20 DE JUNHO DE 2024
89ª SESSÃO ORDINÁRIA
Presidência: CARLOS GIANNAZI e REIS
RESUMO
PEQUENO EXPEDIENTE
1 - CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência e abre a sessão às 14h06min.
2 - REIS
Por inscrição, faz pronunciamento.
3 - LECI BRANDÃO
Por inscrição, faz pronunciamento.
4 - REIS
Assume a Presidência.
5 - CARLOS GIANNAZI
Por inscrição, faz pronunciamento.
6 - EDIANE MARIA
Por inscrição, faz pronunciamento.
7 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Assume a Presidência. Endossa o pronunciamento da deputada Ediane Maria.
8 - EDIANE MARIA
Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.
9 - PRESIDENTE CARLOS GIANNAZI
Defere o pedido. Convoca os Srs. Deputados para a sessão ordinária do dia 21/06, à hora regimental, sem Ordem do Dia. Levanta a sessão às 15h33min.
* * *
- Assume a Presidência e
abre a sessão o Sr. Carlos Giannazi.
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Presente o número regimental
de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus, iniciamos os
nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior
e recebe o Expediente.
* * *
- Passa-se ao
PEQUENO EXPEDIENTE
* * *
O SR. PRESIDENTE - CARLOS
GIANNAZI - PSOL - Dando início à lista de oradores inscritos no Pequeno Expediente, com a
palavra o deputado Rafa Zimbaldi. (Pausa.) Com a palavra o deputado Rafael
Saraiva. (Pausa.) Com a palavra o deputado Ricardo Madalena. (Pausa.)
Com
a palavra o deputado Luiz Claudio Marcolino. (Pausa.) Com a palavra o deputado
Tomé Abduch. (Pausa.) Com a palavra o deputado Delegado Olim. (Pausa.) Com a
palavra o deputado Sebastião Santos. (Pausa.) Com a palavra o deputado Reis,
que fará uso regimental da tribuna.
O
SR. REIS - PT –
Quero cumprimentar o presidente, deputado Carlos Giannazi, o público presente,
os integrantes da Polícia Civil, da Polícia Militar, da Polícia Penal, da
Polícia Técnico-Científica, os diretores de escolas, os professores, os
médicos, os enfermeiros, todos os funcionários públicos e todos aqueles e
aquelas, inclusive os funcionários desta Casa, que estão nos acompanhando pela
Rede Alesp.
Presidente
Carlos Giannazi, eu gostaria hoje de poder falar várias vezes, mas eu marquei
uma reunião no Ministério Público com o procurador-geral de Justiça - porque
trocou o procurador - para tratar com ele sobre a Lei nº 1.354, com aquele
dispositivo que é inconstitucional, o qual determina que o policial para se
aposentar tem que ter cinco anos na classe senão ele é “despromovido”.
Nós tentamos
consertar isso aqui, com um projeto de lei complementar, o PLC 61. Mas o
governador, o “vetador-geral do estado” acabou vetando esse projeto. Então,
estou recorrendo ao Ministério Público para que eles entrem com uma ação
declaratória de inconstitucionalidade desse dispositivo, que é o Art. 12, que
fala dos cargos, classe ou nível no § 2º. O objetivo é que o Ministério Público
entre com uma ação declaratória de inconstitucionalidade (ADIN) para anular
esse dispositivo, que é inconstitucional e tem levando a SPPrev a perder várias
demandas na Justiça.
Eu estava até
lendo uma agora. Ela, a SPPrev foi até o STF, mas o Supremo disse que não, que
realmente não tem como garantir, não tem como manter esse dispositivo. O
Supremo entendeu que é inconstitucional, tem repercussão geral, mas mesmo assim
a SPPrev passa por cima das decisões judiciais e acaba que toda vez que um
policial vai pedir aposentadoria, ele tem que entrar com uma ação na Justiça.
A outra coisa
que eu quero falar, deputada Leci Brandão, deputado Carlos Giannazi, é que no
sábado, dia 22, vai ter eleição do Conselho Gestor no Hospital do Campo Limpo,
então, como é a minha região, pois sou daquela região tão querida que é o Campo
Limpo, eu quero fazer uma saudação especial aos companheiros nossos que vão
participar da eleição do Conselho Gestor do Hospital do Campo Limpo:
companheiro Antônio Viana, o Bigode; a Dalva Célia; a Mércia; o companheiro
Antônio Luiz da Silva; a companheira Lili; a companheira Paula; e a companheira
Melania, que participarão desse processo do Conselho
Gestor do Campo Limpo. A eleição vai começar a partir das oito horas da manhã e
vai até às 17 horas. É muito importante escolher os conselheiros que estarão
ali representando a comunidade e fiscalizando o funcionamento do Hospital do
Campo Limpo.
A conquista do
Hospital do Campo Limpo foi o resultado de um processo de muita luta, para que
ele existisse. Eu me lembro desde a primeira pedra, que começou lá na gestão do
prefeito Mário Covas, depois passou pela gestão do Jânio Quadros e foi
finalizado pela prefeita Luiza Erundina. Então ele é muito importante.
A eleição vai
acontecer na Estrada de Itapecerica nº 1.661, na Vila Maracanã, no próprio
Hospital do Campo Limpo. Então, todos vocês que são da região estão convidados
a participar desse processo democrático de escolha do Conselho Gestor do
Hospital do Campo Limpo.
A outra questão
que eu quero, com esse curto tempo que eu tenho para falar aqui, deixar registrada
é sobre a gratuidade no Metrô para os policiais civis. O secretário de
Segurança que, inclusive, faz parte do Conselho de Administração do Metrô,
tinha enviado um ofício para o Metrô pedindo para que eles reconsiderassem,
para garantir que os policiais civis pudessem, sim, ter direito à gratuidade e
o Metrô voltou atrás, presidente Carlos Giannazi.
O Metrô voltou
atrás, inclusive está na “Folha de S. Paulo” e eu até fiz um pronunciamento
ontem cobrando que fosse garantida a gratuidade aos policiais civis no Metrô. E
a “Folha” diz que: “o Metrô desistiu de acabar com a gratuidade para policiais
civis e de restringir o benefício para policiais militares e guardas civis
metropolitanos, após pressão de representantes da categoria e do próprio
secretário da Segurança Pública”.
Aqui a matéria
traz que o Metrô registrou um prejuízo de 1,2 bilhão em 2022, 900 milhões em
2023, e por isso que ele tem implementado medidas de cortes. Parece que a
gestão do Tarcísio não tem muita expertise de administração pública e onde eles
passam as coisas vão degringolando, como é o caso do Metrô que está com esse
prejuízo na gestão dele.
Então, só para
dizer, presidente, que é importante essa decisão do Metrô, de ter recuado, de
ter voltado atrás, mas é muito importante que essa política seja perenizada e
isso tem que ser feito por lei, porque senão daqui a pouco vem outro gestor e
revoga. Aquilo que é feito por lei, que é perenizado em lei, só uma outra lei
pode revogar. E, por lei, tem que ser aprovado por esta Casa.
Então, eu fiz a
indicação ao governador Tarcísio de Freitas para que ele mande um projeto para
esta Casa; para que ele mande um projeto para esta Casa para a gente aprovar,
para que fique garantido “ad aeternum” o direito dos policiais civis, dos
policiais militares, dos bombeiros, dos GCMs, de poder usar o sistema de
transporte público.
Não só o Metrô,
mas também sistema é intermunicipal, a EMTU, as empresas que fazem esse
processo de transporte na Região Metropolitana; além dos policiais que moram em
cidades distantes e que também perderam a gratuidade.
Para que o
governador tome providências, mande o projeto para esta Casa para que a gente
possa votar, aprovar e não ficar na mão de um gestor que “ah, agora não tem
mais gratuidade”, e volta atrás, não dá para ser assim. Não dá para ser assim,
então, só para deixar registrado esses fatos na data de hoje, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Dando
sequência à lista de oradores inscritos, com a palavra a deputada Professora
Bebel. (Pausa.) Deputado Dr. Eduardo Nóbrega. (Pausa.) Deputado
Dr. Jorge do Carmo. (Pausa.) Deputado Valdomiro Lopes. (Pausa.) Deputado
Rui Alves. (Pausa.) Deputada Carla Morando. (Pausa.) Deputada
Leci Brandão, que fará uso regimental da tribuna.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Exmo. Sr. Presidente, deputado Reis, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, funcionários desta Casa, público que nos assiste pela nossa TV
Alesp, nós precisamos falar sobre algo que está sendo muito perigoso, que ronda
o nosso País: é o extremismo político que está baseado no fundamentalismo
religioso, que tem invadido a política, o debate público sobre temas urgentes;
até mesmo a ciência, há alguns anos.
O premiado
jornalista Jamil Chade escreveu uma coluna no UOL com o título: “Censura a
livros no Brasil gera alerta internacional. Sexualidade lidera.” No texto, ele
explica que o informe da ONU sobre direito à Educação inclui o Brasil como um
dos exemplos onde a censura contra livros preocupa. Esse relatório aponta que
os temas mais censurados são racismo, história afro-brasileira e cultura
indígena, separação entre estado e religião, colonização europeia, ditadura
militar, teoria da evolução, vacinação e destruição ambiental.
Não é
coincidência, portanto, que mais um livro tenha sido censurado no nosso País.
Dessa vez, o livro “O Menino Marrom”, do grande Ziraldo, obra do Ziraldo, foi
retirado da lista de leituras para crianças em Minas Gerais como resposta à
pressão de conservadores. Para eles, trata-se de um texto com palavras muito
pesadas.
O livro fala
simplesmente sobre as diferenças de cor entre nós e ensina para as crianças que
a nossa cor de pele não nos diferencia. Somos amigos, humanos capazes, sendo
pretos ou brancos. O que é que tem de pesado nisso? Nada.
A gente sabe,
porém, que fundamentalistas não gostam de jornalistas, nem da ONU, nem dos
professores, das universidades, dos artistas, da diversidade, da cultura, da
ciência, ou seja, fundamentalista rejeita tudo aquilo que não os autoriza a
dizer ou fazer as barbaridades que eles querem impor.
Então, eu quero
deixar muito transparente, Sr. Presidente, a quem estou me dirigindo neste
momento. Estou falando com você, que preza pela democracia, pela dignidade
humana, liberdade real de pensamento, respeito ao próximo e também pela vida
dos demais vulneráveis. Saibam que ditaduras não são anunciadas.
Elas vão
tomando conta de tudo aos poucos, sem que os bons se deem conta por falta de
atenção aos sinais. Há uma articulação internacional da extrema direita para
impor a sua visão de mundo a todos nós. Precisamos dar um basta nesse projeto
autoritário de poder. Depois vai ser tarde demais.
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
* * *
- Assume a Presidência o Sr. Reis.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Muito bem, deputada Leci
Brandão. Seguindo a lista de oradores do
Pequeno Expediente, chamo para fazer uso da palavra a deputada Dani Alonso. (Pausa.)
Deputado Caio França. (Pausa.) Deputada Andréa Werner. (Pausa.) Deputado
Rodrigo Moraes. (Pausa.) Deputado Luiz Fernando Teixeira Ferreira. (Pausa.) Deputado
Carlos Giannazi.
O
SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, deputado Reis, Srs. Deputados, Sras.
Deputadas, telespectador da TV Assembleia, ontem nós tivemos um julgamento
histórico no Supremo Tribunal Federal.
Refiro-me aqui
às 13 ADIs - Ações Diretas de Inconstitucionalidade -
que versam sobre o questionamento à Reforma Previdenciária aprovada em 2019, a
famigerada reforma da Previdência do Bolsonaro, Sr. Presidente, que confiscou
as aposentadorias de aposentados e pensionistas em todo Brasil. Na verdade, ela
autorizou que municípios e estados pudessem confiscar. Foi o que aconteceu aqui
na gestão Doria.
Após essa
aprovação em 2019, em 2020 houve uma aprovação aqui também da gestão Doria da
reforma da Previdência, e teve início o confisco das aposentadorias. Depois de
uma ampla mobilização, de muita luta, de muita resistência, nós conseguimos
derrotar o confisco do Doria aqui em São Paulo através das twitteiras,
através das entidades, através das nossas ações aqui na Assembleia Legislativa.
O nosso PDL, o
meu PDL 22, teve um papel importante de mobilização. Nós derrotamos no estado
de São Paulo, porém a lei federal continua autorizando o confisco das
aposentadorias e pensões. Ontem nós tivemos uma vitória importante, porque o
Supremo, ao que tudo indica, ontem formou maioria para derrubar esse item da
lei federal, Sr. Presidente, mas isso foi fruto de muita mobilização.
Nós estivemos,
em vários momentos, no Supremo Tribunal Federal, conversando com os ministros,
conversando com as assessorias dos ministros. Nós organizamos mobilização aqui
junto com as twitteiras de São Paulo, que representam
um núcleo muito importante de mobilização e de pressão no Congresso Nacional,
aqui na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal para derrotar o SampaPrev
e também no próprio Supremo Tribunal Federal.
Inclusive eu
tenho aqui, Sr. Presidente, mais ou menos uma tabelinha dos votos. Os que estão
em “x” votaram contra os aposentados: o ministro Barroso, o ministro Zanin,
esses dois. Nós temos dúvidas em relação ainda ao Kassio Nunes. Embora apareça
que ele tenha votado a favor, me parece que não. A gente está fazendo um
levantamento ainda, mas, de qualquer forma, já tem maioria.
A sessão foi
suspensa, o julgamento foi suspenso, porque o ministro Gilmar Mendes pediu
vista, deputada Ediane, mas o discurso dele foi favorável à
derrubada do confisco também.
Enfim, ele tem
um prazo para devolver, acho que de 90 dias, e nós vamos aguardar, mas, de
qualquer forma, já foi, ao que tudo indica. Os votos estão sendo agora
publicados, nós estamos lendo, mas, ao que tudo indica, já há maioria para
derrubar o confisco das aposentadorias e pensões.
Aqui estão as
nossas ações, as nossas iniciativas durante um bom tempo. São algumas fotos
mostrando exatamente nossa participação no Supremo Tribunal Federal, como eu
disse, conversando com os ministros, com os seus chefes de gabinete, com os
seus assessores.
Estávamos
presentes em muitos momentos com as entidades representativas também dos
servidores públicos aqui de São Paulo, com o Chico Poli, da Udemo; com o Gozze, da Assetej, da Pública e que
também coordena a Frente das Entidades.
Enfim, várias
gestões foram feitas por nós, diretamente conversando com os ministros. Quando
digo nós, é o nosso coletivo Educação em Primeiro Lugar, a deputada federal
Luciano Cavalcante, o vereador Celso Giannazi, que em muitos momentos saiu
daqui até mais do que eu para conversar com os ministros, com os assessores no
Supremo Tribunal Federal.
Então esse
trabalho foi fundamental, somado ao trabalho das entidades, das twitteiras, dos sindicatos, das associações e uma ampla
mobilização que foi feita. Isso reforça a nossa luta para que o governo devolva
o que ele confiscou, e devolva com juros e correção monetária aqui no estado de
São Paulo, Sr. Presidente.
Também o
prefeito Ricardo Nunes já pode agora revogar o confisco de 100 mil aposentados
e pensionistas da cidade de São Paulo. Ele já tem aqui o amparo legal, porque
já há maioria no Supremo Tribunal Federal dizendo que é inconstitucional.
Inclusive, Sr. Presidente, registro ainda que há um parecer da PGR, da
Procuradoria Geral da República dizendo que é inconstitucional. Então, não tem
que...
O prefeito
Ricardo Nunes, se tiver um mínimo de dignidade, de coragem e de respeito aos
aposentados, aos 100 mil aposentados de São Paulo, ele revoga imediatamente,
Sr. Presidente, nem precisa terminar essa votação, porque já tem maioria.
E ele pode
fazer isso a qualquer momento, e o governador Tarcísio também pode devolver
agora, porque é inconstitucional, está lá. O Supremo já julgou isso,
praticamente. A maioria dos ministros votou pela inconstitucionalidade do
confisco de quem ganha abaixo do teto do INSS.
Então, é uma
vitória importante para os aposentados e pensionistas de São Paulo e de todo o
Brasil.
Muito obrigado,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - REIS - PT - Seguindo a lista,
chamamos para fazer uso da palavra a deputada Beth Sahão. (Pausa.) Deputado
Altair Moraes. (Pausa.) Deputado Simão Pedro. (Pausa.) Deputado Enio Tatto.
(Pausa.) Deputado Paulo Mansur. (Pausa.) Deputado Conte Lopes. (Pausa.)
Deputado Dr. Elton. (Pausa.)
Deputado Eduardo Suplicy. (Pausa.)
Deputado Itamar Borges. (Pausa.) Deputado Guilherme Cortez. (Pausa.) Deputada
Fabiana Bolsonaro. (Pausa.) Deputado Gerson Pessoa. (Pausa.) Deputado Atila
Jacomussi. (Pausa.)
Deputado Rogério
dos Santos. (Pausa.) Deputada Solange Freitas. (Pausa.) Deputado Marcos
Damasio. (Pausa.) Deputado Gil Diniz. (Pausa.) Deputada Maria Lúcia Amary.
(Pausa.) Deputada Ana Perugini. (Pausa.) Deputada Ediane Maria.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL - SEM
REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde, Sr. Presidente; boa tarde a todos que estão nos
assistindo agora pela TV Alesp. Quero saudar também todos os funcionários dessa
Casa, quem está aqui nas galerias.
* * *
- Assume a
Presidência o Sr. Carlos Giannazi.
* * *
Hoje é um
momento para nós de muita vitória, para uma categoria que historicamente foi
invisibilizada e que a gente sente na pele essa insistência de nos manter
assim, até porque se mantém assim a categoria das trabalhadoras domésticas, das
trabalhadoras do cuidado do estado de São Paulo e do Brasil.
A gente não
consegue garantir direitos básicos, que é o direito a ter dignidade, à vida, a
um futuro melhor, mas hoje essa Casa, Sr. Presidente, eu estou aqui hoje para
lembrar um passo a passo, porque faz um ano e três meses que eu entrei nesta
Casa, mas não entrei sozinha. Eu entrei trazendo uma luta ancestral do nosso
País, que é a luta das trabalhadoras domésticas, que tivemos um grande avanço
em 2013, mas já se passaram 11 anos e nada mais foi feito pela nossa categoria.
Continuamos
hoje com mais de 74% da categoria das trabalhadoras domésticas na
informalidade. Eu tenho certeza que quem está assistindo agora conhece alguém.
Você conhece alguém que trabalha de babá, de faxineira, de diarista, que cuida
da sua casa e que muitas vezes não ganha nada por isso. Ou se ganha, assim como
é a realidade de 40% da categoria das trabalhadoras domésticas, ganha a metade
de um salário mínimo nesse País.
Então, hoje é
um dia de olhar quando nós entramos há um ano e três meses, que nós fizemos o
primeiro café da manhã para os funcionários aqui da limpeza da Assembleia, que
são terceirizados, mas que são da periferia, são mulheres pretas, na sua grande
maioria, e que ficaram muito felizes com esse café da manhã, porque não era
somente um café da manhã.
Era para
anunciar a chegada da primeira empregada doméstica a ocupar esta Casa e a dizer
a importância inclusive desta Casa para fazer política para de fato a gente
começar um processo.
Quando nós
entramos aqui, a Leci muito bem colocou, quando entramos aqui nós falamos que
íamos quilombar a política. Quilombar
a política é de fato pertencer a ela e fazer com que essa Casa gire, pense
política voltada para uma categoria que é invisibilizada porque não tem
direitos garantidos em carteira.
Hoje nós ainda
continuamos lutando, mas o estado de São Paulo deu uma resposta muito boa.
Quero saudar aqui todos que trabalham comigo e que lutam e que choram e que
sofrem, mas também que sorriem, até porque nós damos aqui várias gargalhadas.
Andar nos
corredores da Assembleia também é pertencer a ela, por mais que tentaram fazer
com que a Assembleia fosse um lugar tão inacessível que, para poucas de nós,
seria difícil chegar. Aqui na Assembleia hoje somos cinco. Na história da
Assembleia Legislativa de São Paulo somos seis fazendo política, construindo.
Esta Casa hoje,
para quem não está acompanhando, esta Casa hoje tem mais de 109 projetos de lei
voltados para as trabalhadoras domésticas. Eu quero falar que pertencer à
política e sensibilizar a política é fazer inclusive com que pessoas que não
são do nosso campo político olhem para o que nós falamos, para o que nós
representamos e lutamos nesta Casa e também pensem em políticas voltadas para a
nossa categoria.
Hoje é um saldo
muito importante e eu quero agradecer aqui a todos, a todas, a todos vocês que
estão em casa, a todos que contribuíram, a todos que foram às urnas. Vocês
acreditaram e depositaram a sua confiança na reconstrução desta sociedade, na
reconstrução da política.
Hoje nós temos
o nosso primeiro projeto de lei sancionado no estado de São Paulo. Agora, sim,
o dia 27 de abril é o Dia Estadual da Trabalhadora Doméstica e de Cuidados no
estado de São Paulo.
A minha luta é
para que nós possamos, de fato, nos organizar, porque, se não tem um dia que
fale da gente, é a invisibilidade que permanece. Nós temos hoje um dia que é
nosso, um dia para a gente pensar em políticas que atendam os critérios
sociais.
Que a gente
comece a se olhar também como seres pertencentes à sociedade. É essa a alegria
que eu tenho hoje, o nosso projeto, a nossa lei é a 17.948, do dia 19 - estou
tão nervosa, gente -, dia 19 de junho de 2024.
Quero também
saudar, também agradecer ao Sr. Governador, que entendeu a importância de
estarmos ocupando esses espaços. Até porque é esse o passo a passo da política,
é sensibilizar, é organizar as nossas lutas.
Sim, eu quero
muito e tenho sonhos de que nós seremos uma categoria respeitada no nosso País.
Ser da família é ser de fato, que os patrões também lutem por nós. É essa luta
que estamos travando aqui na Assembleia Legislativa.
Então quero
saudar a todos que articularam, que contribuíram, que pensaram, que correram
atrás e que me olharam e falaram “Ediane, eu quero até colocar uma coautoria no
seu projeto”. Eu falei: “a gente vai levá-lo, a gente vai sensibilizar esta
Casa”.
Quero saudar
também, eu quero falar do presidente André do Prado, que pegou, ele não dormiu,
falou que não dormiu esses dias todos, viu, Marco, falou: “eu estava ali,
Ediane, incansável, correndo atrás, pensando”.
Eu falei: “você
não esqueceu em nenhum momento?”. Ele falou: “não esqueci em nenhum momento,
porque eu vejo nos seus olhos a alegria de poder falar da sua categoria”.
Então muito
obrigada mais uma vez ao estado de São Paulo.
Viva a luta das
trabalhadoras domésticas e de cuidados deste País!
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Parabéns,
deputada Ediane Maria, por essa conquista, por representar tão bem as
trabalhadoras domésticas. Através dessa lei V. Exa. tirou as trabalhadoras
domésticas da invisibilidade, dando projeção a elas.
Eu acho que esse é só mais um projeto
de V. Exa., outros virão, com certeza, garantindo mais direitos e mais
dignidade a todas as trabalhadoras domésticas. É uma honra ter votado a favor
do seu projeto.
Parabéns.
A
SRA. EDIANE MARIA - PSOL - Muito
obrigada, Sr. Presidente.
Agora eu queria pedir a suspensão desta
sessão, o levantamento desta sessão. Está vendo como é difícil, gente? Não é
fácil, não.
O
SR. PRESIDENTE - CARLOS GIANNAZI - PSOL - Muito obrigado,
deputada Ediane. Havendo acordos entre as lideranças, esta Presidência, antes
de dar por levantados os trabalhos, convoca V. Exas. para a sessão ordinária de
amanhã, à hora regimental, sem Ordem do Dia.
Está levantada a sessão.
* * *
-
Levanta-se a sessão às 14 horas e 33 minutos.
* * *