22 DE MARÇO DE 2024

10ª SESSÃO SOLENE PARA ENTREGA DO COLAR DE HONRA AO MÉRITO LEGISLATIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO AO EX-DEPUTADO ESTADUAL HENRIQUE SAMPAIO PACHECO

        

Presidência: DR. JORGE DO CARMO

        

RESUMO

        

1 - DR. JORGE DO CARMO

Assume a Presidência e abre a sessão às 20h11min. Informa que a Presidência efetiva convocou a presente sessão solene, para realizar a "Entrega do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao ex-deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco", por solicitação deste deputado, na direção dos trabalhos.

        

2 - JORGE MACHADO

Mestre de cerimônias, convida o público a ouvir, de pé, o "Hino Nacional Brasileiro".

        

3 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO

Enfatiza a justeza desta homenagem ao ex-deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco, acerca de cuja trajetória política discorre.

        

4 - JORGE MACHADO

Mestre de cerimônias, nomeia as autoridades presentes. Lê currículo do homenageado, o ex-deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco. Anuncia a exibição de vídeo sobre a carreira do ex-parlamentar.

        

5 - EDUARDO SUPLICY

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

6 - SENIVAL MOURA

Vereador à Câmara Municipal de São Paulo, faz pronunciamento.

        

7 - DONIZETE FERNANDES

Representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Zona Oeste e Noroeste, faz pronunciamento.

        

8 - SUELI DE ALMEIDA MACHADO

Representante o Movimento de Defesa do Favelado, faz pronunciamento.

        

9 - JOSÉ ALVES

Representante da Associação Unificadora de Loteamentos, Favelas e Assentamentos de São Paulo, faz pronunciamento.

        

10 - EVANIZA RODRIGUES

Representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Leste 1, faz pronunciamento.

        

11 - ALFREDINHO

Deputado federal, faz pronunciamento.

        

12 - JORGE MACHADO

Mestre de cerimônias, anuncia a entrega de uma placa, oferecida pela Associação em Defesa da Moradia ao ex-deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco. Anuncia a exibição de vídeo com depoimento de José Antonio Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal, sobre o homenageado.

        

13 - MIGUEL REIS AFONSO

Representante da Associação em Defesa da Moradia, faz pronunciamento.

        

14 - ÍTALO CARDOSO

Ex-deputado estadual, faz pronunciamento.

        

15 - SIMÃO PEDRO

Deputado estadual, faz pronunciamento.

        

16 - DHEISON RENAN SILVA

Representante do deputado estadual Teonilio Barba, faz pronunciamento.

        

17 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO

Reitera a importância da presente homenagem. Destaca a atuação de Henrique Pacheco junto aos movimentos de moradia. Tece comentários sobre a trajetória do homenageado. Outorga o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao ex-deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco.

        

18 - HENRIQUE SAMPAIO PACHECO

Ex-deputado estadual, homenageado, faz pronunciamento.

        

19 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO

Faz agradecimentos gerais. Encerra a sessão às 22h26min.

 

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- Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Dr. Jorge do Carmo.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Senhoras e senhores, muito boa noite. Sejam bem-vindos à Assembleia Legislativa do estado de São Paulo. Esta sessão solene tem a finalidade da outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo ao deputado estadual Henrique Sampaio Pacheco. (Palmas.)

Comunicamos aos presentes que esta sessão solene está sendo transmitida ao vivo pelo canal da Rede Alesp e pelo YouTube. Aproveitamos para agradecer aos músicos Fausto e Valdeir, que nos abrilhantaram com sua apresentação musical, animando nossos espíritos e nossos corações para este grande dia. Uma saudação e palmas aos músicos.

Convidamos para compor a Mesa Diretora o deputado Jorge do Carmo, que presidirá esta sessão solene. (Palmas.) Bem-vindo. Convido à Mesa o homenageado desta noite, deputado Henrique Pacheco. (Palmas.) O deputado estadual Teonilio Barba, neste ato representado por Dheison Renan Silva. (Palmas.) Deputado estadual Simão Pedro. (Palmas.)

O deputado estadual Luiz Claudio Marcolino. (Palmas.) Também, o deputado estadual Eduardo Suplicy. (Palmas.) Também convido à Mesa o deputado federal Alfredinho. (Palmas.)

Convido à Mesa o deputado Paulo Fiorilo, líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa. (Palmas.) O deputado estadual Luiz Fernando, neste ato representado pelo deputado Ítalo Cardoso. (Palmas.) Também, o deputado Enio Tatto, líder da minoria, nesta sessão solene representado por Sérgio Canova. (Palmas.)

Também convidamos autoridades e lideranças de movimentos sociais para compor a Mesa Estendida. O vereador e líder da bancada do PT na Câmara Municipal, Senival Moura. (Palmas.) Donizete Fernandes, representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da zona noroeste, União dos Movimentos de Moradia de São Paulo. Seja bem-vindo. (Palmas.)

Sueli de Almeida Machado, representando o Movimento de Defesa do Favelado, MDF. (Palmas.) José Alves “Charlie Brown”, representando a Associação Unificadora de Loteamentos, Favelas e Assentamentos de São Paulo. (Palmas.)

Ainda na Mesa extensora, Evaniza Rodrigues, do Movimento Sem Terra Leste 1, e União dos Movimentos de Moradia de São Paulo. (Palmas.) Dr. Miguel Reis Afonso, representando a ADM, Associação de Defesa da Moradia. Seja muito bem-vindo, doutor.

Com a palavra o presidente desta sessão solene, o deputado estadual Jorge do Carmo. (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Boa noite a todas, boa noite a todos. Agradecer a Deus por esta oportunidade. Cumprimentar a todos e a todas.

Esta sessão solene de outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo ao ex-deputado Henrique Sampaio Pacheco. (Palmas.) Sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos nos termos regimentais. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Senhoras e senhores, esta sessão solene foi convocada pelo presidente desta Casa de Leis, André do Prado, atendendo à minha solicitação, além das coautorias dos nobres colegas deputados Teonilio Barba, Simão Pedro, Luiz Cláudio Marcolino, Paulo Fiorilo - líder da bancada e da federação -, Eduardo Suplicy, Luiz Fernando e deputado Enio Tatto, com a finalidade de outorgar o Colar de Honra ao Mérito Legislativo do estado de São Paulo ao ex-deputado Henrique Sampaio Pacheco, aqui ao meu lado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Convido a todos os presentes para, em posição de respeito, ouvirmos o Hino Nacional Brasileiro.

 

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  - É executado o Hino Nacional Brasileiro.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Com a palavra para sua saudação inicial, o presidente desta sessão solene, o deputado Jorge do Carmo.

 

O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Prezados amigos e amigas, companheiros e companheiras do Partido dos Trabalhadores e do movimento social da luta pela moradia. Saúde a todos e a todas, que sejam muito bem-vindas e muito bem-vindos.

Penso que vivemos momentos políticos difíceis em relação à compreensão das ideias e democracia, e também enfrentamos um freamento na política pública e social do estado de São Paulo, sobretudo com a ausência de políticas públicas claras de habitação para as pessoas de baixa renda e para a população em situação de rua, que aumentou demasiadamente no governo anterior.

Apesar de retomarmos a democracia com o presidente Lula e com as eleições de 2022, ainda precisamos consolidar a democracia, que foi agredida no dia 8 de janeiro de 2023 com tentativas de golpe militar, como hoje está comprovado pela apuração da Polícia Federal. Sinto que precisamos consolidar e avançar, ainda, com as organizações e com os movimentos de lutas legítimas para a garantia dos direitos.

Por essa razão, olhando para o passado e as nossas lições aprendidas com as nossas lideranças políticas e partidárias, compreendi a importância de trazer luz ao presente. Pois, ao reconhecer Henrique Pacheco como sendo este líder que construiu caminhos e lutas, aumentou esperanças, formou militantes e cuidou de tantas pessoas.

Henrique, atuando em causas que pareciam de soluções impossíveis, mostrou que, com a luta e dedicação, formação política, poderia mudar a realidade. Como assim ocorreu para milhares de pessoas que usufruíram das vitórias alcançadas.

Esta lição precisa ser presente e atual para todos e todas que querem garantir a democracia e os direitos humanos. Com esta inspiração na busca do referenciamento político, resolvi homenagear essa grande liderança que é o Henrique, meu professor, que me inspirou na vida política.

E minha alegria ampliou quando os colegas do meu partido - deputado Teonilio Barba, deputado Simão Pedro, deputado Luiz Cláudio Marcolino, deputado Paulo Fiorilo, deputado Eduardo Suplicy, deputado Luiz Fernando e deputado Enio Tatto - resolveram incluir a autoria a esta homenagem, referendando o reconhecimento tão merecido a esse companheiro.

Henrique, tenho muita honra de estar presidindo esta sessão solene na Alesp, em sua homenagem. Agora, convido a todos e a todas para esta sincera homenagem ao companheiro Henrique Sampaio Pacheco. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Registramos e agradecemos a presença das seguintes autoridades e personalidades: Roberto Santos, do Movimento Moradia Vermelha Para Lutar. (Palmas.) José Alves da Silva, do Movimento Sem Teto - Pirituba. (Palmas.)

Júlio Abraão, do Vale das Flores, projeto Barra do Jacaré. (Palmas.) Simone Salles, do Movimento Sem Terra Leste 1. (Palmas.) Rosângela, do Mutirão Carolina Maria de Jesus. (Palmas.)

Romilda, presidente do PT - Zonal Guaianazes. (Palmas.) Vanusa Fonseca, ex-conselheira tutelar da Cidade Tiradentes. (Palmas.) Cátia Regina dos Santos, presidente do PT - Zonal Cidade Tiradentes, e coordenadora da Assessoria Unificadora. (Palmas.)

Claumir, da Apeoesp e FETE-SP. (Palmas.) Esperidião, presidente da Associação Jardim Paquetá. (Palmas.) Fábio Santos, representando a deputada federal Juliana Cardoso. (Palmas.)

Sônia Barbosa, do Conselho Tutelar Jaraguá. (Palmas.) Rafael Pinto, da Coordenação Nacional de Entidades Negras. (Palmas.) José Antônio Vaz, advogado. (Palmas.) Sônia Pereira, presidente da União dos Moradores do Jardim São Carlos - ZL. (Palmas.)

Maria Madalena Figueiredo, do Movimento de Regularização Fundiária - ZN. (Palmas.) Sirlene, do Conselho de Saúde do Tremembé. (Palmas.) Miguel, de Moradia City Jaraguá. (Palmas.)

O Gonçalves, do Instituto de Lutas Sociais, também Edmilson Mineiro, do Movimento Leste Três. (Palmas.) Luiz Estima, do Movimento Vermelho. (Palmas.) Também, o procurador de Justiça Maurício Augusto Gomes. (Palmas.)

A procuradora de Justiça Vânia Balera. (Palmas.) O professor de direito da PUC, Wagner Balera. (Palmas.) Quatro vezes vereador e três vezes deputado federal, Devanir Ribeiro. (Palmas.)

A juíza em Brasília, Gláucia Foley. (Palmas.) O procurador da República, Álvaro Manzano. (Palmas.) O diretor do Departamento de Comissões da Alesp, José Renê Pires de Campos. (Palmas.) E o ex-vereador de São Paulo e professor da Universidade de São Paulo, Nabil Bonduki. (Palmas.) Sejam todos bem-vindos. Ao longo desta sessão solene nomearemos outros convidados, outras autoridades presentes.

Vamos fazer agora a leitura de um breve histórico de Henrique Sampaio Pacheco. Henrique Sampaio Pacheco nasceu em São Paulo em 1951, no bairro da Liberdade, e desde então vivenciou momentos muito diversos da história do nosso País no campo de luta pela democracia e pelo Estado Democrático de Direito.

Em 1968, matriculou-se na Escola Estadual de Segundo Grau Dra. Zuleica de Barros Martins Ferreira, no bairro da Pompeia, para cursar o clássico, que era voltado para as ciências humanas.

As péssimas condições físicas das salas de aula, onde as carteiras eram em número inferior ao de alunos, mostravam que seria preciso lutar para estudar. Em uma noite, um grupo de estudantes da UEE, a União Estadual de Estudantes, visitou a escola para verificar as péssimas condições de ensino.

Essa visita soou como um chamamento para Henrique, ao descobrir que havia uma luz no fim do túnel. Estava ali desenhado o seu caminho. Um convite para se somar à luta do movimento estudantil foi aceito de pronto.

Poucos meses depois, Henrique já participava de um ato no Largo do Arouche, em frente à Secretaria de Estado da Educação, com centenas de estudantes sentados no chão, impedido o trânsito e protestando, com suas bandeiras e gritos de guerra, em favor do ensino público e gratuito, e contra o governo autoritário.

O período? Eram os anos de chumbo da ditadura militar, sua fase mais aguda. O jornal “Folha de S. Paulo” deu grande cobertura a esse evento, e o batismo de fogo do Henrique acabou aparecendo em uma das fotos da reportagem. Foi o primeiro registro da sua caminhada.

Essa foto fez com que um tio paterno, que era delegado de Polícia no interior, o reconhecesse na manifestação. Dias depois, esse tio delegado, preocupado com a situação de repressão política vigente no País, tentou dissuadi-lo de participar desses eventos políticos. Henrique ouviu os alertas do tio, mas manteve a sua opção de lutar contra a opressão política e contra o regime militar.

Em 1975, Henrique ingressou na Faculdade de Direito da PUC de São Paulo. E os dilemas da realidade educacional brasileira vivenciados no ensino médio continuavam presentes no ensino superior.

A ditadura militar havia recrudescido, com diversas prisões de sindicalistas, militantes de movimentos sociais e principalmente estudantes, que se organizavam em entidades.

Em 1977, Henrique foi eleito presidente do Centro Acadêmico 22 de Agosto, da Faculdade de Direito da PUC de São Paulo. Neste ano, no dia 22 de setembro, a PUC foi invadida pelas forças de segurança do estado de São Paulo, por promover um ato pela reorganização da UNE.

Inúmeras prisões foram feitas com muita violência. Nesse processo, Henrique se destacou como uma das mais importantes lideranças na defesa da PUC e contra o autoritarismo.

Ainda em 1977, juntamente a outros valorosos advogados e estagiários da Faculdade de Direito da PUC, construiu o Departamento Jurídico 22 de Agosto, que tinha como proposta o atendimento as famílias carentes na periferia da cidade de São Paulo. Esse trabalho teve o apoio da Cúria Metropolitana, que franqueou sete postos de atendimento na periferia da Capital.

Esse trabalho junto às favelas, loteamentos irregulares e ocupações de terras foi a semente do movimento de moradia de São Paulo. Henrique participou ativamente da luta pela anistia ampla, geral e irrestrita, quando em 1979 os militares aprovaram, depois de enorme pressão popular, a lei que deu início à volta dos exilados e presos políticos para a vida pública nacional.

Ao concluir a faculdade de direito, Henrique iniciou o desenvolvimento de outro projeto avançado, com a criação de uma entidade composta não somente por advogados, mas também por arquitetos, assistentes sociais e de outras áreas de conhecimento, com objetivo de prestas assessoria às famílias moradoras de favelas, cortiços, ocupações de terra e loteamentos irregulares.

Surgia naquele ano a Associação em Defesa da Moradia, com atuação em quatro regiões da Capital. Nesse mesmo ano, integrou a equipe do Movimento em Defesa do Favelado, entidade que ainda hoje agrega às lutas das favelas na zona leste da Capital. Esse trabalho teve início e constituição a partir da iniciativa do Padre Patrick Clark, e de Dom Luciano Mendes de Almeida, arcebispo e presidente da CNBB.

Em 1988, Henrique elegeu-se pela primeira vez vereador na Capital. Foi reeleito mais duas vezes consecutivas, em 1992 e em 1996. Em 1998, elegeu-se deputado estadual, com votação expressiva na Capital.

Como deputado da 14ª e da 15ª legislatura aprovou, entre outras, duas importantes leis que se destacam: a Lei nº 11.079, de 2002, que estabelece a obrigatoriedade de cada delegacia de polícia do estado de dispor do trabalho de assistentes sociais.

E a Lei nº 10.884, de 20 de setembro de 2001, que estabelece a obrigatoriedade de reserva de espaço para o tráfego de motocicletas em vias públicas de grande circulação da Região Metropolitana de São Paulo, a famosa faixa azul para motociclistas, que só veio se tornar realidade 20 anos depois, na avenida 23 de Maio, em janeiro de 2022, e desde então não houve nenhum acidente com vítima fatal naquele trecho.

A característica principal de seus mandatos foi a defesa intransigente do direito à moradia, o compromisso com a população favelada na luta pela posse da terra, pela tarifa mínima de água e luz, pela ampliação dos pontos de cultura na periferia, na infraestrutura dos bairros periféricos.

Henrique Pacheco serve de inspiração pelo seu compromisso, pela sua conduta e discernimento crítico sempre voltados à defesa dos mais pobres. Essa é uma pequena amostra da história do Henrique. E como ele sempre faz questão de dizer, esta história nós construímos juntos. (Palmas.)

Convidamos a todos e todas a assistirem agora a um vídeo que mostra um pouco desta história do “Construímos Juntos”, além de alguns personagens desta história.

Vamos ver.

 

* * *

 

  - É exibido o vídeo.

 

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O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Neste momento, vamos ouvir as autoridades que compõem a Mesa e que vão proferir algumas palavras, breves palavras. Eu começo pelo deputado Eduardo Suplicy. (Palmas.)

Enquanto se aproxima, eu gostaria de anunciar a presença de Raimundo Bonfim, que é coordenador nacional da Central de Movimentos Populares, muito bem-vindo, Raimundo. Com a palavra, deputado.

 

O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Querido Dr. Jorge, parabéns por esta tão brilhante iniciativa. Querida Vera, companheira do Henrique Pacheco. Queridos filhos, Pedro e Ana Clara.

Querido Henrique Pacheco, que coisa bonita. Você reúne aqui tantos colegas parlamentares do PT, e de partidos afins, e reúne um povo que vem aqui para saudar a sua coragem, a forma como você sempre agiu desde a adolescência lá na PUC como presidente do Centro Acadêmico, justamente enfrentando momentos tão difíceis, como quando o Erasmo Dias resolveu colocar a sua tropa lá para invadir o Tuca, o Teatro da Pontifícia Universidade Católica.

Nós nos conhecemos, e passamos a trabalhar juntos justamente em 1988, quando ambos fomos eleitos vereadores. Era... Bem, eu tinha me tornado deputado estadual nesta Casa, eleito em 1978 pelo MDB. E daí, com alguns companheiros, éramos seis que tínhamos muita afinidade com os movimentos sociais.

Os metalúrgicos, quando entraram em greve, os lixeiros e os professores, e viemos aqui para esta Casa para lutar. Não tinha prefeito eleito pelo povo, não tinha governador eleito pelo povo. Lutar pela democracia. E daí, em 1980, os que estavam formando o PT nos convidaram - a mim, Irma Passoni, João Batista Brito, Geraldo Siqueira, Marco Aurélio Ribeiro - para ingressarmos no PT.

E assim participamos da fundação desse partido. Em 1985, Luiza Erundina foi candidata a vice-prefeita, quando eu fui candidato a prefeito. Jânio Quadros venceu; Fernando Henrique, segundo; e eu, terceiro.

E daí, quando chegou 1986, fui novamente candidato a governador. E daí, em 1988, o PT veio conversar comigo: “Que tal você ser nosso candidato a vereador para ajudar a eleição de Luiza Erundina?”. E aí nós começamos a andar juntos pela cidade, e Luiza Erundina teve uma vitória extraordinária.

Elegemos 15 vereadores do PT, dois do PCdoB, um do PCB, e com mais alguns vereadores que resolveram que poderiam votar em mim, fui eleito presidente da Câmara Municipal.

Dentre os vereadores - até porque eu havia lutado boxe, treinado boxe com ele -, o Éder Jofre votou em mim também. E aí nós colocamos, com o seu apoio, a norma: “A transparência em tempo real é a melhor maneira de prevenir irregularidades”.

E quando... Por tudo que lá aconteceu, você, vivendo conosco, partilhando. Mas eu me lembro que, já naquele período como vereador, você era uma das pessoas mais entrosadas com o movimento de habitação popular, e você que tanto estimulou, também, os chamados mutirões, que Luiza Erundina instituiu na sua gestão, para que a população nas áreas mais carentes pudesse se organizar, não apenas para ocupar a terra, mas também para construir a própria moradia.

E eu me lembro de tantas vezes estar presenciando a sua ação nos movimentos de moradia, e depois nos movimentos pelas Diretas Já, para que pudéssemos finalmente ter de novo eleições livres e diretas. E sempre estivemos juntos no propósito de construir um Brasil justo, solidário, fraterno, em que as pessoas poderiam sempre levar em conta as recomendações.

Se quisemos construir uma sociedade justa, precisamos levar em conta aqueles valores que não sejam unicamente a busca do interesse próprio, de se levar a vantagem em tudo. É claro que todos desejamos progredir, queremos o progresso de nossos entes queridos.

Mas você, como nós do PT, também ensina que nós levemos em consideração aqueles outros valores que são próprios de nós brasileiros e da humanidade, valores tais como aqueles que estão tão belamente colocados em um dos mais belos discursos da história da humanidade, “I have a dream”: “Eu tenho um sonho de que um dia, nos morros vermelhos da Geórgia, os filhos de ex-escravos e os filhos de ex-donos de escravos serão capazes de se sentar juntos na mesa da fraternidade”.

E hoje eu percebo aqui... olha, que reunião bonita, tão fraterna. E eu queria pedir desculpas, mas é... Porque agora também está havendo uma homenagem a uma pessoa muito querida nossa, que é o nosso querido ex-secretário da Economia Solidário, o professor Paul Singer, que tanta afinidade teve conosco.

Então, eu vou precisar pedir licença e ser breve aqui, porque às vezes aqui nós temos de ser dois, três, quatro e cinco na mesma hora. Mas fiquei muito feliz de estar aqui com você, e, inclusive, cantando com esses queridos músicos aqui, antes que você chegasse. Foi tão gostoso.

Um abração, um beijo a todos. (Palmas.)

Parabéns, parabéns.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Gostaria de chamar a esta tribuna o vereador Senival Moura, líder da bancada do PT na Câmara Municipal.

 

O SR. SENIVAL MOURA - Muito boa noite a todas e todos. Quero primeiramente cumprimentar o deputado Jorge do Carmo pela iniciativa, pela brilhante atuação que vem fazendo aqui nesta Casa, e especialmente a iniciativa de homenagear um grande companheiro, um grande...

Um símbolo do Partido dos Trabalhadores, pela história que já foi apresentada aqui e até por aquilo que eu também acompanhei, vereador Senival Moura. Até pelos movimentos daquela época. Eu, que vinha por um outro segmento, mas acompanhei bastante, por diversas oportunidades, a atuação lá na Câmara Municipal de São Paulo.

Então, por tudo isso, a homenagem que é feita ao querido Henrique Pacheco, este Colar de Honra, é uma homenagem que representa a história de luta de todos aqueles que fizeram muito pelo Partido dos Trabalhadores, e você é exemplo para todos nós.

Então, esta é a homenagem que quero deixar aqui a você. E também parabenizar aos demais companheiros - o deputado Jorge e os outros deputados, são tantos aqui que não dá para denominar todos eles, que são muitos, se não vou tomar muito tempo de vocês.

Mas diria que o deputado Jorge, e todos os companheiros, fizeram aquilo que é fundamental e muito importante para todos nós, todos os militantes do Partido dos Trabalhadores.

Parabéns, sucesso. Que Deus continue sempre te iluminando para continuar contribuindo ainda mais, com a sua história, para o Partido dos Trabalhadores.

Sucesso, Henrique, que Deus esteja sempre contigo.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Obrigado, vereador. Vamos ouvir agora Donizete Fernandes, representando o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra da Zona Oeste e Noroeste e também da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo. (Palmas.)

 

O SR. DONIZETE FERNANDES - Boa noite a todos e todas.

 

TODOS - Boa noite.

 

O SR. DONIZETE FERNANDES - Quero cumprimentar o deputado estadual Jorge do Carmo, de quem fomos colegas, amigos na Câmara Municipal de São Paulo, no mandato do nosso querido Henrique. Cumprimentar todos os deputados aqui presentes, os deputados federais, estaduais e as lideranças dos nossos movimentos populares.

A saudação aqui, pessoal, é bem rápida, mas ela tem uma forte emoção, da gente chegar aqui na Assembleia Legislativa, depois de 1986, que foi a fundação do Movimento de Moradia lá do Jaraguá, e a gente encontrar companheiros nossos daquela época, que formaram a primeira coordenação do nosso movimento: a companheira Elenice; a companheira Marinalva, que está aqui presente; o pessoal nosso das ocupações lá do Jardim Paquetá, o Esperidião e o Zeca, que estão aqui presentes.

E depois dele vieram outros companheiros. Se eu esqueci de alguém, depois vocês puxam a minha orelha aqui fora. Mas assim, Henrique, o Movimento de Moradia da Zona Oeste e Noroeste que você criou em 1986 continua na luta, fazendo moradia por autogestão. Esse é o nosso papel, do Movimento de Moradia da Zona Oeste e Noroeste. (Palmas.)

Junto da HD e do Anjo da Paz, nós estamos fazendo o maior conjunto habitacional por autogestão. Mil cento e quatro apartamentos no Jaraguá, onde você lutou tanto, lá no Jardim Ipanema.

E nós estamos cá, nossa proposta... nossa proposta hoje não é construir moradia, é construir as pessoas que vão morar nessas moradias, porque muita gente pega a ideia da luta por moradia e vem fazer demagogia política.

Moradia para todos; mas construir as pessoas que vão morar nessas moradias, isso é o que você nos ensinou. Então, nosso movimento continua na luta, e queremos você sempre presente lá na Barra Funda.

Muito obrigado por você ter ensinado os movimentos de moradia de São Paulo a lutar pela moradia. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Vamos ouvir agora a Sueli de Almeida Machado, representando o Movimento de Defesa do Favelado. (Palmas.)

 

A SRA. SUELI DE ALMEIDA MACHADO - Boa noite. Eu quero cumprimentar a Mesa em você, Jorge do Carmo, e todos os coautores desta homenagem ao Henrique Pacheco, esta honrosa homenagem ao Henrique Pacheco.

O MDF está aqui, Henrique, muito feliz, porque você é companheiro, não é? E a gente está aqui para testemunhar, para celebrar a sua vida, que se misturou à vida das favelas e à vida dos favelados.

O MDF é criado, fundado pelo Patrick Clark, o padre Patrick Clark, como falou aqui no histórico. Hoje ele era para estar aqui, não era para eu estar falando. Era para o Patrick estar aqui, para a Irmã Iracema estar aqui, mas nós não conseguimos trazer por problemas de saúde.

Mas a gente está aqui para dizer que você nos apoiou nas grandes lutas das favelas: na taxa mínima de água e luz, na posse da terra, na urbanização de favelas, nos movimentos...

Você tirou o MDF da Vila Alpina e fomos para os Movimentos Nacionais, não é, do MDF. E criamos, juntos, também, a União dos Movimentos de Moradia.

E a gente lembra também nesse percurso do MUF, do Movimento Unificado de Favelas, com tantos companheiros que deram a vida nesse percurso. Lembro de Miguel, do Heliópolis; Chica; Gersino; de tantos e tantas, de tantos e tantas que fizeram a história acontecer.

E a gente fazia história com briga; a gente lutava e brigava. E, como o Paulo Freire fala, a briga faz parte. É da natureza nossa. E você também falava: “O MDF briga, mas mobiliza, ele tem trabalho de base”.

E a gente quer, neste momento, Henrique, nesse caminho histórico e simbólico que a gente caminhou e continua caminhando, como disse o Donizete: “O MDF continua, com tantas dificuldades, um pouco menos hoje, mas nós continuamos na transparência, na caminhada com o povo das favelas”.

E neste momento a gente quer trazer, apresentar a casa. Trazer os companheiros aqui que representam a equipe central: a Maria Auxiliadora, que nela a gente traz presente o Antônio Caetano, que em tantas reuniões, tantas assembleias, foi com você.

E é desta casa que a nossa luta primeira hoje é largada, com a casa comum que o Papa traz, o Papa Francisco. Então, a gente traz aqui os símbolos da caminhada que você ajudou a gente a reforçar, você ajudou a gente a fortalecer essa caminhada das favelas em São Paulo, no Brasil. (Palmas.)

O MDF, neste momento, vai entregar o pão. O pão que representa a partilha. O pão que representa, Henrique, as cooperativas de pão. Lembra, Henrique? Cada eleição o Henrique vinha com as cooperativas, e chegava atrasado ainda, era uma hora e a gente esperando o Henrique.

Então, esse pão partilhado, esse pão amassado, esse pão em forma de poesia, a gente traz para você, Henrique, como símbolo do MDF, que é amizade, que é partilha, que é luta. (Palmas.)

 

TODOS - “Nossos direitos vêm, nossos direitos vêm. Se não vierem nossos direitos, o Brasil perde também”.

 

A SRA. SUELI DE ALMEIDA MACHADO - “Nossos direitos vêm, nossos direitos vêm. Se não vierem nossos direitos, o Brasil perde também”. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Obrigado, Sueli. Vamos ouvir agora José Alves “Charlie Brown”, representando a Associação Unificadora de Loteamentos, Favelas e Assentamentos de São Paulo.

Enquanto ele se aproxima, eu gostaria de anunciar a presença de Gustavo Vidigal, assessor da Ceagesp; do Movimento Unido Zona Norte, Enísio Antônio Tomaz; e a ex-vereadora Lidia Correia. Sejam todos muito bem-vindos. Com a palavra. (Palmas.)

 

O SR. JOSÉ ALVES - Boa tarde, companheiros e companheiras. Boa tarde à Mesa presente aqui, todos os vereadores e deputados. Boa noite. Gostaria muito de falar em nome da Associação Unificadora a qual eu fui representante por dois mandatos, e nesse meio tempo, foi naquele momento que eu conheci o nosso - à época era nosso vereador - Henrique Pacheco.

Henrique Pacheco, estou te reencontrando aqui com imenso prazer. É a maior satisfação mesmo revê-lo aqui, perante a este convite tão inesperado que o nosso amigo e companheiro, deputado Dr. Jorge, passou para mim, e disse: “Eu faço questão que você esteja presente”.

E dizer a ti, Henrique Pacheco, que aquela Associação De Moradores Do Jardim Recanto Das Rosas, representada pela Associação Unificadora, tem tudo a ver com a sua pessoa, que deu aquela luz, representando a nossa comunidade, a Associação Unificadora.

E também gostaria de deixar bem claro que aqui nós temos um companheiro que faz parte, fez parte e continua fazendo parte até hoje: a Euza, foi secretária da nossa comunidade; o seu Raimundo, da Vila Roseira; e a Zéfinha. Companheiros que estão lado a lado lá conosco hoje, e muitos outros companheiros que fazem parte da Associação Unificadora de Loteamentos, Favelas e Assentamentos de São Paulo.

Então, quero deixar meu abraço e dizer que se todos aqueles loteamentos dos quais fizemos parte, Jardim Recanto das Rosas, Vila Roseira, Jardim Souza Ramos...

Você conhece, Dr. Jorge, esse loteamento que eu acabei de falar? Esses são os que foram engajados na Associação Unificadora naquela época. E o Jardim São Paulo. E o Vila União, em São Mateus. Na época, só entraram cinco loteamentos.

Depois, nós conquistamos 100 loteamentos, 100 associações de bairro, onde nós íamos discutir na Pastoral do Belém. E lá nós juntávamos todos esses loteamentos presentes para discutir os projetos que estavam sendo representados pelo deputado, hoje, mas naquela época era o vereador Henrique Pacheco.

Deixo meu abraço a todos os representantes da Unificadora e ao Henrique Pacheco.

Muito obrigado a todos. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Obrigado, “Charlie Brown”. Gostaria de ouvir Evaniza Rodrigues, do Movimento Sem Terra Leste 1 e da União dos Movimentos de Moradia de São Paulo. Suas breves palavras, sua saudação.

 

A SRA. EVANIZA RODRIGUES - Boa noite, companheirada. Companheirada de luta dos movimentos populares, companheirada de luta do Parlamento, que também é uma frente de batalha e de luta que a gente tem aqui. Gente, eu não podia estar mais contente de estar fazendo esta homenagem para o Henrique, porque eu vou contar para vocês o seguinte.

O que o Henrique foi construindo, ao longo desse tempo todo, foi justamente com imensa generosidade, construindo um espaço para que muita gente crescesse. Muita gente que começava no movimento recebia uma mão para virar liderança, para enfrentar novas batalhas.

E essa contribuição a gente vê hoje aqui. Quanta gente já passou falando dessas lutas, dessas coisas que aconteceram. Mas, principalmente, como a forma de fazer política que o Henrique ensinou para a gente é uma forma que até hoje faz diferença.

Com o Henrique, a gente aprendeu que política a gente faz com alegria, com brilho no olho, com vontade de fazer coisa nova, com generosidade, com espaço aberto. Com a ética, que é o olho no olho, que aquilo que a gente conversava estava valendo. E essa forma de fazer política é aquela que a gente carrega até hoje, Henrique. É assim que a gente acredita e continua a militância.

O Henrique não era um advogado, ou depois um vereador, ou um deputado, que vinha no movimento. Ele era um membro das lutas do movimento, que caminhava com a gente e estava lá naquele espaço. E por isso ele esteve presente nos principais momentos das lutas. Ajudou a carregar o carrinho de assinaturas do Fundo Nacional de Moradia, lá em Brasília.

No primeiro cheque do Mutirão que a Lucimara citou; nas lutas, como a Sueli já falou, para a concessão do direito real de uso na Câmara; nas lutas do Governo do Estado; nas passeatas que a gente fazia; nas ocupações que a gente. Às vezes, tinha que: “Pelo amor de Deus, corre aqui para salvar, que a coisa está pegando”. Nas vezes em que eu fui detida em ocupação, advinha quem foi depois lá, resolver para nós.

Então, gente, essa forma... eu acho que ela mostra para a gente que quanto a gente tem ainda, caminhando, com tudo o que o Henrique trouxe para a gente. A união de Movimentos de Moradia também foi um dos tijolos que o Henrique colocou nessa história.

Em 1987, a União foi construída justamente com essa forma de buscar, um por um, buscando cada região da cidade, cada movimento, para a gente formar essa organização que existe até hoje.

E mesmo quem não teve a oportunidade e a alegria de naquela época caminhar com o Henrique, saiba que é herdeiro dessa luta, é herdeiro desse coração enorme que é o Henrique Pacheco, que a gente tem muita gratidão, eterna gratidão, por estar com a gente.

Obrigada, Henrique.

Valeu. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Gostaria de convidar à esta tribuna o deputado federal Alfredinho. (Palmas.)

 

O SR. ALFREDINHO - Boa noite a todas e todos. Quero... Como é uma fala rápida, não vou citar a todos os membros da Mesa, mas saudar o, lógico, homenageado de hoje, Henrique Pacheco. Dr. Jorge, pela iniciativa brilhante, junto a todos os deputados que assinaram esta homenagem, e a todos nós que estamos aqui.

Bem, falando rápido, eu vejo a história do Henrique e de muitos companheiros que estão aqui - estou vendo aqui o Devanir, que é um companheiro que tem uma história muito bonita -, e fico pensando: “Poxa, como foi importante a gente criar o PT”. Porque, às vezes, a gente faz as coisas e o tempo vai passando, vai passando, e a gente não olha para trás, pro que a gente fez.

E a gente fez muita coisa neste País. Lideranças como o Henrique, que tem uma história tão bonita dessas, de uma construção de luta em prol daqueles que mais precisam, dos trabalhadores e trabalhadoras sem casa, sem teto, sem ter onde morar, ou seja, sem nada.

Porque não é só não ter sua casa, têm outras coisas que também se precisa ter, que faz com que tudo que a gente construiu e fez valha a pena. Porque às vezes eu estou lá em Brasília e vejo uns moleques desses, lá, que são deputados, subirem à tribuna, e que se sentem.

E a gente vai olhar e vai pesquisar a história desses moleques, e não tem nada de nada. A única coisa que tem é que apareceu na rede social com “fake news”, e tá lá se sentindo como se fosse o dono do mundo.

E aí a gente pensa: “Poxa vida. A história do PT, o que a gente fez, como foi difícil construir esse partido”. E não existe um partido neste País que tenha uma história tão bonita como a do PT.

Por isso, Henrique, o PT é esse partido que é, por pessoas como você, que ajudaram a construir todos nós aqui. E esta homenagem é muito bonita e muito justa. E uma homenagem feita em vida, porque homenagem quando a gente morre é importante, mas a mais importante é feita em vida. Esta é a mais importante. (Palmas.)

Portanto, meus companheiros e companheiras, a gente está fazendo esta homenagem aqui, mas eu quero dizer para vocês que a gente tem muita luta por fazer, e a gente precisa dar sustentação ao governo Lula, porque não está fácil.

O governo tem entregado e já entregou muita coisa. Às vezes vejo as pesquisas: “Caiu três pontos, caiu dois”. Enfim, eu não entendo como é que cai, porque o governo, com menos de dois anos, toda, quase toda semana faz uma entrega. A economia subindo mais do que se projetava. Como é que pode?

Lógico que é diferente de outras épocas, eu sei que está mais radicalizado, tudo. Mas... Dava para estar melhor avaliado, sim. Então, nós estamos falhando em alguma coisa. Quando eu digo “nós”, é nós todos. Talvez o governo, na forma de se comunicar; talvez nós, na forma de conversar com o povo.

E temos que estar preparados para uma luta que nós vamos ter que enfrentar, que é, talvez, ia para a rua, defender este governo, enfrentar esses bolsonaristas, porque lá na câmara a gente enfrenta, mas o bom é enfrentá-los na rua. É na rua que vamos derrotar todos eles para manter este governo em pé, e a gente continuar nosso projeto.

Muito obrigado. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Muito obrigado, deputado Alfredinho. Neste momento, eu convido o Dr. Miguel Reis Afonso para fazer a entrega de uma placa em homenagem a Henrique Pacheco, que vai ser oferecida pela Associação em Defesa da Moradia, a ADM. Eu gostaria que o senhor se posicionasse à frente por causa da fotografia, na sequência a fala. Aqui à frente, por favor, Henrique.

Enquanto eles se posicionam para a fotografia aqui, à frente da Mesa Diretora, vamos ouvir as palavras do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dr. José Antonio Dias Toffoli.

 

* * *

 

  - É exibido o vídeo.

 

* * *

 

  - É entregue a homenagem.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Convido Miguel Reis Afonso para utilizar a tribuna.

 

O SR. MIGUEL REIS AFONSO - Boa noite, pessoal. Este dia para mim, pessoalmente, e para os demais membros da ADM, da Associação em Defesa da Moradia, e do Centro 22 de Agosto, é muito importante. Para mim, é duplamente importante, primeiro porque o Henrique...

Muitos me antecederam e relataram da importância dele para as lutas democráticas e para as lutas do País ao longo dos últimos 50 anos. Isso é muito importante, porque nós sempre trabalhamos com as pessoas invisíveis. A ADM, o 22 de Agosto. E aqui...

Mas é importante para mim por um segundo motivo, porque me escolheram para entregar uma homenagem para o Henrique. Eu estava conversando com ele que a gente vai fazer bodas de ouro, porque eu entrei na faculdade em 1978, com 20 anos, e logo, nos primeiros três meses, já conheci o Henrique, já comecei a militar no Centro Acadêmico. Mas não é só com o Henrique que vou fazer bodas de ouro.

Eu queria saudar o Sampaio, que fez a fala aqui. O Maurício Augusto Gomes, grande amigo de cinco anos de faculdade. Ficamos lá, enrolando. Wagner Balera, que trabalhou... Conheci ele no 22 de Agosto, e depois como professor da Faculdade da PUC.

O Ernesto Tzirulnik, que está aqui. A Vânia. A Graça, esposa do Heitor. O meu presidente na época, Bruno Blecher. Eu entrei, ele era presidente do 22 de Agosto, e aí a gente fez essa relação muito importante. O Paulo Eleutério e o Gabriel.

São pessoas que eu conheço há muitos anos, e a gente sempre com a identidade de propósitos. Sempre. Nunca arredaram um pé dessas pessoas aqui. E outros tantos que eu não consegui identificar aqui, mas, se estiverem aqui, desculpem-me. Mas são pessoas importantes para mim e importantes para a luta. E importantes, também, para toda essa forma de entender o que é o direito.

A segunda geração, que é a da ADM - e aí tem o Hildo, o Edilson, a Gláucia, o Álvaro e o Lotufo, que também estão aqui -, são pessoas que, também, vieram para a ADM, desenvolveram um trabalho. E todos eles, eu tenho certeza - essa lista toda que eu li -, todos eles entenderam que você só aprende a advogar, só aprende o direito, na periferia.

Eu já falei isso em outras oportunidades. Um amigo nosso, Antônio Caetano; eu falei para ele: “Você me ensinou a advogar”. Era um morador da favela Vergueirinho. A Maria está aí.

Eu sempre gosto de registrar isso, porque o direito é o direito da rua, é o direito da periferia, da favela, da falta de água, da falta de luz. De todas as mazelas que ainda nós, depois de 50 anos, nós temos. E ainda persistimos nessa luta. Ou seja, buscar a defesa intransigente do pobre, como diria Dom Luciano.

Agora, eu também queria lembrar que tiveram pessoas que foram importantes para mim e que já não estão mais conosco. Laurindo, José Laurindo, começou com a gente na faculdade. (Palmas.)

O Zé Mentor, que foi deputado posteriormente, mas eu o conheci na discussão jurídica. (Palmas.) Ele ensinando os caminhos de como resolver determinadas questões. Então, isso é o importante. E aí, também, eu queria lembrar - e quem é da Alesp vai lembrar - do Oliveira, do Jorge da Juta, certo?

O Hildo, por exemplo, que é um grande companheiro. Então, eu queria registrar isso, porque é o seguinte, a importância dessa organização para as lutas populares. Foi aí que nós evitamos diversas ações de despejo, foi aí que nós evitamos as reintegrações de posse.

Quando a Leste... Eu, particularmente, na Leste, mas o Henrique na Oeste... Eles tinham um conflito fundiário muito grande, e a gente passava as noites discutindo isso. E a importância de isso acontecer...

É lógico, tem todo um conjunto de situações que nos levaram a isso, mas eu queria agradecer muito aos companheiros da ADM por terem me escolhido para poder fazer a entrega. E dar os parabéns para o Jorge e para os demais deputados.

O Jorge trabalhou comigo. Ele entrou lá, fez o curso de direito, ajudou a gente em muitas demandas. A gente tinha extremas demandas. E assim, eu só tenho... Eu, particularmente, só tenho a agradecer.

E assim, a gente tem outros desafios para serem enfrentados. As favelas continuam sendo despejadas, removidas. Existe... O aparato do Estado... Mesmo assim, o trabalho do Getúlio em uma favela que fica a 40 quilômetros aqui da Assembleia Legislativa, por que que querem tirar essa favela do lugar? Por quê? Sabe?

É o capital, é a forma que as pessoas entendem que... É preciso romper com esse estado de coisas, e nós estamos trabalhando ainda, com o MDF, com a ADM, voluntariamente fazendo as coisas.

Pessoal, muito obrigado pela atenção. Desculpa o tempo, que eu extrapolei. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Em tempo de ouvir as palavras do deputado Ítalo Cardoso, nesta noite representando o deputado estadual Luiz Fernando. Se preferirem falar da Mesa, fiquem à vontade, mas a tribuna está franqueada.

 

O SR. ÍTALO CARDOSO - Vou falar de costas para o Hildo, porque o Hildo é o VAR. Você passou de um minuto e ele começa a mostrar um papelzinho, então está todo mundo de costas. Boa noite. Boa noite para todos e todas. Eu quero parabenizar o Dr. Jorge do Carmo. Quero dizer da felicidade de estar hoje, nesta homenagem ao Henrique. E a fala das pessoas que me antecederam, já falaram do legado do Henrique, da história do Henrique, do quanto ele construiu.

Eu participei um pouco dessa história. Fui eleito em 1988, junto do Henrique e do Devanir. E era um grupo totalmente heterogêneo, vinha um de cada lado. O Henrique era o pé-de-barro; Devanir era o peão de São Bernardo; eu era o peão dos químicos de São Paulo, e nós fomos nos juntando.

E o Henrique conseguiu, no seu mandato de vereador, não só dar sustentação ao movimento, mas também impor ao governo da Erundina, o governo do PT, o debate da moradia de qualidade, que foi muito importante.

Então, este é um momento muito importante, e o deputado Luiz Fernando pediu que eu viesse aqui, hoje, o que me deixou muito honrado, porque eu já havia compromissado que estaria aqui, então estou duplamente compromissado aqui. Ele até estava lembrando das pessoas que estão no seu mandato hoje, e que vieram das histórias construídas nos mandatos e na história do Henrique Pacheco, que está aqui.

O Chiquinho, o Miguelzinho do Jaraguá, a Dona Helena - que já passou aqui -, a Sônia, O Givaldo. E assim é em todo momento que você vai. Não tem ninguém nesta cidade que militou, ou que milita na moradia, que não tenha tido uma relação com o Henrique.

Essa experiência que nós vivemos em 1988, o Suplicy já falou um pouco aqui... A discussão era tão acirrada na bancada que a gente tinha um subgrupo na bancada. Éramos o Henrique, o Devanir, o Arselino e eu, isso deu problema interno no PT. Porque era um da articulação, um do PPS, um da DS e um da igreja. E a gente discutia e resolvia muita coisa, pena que não acontece mais isso, hoje.

Então, esta homenagem que o Jorge faz aqui ao Henrique, à Vera, porque ninguém é grande sozinho. Não tem nenhum lugar que você vai que o Henrique está e a Vera não está junto, então esta homenagem acredito que é a ela, também.

E essa importância que o Alfredinho levantou aqui. A importância de homenagear, de lembrar e de enaltecer aqueles que estão entre nós, porque depois de morto não adianta.

E o nosso partido às vezes esquece um pouco de lembrar das pessoas que construíram, que, lá atrás, fizeram chegar até aqui. Então, este ato também, Jorge, é importante para lembrar isso, nós temos uma história. E tem muita gente que construiu essa história e que nem sempre é lembrada. Não é, Devanir? Mas é isso, gente. Parabéns, Henrique. Parabéns, Jorge do Carmo. Um abraço, deputado Luiz Fernando.

Ele pediu para dizer que estaria aqui hoje, mas está em Ribeirão Pires, está em campanha à prefeitura lá de São Bernardo do Campo. Hoje eu vi até o Pedro, aqui, que nem sabe quem é o Ítalo na fila do pão, mas lá atrás...

E um detalhe que eu ia falar do Henrique. Ele sempre fez a luta com tanta alegria que ele tinha uma sanfona, que sempre que ele podia... Quem não deve lembrar da sanfona do Henrique? E que ainda tem.

Então é isso. É política, com a sua dureza, mas com muita alegria.

Um abraço. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Em tempo de convidar a esta tribuna o deputado Simão Pedro.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - Boa noite, pessoal. Que alegria, o Henrique consegue juntar tanta gente boa. (Palmas.) Queria cumprimentar o Henrique Pacheco, parabenizá-lo por esta justa homenagem que ele está recebendo aqui do Parlamento paulista, do qual ele fez parte.

Queria cumprimentar o deputado Jorge do Carmo, que foi o idealizador, o proponente desta homenagem, e generosamente também permitiu que o Suplicy, outros deputados e eu pudéssemos nos somar a ela, porque o Henrique é uma pessoa que eu diria assim... O Henrique é uma espécie de unanimidade, porque ele reúne tanto carinho, tanto respeito.

Então, parabéns, Jorge. E o Jorge fala do Henrique na nossa bancada, fala de quando ele foi chefe de gabinete. Fala sempre, viu, Henrique, do teu legado aqui, da tua experiência.

Eu queria cumprimentar o nosso grande Jorge aqui, esse querido Jorge. Até parabenizei o Jorge do Carmo por trazer o Jorge Machado aqui, para ser o Mestre de Cerimônias. Sueli, Donizete Vero, Charlie Brown, Evaniza, Raimundo Bonfim, o Nabil, Miguel. Devanir Ribeiro.

Dito Barbosa, que estou vendo lá em cima. Lucimara, tanta gente boa. O pessoal da Leste 1, que bom que vocês estão aqui. O deputado Alfredinho. Jason, gente boa. Senival, que bom estar aqui. Ítalo.

Pessoal, o Alfredinho falou uma coisa aqui que eu estava pensando em falar. O Ítalo também se referiu a isso. Mas o Henrique é daquelas lideranças autênticas, que começou lá embaixo, não é, a adquirir consciência na luta popular, movimento estudantil, na igreja, no bairro, não é, Vera? E está ali construindo tanta coisa, enfrentando tantos problemas, não é?

Conseguiu... A luta pelo fim da ditadura, a luta para construir a democracia, vem para o Parlamento. Não é fácil, no nosso caso, conseguir os votos para entrar aqui no Parlamento, é uma luta muito difícil, não é. E hoje a gente vê uma série de “pseudolíderes”, não é, que se dizem representantes do povo, banalizar o Parlamento, banalizar os espaços da política.

Então, assim, uma tristeza. Mas o Henrique é dessas lideranças que, como falou a Evaniza aqui, ajudou a formar tanta gente. Então, Henrique, na habitação...

Eu não cheguei a pegar você aqui na Assembleia - eu era assessor do Paulo, foi naquele período de saída -, mas sei do seu legado aqui, na área da habitação, na área da cultura. Mas o legado mais importante é isso o que a gente viu aqui.

São as moradias legalizadas, os bairros urbanizados, os mutirões construídos. Ou seja, a dignidade para tanta gente que precisa, às vezes, da ação do Estado. Então, você representa tudo isso.

E hoje o Henrique continua sendo essa pessoa maravilhosa, que quando a gente precisa ir lá no Mercadão levar alguém, pedir uma opinião: “Como é que está a situação dos comerciantes lá no Salada Paulistana do Mercadão?”, ele está sempre lá para nos receber para falar do Adoniran Barbosa, para falar dos problemas do centro. É assim que eu sempre reencontro o Henrique.

Vera, Pedro, Ana Clara, parabéns pelo companheiro, pelo pai, pelo sogro que vocês têm. Henrique, queria lhe desejar muita saúde, para você continuar firme na luta conosco. Quero desejar-lhe muita felicidade e sucesso nos teus empreendimentos, que eu sei que você ainda tem tanta lenha para queimar com a gente, não é.

Pessoal, parabéns pelo querido Henrique Pacheco.

Viva o Henrique Pacheco. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Gostaria de convidar para falar o Jason Renan Silva, nesta noite representando o deputado estadual Teonilio Barba. (Palmas.)

Rogamos brevidade nas palavras, porque ainda vamos ouvir o proponente desta sessão, Dr. Jorge do Carmo, e o agraciado.

Por favor.

 

O SR. JASON RENAN SILVA - Boa noite. Boa noite, companheiros e companheiras. Eu estou aqui na dura missão de representar o deputado Teonilio Barba. Não pode estar aqui presente, mas deixou um abraço, Henrique, para você.

E queria agradecer a oportunidade aqui, do Dr. Jorge, Simão Pedro, o próprio deputado Barba, Enio Tatto, Luiz Claudio Marcolino, que estão, conjuntamente, por iniciativa do deputado Jorge do Carmo, concedendo esta justa homenagem ao Henrique Pacheco.

Muito me emociona estar aqui. Há uns 15, 20 dias, eu tive a oportunidade de almoçar com o Henrique lá no Mercado Municipal, ele tendo que trabalhar, e eu ansioso para escutar às histórias e todo o histórico de militância dele.

Mal sabia eu que a minha trajetória familiar já tinha cruzado com o Henrique há muitos anos, antes mesmo de eu nascer, por conta da relação dele com a minha avó, Chica da Silva, a quem eu também trago um abraço para você, Henrique.

E fiquei emocionado com um pessoal do MUF, porque eu acho que a história do Henrique é a história de todos nós. Todos nós, militantes, todos nós que acreditamos em um mundo melhor, em uma sociedade melhor...

E que, se lá atrás, o Henrique, o Devanir e tantos outros companheiros e companheiras - minha avó, Chica da Silva -, tiveram que fazer a luta contra a ditadura, nós estamos fazendo a luta contra a ignorância que volta a nos assolar. A ameaça de golpe, a ameaça de retrocesso do Estado Democrático de Direito, porque a gente derrotou o Bolsonaro, mas não derrotou o bolsonarismo.

Então, é importante a gente se manter firme na luta, e é importante ver que a gente vai ter aqui, sempre ao nosso lado, militantes como Henrique Pacheco, porque esta homenagem não é só para o Henrique, como ele mesmo disse aqui no vídeo, é sobre todos nós, é sobre a nossa história, e é sobre a democracia.

Homenagear Henrique Pacheco hoje é fortalecer a democracia brasileira; homenagear Henrique Pacheco hoje é dizer não ao autoritarismo; homenagear o Henrique Pacheco hoje é a gente continuar acreditando nos nossos sonhos.

Eu vou só ler uma faixa ali, se não vou apanhar do pessoal, dos meus companheiros do Movimento de Moradia da Zona Oeste e Noroeste. Eles estão ali, Henrique, segurando uma faixa que diz o seguinte: “O Movimento de Moradia da Zona Oeste e Noroeste expressa gratidão a você, Henrique Pacheco, pela sua trajetória humana e política, na busca de uma sociedade mais justa”. Levanta a faixa, aí.

E termino aqui dizendo que nós precisamos nos manter firmes na luta.

Salve Henrique Pacheco, salve “perifa”, salve Movimento de Moradia, salve aos trabalhadores e trabalhadoras. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Muito obrigado, Jason. Agora com a palavra o proponente desta sessão, deputado Jorge do Carmo.

 

O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Boa noite a todas, boa noite a todos. Agradecer a Deus por esta oportunidade, cumprimentar a cada uma e cada um que está aqui. Cumprimentar a minha esposa Sandra, que está aqui junto de mim. Cumprimentar a Vera, esposa do nosso querido Henrique Pacheco, seus familiares.

Cumprimentar os parlamentares presentes aqui: Alfredinho; Ítalo Cardoso; Senival Moura, nosso líder da bancada na Câmara Municipal; meu colega de bancada, Simão Pedro; e os outros colegas que também estão propondo, junto do Luiz Fernando; junto do deputado Barba, representado aqui pelo Jason.

Ítalo Cardoso, representando o Luiz Fernando; e todas as pessoas dos movimentos sociais. Está aqui o Nabil, nosso sempre vereador, está aqui o Devanir Ribeiro, nosso sempre vereador e deputado. E quero cumprimentar de forma carinhosa cada um de vocês.

Henrique, dado o adiantar da hora, eu queria falar tantas coisas - na verdade, eu até queria escrever algumas coisas -, mas eu vou resumir aqui e lembrar de algumas coisas que nós fizemos juntos.

Eu queria lembrar você e a todos vocês, quando eu conheci o Henrique, eu estava começando a minha militância, lá na década de 90, e o Henrique me ensinou a lutar pela moradia, pela regularização, pela qualidade de vida.

E nós fizemos tantas coisas juntos. Lutamos, através da Eletropovo, quando a Eletropaulo não colocava energia elétrica; o povo se organizava e fazia, e foi você quem nos ensinou. Lutamos pelas cooperativas, pão e leite mais barato, lutamos tanto pelo alimento, para trazer do interior, fazer o campo-cidade. Foi você quem nos ensinou.

Lutamos, fizemos o Grito dos Bairros, você se lembra? O Grito dos Bairros, na época da década de 90, quando prefeitos autoritários daqui de São Paulo, a gente organizava junto...

Você nos orientava, organizava a comunidade para a gente fazer o grito dos bairros em defesa da melhoria e da qualidade de vida. Lutamos tanto na Sabesp, na Eletropaulo. Lutamos nas subprefeituras, nas administrações regionais.

E um dia, Henrique, você falou para mim. Eu nunca vou esquecer isso, e outro dia falei isso para você. O Henrique, me vendo ali, todo me esforçando para aprender com ele, que foi meu professor...

E um dia o Henrique falou para mim: “Vai estudar. Vai estudar, porque você pode ser um grande advogado”. Eu não sou um grande advogado, sou advogado mediano. Mas eu estudei, e, a partir dessa orientação que você me deu, eu tenho certeza de que as portas do mundo se abriram para oportunidade.

Então, eu aprendi muito com você, e tenho muito orgulho e muita gratidão por tudo que você fez, ajudou e nos orientou. As pessoas que já falaram aqui já nos... Sabe, já nos trouxeram essa retrospectiva.

Eu queria dizer para você que você nos ensinou a fazer e lutar por moradia com cidadania. Até hoje eu uso esse lema, porque ter moradia - e já foi falado aqui, dos Mutirões - é uma coisa. Ter moradia com cidadania é ter moradia e a infraestrutura. A água, a luz, a educação, a cultura, a saúde. A gente...

Quantas vezes nós fomos para a praia nas excursões que você nos orientava a trazer cultura... O Henrique dizia assim: “O trabalhador acorda de manhã, e ele vai, pega o ônibus. Quando chega lá no ponto do ônibus, não tem ônibus. Ele nem sabe que tem greve, porque ele não lê, ele não tem oportunidade.

“Aí ele vai trabalhar, fica o dia inteiro lá, quando chega a noite come um pratão de comida e vai dormir. No outro dia, a mesma coisa. Então, não tem cultura, não tem lazer, não tem oportunidade, não tem condições de estudar”.

Por isso, você nos orientou muito, nos ensinou muito. E eu tenho orgulho, orgulho de poder ter proporcionado, junto dos meus colegas, esta justa homenagem, que é a entrega deste Colar de Honra ao Mérito Legislativo a você, que foi vereador nesta cidade, que foi deputado.

E eu tive a alegria de aprender muito com você, de te assessorar quando eu comecei aquela luta, lá na década de 90, junto de muitos colegas e muitas colegas aqui, que eu gostaria de falar o nome de todos, mas não vou falar, porque todos estão muito bem honrosos de estar com você. Que Deus te abençoe, que dê muita luz, muita sabedoria para você continuar ensinando, como você me ensinou, e certamente ensinou a tanta gente que está neste Plenário aqui hoje, está bom?

Beijo no seu coração.

Que Deus abençoe você. (Palmas.)

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - O mais esperado, o ponto alto desta noite. Eu convido os parlamentares, tanto o autor quanto os coautores da proposta de outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo de São Paulo para Henrique Pacheco, a se posicionarem aqui à frente, à Mesa Diretora, por conta das fotografias.

Tenham a bondade, por favor.

 

* * *

 

- É feita a outorga do Colar de Honra ao Mérito Legislativo do Estado de São Paulo.

 

* * *

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Convidamos todos a retornarem ao dispositivo. E, neste momento, vamos abrir a fala ao nosso homenageado da noite, a fala mais esperada desta noite, com o deputado Henrique Pacheco. (Palmas.)

 

O SR. HENRIQUE SAMPAIO PACHECO - Bom, meus amigos, minhas amigas. (Palmas.) Então, eu queria, antes de começar a fazer as homenagens aqui, aos meus colegas, dizer o seguinte: Eu fiquei muito feliz em ter recebido esta honraria. Não faz parte da minha história pessoal. Então, eu não sou avesso nem combato, mas assim... Eu fiquei, assim, surpreso e muito feliz de ter sido lembrado.

Faz muito tempo que eu já deixei a assembleia, deixei a câmara, mas não perdi o coração nem minhas ideias. Fico feliz quando eu vou a um bairro e encontro as pessoas na fila, e a pessoa bate no meu ombro e fala: “Dr. Henrique”, ou, “Seu Henrique, o senhor vai ser candidato?”. Eu falo: “Não”. “Minha mãe sempre votou no senhor, meu pai, meu tio. O senhor precisa voltar”. Então, esta é a melhor homenagem que a gente pode receber.

Mas eu queria dizer para vocês, para depois entrar no discurso, e vai ser curto, o seguinte. Quando eu recebi esta homenagem... Esta sugestão, do Jorge.

O Jorge trabalhou comigo e já contou um pouco da história, não quero ser redundante, mas eu falei: “Jorge, para mim esta homenagem não é uma homenagem para o Henrique. Eu aceito de muito bom grado, fico feliz, mas eu gostaria que esta homenagem se chamasse ‘A história que construímos juntos’”.

Então, é cada um de vocês, cada um que está aqui, não só eu. (Palmas.) Este colar, eu gostaria de reproduzi-lo em série, e que todos vocês pudessem sair daqui, hoje, com um colar semelhante a este. (Palmas.)

Tudo que eu fui citado, tudo que me foi... Recebi tantos elogios, é fruto de uma luta feita de maneira conjunta. Nada foi feito separado, nada foi individual.

Então, meus amigos, quando alguém começou a citar nome de uma pessoa da zona leste, de um bairro lá no fundão da leste, do fundão da zona sul, da zona norte, de toda parte, aqui, a gente viu - a Casa ainda estava mais cheia - a presença de gente de lugares tão distantes, de bairros tão distantes que vieram aqui, para minha alegria, participar desta atividade.

Ninguém veio carregado, ninguém veio com ônibus pago, ninguém veio com Uber pago. Cada um veio com seu próprio coração e com as suas próprias pernas.

Isso é uma coisa que demonstra que as pessoas se sentem parte desta homenagem. É isso que eu queria repartir com você. Esta noite é a noite daquilo que eu quero dizer. A história que construímos juntos, amassando barro, enfrentando todas as questões, mas todo mundo junto.

Eu lembro, aqui... eu vou olhando as pessoas e meu coração vai ficando apertado, mas nós vamos... Eu vou dar conta...

Eu brinquei que o Hildo estava parecendo aquele quarto árbitro, que fica ao lado, na beirada do campo, com as plaquinhas, avisando do tempo. Então, Hildo, quando eu estiver ultrapassando, você de longe... Eu já vou receber. Bom, mas vejam só.

Então, eu quero agradecer de coração ao Jorge pela lembrança, pela oportunidade, por ter sido generoso e me oferecer esta comenda... Oferecer este Colar. Eu agradeço aos deputados Barba, Teonilio Barba, que eu tenho aprendido, ao longo do tempo, a conhecer e a admirar a sua luta; ao Simão Pedro, também um grande companheiro de lutas antigas, da luta da moradia, da questão do alimento, que também me honra muito.

Ao Luiz Claudio, que me encontrei com ele um pouco antes, que está em um evento do sindicato da área bancária e tal, que ele é a figura central lá. Então ele está sendo homenageado, participando da atividade. E ele não pode ficar aqui, porque está lá, mas veio nos trazer o abraço.

Ao Enio Tatto, que não está aqui, mas a quem eu rendo, também, as homenagens; ao Paulo Fiorilo, que é o líder da bancada, que já esteve conosco, também, um pouco antes; ao Eduardo Suplicy, que não só trouxe o seu brilho, como teve a generosidade de cantar, de abrilhantar esta noite.

Ao Luiz Fernando, que não pode vir, ele me fez a gentileza de duplamente me homenagear, mandou aqui Ítalo Cardoso - eu era o pé-de-barro, o Devanir era o líder da fábrica, o ferramenteiro, João-ferrador.

Mas agora eu vou brincar, aqui, entregar o ouro. O Ítalo Cardoso era o pé-de-valsa. Havia um Salão de Baile - Vila Sofia, lembra? Estou mentindo ou estou contando a verdade? Você sabe disso. Então, a gente brincava com isso. Vou parar por aqui. Mas Alfredinho, que está aqui, companheiro também, um lutador das lutas sindicais, já no seu segundo mandato e fazendo uma atividade brilhante.

Dheison, acertei o nome? Você tem um nome difícil. Mas a sua avó, a Chica... a Chica tinha uns cabelos grandes, “black power” para a época. Você lembra? Está ali meu companheiro de MUF. Então, o Dito. Você lembra dela, Dito, das nossas caminhadas?

A Chica tinha um corpo, umas pernas gordas, assim. Não que ela fosse gorda, mas ela, a compleição física dela era assim. E ela vinha para as lutas com uma garra. O dia em que eu a conheci, e eu falei para ele: “Eu conheci... Fui muito lutador ao lado da sua avó”. E tenho muitas boas lembranças junto ao Dito e ao pessoal da Sueli, que está aqui, da nossa caminhada pelo MDF e pelo MUF. A Chica deixou uma história.

O Genival Moura, que é o líder dos vereadores do PT aqui em São Paulo. Eu fui, durante três mandatos, vereador. Se tem uma coisa que eu gostei sempre de ser, foi vereador. A cidade de São Paulo é o nosso coração.

Eu vim para esta Casa, fui deputado com muita honra, gostei demais, mas aqui é uma Casa diferente. A Câmara é a pulsa viva, sabe? Se dá uma chuva, repercute lá. Se dá uma briga, acontece lá. Tudo acontece na cidade de São Paulo, e o vereador é chamado a vir aqui.

Então, você que está por lá, ótimas lembranças daquela Casa, e aqui, muitos de nós estivemos por lá. E eu queria, dentro desta minha... Permitam-me algumas saudações. Eu quero agradecer ao Álvaro Manzano, está aqui. Nosso... Vejam só como...

Eu ia começar dizendo o seguinte, todos eles falaram que eu ensinei, e todos hoje me superam. Todos vieram aqui e fizeram excelentes discursos. A Evaniza, eu quase chorei, entende?

Então, eu brinco que é a criatura superando o criador, não é verdade? Então, todos eles falando muito mais, e sobrou muito pouco para esse modesto vereador pé-de-barro, entendeu?

Mas eu quero dizer do Álvaro, veja só. Hoje ele é procurador da República no Tocantins e está aqui. Para meu orgulho, para a minha alegria, foi estagiário. Eu digo, ele foi nosso estagiário. O Toffoli, que apareceu, que é ministro do Supremo, foi nosso estagiário.

A Gláucia, que é juíza em Brasília, juíza lá em Brasilândia - nunca acerto esse nome, mas é isso -, mas a Gláucia, uma companheira histórica nossa. Jovem, talentosa, que eu brinco que ela começou vendendo, olha... Para poder pagar a faculdade vendia brigadeiro lá na PUC. Entende? Mas teve sempre uma luta com a gente e era nossa companheira dentro das nossas lutas da ADM. (Palmas.)

Eu vi a Simone por aqui, não vi o Falcão, mas são... Na pessoa deles. Está lá o Falcão. Eu quero dizer do meu compromisso, da minha alegria de tê-los como seguidores do trabalho que nós, lá atrás, iniciamos. Então, vocês são um resultado, uma continuidade, que nos orgulha muito. Fico muito feliz de tê-los aqui conosco.

Nabil Bonduki, foi vereador. É uma figura muito querida nossa. Um dos técnicos mais especializados na questão da moradia, e que nós torçamos para que ele volte ao parlamento municipal, para que ele possa contribuir com a sua experiência, com a sua dedicação, com a sua luta.

Lídia Correia, que nos deu a alegria, que foi vereadora junto de mim lá na região de Pirituba, hoje é do Brasil, não é. Mas que nos trouxe a alegria de estar presente. E eu vejo naquela bancada ali, figuras expressivas da minha história na PUC. Eu ia começar o discurso de um jeito e saí...

Comecei pelo fim, estou virando do avesso, mas a emoção é que nos prejudica e que faz isso. Mas ali eu vejo Ernesto Tzirulnik, não é. Wagner Balera. A sua companheira, que agora me... Vânia. Às vezes eu estou... Edu Prefeito, está ali.

O nosso Henfil dos pobres, aqui, Zé René. Maurício Augusto Gomes, um procurador do Ministério Público. Começou com a gente lá na Vila Mirante, veja como a Vila Mirante produz figuras especiais como ele. Uma figura querida, nos ajudou tanto.

Então, são figuras que eu quero lembrar aqui. Bruno Blecher, está ali. Foi meu sucessor lá no Centro Acadêmico. Que figura querida, que está junto. São todos amigos que ao longo da vida vieram juntos e estão aqui. Mas eu quero...

Eu tinha preparado de um outro jeito, mas acho que talvez fosse chegar na hora. Eu quero, assim, nesse... O Zé René falou que eu devia fazer um discurso para cima, eu estou tentando, mas o coração às vezes vai nos levando para outros...

Mas eu queria dizer o seguinte. Hoje, aqui, eu quero agradecer publicamente aos meus dois filhos, que tiveram a paciência de aceitar que, para poder estar junto do povo, para poder estar junto da favela, eu muitas vezes faltei, deixei de estar presente com meus filhos. Isso, ainda há tempo de eu fazer a minha penitência. Agradecer à mãe dos meus filhos, a Márcia, que aqui está com o seu atual companheiro, marido, Renato.

E dizer do marido, do companheiro da minha filha, o Léo, que ele é o marido da minha filha e eu quase que chamo como o meu filho, tanto a identidade que eu gosto. Minha mulher está aqui, a Vera. (Palmas.) Eu...

Ela diz que eu a conheci no lixão, entende. É uma meia verdade. Eu a conheci no lixão, mas na luta contra o lixão de Perus, entende? Ela, uma professora da Escola Ana Tavares, uma tradicional escola de Perus, e a encontrei junto do Mário - que está por aqui -, do Padre Aécio e tantos outros com quem nós estávamos na luta pela questão de tirar de Perus o lixão.

E foi uma luta vitoriosa. Então, dessa luta que ela brinca, mas não deixa de ser verdade. Foi lá que eu a conheci, foi lá que nós estabelecemos um relacionamento, e a partir daí estamos juntos até hoje, não é verdade? Então, obrigado pela paciência, pela compreensão. (Palmas.)

Quero falar e vou deixar para o fim uma homenagem que eu quero falar, porque está no meu coração. Mas agora eu quero dizer o seguinte. Aqui está o movimento de favela, o movimento de cortiço, o Movimento Sem-Terra, o movimento de moradia como um todo. Quando a gente começou...

O Donizete me emocionou aqui, falando; a Sueli; a Evaniza; enfim, todas as lideranças de movimento com quem a gente caminhou junto, e eu quero dizer o seguinte. Quando eu comecei lá atrás, o projeto do governo para o movimento de moradia era um terreno de 75m² que se chamava Pró-Morar, e que as pessoas, pela péssima condição que tinha aquilo, passaram a chamar de Pró-Desmoronar.

Havia um no Jardim Elisa Maria, aqui na zona norte. Havia um no Jardim Rio Claro, lá na zona leste. Na zona leste, o gás, eles fizeram um conjunto em cima de um aterro sanitário, e o gás vinha por dentro do vaso sanitário. Olha a situação. Enfim, então, quando nós começamos, esse era o conceito de moradia.

Eu lembro que, em um debate que o Reinaldo de Barros, que era o prefeito, valorizando esse conjunto, eu falei para ele: “Mas não tem nem uma divisória. Aqui é um banheiro, uma pia para a cozinha”.

Ele falou: “Não, o povo divide com cortina e com armário”. Eu falei: “Na casa do senhor, o senhor faz isso? Você separa com um armário o casal dos filhos?”. Nesse instante, a partir daí, fui gentilmente convidado a sair da sala de reuniões lá do evento.

Mas, enfim, está lá, registrei lá no Elisa Maria essa desavença nossa. De 800 casas que foram construídas lá, talvez hoje, em pé, não tenha duas ou três, se é que tenha. Todas já foram derrubadas e reconstruídas.

Então, nosso movimento de moradia avançou. Eu vejo aqui o Ricardo, a Isabel, e na pessoa deles eu quero elogiar a todos os arquitetos que se despiram daquela visão distante do arquiteto distante do povo.

Não, pela primeira vez nós passamos a ter uma oportunidade de trazer - muitos dos que estão aqui sabem do que estou falando -, de sentar com o arquiteto e discutir o meu direito, como eu quero fazer a minha casa - quantos quartos vai ter, que tipo de material vamos usar, que janela, que porta, qual é o projeto?

E eu brincava, falava assim: “Pessoal, vou descansar no dia em que a gente tiver um prédio com geladeira, fogão, máquina de lavar”, que foi uma outra luta que a gente fez, para que fosse entregue e que tivesse uma área de lazer com piscina, com quadra, porque esse é um direito que todo mundo tem que ter. Essa é a luta, a qualidade do produto.

Ao longo desse tempo...

 

O SR. - (Inaudível.)

 

O SR. HENRIQUE SAMPAIO PACHECO - Eu não vi o quarto árbitro, porque o senhor me deixou aqui, um pouco mais sossegado. Mas eu queria dizer para vocês, olha, que enquanto eu estava aqui chegando hoje, esse meu colega me emprestou. Isso aqui é um tijolinho que nós fizemos na nossa primeira campanha. O Ricardo lembra disso. A construtora era a Seleta, uma construtora de Itu que estava fazendo uma obra e a gente conseguiu produzir.

Então, na nossa campanha eleitoral, a gente dizia assim: “Você é um tijolinho da nossa campanha”. Então, todo mundo comprava um tijolinho, ajudava, a gente construiu, e conseguimos chegar a ser eleitos com isso. (Palmas.)

Então, eu quero colocar para vocês... as nossas campanhas, as pessoas que estão aqui sabem disso, nunca foram campanhas milionárias, nunca tivemos dinheiro. Eu falava assim: “Você paga uma pinga para o sujeito?”. “Não”. “Você deu uma bola de futebol?”. Muitos daqui sabem dessas histórias, de jogo de futebol. Não, nunca.

Eu sempre fui malvisto por muita gente por conta disso. Mas aqueles que votaram em mim e que trouxeram o voto da família, sabiam em quem estavam votando. Sentiam-se representados, falavam: “Esse é o cara que luta por mim, e que eu vou junto. Esse fazia questão de fazer campanha, de ir à porta”.

Marcos que está aqui, lembra-se disso? Marinal... Maridalva? Marinalva, estou trocando aqui. É a emoção. Você se lembra das nossas lutas? Lembra das ocupações? Então, eu quero dizer o seguinte. Teve um momento em São Paulo... e por que eu queria dizer para vocês o seguinte?

Olha, as pessoas que estão aqui, nós somos parte de uma história. Isso que eu quero dizer. Eu estou com 72 anos. Eu brinco que eu já estou indo para a expulsória.

Mas o que eu quero dizer para vocês é que, quando eu repensei, quando eu li, quando eu comecei a pensar nas coisas que eu escrevi aqui para ler, e que abandonei, assim, eu acho que nós, todos nós aqui, que ao longo deste período, a gente repensou esta cidade.

Conceitos foram diferentes. A gente conseguiu mudar o conceito da moradia, o conceito do morar, do meio ambiente, do direito à educação, do direito ao lazer. Não é verdade? Então, uma série de coisas... Do direito das mulheres, dos negros. Não é verdade?

Quantos avanços nós conquistamos, e foi a partir da luta desse conglomerado e de outros, mas esse conglomerado que está reunido aqui deu a sua grande contribuição. Então, meus amigos, eu quero ir já indo para o encerramento. Lembrar duas coisinhas só, passamos do teto aqui. Mas a Luiza Erundina...

Nós fizemos uma luta do MDF. Naquela época, a pessoa de favela não tinha direito de ter água e luz. Então não tinha gatos. Então, ia lá a Eletropaulo e cortava, a Sabesp cortava. Aí um dia nós começamos através... O Dito vai se lembrar disso, a Sueli. Reunimos... A Chica, e tantos. Fizemos uma luta que era...

Reunimos na Câmara, fizemos várias reuniões e decidimos fazer uma caminhada daqui da Assembleia, a pé, até o Palácio dos Bandeirantes. Foi a primeira vez - Lucimara, lembra-se disso? - que nós e o povo da favela nos juntamos, de todas as favelas com que a gente tinha contato, e fomos a pé daqui até o Palácio dos Bandeirantes.

Levamos uma velinha, e quando chegamos lá perto do Palácio, a gente acendeu as velinhas e chacoalhou o gradil do Palácio. E aí o povo sentiu o cheiro do povo. É aqui, é aqui que nós queremos luz, água. E, na outra semana, o governo Montoro decretou a instituição da taxa mínima de água e luz para todas as favelas. (Palmas.)

Então, são histórias assim que a gente foi construindo ao longo da vida. Dona Helena, a gente ia na Sabesp, chegava na Sabesp e eles enrolavam, enrolavam. Aí decidimos: “Não, não, vamos começar a vir, todo mundo, aqui”. Aí eu: “Você falou no mês passado que ia fazer isso e não fez, por quê?”. Fomos criando histórias, e aí as coisas começaram a mudar.

Vou terminar dizendo o seguinte, porque alguém lembrou aqui da questão cultural. Eu sempre falei: “Não basta construir casa. Casa a CDHU constrói, a Cohab constrói, todo mundo constrói. Nós precisamos construir também, junto, os direitos dos seres humanos que vão habitar essas casas”.

Então, é isso o que a gente queria, que as pessoas se sentissem senhores de direito. Eu falava: “Vocês têm que aprender, todos nós aqui, não é a olhar para o chão. A gente tem que olhar para as estrelas”. Olhar para cima, sonhar grande, pensar grande. Nós queremos ter o direito a tudo o que a cidade pode nos propiciar.

Então, nesse sentido, a gente começou a organizar idas ao teatro dentro do movimento de moradia, e me lembro que nós levamos 600 pessoas para assistir A Bela e a Fera, que há 20, 30 anos, era uma novidade de um musical.

E aquelas pessoas não foram lá para ficar no gueto. Não, espalhamos todo mundo por dentro do teatro. Eram eles, também, pagando um peço menor, mas nós fomos lá, e nós fizemos isso mais de uma vez.

Nós fizemos idas ao circo. Na verdade, eu fiz uma campanha minha que o encerramento da campanha era no circo. O circo era o Circo Vostok, que ficava aqui na zona leste, ali, perto do Tatuapé. Imaginem o seguinte: tudo organizado, tudo certo, três mil pessoas preparadas para ir lá. Chegamos uma semana antes eu passo lá para ver se estava...

“Oh, tem alguma coisa que está faltando?”, para o cara do circo. Ele falou: “Eu vi lá os caras tirando a lona”. Eu falei: “Pera aí”. “Não, está dando pouco dinheiro, nós vamos fechar, nós vamos lá para a Sul, Café Solúvel”. Eu falei: “Bom, o que vou fazer com o pessoal que vai vir a semana que vem, aqui?”. “Ah, o circo é circo. Circo é circo”.

E aí, ele mudou para a Avenida Santo Amaro, e nós tivemos que levar 30, 40 ônibus, saindo da zona leste, da zona norte - Madalena lembra disso. Fomos todos para a zona sul.

Congestionou o trânsito, porque ninguém estava prevendo aquilo lá. E o Suplicy, apareceu a foto, estava lá naquele dia do circo. A gente foi, fez a nossa fala, a nossa campanha, e depois íamos ter direito ao circo. Não naquele sentido do circo, dar circo ao povo. Não, era o direito de poder também ter acesso à formação, à cultura.

Bom, eu vou encerrar. Não era isso, mas meu coração reservou os minutos finais para uma coisa que me toca muito profundamente. Eu gostaria de dizer para vocês, agradecendo a cada um de vocês que veio aqui e teve a paciência de estar aqui até essa hora.

Agradeço do fundo do meu coração. Vocês são a razão... Por isso que eu chamei de “A história que construímos juntos”. A história é um pedacinho de vocês, cada um de vocês fez essa história toda.

Mas eu quero dizer que hoje eu sinto falta, aqui, de um companheiro que foi junto de mim durante muitos anos. O José Laurindo, ou como nós chamávamos, o Laurindo. (Palmas.)

O Laurindo, que eu acompanhei, vejam só, uma trajetória... Ele veio de Tauá, no sertão do Ceará, e veio ser guarda noturno do Central Parque Lapa, que é um conjunto habitacional muito antigo ali no bairro da Lapa.

E veja, que de guarda noturno, chegou a ser vereador. Chegou a exercer os maiores cargos, sempre foi um excelente advogado. O Laurindo foi um companheiro de todas as noitadas, de lutas, de discussões. Ele acreditava...

Eu falava: “Laurindo, vamos enfrentar isso desse jeito”. “Vamos embora, vamos não sei o quê, e tal”. E assim nós fomos ao longo da vida. Eu queria repartir com ele essa minha homenagem. Ele é parte disso junto das muitas das lutas que nós fizemos.

É uma pena que ele tenha partido, que tenha ido tão cedo e nos deixado. A ele, e à sua família que está aqui, quero que vocês saibam que é um legado... (Palmas.) Um legado que sempre vocês vão se honrar de ter no meio da família de vocês. O maravilhoso Laurindo, grande companheiro.

E eu, nessa trilha, quero fazer menção, também... Eu fui... 56 anos de luta. Então, a gente foi perdendo muitos companheiros. Mas alguns que estavam juntos do nosso gabinete, eu queria rapidamente falar o nome deles: do Pablo, Padre Pablo, era só o Pablo, o nosso responsável pelos cursos de formação; seu Antônio Caetano, que a filha dele está por aqui e me trouxe o pão - uma figura exponencial.

O Valdomiro, não sei se tem alguém da família dele aqui. O Valdomiro trabalhava comigo, era o nosso motorista, o Bigode. Todo mundo conhecia. Era uma liderança fenomenal, uma figura corretíssima.

Maria do Airosa, tão dedicada à causa que até adotou o nome do dono do terreno. Eu curiosamente eu vi o Suplicy aqui quando apareceu a história dessa ocupação, e eu falei: “Olha, o seu irmão, meio-irmão dele, o Anésio Lara Campos, era o advogado da família do Airosa”.

O Suplicy e ele eram completamente diferentes. Mas então a Maria, que era a nossa Maria, acabou tendo acrescido ao seu nome o nome... Maria do Airosa.

O Bezerra, também um outro companheiro lá do loteamento lá na Parada de Taipas, da Fazenda da Juta; dois senhores que eu não poderia deixar de falar - o Jorge, o Jaime. Cadê o Miguel? Sempre uma boa lembrança deles. O Batatinha; o seu Isaías, não é verdade? Maria, de Perus.

E, por fim, o Luis Felippe França Ramos, um promotor e nosso colega de faculdade, brilhante. (Palmas.) Que se formou, virou promotor e que foi brutalmente assassinado na Estrada de Santos. Eu era superamigo dele.

Ali na Rua Turiaçu, ele morava ali, a casa está ali ainda. Quantas reuniões com o pai dele, com o irmão. Mas ele, uma figura brilhantíssima que foi embora tão cedo. Então, também ele nas minhas lembranças.

E agora eu não posso encerrar deixando de falar do Jorge Machado. Quando você deu aquela biografia, você... Eu queria brincar e dizer que eu queria contratar quem escreveu, porque ela me roubou o meu discurso, entendeu?

Mas você, com seu brilho peculiar, que conheço desde o tempo da TV aqui na Assembleia, você pode ser mais ou pode ser menos no jeito, e você foi muito mais. Você foi coração, você colocou empolgação. Sempre o tive com admiração, e hoje renovo esse seu... (Palmas.)

Esta noite só acontece, e vocês estão sendo obrigados a ouvir um discurso sem pé nem cabeça que eu estou fazendo aqui, mas porque eu tive que... O Hildo, meu quarto árbitro, que eu descobri essa sua vocação tardiamente aqui.

Zé René, que está ali sentadinho, e que é um dos dirigentes aqui da Assembleia. Givaldo, cadê o Givaldo, que não estou vendo? Está ali. Givaldo. Paulo Eleutério. O Givaldo e o Paulo Eleutério saíram, arrumaram drone e foram se meter em uma zona de conflito, vamos dizer assim, e foram levantar o drone lá e foram convidados a sair rapidinho de lá.

“O que é que vocês estão fazendo?”. “Não, não adiantou. Falou no Henrique, a gente sabe, mas tchau, tchau”. Então, o Paulo Eleutério; a Jacqueline, nossa companheira aqui da Assembleia que tanto nos honrou ao longo desses tempos; o Lion, eu não o conheci pessoalmente, mas que foi responsável pela parte aqui da estrutura da nossa festa.

Vejo ali, para a minha alegria, o Sampaio. Olha lá. (Palmas.) E aqui eu já não... O Sampaio, companheiro nosso desde a faculdade. Figura queridíssima e que nos alegra muito por estar aqui, contribuindo com a nossa...

Então, pessoal, eu espero, de tudo o que eu pensei, e ia lembrar um monte de coisa aqui, eu ia falar, quando o Suplicy estava aqui ainda, ele falou do Éder Jofre. Vocês vejam como é a vida.

Durante o primeiro ano da eleição da Marta, quando ela ganhou, houve um jantar no Bar da Tita na Vila Madalena, e ela estava lá. Estavam os vereadores e deputados e tal. E aí surgiu um assunto: “O que vai fazer, não sei...”.

E eu perguntei pra ela: “Prefeita, podemos fazer o aniversário de São Paulo de maneira diferente? Porque o que está acontecendo é que no aniversário de São Paulo, que é a nossa data magna, vamos dizer assim, o Pitta sai na foto dando a mão para o Covas, e o Covas dá a mão para o Pitta. Um vai para Santos e o outro vai não sei lá para onde, e ninguém comemora nada, não tem vida esta cidade”.

Eu falei pra ela: “A gente precisa fazer uma festa que o povo se envolva”. E aí eu, o Edilson, que está aqui, o Max, juntamos um grupo e fomos começar isso. Conseguimos chegar em, se eu não me engano, 180 atividades no mesmo dia, espalhadas da zona norte - lá onde está a Madalena -, na zona sul, na zona leste, nos parques e tal.

E entre as atividades que a gente tinha pensado, nós tínhamos pensado em uma luta de boxe entre o Suplicy e o Éder Jofre, no ginásio do Ibirapuera. Entendeu? Ela seria o ponto culminante da nossa festa.

A nossa festa teve em lugares que ninguém nunca imaginou. Na Edgard Facó, em Pirituba. Zé Geraldo. Na Freguesia do Ó. Na Casa Verde. E assim fomos lembrando de vários bairros, pra onde a gente espalhou... na zona sul... em tudo quanto era lugar tinha atividade.

E aí vou contar aqui do folclore político. Nós não conseguimos fazer... Eu falei com o Éder Jofre. O Éder Jofre estava na praia e falou: “Não, eu venho da praia para fazer essa luta”. Tudo organizado.

Aí, quando chegou o secretário de... não vamos citar o nome, o secretário de Cultura da época não gostou da ideia, e ficou meio contra. Bateu na mesa e falou: “Não, não vai ter, é muita violência, é isso”. E nós perdemos de ter essa luta que...

A luta do século que nós teríamos feito, porque ia ser uma luta generosa entre dois vereadores, de duas pessoas que estavam ao lado do povo, e que gostariam de fazer uma brincadeira no dia de São Paulo.

Então, eu acho assim... A nossa luta foi sempre para fazer quem mora aqui, quem está nos nossos movimentos... tem que ser paulistano, tem que ser parte desta cidade, tem que se sentir certo, um paulistano...

Por isso que eu falava, nós temos que levar para o centro, temos que levar para ir em todo... Cada menino e cada menina da nossa cidade tem que falar: “De onde você é?”. “Eu sou paulistano, cara”. É isso. Essa é que é a nossa luta.

Então, muito obrigado a todos. Perdoem pelo excesso. (Palmas.) Não sei o que...

Olha, então muito obrigado.

Foi um prazer imenso tê-los aqui.

 

O SR. MESTRE DE CERIMÔNIAS - JORGE MACHADO - Com a palavra o presidente desta sessão solene, que é o encerramento de um capítulo, de uma história, que se constrói junto, deputado Jorge do Carmo.

 

O SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Ouvir o Henrique, nosso professor, companheiro, amigo, Henrique Pacheco, é sempre uma alegria e sempre uma aula.

Esgotado o objeto da presente sessão, eu agradeço às autoridades, à minha equipe, à minha assessoria, aos funcionários do serviço de som, da taquigrafia, da fotografia, do serviço de Ata, do Cerimonial, da Secretaria Geral Parlamentar, da imprensa da Casa, da TV Alesp e das assessorias policiais Militar e Civil, bem como a todos que, com as suas presenças, colaboraram para o pleno êxito desta solenidade.

Está encerrada a sessão solene. (Palmas.)

 

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- Encerra-se a sessão às 22 horas e 26 minutos.

 

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