Turquesa até a
Estação Dom Bosco, que fica ali na Jacu-Pêssego, que é da linha 11 - Coral,
trecho nada mais que 15 a 20 quilômetros, acho que não passa disso. Imaginem um
corredor de ônibus da EMTU ligando o ABC ao Alto Tietê.
Imaginem o
quanto isso facilitaria a vida do trabalhador, da trabalhadora, do cidadão que
precisa muitas vezes ir para São Bernardo, para Diadema, precisa ir para São
Caetano, precisa ir para Santo André ou para Mauá, ou precisa ir para Ferraz,
Itaquá, Poá, Suzano, Mogi das Cruzes, aquela região do Alto Tietê, até Biritiba
Mirim ou Salesópolis, Guararema, Santa Isabel, a região do Alto Tietê com a região
do ABC.
Uma linha de
ônibus tão pequena, um trecho tão pequeno, deputado Rômulo, seria suficiente
ligando ali a Jacu-Pêssego, que é a Av. Vice-Presidente José Alencar Gomes da
Silva, ligando um trecho ali tão pequeno, olha o quanto beneficiaria a população
dessas duas regiões grandiosas.
Já fiz uma
reunião com o presidente da EMTU, mas ele não tem interesse de fazer isso.
Então, deputado Rômulo, estou aproveitando a oportunidade de V. Exa. aqui no
plenário, isso é um assunto que tem a ver com a nossa luta naquela região.
Vamos insistir
com isso, sabe, vamos fazer reuniões conjuntas, vamos fazer essa luta, porque
quem ganha é a população daquela região, daqueles municípios, que vai
facilitar, e muito, a vida das pessoas daquela região.
Então fica a
sugestão. Quero muito contar com o apoio de V. Exa. e demais deputadas e
deputados aqui presentes, para a gente tratar desse assunto, que é extremamente
relevante.
Mas, Sr.
Presidente, quero aproveitar os minutos que me restam para falar do PL n.º
1.084, de 2023, que é aquele que cria o Cosud, Consórcio Sul e Sudeste. Nós já
falamos isso aqui no Congresso de Comissões, apresentamos nosso voto em
separado, falando que nós não concordaríamos com esse consórcio das duas
regiões.
Por que não
criar, então, o consórcio do sudeste, incluindo aí o estado de São Paulo, um
estado protagonista, o Rio de Janeiro, o Espírito Santo e Minas Gerais, e aí
desmistificando exatamente, como já foi mencionado aqui, aquela fala infeliz
separatista, preconceituosa, contaminou, como disse aqui o deputado Simão
Pedro, contaminou o projeto, contaminou a ideia, porque trouxe uma opinião que
é exatamente o que ele pensa e como se comporta, preconceituosa,
discriminatória, xenofóbica, de separatismo do Brasil.
Quero
aproveitar para dizer, a nossa Constituição cidadã, que foi aprovada em 1988,
diz no seu Art. 1.º: “A República é formada pela união indissolúvel de seus
entes federados”.
Então, não ao
separatismo. E o Brasil é um Brasil que está unindo. Chega de política de ódio,
chega de a gente fazer com que a gente fique brigando, odiando o próximo. Esse
tempo, graças a Deus, é passado, graças a Deus nós superamos depois de tantas
dificuldades.
A última
eleição que foi muito polarizada entre aqueles que queriam o Brasil da unidade,
o Brasil da união, o Brasil da reconstrução, que está, através do PAC, que é o
Programa de Aceleração do Crescimento, exatamente demonstrando isso.
A região
sudeste é muito mais beneficiada pelo seu tamanho, e é por essas razões que nós
somos contrário à forma como está apresentado e queremos, sim, o Consórcio da
Região Sudeste para que a gente tenha a região sudeste cada vez mais
protagonista, mas não em detrimento do nordeste, não em detrimento do sul, não
em detrimento do centro-oeste, não em detrimento da região norte.
Nós queremos
sim um Brasil unido, um Brasil sem ódio, um Brasil sem divisão e sem
separatismo. E por isso nós estamos contrário a essa forma que esse projeto
está sendo apresentado, que é o 1.084, de 2023.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Obrigado
deputado.
Com a palavra, para discutir contra, a
deputada Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa noite, Sr. Presidente, cumprimento a Mesa Diretora de
trabalhos, os assessores à minha esquerda, à minha direita, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, público presente, todos que nos ouvem e assistem através da
Rede Alesp; subo a esta tribuna e primeiro deixar clara a minha posição frente
à cobrança das taxas aí judiciais.
Quero dizer que
eu sou contra, e sou contra por razões óbvias. De novo é o trabalhador, de novo
é aquele que, enfim... Ah, sob a égide de que vai organizar melhor a gente
acaba, fica inventando a roda para poder fazer cobranças.
Não faltam
taxas para a população paulista pagar. É taxa disso, taxa daquilo, mas uma taxa
para defender seus direitos é inaceitável. Não temos advogados agora presentes,
mas quero deixar clara a minha posição frente a esse projeto, e quero chamar a
atenção para o seguinte: a deputada Monica era líder na época que eu fui líder,
e eu me lembro perfeitamente que junto comigo a deputada Janaina Paschoal
segurou no Colégio de Líderes para que não viessem nem a plenário, porque eu
tenho que ser justa com ela, exatamente pelos argumentos que a gente utilizava
aqui. Engraçado dizer que ela era neoliberal, mas eram coisas que ela tinha,
esse sentimento. Eu tenho que ser coerente. E do meu lado eu defendia também da
mesma forma.
Então, essas
taxas nem saíram do Colégio de Líderes, tanto que vieram para este ano. Então
isso tem que ser considerado. Naquele momento, tanto a deputada Janaina
Paschoal quanto eu seguramos isso lá. E não saiu de lá. Então, o fato de estar
não é crime também.
O que nós não
podemos é votar favorável àquilo que é ruim, e eu estou entendendo que é,
porque tem mil outras coisas, deputado Barros Munhoz, para se debater nesse
Estado e que me parece que, com o orçamento que o Tribunal de Justiça tem, é
bastante volumoso para tocar os trabalhos que tem lá.
Então nós temos
que votar peças aqui que sejam favoráveis à população paulista. Então estou
deixando aqui um posicionamento.
A outra questão
eu acho muito importante a gente separar, separar o que a gente entende pelo
Projeto 1.084, de 2023, que institui o Consórcio de
Integração dos Estados do Sul e Sudeste do Brasil.
Ao mesmo tempo, nós
entendemos o que leva o governador a fazer a fala que fez, Zema fazer a fala
que fez. Eu separo dizendo o seguinte, eu entendo que ele teve uma fala
xenófoba, separatista, mas ele não tem força para separar este País. Isso, para
mim, é ponto de partida. Não tem força para separar este País.
Mas o projeto começa
errado. Ele começa errado na medida em que já começa fragmentando, ele começa
errado na medida em que a gente tem que entender, primeiro, quando eu estava no
Conselho Nacional de Educação, e nós lutamos para ter, muito intensamente, para
ter um sistema nacional articulado de educação.
O que a gente debatia lá,
deputado Caio França, era exatamente que a gente pudesse ter os regimes de
colaboração instituídos nos blocos, organizados por estados que tivessem ações
comuns para um bem comum, no caso, a qualidade
da educação.
A organização social,
política e estrutural do Estado Brasileiro nos permite dizer o seguinte, mas
não dá, porque há uma autonomia de estados, de municípios, de União e de
Distrito Federal. Sim, se eu for pela Constituição de 88, que institui a
República Federativa do Brasil, é isso. Mas a República Federativa do Brasil
permite também que os estados se inter-relacionem entre si, que os estados
debatam entre si.
Então o que, na minha
opinião, está acontecendo - e eu não vou nem me ater à fala do governador de
Minas - é exatamente a necessidade, e aí o deputado Barros Munhoz fala assim,
“eu ando esse Brasil, eu vou”, eu acho que é isso, eu acho que o link que tem
que ser feito, a grande articulação que tem que ser feita é com esse diálogo
que V. Exa. apresenta aqui na tribuna.
Por que não? Por que não
chamar o Brasil e falar “olha, vamos fazer isso, vamos debater esse consórcio à
luz, a gente não entra nem no mérito das políticas, porque nós acabamos de ter
o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento. São Paulo e Minas foram
os dois estados que mais saíram beneficiados com os anúncios do PAC.
Meu Deus do céu, ou esses
estados vão se unir para fazer um diagnóstico e dizer “não, aqui é transporte,
tal estado é moradia, tal estado é política pública, é saúde, é educação, ou
nós, na verdade, vamos fazer um faz de conta e uma divisão neste País, estrutural.
Mais estrutural do que
política, porque o legal é que o grande link, a grande articulação que deveria
ser feita seria através exatamente das políticas públicas que iam unificando, e
não ficar fazendo blocos, blocos para cá, blocos para lá.
É inconcebível dizer que
o Partido dos Trabalhadores é contra consórcio. Não é, porque então não teria o
consórcio do ABCDM, por exemplo. O deputado Rômulo esteve aqui e falou, tem um
consórcio do ABCDM.
E tem outros consórcios, como tivemos em Piracicaba, articulado pelo ex-prefeito Machado, o consórcio das águas, que se articulou através do quê? Da Agência Nacional de Águas, que lida com o Meio Ambiente, que é o forte que este País está debatendo.
Então, debater
esse projeto, há um interesse nosso. Nós temos interesse. Nós só não queremos é
ter que aprovar algo, ou um projeto desta magnitude, sem o devido
aprofundamento. Ou, que seja, embasado numa fala separatista. Não: a gente quer
em cima de políticas públicas de desenvolvimento regional. É isso que a gente
quer.
Se a gente
estiver muito bem, crescendo os vários blocos, potencializando as riquezas de
cada bloco, fazendo a intersecção, este País cresce, e cresce muito. E quem é
que ganha? São governadores? Eles são gestores. Mas quem ganha é a população. É
isso que a gente tem que ver. E, para isso, a gente tem que ter princípios
básicos da gestão pública. Quais?
A
transparência, a clareza nos projetos, a democratização dos espaços, para que,
de fato, essa articulação se dê. Porque, do contrário, a gente vai estar
fragmentando e dividindo em pedaço. “Você fica com isso, isso e isso.” E não é
desta forma que a gente entende.
Eu nunca fui
ministra, e nunca fui gestora, como foi o meu querido deputado Barros Munhoz.
Mas tenho clareza política das questões todas. Porque a gente sempre foi... Nós
tivemos gestões que acertaram, e gestões que erraram. E, toda vez que errou,
errou porque, na verdade, deixa de ter essa escuta que, na minha opinião, é
muito importante.
Isso aqui, no
mínimo, era para ter tido audiências públicas regionais por este País. E trazer
para esta Assembleia, e fazer o grande enlace aqui. Seria um grande evento de
monta. Eu acho que São Paulo, e todo o bloco, todo o Consórcio, ganharia, e
ganharia muito.
Eu digo que o
Partido dos Trabalhadores não é contra, porque o Partido dos Trabalhadores, por
exemplo, está lá no BRICS. Nós temos a presidenta do BRICS que, aliás, deve ser
aplaudida em pé, que é a ex-presidenta, injustamente golpeada, Dilma Rousseff,
que preside hoje o BRICS. E é um bloco econômico que está aí.
Então, se a
gente é contra, a gente não seria favorável ao BRICS, nem seria Mercosul, não.
Exatamente porque a gente está, na verdade, querendo potencializar. Então,
quando você traz esse debate para o Brasil, é pensando desta forma. Eu
parabenizo a ex-presidenta Dilma porque, no dia de ontem, foi constatado que
ela nunca deu e nunca existiu pedalada fiscal.
O que
significou, com a presidenta Dilma, foi uma injustiça política, pela qual ela
passou, naquele triste momento pelo qual o Brasil também sofreu, e paga o preço
até o dia de hoje.
Então, com
essas palavras, eu quero dizer o seguinte. Pedir para o presidente deixar a
gente dar uma aprofundada, incorporar mais propostas. Podemos ter acordo de
plenário, fazer propostas que aprimorem, para a gente poder votar, e votar de
outra forma. Porque eu não posso votar contra alguma coisa que, no princípio,
está correto. Essa que é a questão.
Para fechar,
dizer que ontem estive no Congresso Nacional, representando a Secretaria
Especial da Mulher na Casa. Eu sou a... eu represento a mulher aqui na Casa, lá
no Congresso Nacional, e a Procuradoria.
Eu sou
procuradora da mulher aqui na Casa, na Assembleia Legislativa. Então, eu quero
agradecer a cada deputado, cada deputada que votou pela minha ida. Representei.
Por óbvio, vou
trazer no momento nosso de discussão, Monica, porque eu acho que é muito
importante nós instigarmos a formação das procuradorias nas Câmaras de
Vereadores.
A gente tem
muitas; precisa articular, para a gente trabalhar juntos, porque essa pauta é
uma pauta muito importante. E lá as mulheres se sentem assim... Há um respaldo,
tem um tripé.
Você tem o
Conselho Nacional da Justiça, você tem a própria Procuradoria e você tem também
todo o aparato para assegurar que essas procuradorias deem certo. Então, tem
como adjunta... Adjunta, acho que é a Paula, comigo; tem mais a Marina Helou.
Eu acho que aí eu vou chamar um encontro, chamar vocês para ver como é que a
gente dá esse start aqui no estado de São Paulo, porque nós temos que também
fazer o nosso papel de refletir as políticas que são boas.
Essa é uma que
eu considero boa, porque é defesa da mulher, é como empoderar... Não,
“empoderar”, eu não uso muito o termo. Mas é uma forma de que a mulher tenha
mais aparatos para fazer valer as leis por que nós lutamos todos esses anos.
Está bom?
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
E agradeço.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS -
Deputada, continua em discussão.
O
SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS -
Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Pela
ordem, deputado Jorge Wilson, nosso líder do Governo.
O
SR. JORGE WILSON XERIFE DO CONSUMIDOR - REPUBLICANOS - PARA COMUNICAÇÃO - Chegamos a um
acordo aqui, entre os líderes, de dar por discutidas duas horas. A gente
encerra. E continuaremos na próxima sessão.
O
SR. PRESIDENTE - GILMACI SANTOS - REPUBLICANOS - Eu
pergunto aos líderes em plenário se tem anuência dos líderes para o acordo.
Então, havendo acordo de lideranças,
está levantada a presente sessão, lembrando da segunda extra para daqui a 10
minutos.
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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 47
minutos.
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