27 DE MAIO DE 2024
73ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: LUIZ CLAUDIO MARCOLINO e DR. JORGE DO CARMO
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h03min.
2 - DR. JORGE DO CARMO
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - DR. JORGE DO CARMO
Assume a Presidência. Reforça o pronunciamento do deputado Reis sobre as escola cívico-militares.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO
Cumprimenta os alunos do curso de Direito da Universidade Mackenzie presentes nas galerias.
7 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
8 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Por inscrição, faz pronunciamento.
9 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
10 - EDUARDO SUPLICY
Por inscrição, faz pronunciamento.
11 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO
Reitera o pronunciamento do deputado Eduardo Suplicy.
12 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
13 - CARLOS GIANNAZI
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
14 - PRESIDENTE DR. JORGE DO CARMO
Defere o pedido. Faz aditamento à Ordem do Dia. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 28/05, à hora regimental, com Ordem do Dia. Levanta a sessão às 14h59min.
*
* *
-
Assume a Presidência e abre a sessão o Sr. Luiz Claudio
Marcolino.
*
* *
- Passa-se ao
PEQUENO
EXPEDIENTE
*
* *
O
SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Presente
o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de
Deus, iniciamos os nossos trabalhos.
Esta Presidência dispensa a leitura da
Ata da sessão anterior e recebe o expediente. Na lista dos oradores do Pequeno
Expediente, com a palavra o nobre deputado Jorge do Carmo. Tem, V. Exa., o
tempo regimental de cinco minutos.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT
- Sr. Presidente, deputado Luiz Claudio Marcolino, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, público presente, assessores, público da TV Alesp, policiais aqui
presentes.
Sr. Presidente,
venho a esta tribuna para falar rapidamente de dois assuntos que reputo serem
importantes. O primeiro é que hoje vamos fazer uma atividade... O nosso mandato
fará uma atividade agora às 17 horas, em homenagem ao Dia da Cuidadora e dos
Cuidadores.
Nosso mandato
apresentou um projeto de lei, e esse projeto de lei foi aprovado pelas Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, sancionado pelo governador, e editou-se a Lei nº
17.932, de 2024, que tem como objetivo denominar que o dia 26 de maio - todo
dia 26 de maio de cada ano - seja homenageado... Denominado o Dia das
Cuidadoras e Cuidadores Irmã Dulce.
Por que Irmã
Dulce? Todos sabem, certamente, que a primeira santa brasileira foi uma grande
cuidadora, uma pessoa que fez um trabalho brilhante na Bahia e no Brasil como
um todo - mas em especial no estado da Bahia - defendendo e fazendo o cuidado
com as pessoas.
A gente sabe
que cuidadoras e cuidadores fazem um trabalho muito humanizado. Muito humanizado.
E essas pessoas merecem a nossa homenagem, merecem a homenagem desta Casa,
merecem ter um dia especial.
Todos os dias
são dias das cuidadoras e dos cuidadores, mas penso que é importante, assim
como tem dias em homenagem a outras diversas profissões ou missões, no dia 26
de maio de cada ano está assim determinado através dessa lei que será o Dia das
Cuidadoras e Cuidadores Irmã Dulce.
Então, eu quero
aproveitar a oportunidade também para convidar as Sras. Deputadas, os Srs.
Deputados e os funcionários desta Casa para a atividade em homenagem ao Dia das
Cuidadoras, que será hoje, no Plenário Dom Pedro I, a partir das 17 horas.
Outro assunto,
Sr. Presidente, que bastante incomoda os deputados e as deputadas,
especialmente aqueles que têm compromisso com a Educação, senador Suplicy, é
uma matéria que hoje foi publicada na “Folha de S.Paulo”.
Diz a matéria: “Tarcísio e Nunes querem educação para ditadura. Tarcísio de
Freitas e o prefeito Ricardo Nunes querem educação para ditadura”, referindo-se
ao projeto de lei que foi aprovado nesta Casa, semana passada...
Nós, que
votamos contra... O nosso partido, o Partido dos Trabalhadores, o PSOL e outros
partidos aqui nesta Casa, votamos contra o projeto que institui o Programa
Escola Cívico Militar, porque nós não temos absolutamente nada contra os
policiais da reserva, os policiais que já se aposentaram...
Não temos
nenhum problema contra os policiais. Ao contrário, nós defendemos a Segurança
Pública, defendemos aqui os profissionais dessa área tão sensível e tão importante.
Porém,
entendemos que a escola - dentro da escola - é local para termos professores e
professoras bem remunerados, bem estimulados, bem preparados, para que possamos
ter, de fato e de direito, uma Educação à altura daquilo que nós queremos para
os nossos filhos. Ou seja, nenhum pai, nenhuma mãe quer uma Educação que não
seja adequada - o que não é o que a gente vê na política do governador.
Enquanto
desestimula, enquanto não dá os reajustes, os aumentos, não cuida bem da
Educação, quer simplesmente agradar os policiais e aqueles que estão já na
reserva. Nós não temos nada contra ele querer fazer agrado para os policiais.
Nós, no entanto, entendemos que na Educação nós precisamos de profissionais da
área.
Na Segurança,
precisamos de bons profissionais - e temos: os profissionais da Segurança
Pública. Enquanto, na Educação, nós precisamos de bons professores, professores
estimulados e preparados - e não é o que a gente vê na política do governador.
Ao contrário,
ele quer tirar recursos da Educação, da monta aqui - que é a PEC 9, que nós
estamos exaustivamente combatendo - de 10 bilhões, que corresponde a 5% do
orçamento da Educação. Enquanto isso, ele quer fazer um agrado para os
policiais da reserva, as pessoas que já se aposentaram.
Nós discordamos
e votamos contrário, deputado Luiz Carlos Marcolino. Fizemos aqui o bom
combate. No entanto, foi aprovado. Agora nós vemos que o prefeito da cidade, ao
invés de pensar em uma cidade melhor, porque teve a oportunidade, e não fez,
agora quer implantar a escola militar. Ao invés de ordem e progresso, o futuro
com escolas militarizadas promete retrocesso.
Era isso, Sr.
Presidente.
Obrigado aos
Srs. Deputados e às Sras. Deputadas.
O SR. PRESIDENTE - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Obrigado, deputado Jorge do Carmo.
Dando sequência à lista de oradores do Pequeno Expediente, com a palavra o
nobre deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a palavra o nobre deputado Reis.
Tem V. Exa. o
tempo regimental de cinco minutos no Pequeno Expediente.
O SR. REIS - PT – Quero
cumprimentar o presidente, deputado Marcolino, o deputado Suplicy, o deputado
Carlos Giannazi, o deputado Dr. Jorge do Carmo, o público presente, os
integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da Polícia Técnico-Científica,
todos os professores, as professoras e os educadores - eles reclamam que eu não
falo deles, então estou falando - e todos os funcionários públicos.
Presidente,
deputado Marcolino, nesse discurso que o deputado Dr. Jorge do Carmo fez tem
que deixar bem frisado que são os policiais militares aposentados, e não para
praça, vai ser para os oficiais.
Esse bico da
escola cívico-militar, que o governador criou, não
vai ser para soldado ganhar. Tem até um “cívico”, que eu pensei que os policiais
civis poderiam, mas o texto não fala dos policiais civis, mas fala do cívico,
cívico-militar. Poderia ter feito uma emenda para incluir também a categoria do
policial civil para fazer esse bico nas escolas que o Tarcísio está criando, as
escolas cívico-militares.
* * *
-
Assume a Presidência o Sr. Dr. Jorge do Carmo.
* * *
Mas
eu quero repercutir um projeto de autoria do secretário Derrite. O secretário,
na condição de deputado federal, juntamente com o delegado Palumbo, também
deputado federal, fez um projeto de lei complementar, o Projeto de lei
Complementar 30, de 2024, que estabelece que os policiais possam se aposentar
compulsoriamente aos 65 anos de idade.
Hoje
tem a PEC da bengala que foi aprovada em 2015. A PEC da bengala elevou a idade
de aposentadoria dos ministros do Supremo para 75 anos, antes era 70 anos de
idade.
Aí
todos os servidores públicos têm essa condição de ficar até os 75 anos, com
exceção dos policiais militares. Os policiais civis também podem ficar até os
75 anos. Então, Derrite apresentou esse projeto para que os policiais civis,
aos 65 anos, aposentem-se compulsoriamente.
Eu
até li a justificativa deles, Sr. Presidente, que fala o seguinte: “a atividade
policial é extenuante e penosa, constituindo-se, segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS), a segunda atividade mais perigosa do mundo”. Ele entende que a
atividade é penosa, que, segundo a OMS, é a segunda atividade mais perigosa do
mundo.
Ele
também reconhece na sua justificativa que, “ademais, a expectativa de vida do policial
brasileiro é uma das menores do mundo, não só em razão da elevadíssima
incidência de mortes violentas em serviço ou fora dele que vêm dizimando esses
profissionais, como também em consequência de enfermidades adquiridas em razão
da atividade, reconhecidamente insalubre.
Muitas
vezes, o policial chega ao trabalho sem saber quando terminará a sua missão,
além de cumprir escalas extras imprevisíveis e lidar com a pressão que envolve
cada ocorrência para qual é acionado. Todo policial exerce seu mister em tempo
integral, não há folga, nem dia” - ele reconhece que não tem folga. Realmente,
precisa estar à disposição 24 horas. “O lema ‘proteger e servir’ requer atenção
diária e, ainda, o planejamento de qualquer missão, por mais simples que possa
parecer.
Não à toa, justamente em face do alto grau de periculosidade da atividade, foi garantido às Forças de Segurança uma aposentadoria voluntária com regras especiais, que englobam idade de 55 anos”, então voluntariamente pode se aposentar aos 55 anos. Inferior à regra geral dos demais servidores que é 62 para mulher, 65 anos para homem, bem como tempo de contribuição diminuto, 30 anos de contribuição se homem e 25 anos se mulher.
Então, ele fala
das condições, fala que tem essa aposentadoria voluntária, mas ele quer
estabelecer uma compulsória. O que eu quero dizer é que nem sempre aquilo que
está escrito aqui é o tratamento que o Estado dá para os policiais. Hoje há
falta de policiais. Não tem tratamento médico adequado, e é a equipe que está
governando que escreve tudo isso neste projeto. Eles poderiam, então, ter
tomado providências para amenizar esse sofrimento que os policiais passam.
E, por que os
policiais não se aposentam voluntariamente aos 55 anos, se a legislação está
dizendo que pode se aposentar aos 55 anos? Primeiro, porque eles perdem, eles
sofrem uma redução nos seus proventos, eles deixam de receber a gratificação.
No caso de
delegado, gratificação por acúmulo de atividade, auxílio transporte e auxílio
alimentação. Então, ele tem uma redução salarial. Por isso, que ele prefere
continuar trabalhando, porque essa redução vai prejudicar seu dia-a-dia.
Então, talvez,
já que o secretário escreveu tudo isso nesse projeto. E ele, juntamente com o
delegado Palumbo, escreveu muito bem. Talvez, fosse bom criar um plano de
incentivo para as pessoas se aposentarem aos 55 anos quando se adquire o
direito a aposentadoria voluntária, ou após essa idade. Talvez, a classe
imediata. Cria lá uma promoção, olha se você se aposentar: você ganha uma
promoção. Talvez, essa promoção possa compensar o prejuízo que ele vai ter
quando se aposenta.
Então, como ele
sabe que vai ter redução salarial, mesmo passando por todas essas privações, as
dificuldades que passa no dia-a-dia, ele continua trabalhando, às vezes, mesmo
sem condições de saúde. Realmente, a idade pode deixar as pessoas debilitadas.
Imaginem vocês: um policial de 70 anos de idade, de 65 anos, de 70 anos, como é
que ele vai correr atrás de delinquentes, como é que ele vai persegui-los. É
muito difícil.
Por isso, já
que o secretário Derrite está no governo do estado, faz parte do governo
Tarcísio, é do partido do Governo do Estado de São Paulo, talvez, ele pudesse
mandar uma mensagem para essa Casa criando, por exemplo, o incentivo para o
policial que se aposentar. Criando, por exemplo, a classe imediata, assim como
a polícia tem o posto imediato, cria a classe imediata. Seria um incentivo.
Derrite escreveu muito bem, mas não discutiu isso com os policiais.
Pelo que eu
percebi, têm muitos policiais que são contrários a essa aposentadoria
compulsória aos 65 anos. Quer dizer, vem uma paulada de cima sem discussão, sem
audiência, sem conversar com os policiais.
Ao invés de ele
fazer isso, ele está na condição de propor porque ele é governo. É só mandar
uma mensagem para essa Casa, criando uma política de incentivo à aposentadoria
aos 65 anos. Criando um posto imediato. Criando uma condição que incentive a se
aposentar.
Sem isso, o
policial continuará a se aposentar aos 65, aos 70 e até aos 75 anos, porque ele
terá mais dois quinquênios, que vão compensar um pouquinho das perdas que ao se
aposentar. Então, esse é o registro que eu quero deixar aqui, de que o
secretário da Segurança Pública, junto com o delegado Palumbo, deputado
federal, tem que discutir mais com os policiais, antes de fazer uma proposta
dessa, lá em Brasília.
Chama os
policiais para ver se é isso que eles querem. Eu acho que o incentivo, uma
classe imediata para os policiais civis, é muito bem-vinda, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, Sr.
Deputado Reis. Muito bem a ressalva de Vossa Excelência. A escola cívico, o
projeto foi aprovado nessa Casa para a criação da escola cívico-militar,
infelizmente, não é para os policiais que precisam e merecem ganhar muito bem,
e o governador não faz. Ao invés de melhorar as condições policiais, prefere
privilegiar aqueles que já foram aposentados, que já deram a sua contribuição.
Seguindo a lista de oradores inscritos,
deputado Rafael Saraiva. (Pausa.) Com a palavra a deputada Leci Brandão.
(Pausa.) Com a palavra o deputado professor Carlos Giannazi. Tem V. Exa. o
tempo regimental.
O SR. CARLOS GIANNAZI
- PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Dr. Jorge do Carmo, deputado
Marcolino, deputado Suplicy, deputado Reis, público aqui presente e
telespectador da TV Assembleia. Na semana passada, foram publicados os
resultados do Saresp, que é esse sistema de avaliação do rendimento escolar do
estado de São Paulo, que é uma avaliação feita, organizada, formulada pelo
próprio governo estadual.
E nós tivemos o
resultado do óbvio. Foi um dos piores índices de aproveitamento, de rendimento
dos nossos alunos, isso em 2023, no primeiro ano do governo desastroso do
Tarcísio de Freitas e do seu secretário da Multilaser, o secretário das
plataformas digitais, porque, pela primeira vez na história do estado de São
Paulo, nós não temos um secretário da Educação, nós temos um secretário das
plataformas digitais, que representam as empresas que vendem, por valores
milionários, essas plataformas.
Então, toda a
imprensa divulgou aqui os resultados, que é uma delas, aqui do “O Globo”, notas
dos alunos da rede estadual de São Paulo pioram em 2023. Média caiu 10 pontos
em português e 2 em matemática, do sexto ao nono ano. E tem aí um detalhe
importante, o resultado foi ainda pior do que o registrado em 2021, durante a
pandemia do coronavírus, e com a maior parte dos alunos estudando remotamente.
A Secretaria da
Educação afirmou que tem realizado mudanças importantes para melhorar o
processo de aprendizagem. Sr. Presidente, a mudança que o governo implantou na
rede estadual, nessa gestão, foi a das plataformas digitais, que está
retirando, ou que já retirou, a autonomia pedagógica dos professores e das
professoras da rede estadual de ensino.
Hoje o
professor virou apenas um monitor, um tutor dessas plataformas. Ele vive para
alimentar as plataformas, para que essas plataformas continuem sendo vendidas à
Secretaria da Educação por 70 milhões cada uma, por 100 milhões, dependendo do
tipo de plataforma, E por um tempo determinado.
O livro
didático que o governo tentou retirar na marra no ano passado, mas não
conseguiu, porque nós entramos com uma ação popular e derrotamos o governo. Ele
foi obrigado a voltar atrás em relação à tentativa de retirar os livros do MEC.
Ele foi
derrotado, porém, Sr. Presidente, ele não está, na verdade, propiciando que os
professores possam utilizar o livro didático, porque a exigência é pela
utilização das plataformas, dos conteúdos digitais, que são eivados de vários
erros que nós já denunciamos, a imprensa denunciou, erros de português, erros
na área de geografia, de história de várias matérias, erros gravíssimos que já
foram denunciados em exaustão desses conteúdos digitais, que o governo anunciou
que serão agora formulados por inteligência artificial. Olha só o absurdo a que
ponto nós chegamos.
E isso está
destruindo a Educação do estado de São Paulo. Eu já acionei o Ministério
Público, o Tribunal de Contas, nós já fizemos várias denúncias, Sr. Presidente,
em relação a esse tema, na Comissão de Educação, realizamos audiências públicas
aqui na Assembleia Legislativa denunciando esse fato. E na reunião que nós
tivemos aqui, naquela audiência pública, nós cobramos da Secretaria da Educação
e nenhuma providência foi tomada.
Mas não é só
isso. Tem aí demissão em massa de professores, fechamento de salas no período
noturno, o aluno que trabalha não vai mais poder estudar no período noturno,
porque o governo está sabotando, Sr. Presidente, a abertura de salas no ensino
médio, no curso regular do ensino noturno, inclusive manipulando a pesquisa nas
escolas, que eu denunciei na semana passada aqui, e fechando também as escolas
de educação de jovens e adultos.
A pessoa que
não teve a oportunidade de estudar em idade própria tem o direito
constitucional de voltar a estudar nessa modalidade de ensino, seja na rede
municipal, seja na rede estadual, que é a educação de jovens e adultos. E o
governo está negando esse direito, porque ele está fechando salas, ou
impedindo, ou sabotando a abertura de novas salas em todo o estado de São
Paulo.
Então, são
vários ataques, Sr. Presidente. E, para concluir, tem ainda a proposta de
reduzir ainda mais o orçamento da Educação. O governo encaminhou a PEC 09, de
2023, que tenta reduzir de 30% para 25% o orçamento da Educação. Daí vai ser o
tiro de misericórdia na Educação estadual.
Então, Sr.
Presidente, nós queremos aqui, mais uma vez, da tribuna da Assembleia
Legislativa, acionar o Tribunal de Contas e o Ministério Público Estadual, para
que providências sejam tomadas imediatamente contra esse genocídio da Educação
do estado de São Paulo, que prejudica a todos os profissionais da Educação. O
governo não está pagando o piso nacional do Magistério. E prejudica também,
sobretudo, os alunos da rede estadual.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado, professor Carlos
Giannazi, pelas suas palavras. Dizer da alegria de estar aqui ao lado de vocês
e cumprimentar o povo da galeria aqui, os alunos do curso de Direito da
Universidade Mackenzie.
Sejam muito bem-vindas e bem-vindos
aqui à Casa do povo, à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. (Palmas.)
Eu estou deputado, mas sou advogado, então tenho muito orgulho de ter - como
vocês estão hoje - cursado essa missão que é ser um profissional do Direito,
operador do Direito no futuro. Sejam muito bem-vindos aqui à Casa, à Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo.
Seguindo a lista de oradores inscritos,
com a palavra o deputado Rui Alves. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.)
Deputado Eduardo Suplicy. Tem V. Exa. o tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Prezado presidente, deputado Dr. Jorge do Carmo, caro
deputado Marcolino, deputado Conte, estudantes da Universidade Mackenzie.
Registrar aqui um editorial do “Estado de S. Paulo”, com o título: “PM Como
Bedel de Crianças e Adolescentes”.
“O governo
paulista acha que a militarização das escolas, recém aprovada, cultivará
valores como honestidade e civismo, como se escolas civis fossem, por
contraste, antros de degeneração.
A Assembleia
Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou no dia 21 passado o Projeto
de lei Complementar 9/2024, proposto pelo governador Tarcísio de Freitas
(Republicanos), que institui as escolas cívico-militares na rede estadual de
educação. O projeto autoriza que os municípios paulistas que assim desejarem
poderão adotar o ‘modelo’, chamemos assim, em suas próprias redes.
Foram 54 votos
favoráveis e apenas 21 contrários” - dentre os quais, do PT, do PSOL, do PCdoB
e outros -, “um placar que demonstra, inequivocamente, que Tarcísio conta com
uma confortável base de apoio ao governo na Alesp.
Ao mesmo tempo,
porém, a votação revela quão associados estão os Poderes Executivo e
Legislativo de São Paulo no patrocínio de uma política educacional
irremediavelmente errada, pois as escolas cívico-militares padecem de um vício
de origem.
Essa ideia de
política pública na área de educação, que ganhou força durante o governo de
Jair Bolsonaro, ignora um princípio basilar da democracia moderna - sem falar
as melhores práticas em gestão escolar, tanto do ponto de vista administrativo
como pedagógico.
No Estado
Democrático de Direito, a educação pública deve ser, necessariamente, civil e
laica. Com razão, o deputado Eduardo Suplicy, do PT, contrário ao projeto,
alertou que ‘a introdução de elementos militares nas escolas pode criar uma
atmosfera mais autoritária e hierárquica, onde o foco na disciplina e na
obediência pode se sobrepor aos princípios da liberdade de expressão e ao
estímulo do pensamento crítico’ dos estudantes.
Além desse
ponto sublinhado por Suplicy, o trabalho em escolas públicas não pode ser
confundido com cabide de emprego, nem muito menos com um bico para que
policiais militares, da PM, da reserva possam complementar a renda dando pito
em jovens arteiros.
De acordo com o
projeto, além da manutenção da ordem e da disciplina no ambiente escolar,
atuando como monitores, os policiais militares da reserva poderão desenvolver
atividades extracurriculares – quais, ainda não se sabe. A educação formal,
vale dizer, o ensino das disciplinas tradicionais, seguirá a cargo de professores
civis.
Aparentemente,
há aqui uma confusão nessa estrutura organizacional proposta pelo governo para
as escolas cívico-militares. Afinal, na exposição de motivos encaminhada à
Alesp, o secretário estadual da Educação, Renato Feder, afirmou que ‘é inquestionável
o fato de que os resultados - pedagógicos, infere-se do texto - alcançados
pelas escolas militares ao longo dos anos são exemplares’.
O que isso tem
a ver com o projeto aprovado, se a condução pedagógica das escolas
cívico-militares, como destacou o governador em pessoa, seguirá sob
responsabilidade de civis? Ou se está diante de um erro de comunicação que
precisa ser prontamente corrigido, no melhor cenário, ou se trata de
desinformação pura e simples, no pior.
Ora, é iludir
pais, mães e responsáveis que se sintam estimulados a matricular suas crianças
numa escola cívico-militar fazê-los acreditar que essas unidades serão
similares às que são administradas pelas Forças Armadas para educar filhos de
militares.
Ademais, nesse
programa subjaz uma concepção muitíssimo equivocada, para dizer o mínimo, de
ordem, segurança e disciplina nas escolas. Os rigores inerentes ao ambiente
castrense, por óbvio, não podem ser transpostos, minimamente que seja, para o
ambiente escolar como forma de conter ou reprimir comportamentos indesejáveis
de crianças e adolescentes.
Para piorar, os
defensores das escolas cívico-militares argumentam que essas escolas permitem
que os alunos tomem contato desde cedo com valores como civismo e honestidade,
além de estarem expostos a uma cultura de paz, como se escolas civis, por
contraste, fossem antros de degeneração, desonestidade e indisciplina. Chega a
ser uma ofensa aos professores e diretores das escolas, públicas e privadas,
que não têm policiais aposentados como bedéis.”
Sr. Presidente,
muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado,
sempre senador, nosso deputado Suplicy, pelas palavras. Seguindo a lista de
oradores inscritos, com a palavra o deputado Lucas Bove. (Pausa.) Com a palavra
o deputado André do Prado. (Pausa.) Com a palavra o deputado Jorge Wilson
Xerife do Consumidor. (Pausa.)
Agora a Lista Suplementar. Com a
palavra o deputado Enio Tatto. (Pausa.)
Com a palavra o deputado Luiz Claudio
Marcolino, tem V. Exa. o tempo regimental.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente,
Srs. Deputados e Sras. Deputadas, funcionários e funcionárias da Assembleia Legislativa, deputado
Suplicy, deputado Jorge, que preside a sessão.
Presidente,
hoje eu trago aqui uma denúncia em relação ao Hospital Heliópolis, porque no
último dia 17 de maio acabou ocorrendo um incêndio no segundo andar. Só que
esse incêndio que acabou ocorrendo já há alguns dias atrás, há alguns meses,
foram feitas várias reclamações e denúncias ao diretor do hospital, Dr. Abrão Rapoport, que não tomou providências em relação às
denúncias que foram apresentadas.
Eu queria
passar, antes de concluir aqui minha fala, colocar aqui um vídeo. São dois
vídeos. Um é o vídeo do incêndio.
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Então, esse é o
vídeo do incêndio, e o sindicato dos trabalhadores já vem fazendo diversas
denúncias lá em relação à falta de material, falta de insumos. Tem ali
inclusive assaltos constantes no estacionamento, por falta de segurança
suficiente, iluminação precária no estacionamento do hospital. Já tinha sido
feito uma denúncia em relação à porta corta-fogo, e aí os funcionários
demonstram que continua ainda fechada. Pode passar mais um vídeo?
* * *
- É exibido o
vídeo.
* * *
Inclusive também
foi apresentada, como reclamação dos funcionários servidores desse hospital,
que a rampa que dá acesso também, tanto dos funcionários, dos servidores, como
dos pacientes no hospital, praticamente, de tempos em tempos vai tendo
rachaduras, vai tendo fissuras, colocando em risco também a própria locomoção
dos funcionários e dos pacientes.
Uma outra
reclamação que foi colocada também é em relação à parte elétrica do hospital.
Inclusive, isso pode ter sido um dos motivos do incêndio. Inclusive, agora, esse
segundo andar, dão a alegação que vai ficar fechado por tempo indeterminado.
A rampa do
ambulatório, como eu disse também, não tem sido resolvida. São fendas e fendas,
de tempos em tempos, e o pouco da reforma que foi feita, ela não tem sido
suficiente para dar conta do bom atendimento, tanto dos pacientes como dos
servidores que ali trabalham.
Uma outra
reclamação dos servidores é em relação à falta de funcionários. Hoje têm muitos
servidores do Hospital Heliópolis que há muito se aposentaram. Não houve o
concurso público.
Tem muitos
inclusive em vias de se aposentar agora nos próximos anos, e também tem uma
parte dos funcionários, pela pressão exercida dentro do local do trabalho, que
estão afastados, por tempo indeterminado, e isso dificultando, inclusive, a
gestão interna e o próprio atendimento dos usuários.
Agora, o mais
grave de tudo isso, deputado Suplicy, é que o diretor do hospital, por todas as
denúncias que já foram feitas, que já vêm sido feitas há alguns meses atrás,
não houve a representação dos trabalhadores e das trabalhadoras, para que
possam buscar alguma solução.
Então eu
queria, presidente, Jorge do Carmo, que essa minha denúncia em relação ao
Hospital Heliópolis... Nós já encaminhamos à Secretaria da Saúde, também já foi
feito no parque do sindicato.
Eu queria que
fosse encaminhada agora ao diretor do Hospital Heliópolis, o Dr. Abrão Rapoport, e que seja encaminhada também essa minha fala
aqui no plenário também para o secretário de Saúde aqui do estado de São Paulo,
porque é importante que o secretário tenha também acesso a essas informações,
para que possa resolver.
Então, graças a
Deus não morreu nenhum paciente e nenhum funcionário no incêndio do dia 17 de
maio. Esperamos que não volte a acontecer novamente, que sejam feitos os reparos
necessários para ter um bom atendimento para a população, e que abram concursos
públicos para os servidores do Heliópolis e para que os demais hospitais
estaduais também possam atender a população com mais qualidade.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado,
deputado Luiz Claudio Marcolino, vossa solicitação será atendida, será
encaminhado ao diretor do Hospital Heliópolis, bem como ao secretário estadual
de Saúde.
Seguindo a lista de oradores inscritos,
agora na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Major Mecca. (Pausa.) E
com a palavra o deputado Carlos Giannazi, aqui na Lista Suplementar. Tem V.
Exa. o tempo regimental.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Jorge do Carmo, deputado
Suplicy, telespectador da TV Assembleia, de volta à tribuna aqui, quero
registrar a honrosa presença dos professores da rede estadual de Campinas, aqui
do Gabriel e da Júlia. Eles trouxeram aqui um trabalho importante que foi realizado
pelos alunos da escola estadual Professora Rita de Cássia da Silva.
É uma escola
que fica em Campinas e os alunos fizeram cartas endereçadas à Assembleia
Legislativa de São Paulo fazendo várias reivindicações, reivindicações
importantes para a melhoria da qualidade de ensino da rede estadual.
E nessa carta,
nesses documentos que nós recebemos, tem muitas reclamações justas sobre o que
eu acabei de falar no meu primeiro pronunciamento aqui em relação às
plataformas digitais, que os alunos reclamam do excesso dessas plataformas e do
quanto elas são perversas para a aprendizagem.
Tanto é que a
avaliação do Saresp registrou exatamente uma queda no rendimento, na
aprendizagem dos alunos da rede estadual. Então nós temos aqui 300 cartas de
alunos da escola Professora Rita de Cássia que só comprovam exatamente o que
nós estamos já denunciando há um bom tempo.
E ao mesmo
tempo eles estão trazendo outras reivindicações importantes como a
possibilidade que o estado tenha um programa, que ele tenha verbas para que os
professores possam alugar ônibus e fazer, realizar atividades extraclasse para
visitar outros espaços culturais e pedagógicos. Isso é muito importante,
inclusive é um trabalho que tem amparo na própria LDB, que é o trabalho...
O que existe
também fora da escola é aprendizagem e os professores precisam do transporte,
precisam de verba, de um financiamento. Então cada diretoria de ensino tem que
ofertar para as suas escolas o transporte para realização desse tipo de
trabalho pedagógico.
São várias as
reivindicações dos alunos e o mais importante não é só a reivindicação, acho
que também é o próprio exercício da cidadania, porque a educação tem que formar
o aluno para o pleno exercício da cidadania ativa e crítica, como determina a
LDB, a Constituição Federal. E esse exercício é importante que já aconteça na
Educação Infantil, no Ensino Fundamental, no Ensino Médio.
O aluno
participando, entendendo como que funciona todo esse processo e fazendo já as
reivindicações. Mas os alunos da Escola Professora Rita de Cássia da Silva
foram além, porque eles não estão só preocupados com o presente. Eles estão
preocupados com o futuro também.
Eles estão
reivindicando nessas cartas endereçadas à Assembleia Legislativa Etecs na
região, ou seja, cursos profissionalizantes e o Estado tem a obrigação de
oferecer o ensino técnico e o ensino tecnológico. É para isso que nós temos a
rede das Etecs e Fatecs, por isso que nós temos o Centro Paula Souza e, além
disso, nós temos também os institutos federais de educação do governo federal,
que são centros de excelência de ensino técnico.
E além disso,
nós temos as universidades estaduais e as universidades federais. Aqui em São
Paulo, nós temos a Unifesp, por exemplo; nós temos a USP; nós temos a Unicamp, que
fica em Campinas; nós temos a Unesp; nós temos a Univesp, que é a universidade
virtual; nós temos a Famema, que é uma universidade pública que fica em
Marília, a Faculdade de Medicina de Marília.
Nós temos uma
faculdade de medicina em Rio Preto. Enfim, elas devem ser expandidas o máximo
possível para atender toda a demanda dos nossos alunos que estão saindo da
escola pública.
Essa é a nossa
luta, Sr. Presidente, uma luta histórica. Que a expansão no ensino superior no
Brasil e em São Paulo seja feita através das nossas universidades estaduais e
federais, para que se ponha um fim nesse privatismo
educacional.
Então, só tenho
que parabenizar vocês, professor Gabriel, professora Julia, pela iniciativa de
trazer as cartas dos alunos aqui para a Assembleia Legislativa, reforçando a
luta que nós estamos travando.
Tenho certeza
de que a vinda de vocês aqui não será em vão, muito menos as cartas dos alunos.
Isso é uma aula de cidadania que vocês estão dando para o estado de São Paulo e
para o Brasil.
Parabéns.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado,
professor, deputado Giannazi. Agradecer a presença aqui do professor Gabriel e
da professora Julia.
Seja muito bem-vindo e bem-vinda a esta
Casa. Aqui é a Casa do povo, é a Casa de Leis, Casa de defender a Educação e as
demais pautas que são tão importantes. Seguindo a lista de oradores inscritos
na Lista Suplementar, com a palavra o deputado Eduardo Suplicy. Tem V. Exa. o
tempo regimental.
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Prezado presidente, deputado Carmo, eu gostaria de ler aqui
mais uma reportagem a respeito de como Tarcísio e Nunes querem educação para
ditadura, conforme Camila Rocha, ontem, dia 26 de maio, registrou na “Folha de S.Paulo”.
“Imagine que a escola
de seu filho mudou. Agora, ele precisa manter os cabelos raspados para ir à
aula. Conflitos rotineiros são resolvidos por policiais que usam spray de
pimenta, ameaçam bater nos alunos e levam jovens à delegacia para serem
fichados. Colegas com deficiência ou dificuldade de aprendizado se sentem
pressionados a abandonar a escola.
Atividades como
colocar fantasias para um festival de inglês, ou falar sobre racismo e
violência policial, passam a ser vistas com desconfiança ou são censuradas. O
medo e a insegurança crescem na comunidade escolar. Você tenta mudar seu filho
de escola, mas é inútil, pois agora todas as escolas da sua região são
cívico-militares: educam crianças e jovens para viver em uma ditadura.
O cenário, que
parece saído de uma série distópica de streaming, é
realidade em muitas escolas públicas no Brasil. Em uma escola cívico-militar do
DF, policiais viram com desconfiança um festival de inglês e proibiram que
estudantes expusessem um mural para o Dia da Consciência Negra que continha charges
sobre racismo e violência policial.
Na mesma
unidade escolar, uma mãe descobriu que sua filha havia sido levada à delegacia
por se desentender com um professor. A jovem foi deixada sozinha em uma sala e
fichada por desacato.
Meses depois,
um policial jogou spray de pimenta no rosto de um aluno e o algemou dentro da
escola. Vídeos divulgados por alunos mostram um policial ameaçando bater em
estudantes e outro dando voz de prisão a um aluno durante uma manifestação em
favor de uma vice-diretora que havia sido exonerada.
O clima de medo
fez com que muitos professores, que recebem salários menores que os pagos aos
policiais-monitores, passassem a pedir licença-médica e remanejamento.
Em 2013,
estima-se que o Brasil tinha 39 escolas militarizadas, número que atingiu pelo
menos 816 escolas em 2023, sobretudo por conta do Programa Nacional das Escolas
Cívico-Militares, implementado durante o governo Bolsonaro.
Ainda
que o governo Lula tenha anunciado a extinção do programa, menos de 15% das
escolas foram afetadas pela decisão, pois estados e municípios seguem livres
para decidir pela implementação de tais escolas.
A despeito de
vários estudos demonstrarem o fracasso do modelo, sua implementação segue
crescendo. Em munícipios do Paraná, vários pais já não conseguem encontrar
escolas públicas que não sejam cívico-militares.
A situação
preocupa, sobretudo os pais de estudantes com deficiência, como a mãe de uma
aluna autista que participou de um protesto contra a militarização das escolas
em Guarapuava em novembro do ano passado.
Violações de direitos humanos ocorridas em
escolas militarizadas já foram denunciadas à ONU. No entanto, em meio à omissão
do governo federal e do Supremo Tribunal Federal sobre a flagrante
inconstitucionalidade de tal modelo escolar, o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, com apoio do prefeito da Capital, Ricardo Nunes, resolveu
implementar o modelo escolar ditatorial em meio à brutalidade dispensada a
estudantes que protestavam na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Como bem
observou Tarcísio: ‘A gente olha aqui os alunos das escolas cívico-militares e
vê que a gente está diante de um novo Bolsonaro lá na frente’. De fato, em vez
de ordem e progresso, o futuro promete ditadura e retrocesso.”.
Muito obrigado,
deputado Jorge do Carmo.
O
SR. PRESIDENTE - DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado Suplicy. É
exatamente isso que eu acabei de falar há pouco. Em vez de ordem e progresso, o
futuro das escolas militarizadas promete futuro e retrocesso.
Essa é a política do governador
Tarcísio de Freitas e do prefeito da cidade de São Paulo, Ricardo Nunes, que
querem Educação para a ditadura, lamentavelmente. Com a palavra, na Lista
Suplementar, o deputado professor Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL
- SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente deputado Jorge do Carmo, hoje é dia 27
de maio, e até agora o governo estadual, o governo do Tarcísio de Freitas, está
afrontando a legislação vigente do País, afrontando a data-base salarial dos
servidores e servidoras do estado de São Paulo.
Eu me refiro
aqui à Lei nº 12.391, de 2006, aprovada aqui, no plenário da Assembleia
Legislativa, em 2006, que estabelece o dia primeiro de março como a data-base
do funcionalismo estadual, que obriga o estado a fazer a reposição das perdas
inflacionárias, como também já determina o próprio Art. 37 da Constituição
Federal, que afirma que todos os entes federativos, munícipios, estados e a
própria União, devem ter data-base e repor as perdas inflacionárias anualmente.
Aqui, no estado
de São Paulo, a data é o dia primeiro de março. Nós estamos no dia 27 de maio,
e até agora o governo não apresentou nenhum índice de reposição da inflação,
muito menos de reajuste salarial. É um governo fora da lei.
Mas, não é só
isso, Sr. Presidente, tem também a afronta à lei do piso nacional do
Magistério. O governo não está cumprindo o reajuste que já foi dado pela
portaria do MEC em janeiro.
Então, 27 de
maio, a data foi em janeiro, e, até agora, o governo não deu também o reajuste
do piso nacional do Magistério, que é obrigatório pela Lei nº 11.738, de 2008.
Lei federal, aprovada no Congresso, sancionada pela Presidência da República, e
confirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
Ou seja, o
governo está violando toda a nossa legislação de ensino. Os nossos servidores,
em geral, estão com os salários arrochados, defasados há muitos anos, e até
agora nada, Sr. Presidente.
Só que, além de
prejudicar os servidores da ativa, não dando o reajuste, nem do funcionalismo e
nem do piso, o governo também está prejudicando todos os aposentados e pensionistas,
porque esses reajustes são estendidos aos aposentados e pensionistas.
Ao privar, ao negar o reajuste para os servidores da
ativa, o governo prejudica também aposentados e pensionistas - isso é grave,
Sr. Presidente -, que estão sendo prejudicados por essa política salarial
perversa do governador Tarcísio de Freitas.
Como disse em outros pronunciamentos, eu já
acionei o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, o Ministério Público,
denunciando que o governo está cometendo improbidade administrativa. É uma
irresponsabilidade jurídica. Na verdade, é um crime de responsabilidade.
Vou falar aqui diretamente: o governo
comete crime de responsabilidade ao não cumprir a legislação em vigor no estado
e no País, não cumprir nem a lei federal, nem a Constituição, nem a lei
estadual.
Nós estamos cobrando. O Ministério
Público tem que tomar providências, e o Tribunal de Contas também, para obrigar
o governo a repor as perdas inflacionárias e cumprir a data-base do
funcionalismo e também o reajuste do piso.
O piso ele tem que cumprir sem
utilizar abono complementar e com o reajuste e com o pagamento do piso com
repercussão na carreira, Sr. Presidente, porque, mesmo quando o governo cumpre
o piso, o reajuste, ele cumpre mais com abono complementar. Isso é ilegal. Ele
tem que cumprir com repercussão em toda a carreira.
Por fim, Sr. Presidente, sempre cobro
semanalmente aqui na Assembleia Legislativa, sobretudo aqui da tribuna, que o
governo faça o encaminhamento, em caráter de extrema urgência, do projeto de
lei complementar para regulamentar a PEC da Polícia Penal, que já foi aprovada
por nós em 2022. Nós fizemos uma luta imensa para que ela tenha sido aprovada.
Em 2019, foi aprovada a PEC do governo federal, em nível federal, e agora nós
aprovamos aqui.
O estado de São Paulo foi um dos
últimos estados a aprovar essa PEC, e agora não está regulamentando, Sr.
Presidente. O governador se comprometeu, o governo estadual se comprometeu a
enviar o projeto à Assembleia Legislativa, e até agora nada. O que tem é uma
minuta de um projeto que o governo soltou para o sindicato, mas é uma minuta
muito ruim, que não atende minimamente as reivindicações básicas dos servidores
do sistema prisional.
Essa minuta não enquadra, por
exemplo, os motoristas, que são policiais penais na prática; não enquadra
também, na Polícia Penal, os oficiais administrativos. Prejudica imensamente os
servidores que já estão há um bom tempo, os que estão mais próximos da
aposentadoria, que serão prejudicados por conta da falta de uma justa evolução
funcional, de uma progressão.
Então são vários ataques aos
servidores e servidoras do sistema prisional em curso nessa minuta. Ela tem que
ser melhorada antes de chegar aqui, Sr. Presidente. Nós vamos, logicamente,
quando o projeto chegar, apresentar emendas para que ele seja melhorado e
atenda essas reivindicações que eu citei e muitas outras que estão sendo
debatidas pelas entidades representativas dos servidores e servidoras do
sistema prisional.
Então fica aqui a nossa exigência
para que o governador faça o encaminhamento do projeto do PLC para regulamentar
em caráter de urgência a Polícia Penal.
Muito obrigado, Sr. Presidente.
O SR. CARLOS
GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, não havendo mais orador para fazer uso
da tribuna e havendo acordo entre as lideranças, eu solicito o levantamento
desta sessão.
O SR. PRESIDENTE
- DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado Carlos Giannazi.
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, esta Presidência, cumprindo determinação
constitucional, adita à Ordem do Dia os Projetos de lei nº 460, de 2019, e
1.674, de 2023, vetados.
Havendo acordo de lideranças, antes de dar por
levantados os trabalhos, convoco V. Exas. para a sessão ordinária de amanhã, à
hora regimental, com o remanescente da Ordem do Dia da última quarta-feira.
Está levantada a sessão.
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- Levanta-se a
sessão às 14 horas e 59 minutos.
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