22 DE AGOSTO DE 2023

27ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA

        

Presidência: ANDRÉ DO PRADO

Secretaria: GERSON PESSOA, DR. EDUARDO NÓBREGA, CARLOS CEZAR e ALEX MADUREIRA

        

RESUMO

        

ORDEM DO DIA

1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Abre a sessão.

        

2 - ENIO TATTO

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

3 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Parabeniza o deputado Enio Tatto. Coloca em discussão o PL 752/21.

        

4 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Discute o PL 752/21.

        

5 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Solicita verificação de presença.

        

6 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado o quórum.

        

7 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Para questão de ordem, faz pronunciamento.

        

8 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Recebe a questão de ordem, para dar resposta em momento oportuno.

        

9 - ANA PERUGINI

Discute o PL 752/21 (aparteada pelo deputado Luiz Claudio Marcolino).

        

10 - CARLOS GIANNAZI

Discute o PL 752/21.

        

11 - CARLOS GIANNAZI

Solicita verificação de presença.       

        

12 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado o quórum.  

        

13 - DR. JORGE DO CARMO

Discute o PL 752/21.

        

14 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Anuncia a presença de autoridades da província Mie, localizada no Japão, a convite do deputado Marcio Nakashima.

        

15 - BARROS MUNHOZ

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

16 - EMÍDIO DE SOUZA

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

17 - CAIO FRANÇA

Discute o PL 752/21.

        

18 - PAULO MANSUR

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

19 - SIMÃO PEDRO

Discute o PL 752/21.

        

20 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Suspende a sessão, por cinco minutos, por conveniência da ordem, às 18h40min, reabrindo-a às 18h44min.

        

21 - CARLOS CEZAR

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

22 - CARLOS CEZAR

Solicita o levantamento da sessão, por acordo de lideranças.

        

23 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Anota o pedido.

        

24 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

25 - MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS

Para comunicação, faz pronunciamento.

        

26 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO

Defere o pedido do deputado Carlos Cezar. Desconvoca sessão extraordinária anteriormente convocada para dez minutos após o término desta sessão. Levanta a sessão.

        

* * *

 

- Abre a sessão o Sr. André do Prado.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental de Sras. Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.

Ordem do Dia.

 

* * *

 

- Passa-se à

 

ORDEM DO DIA

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e votação do Projeto de lei nº 752, de 2021, de autoria do Tribunal de Justiça. Para discutir a favor, com a palavra...

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Enio Tatto.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Cabe uma comunicação nesse momento?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL – Sim, cabe. Antes de V. Exa. discutir a favor, dois minutos para uma comunicação.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, eu queria informar que eu saí de uma reunião agora, na Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, com o secretário Vahan Agopyan, e também com a superintendente e diretora do Centro Paula Souza, Sra. Laura Laganá. 

Estou falando isso porque V. Exa. também interferiu e ajudou num pedido dos professores do CPS, o Centro Paula Souza, que pediram esse contato, essa reunião, já que eles estavam em estado de greve. Eles suspenderam a greve também por conta dessa reunião. 

Então, está ocorrendo a reunião, tive que sair antes. E agradecer a V. Exa., e agradecer também pela rapidez de marcar essa reunião. Não é possível que o secretário não atenda um movimento para conversar, abrir esse diálogo. 

Esse diálogo foi aberto graças a essa intervenção da Assembleia Legislativa, desse deputado, deputado Gilmaci, líder do Governo também, e Vossa Excelência. 

Então, eles ficaram lá conversando. Isso é muito bom, quando se abre diálogo para resolver os problemas de duas entidades tão importantes para o estado de São Paulo, para toda a população, que são as Etecs e as Fatecs, do Centro Paula Souza.

Muito obrigado, mais uma vez.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Parabéns, deputado Enio Tatto. Vossa Excelência se empenhou muito por essa audiência no dia de hoje, para tentar buscar uma solução, por questão da greve do Centro Paula Souza, tanto das Etecs quanto das Fatecs. Nós sabemos o patrimônio que são as Etecs e as Fatecs no estado de São Paulo para a formação dos nossos profissionais para o mercado de trabalho.

Então tenha sempre o compromisso deste presidente, buscar sempre o diálogo com os órgãos competentes - no caso o secretário de Ciência e Tecnologia - para buscar uma solução para paralisar a greve e voltarmos às aulas dos alunos que necessitam tanto de capacitação profissional para enfrentar o mercado de trabalho.

Com a palavra agora o deputado Enio Tatto, para discutir a favor.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Sr. Presidente, eu queria passar o meu tempo ao deputado Luiz Carlos Marcolino.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Com a palavra, então, o deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. ENIO TATTO - PT - Luiz Claudio Marcolino. É pouco tempo que eu convivo com ele, a gente se atrapalha no nome.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É, mas então, agora, considerando Luiz Claudio Marcolino para discutir a favor do projeto.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Agradeço ao nobre deputado Enio Tatto pela cessão do tempo. Então, saudando os Srs. Deputados, as Sras Deputadas, os funcionários e as funcionárias da Assembleia Legislativa. Sr. Presidente, o Projeto de lei nº 752, de 2021, ora debatido aqui na Assembleia, é um projeto que já vem causando polêmicas no estado de São Paulo.

Já faz pelo menos dois anos que o projeto começou a tramitar, em 2021. Nós estamos agora em 2023 e só na semana passada, nobre deputado Bragato, que conseguimos efetivamente fazer uma audiência pública com o Tribunal de Justiça, com a OAB, com diversas entidades clássicas hoje que representam os advogados no estado de São Paulo, para poder dialogar com a sociedade um pouco mais sobre esse projeto.

E a audiência pública, nós já tentamos, por diversas vezes, nobre deputado Barba, que pudesse ocorrer. E foi com muita insistência das bancadas de oposição da Assembleia Legislativa que essa audiência pública ocorreu na semana passada.

Mas, mesmo assim, depois de muito debate, mesmo na audiência pública, um projeto que ainda não está totalmente amadurecido pela sociedade no estado de São Paulo para ter uma votação.

Muitos deputados aqui na Casa já colocaram a contrariedade, têm muitos deputados que são favoráveis, mas tem uma parcela ainda que entende que esse projeto é um projeto nocivo à população do estado de São Paulo, que não tem interesse de votar nesse projeto.

Então, quanto mais debate se tem na Assembleia Legislativa, mais a gente vai convencendo os pares de que esse projeto não é um projeto bom para o estado de São Paulo.

E quando eu falo, deputado, que não é um projeto bom, nobre deputada Ana Perugini, é porque, talvez, o debate não está sendo feito de forma correta. Porque nós temos hoje, de fato, algumas demandas do Tribunal de Justiça no estado de São Paulo que não vêm sendo, pelo menos, analisadas por parte do governo do estado de São Paulo, para ter um olhar direcionado para o Judiciário do nosso Estado.

E aí, quando o Tribunal de Justiça vem e traz um projeto de taxas em uma expectativa de ajudar a recompor o orçamento do Tribunal de Justiça, o debate está errado. Porque o debate que deveria ser feito é: qual a necessidade, quanto recurso é necessário para o orçamento da Justiça no estado de São Paulo para atender o conjunto das demandas?

E a gente olha aqui alguns dados - eu peguei aqui a partir da bancada do Partido dos Trabalhadores. Nós vemos alguns levantamentos sobre as necessidades que o Tribunal de Justiça apontou nos últimos anos.

Em 2021, o Tribunal de Justiça apresenta como necessidade para a estruturação das ações do Tribunal de Justiça... Inclusive, essa semana nas audiências do Orçamento, nobre deputado Jorge do Carmo, estivemos em Mirandópolis.

O Tribunal de Justiça construiu um fórum lá em Mirandópolis que custou em torno de 10 milhões de reais, e hoje o pessoal coloca a necessidade desse prédio entrar em funcionamento. Quer dizer, se utilizou de 10 milhões de reais, o fórum está em funcionamento, está lá construído, mas ainda não está em funcionamento.

Porque, de fato, há uma necessidade de recursos para o Tribunal de Justiça, para a garantia da conclusão dos fóruns, da estruturação das comarcas. É importante que se tenha uma estrutura de um quadro funcional do Tribunal de Justiça bem estruturado, bem amparado tecnicamente, tecnologicamente.

Então, quando o Tribunal de Justiça apresenta para o Governo do Estado de São Paulo recursos, e, muitas vezes, o Governo do Estado de São Paulo não passa esses recursos para o Tribunal de Justiça, vai se criando um vácuo. E, vem projetos como esse, que foi apresentado em 2021, que acabam penalizando a população do estado de São Paulo.

Então, nós temos que trazer para esta Casa o debate correto, do recurso necessário no Orçamento do Estado, para que o Tribunal de Justiça possa ter o seu funcionamento.

Levantando os dados de 2021, inclusive, é o ano em que esse projeto começou a tramitar aqui na Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça solicitou ao Governo do Estado de São Paulo a Lei Orçamentária Anual para que fosse apreciado um montante de 18 milhões 967 reais e 85 reais. Então, 18 milhões e 900 que foi o solicitado. Na prática, o que entrou... Na verdade, aqui não tá falando em milhões, são 18 bilhões de reais.

O que foi aprovado, nobre deputada Ana Perugini, foram 12 bilhões de reais. Nós estamos falando do Orçamento do Estado de 317 bilhões - é o Orçamento do estado de São Paulo no ano de 2023, nobre deputada Paula.

Então, o que foi solicitado pelo Tribunal de Justiça foram 18 bilhões e 900, e o governador em exercício nesse momento, que era o Doria, em 2021, liberou apenas 12 bilhões e 358 milhões de reais.

Então, nós estamos falando, nobre deputado Barba, de 6 bilhões e 600 mil a menos do que o Tribunal de Justiça tinha proposto ao Governo do Estado de São Paulo. Então, quando vem o Tribunal de Justiça, mesmo em 2021, quando propõe um valor para o TJ e o governo estadual aporta um valor menor, então, ele apresenta um valor de cobrança de taxas no projeto de 2021... Demonstra que de fato tem um problema de interlocução.

Se o TJ está avaliando, nobre deputado Barba, que essa recomposição da taxa é para garantir recursos para o Tribunal de Justiça, eles solicitaram um valor de 18 bilhões e 900 milhões, e o governador aportou apenas 12 bilhões e 300 milhões. Isso segue nos anos seguintes.

Se a gente olhar no ano de 2022, o Tribunal de Justiça solicitou ao Governo do Estado de São Paulo, na Lei de Diretrizes Orçamentárias, no Orçamento anual, na LOA, 19 bilhões e 900 milhões de reais. Mais uma vez, o Governo do Estado de São Paulo aportou 13 bilhões e 500 milhões para o exercício de 2022.

Estou chamando atenção a esses números, até chamando atenção também para um diálogo com o Tribunal de Justiça, um diálogo com a OAB, um diálogo com a Defensoria e um diálogo com os pares desta Casa, porque ainda há tempo desse projeto ser retirado de votação, desse projeto não ter que passar por um processo de votação na Assembleia Legislativa.

Que a gente faça um debate com o Governo do Estado de São Paulo, que façamos um debate com os 94 deputados da Assembleia Legislativa, que possamos discutir, nobre deputado Caio França, uma recomposição do Orçamento do Tribunal de Justiça.

Se é essa a alegação que o Tribunal tem, que falta recurso para fechar o Orçamento anual, que possa ser feita uma recomposição do Orçamento do Tribunal de Justiça, dialogando com o Governo do Estado de São Paulo, dialogando com as secretarias, dialogando com os 94 deputados da nossa Assembleia Legislativa, para garantir essa recomposição.

A gente começa a perceber, nobre deputado Dr. Jorge do Carmo, que eu coloquei aqui dois anos: coloquei de 2021 e 2022, de 2023 também não foi diferente. Se a gente olhar em 2023, o Tribunal de Justiça solicitou na Lei Orçamentária Anual um valor de 21 bilhões e 300 milhões de reais. Foi aprovado no Orçamento de 2023, nobre deputada Ana Perugini, que está circulando agora, está em execução, apenas 15 bilhões e 500 milhões de reais.

Então, é o mesmo cálculo, é o mesmo raciocínio. Três anos consecutivos, o Tribunal de Justiça tem apresentado na Lei Orçamentária Anual um valor necessário para a gestão do Tribunal de Justiça no estado de São Paulo. E nos três anos em que eu apresentei, em todos os anos, o Governo do Estado de São Paulo apresenta, na LOA, um valor menor do que o menor valor apresentado.

Então, quando a gente olha aqui, no total desses três anos, de 2021, 2022 e 2023, o Tribunal de Justiça solicitou 60 bilhões e 281 milhões em três anos. E foram aprovados apenas 41 bilhões e 415 milhões. Houve a variação de quase 20 bilhões de reais a menos do que era a necessidade do Tribunal de Justiça nesses três anos.

Então, não é a questão das taxas... Do jeito como foi apresentado o Projeto no 752, de 2021, vai trazer prejuízo a boa parcela da população do estado de São Paulo, que precisa do apoio judiciário no nosso Estado. Vai encarecer para os trabalhadores, vai encarecer para a parcela da classe média, vai encarecer para a parcela do setor empresarial do nosso Estado.

Então, nós teremos um prejuízo imensurável se esse projeto for aprovado. Pedimos aqui para que o presidente da Assembleia Legislativa, nobre deputado André do Prado, possa, a partir desses dados aqui apresentados... Que possamos fazer um diálogo com o governador do estado de São Paulo, uma conversa com o Tribunal de Justiça; que ele possa pedir a retirada desse projeto que ora nós estamos discutindo.

Porque nós percebemos que ainda não tem o acúmulo necessário, nos 94 deputados do estado de São Paulo, para que esse projeto possa ser apreciado pela Assembleia Legislativa.

Então, eu quero reafirmar que os montantes que foram aqui apresentados, o montante de 41 bilhões de reais que foi aprovado de 2021, 2022, 2023, é insuficiente, pelas necessidades que o Tribunal de Justiça tem e apresenta todos os anos.

E não é diferente, nobre deputado Jorge do Carmo, se compararmos com os anos anteriores, de 2020, 2019, 2018. Sempre o Tribunal de Justiça apresenta e tem apresentado, nobre deputado Barros Munhoz, percentuais para dar conta da necessidade.

E nós sabemos que tem muitas cidades no estado de São Paulo que ainda não têm as comarcas necessárias; nós sabemos que tem fóruns que estão sendo construídos, que ainda não têm sido totalmente estruturados.

Então, é importante que a gente dialogue com a Assembleia Legislativa, junto com o Tribunal de Justiça, e dialogando também com o governador, para que possa ter uma recomposição do orçamento do Judiciário. É esse debate que nós deveríamos estar fazendo hoje aqui na Assembleia Legislativa, não um debate em relação a se aprova ou não o aumento da cobrança de taxas na estrutura do Judiciário paulista hoje.

Não é simplesmente uma mera comparação entre um estado e outro, como o Tribunal de Justiça tem apresentado. O que nós estamos colocando é que o orçamento, hoje, repassado pelo Governo do Estado de São Paulo ao Tribunal de Justiça, é um valor ainda insuficiente.

E, pegando o exercício de 2023, nobre deputada Paula, nós estamos falando, em 2023, de um orçamento pedido, solicitado, de 21 bilhões e trezentos. E foram aportados apenas 15 bilhões de reais para o Tribunal de Justiça.

Então, é esse debate que seria importante, nobre deputado Bragato, que fosse feito nesta Casa de Leis. Porque nós necessitamos da recomposição do Orçamento do estado de São Paulo para o Tribunal de Justiça nesse montante que ora foi apresentado. As demandas são muitas, como eu acabei de dizer. Na cidade de Mirandópolis, tem o fórum que foi estruturado, foi construído com a demanda necessária, não só da cidade de Mirandópolis, mas de toda a região.

E o fórum precisa melhorar a sua acessibilidade, tem que ter ali a sua estrutura física, de pessoal, de modernização. Mas só consegue fazer uma estrutura judiciária que possa atender à necessidade da população se tiver recurso. E o Governo do Estado de São Paulo não tem feito a sua parte. São três anos consecutivos - pegando os anos recentes, 2021, 2022 e 2023 - em que não foram repassados os valores corretamente.

Se a gente olhar os anos anteriores, 2014... E depois eu vou aprofundar mais esses dados. Em 2014, foram orçados, nobre deputado Jorge do Carmo, apenas oito bilhões de reais. Em 2015, apenas nove bilhões e 400 milhões de reais.

Então nós vamos aprofundar, daqui a pouco, os dados do que foi orçado e do que foi empenhado. Mas nós vamos percebendo que os valores que o Tribunal de Justiça solicitou ao Governo do Estado de São Paulo na Lei Orçamentária, nos últimos anos, todos os anos os valores percentuais foram abaixo, foram abaixo do que o Tribunal de Justiça solicitou. Então o debate que nós temos que fazer, nesta Casa de Leis, não é em relação à questão das taxas.

Então seria importante que o Tribunal de Justiça dialogasse com o Governo do Estado de São Paulo, com o nosso presidente, André do Prado, e que esse projeto fosse retirado da pauta, para que a gente pudesse, nesta Casa de Leis, debater a recomposição do orçamento do Tribunal de Justiça.

Esse deveria o melhor caminho, nobre deputada Ana Perugini, fazer uma recomposição do orçamento do TJ, assim não teríamos necessidade de fazer um debate como esse, que é o das taxas - Projeto nº 752, de 2021.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência à lista de oradores inscritos, para discutir contra, a deputada Ana Perugini.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Eu passo minha palavra para o deputado Marcolino.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputada Ana Perugini, o deputado Luiz Claudio Marcolino já falou a favor, então ele não pode falar contra.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Mas o deputado pode fazer a cessão do tempo.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Ou a favor, ou contra, Luiz Claudio Marcolino. Vossa Excelência já falou a favor.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Pelo Regimento, o deputado pode fazer a cessão de tempo com outro deputado?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pode cessão de tempo, mas não a favor e contra.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Qual o artigo do Regimento?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Se ela falar... se inscrever a favor, ela poderia passar o tempo a Vossa Excelência.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Não, mas qual o artigo do Regimento que proíbe?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Nós consultaremos e passaremos qual é o artigo, porém, se o deputado se inscrever a favor...

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Presidente, eu posso fazer alteração da minha inscrição para a favor?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Sim, pode fazer. Porém, agora, eu tenho que passar a palavra para algum deputado falar contra. No caso, aqui, o deputado Jorge do Carmo está inscrito.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Eu vou fazer uso da palavra.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Então, deputada Ana Perugini para falar contra.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputada Monica Seixas.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - Uma verificação de presença.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Faremos agora, neste momento, uma verificação de presença. Convido os deputados, que estão presentes, Gerson Pessoa e deputado Eduardo Nóbrega, para fazerem a chamada de verificação.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Havendo quórum regimental, devolvo a palavra à nobre deputada Ana Perugini.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Em relação à minha solicitação do Regimento, em relação a não poder falar. Eu estava utilizando da tribuna em nome do deputado Enio Tatto. Eu estava discutindo a favor em relação ao deputado Enio Tatto, por cessão de tempo.

Então, na verdade, eu ainda não fiz a minha inscrição, para que eu possa falar os 15 minutos, de direito, que eu tenho no plenário. Então, pelo meu entendimento, e não tem no Regimento, nenhum item do Regimento que fala que está proibida a cessão de tempo, o deputado seja a favor, ou seja contra.

Eu queria ver se já tem (Inaudível.), até pra a gente poder adequar o melhor nos trabalhos do dia de hoje.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência, deputada Ana Perugini. Responderei a V. Exa. daqui a pouco, deputado Luiz Cláudio Marcolino.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Parabéns, deputado Marcolino. É lógica, absolutamente sustentável a argumentação, e o direito é bom senso, ainda que seja o Regimento desta Casa.

Eu quero agradecer a oportunidade aos deputados e às deputadas que estão aqui, agradecer aos funcionários e às funcionárias, e todos que estão aqui no nosso plenário, porque eu tive oportunidade de chegar a esta Casa em 2023 e encontrar um projeto dessa envergadura, vindo do Tribunal de Justiça, onde eu sou concursada e, por ocasião, quando tomei posse de conhecimento do 752, de 2021, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o aumento de 100% na alíquota da taxa inicial para a impetração de uma ação.

Naquela ocasião, eu soube do debate que se deu aqui nesta Casa, desde 2021, e fiquei perplexa, até porque, durante todo o processo de diálogo com o Tribunal de Justiça, a Ordem dos Advogados do Brasil, e inclusive com a Defensoria Pública, que não estava presente na audiência pública que ocorreu na quinta-feira passada, sob a Presidência do deputado Gilmaci Santos, ficou muito claro que não havia um bom termo entre Ordem dos Advogados do Brasil e Tribunal de Justiça.

Ainda que houvesse, deputado Carlão Pignatari, o bom senso da escuta dos dois lados, da argumentação por número de mapas que se cruzavam, mostrando que havia, sim, a condição de uma saída que não colocasse esta Casa aqui, TJ contra OAB. Porque é isso que acaba acontecendo, infelizmente, aqui.

Fica de um lado, quando nós podemos ter, e temos a chance de resolver o problema. Esta Casa deveria resolver problemas, mas ela passa batido. O nosso trabalho aqui não é trabalho de máquina de produção. Nos cabe aqui nos debruçar sobre os projetos. Quando eu conversei com representantes do Tribunal de Justiça, eu falei: precisa ter uma audiência pública.

Porque não há, não há por nenhum momento, má-fé do Tribunal de Justiça ao enviar um projeto majorando em 100% a alíquota de uma inicial. Mas também, quando olhamos para a inflação, 100% é um absurdo em cima de uma alíquota. E nós chegamos, depois, de 2021 até 2023, a uma majoração de 50 por cento. Então, se você vê a margem de erro de 50 para 100%, é muito largo isso. Aí você senta na audiência...

Inclusive, eu conversei com o deputado Gilmaci. Falei: “Deputado, não podemos votar esse projeto agora. Há como resolver”. Principalmente quando o Tribunal de Justiça diz: “Nós mandamos para cá aquilo que é necessário, mas nunca chega para nós o montante que está previsto na Lei Orçamentária”. Daí a deficiência.

Agora, quem não pode pagar isso é quem já tem altas taxas para impetrar uma ação judicial, porque é de conhecimento de todos que a justiça gratuita é concedida para quem tem necessidade, inclusive, de alimentos. Os critérios são bastante rígidos, e isso nós podemos ouvir de qualquer defensor público.

Eu não gostaria... Eu ainda sou uma esperançosa, deputado Luiz Claudio Marcolino, sou uma esperançosa de que as audiências públicas nos tragam argumentos e números para que possamos mudar, nos demover das nossas posições anteriores.

Naquela ocasião, eu vi a deputada Monica Seixas falando com toda propriedade que a Justiça precisa ser coletiva, que o acesso ao direito precisa ser coletivo. Ele não pode ser individual.

Mas sabemos que, hoje, em nosso país e aqui no estado de São Paulo, porque nós tratamos de São Paulo aqui, ela é, sim, individual. É só cruzar o mapa de onde temos a justiça gratuita, de quem consegue pagar, e onde nós não temos o aparelhamento para chegar.

Nesse sentido, o Tribunal de Justiça está certo. Precisamos de recursos para chegar aonde não temos estrutura para isso. Mas, de outra sorte, precisamos saber que a Ordem dos Advogados do Brasil, através da Casa do Advogado, através das subseções, leva esse acesso a quem não tem o acesso, no aparato do TJ, para chegar até a Justiça, que é um direito de todos.

Ou, como disse o deputado, também do PSOL: “Daqui a pouco vai ser dente por dente, olho por olho”. Mas já anda acontecendo assim. Mas quando eu falo de não fazer remendo em uma roupa que deveria ser nova o tempo todo, é que nós temos ações que não deveriam nem chegar ao Tribunal de Justiça, coisas que deveriam se resolver, que são expedientes meramente protelatórios. Mas precisamos receber e dizer “não”. Para isso, precisamos de análise.

Agora, nós não temos só os cartórios e os Tribunais de Justiça. Temos outros agentes que cuidam também dessas questões e que não estão sendo levados em consideração também nesse projeto. Há que se discutir também os dois por cento que vão para a Defensoria e que hoje não chegam ao advogado dativo, que é essencial à Justiça também.

Então, não é uma questão só de majorar ou não majorar uma taxa. A questão é: qual é a cota-parte que temos que garantir daquilo que é público para o acesso à Justiça? Não está chegando.

Então, nós não podemos cair na bobagem, no engodo, de nos colocar ou de um lado, ou de outro, sem pensar a fundo o que está acontecendo aqui no estado de São Paulo, que é, sim, o estado mais rico da federação. Logo em seguida, temos o Rio de Janeiro, infinitamente mais pobre em relação ao estado de São Paulo.

Se nós ficarmos tratando dessa forma o Parlamento, mesmo diante de uma audiência pública daquele porte, onde OAB e TJ conseguiram conversar e colocar suas posições e nós ouvimos de advogados - e ouvimos também do Tribunal de Justiça, que estava ali assistindo, naquele momento - a posição de que era absolutamente inviável votar esse projeto como ele está hoje, com uma diferença, de 2021 para agora, de uma queda de 50% já na inicial, nós vamos estar cometendo um erro.

Vamos estar cometendo um erro e há como mudar isso a ponto de nós termos uma justiça célere, fechando essa saída do TJ, e também olhando para a Ordem dos Advogados do Brasil, para que ela tenha condição de continuar trabalhando.

Deputado Jorge, eu ouvi tantas críticas de um lado e de outro e cheguei a mencionar que não é uma contenda. Não é uma contenda entre TJ e OAB. Não é para ser desse jeito, porque o Tribunal de Justiça é essencial e a Ordem dos Advogados do Brasil é essencial.

Então, nós aqui, enquanto lideranças, e cada um aqui um voto, mas principalmente uma instituição que deve liderar este estado, cada um de nós, nós precisamos parar e olhar, e falar: não dá para continuar assim.

Vamos dialogar, vamos ver qual é o melhor caminho a seguir para que nós não incorramos no risco de, ano que vem - porque já que se pede um bilhão e vai 500 mil, 300 mil, aqui metaforicamente falando - nós podemos chegar no próximo ano já com outro projeto para majorar de novo.

Então nós precisamos ver sim, ainda aqui falando da minha posição em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal, que teria que ser lei de responsabilidade política. Porque quando nós inviabilizamos, pelas nossas receitas, de chegar ao recurso necessário para as políticas públicas essenciais, nós estamos incorrendo em improbidade administrativa.

Não há que se olhar só para a saúde, só para a educação. Nós temos serviços essenciais que devem ser públicos e prestados com toda a qualidade a todo cidadão e toda cidadã. E nós não podemos, só elevando uma taxa e negociando com o que vem ali e depois, chegarmos a termo, mas precisa ter o percentual fixo aqui na lei orçamentária.

O PPA chegou a esta Casa e é momento de discutir, entre outras coisas, aquilo que cabe ao Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, aquilo que cabe à Defensoria Pública, aquilo que cabe à Ordem dos Advogados do Brasil.

Porque a Defensoria Pública ainda não chegou e os defensores públicos estão em deficit dessa situação. E nós não podemos, enquanto instituição, nos colocarmos contra um, contra o outro, porque o nosso fim é público e quem precisa do nosso trabalho com toda certeza é a população, cidadãos e cidadãs aqui do estado de São Paulo. 

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Um aparte, nobre deputada?

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Pois não.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - COM ASSENTIMENTO DO ORADOR - Então, V. Exa. trouxe aqui alguns dados importantes, inclusive usei na minha fala inicial, que são referentes ao que é solicitado, que efetivamente é repassado para o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Eu comentei aqui em relação ao ano de 2021, 22 e 23, a diferença em 2021, reafirmando, foi de 6 bilhões e 609 mil a menos entre o que foi solicitado e o que foi aprovado depois na lei orçamentária.

Em relação à 22, também foi mais 6 bilhões e 400 milhões de reais a menos também no exercício de 2022. E no orçamento de 2023 também foi 5 bilhões e 788 milhões a menos também do que foi proposto pelo Tribunal de Justiça, que foi repassado pelo governo do estado de São Paulo.

Então, quando V. Exa. coloca, a partir da audiência pública, que seria necessário um olhar melhor para o Tribunal de Justiça, dialogando também com as necessidades do funcionamento do estado e o olhar que a Assembleia tem que ter, que o governo estadual tem que ter, eu concordo com Vossa Excelência. De novo, como eu falei aqui na minha primeira intervenção, nós não podemos simplesmente fazer um debate entre aumentar ou não a taxa do Judiciário.

E quando V. Exa. Coloca, inclusive, a questão da responsabilidade do nosso papel na lei orçamentária, do projeto que foi apresentado também pelo Tribunal de Justiça, tira a prerrogativa também dos deputados estaduais de virem a debater futuramente sobre as taxas na hora que estão debatendo agora a ampliação.

Então, o Tribunal de Justiça, acho que ele erra quando ele apresenta um projeto que também tira a prerrogativa da Assembleia Legislativa de legislar sobre o orçamento também do Tribunal de Justiça. Nós queremos e estamos defendendo aqui, inclusive, que tenha um orçamento maior.

Nós estamos defendendo aqui, estamos querendo legislar que na próxima LOA, do ano que vem, que, de fato, o valor, o montante que o Tribunal de Justiça está propondo, que seja apresentado pelo Executivo e aprovado pelo Legislativo.

Mas nós temos espaço ainda de recomposição, nobre deputado André do Prado, do orçamento do TJ ainda no exercício de 2023. Está aqui, inclusive, o nobre deputado que tem acompanhado esse processo e acompanhou a Comissão de Finanças e Orçamento, acompanhou junto com o Gilmaci a audiência pública que teve com o TJ e com o pessoal da OAB. Todos querem uma saída.

Foram colocadas várias propostas ali que podiam ter uma reconstrução, um diálogo ainda no projeto, na hora que foi apresentado, que pudesse ter uma melhoria. Eu acho que esse é o nosso esforço ainda no debate do projeto, que já entrou hoje na extraordinária.

Que a gente possa fazer uma reflexão ainda e suspender o processo de debate no dia de hoje, nobre deputado André do Prado, para fazer esse aperfeiçoamento e discutir, inclusive, Xerife do Consumidor, fazer um debate do governo do estado de São Paulo sobre como podemos recompor o recurso do Tribunal de Justiça sem penalizar a população que hoje depende do Judiciário nos processos em que ela acaba adentrando.

Então eu queria mais uma vez aqui pedir um esforço do presidente da Assembleia Legislativa, do líder do Governo, dialogar com os demais líderes aqui na Assembleia Legislativa, para que a gente possa retirar esse projeto de discussão no dia de hoje, fazer um debate com o Tribunal de Justiça e o Governo do Estado de São Paulo, para que a gente possa recompor o orçamento do Judiciário para este ano, para que não tenha que fazer o debate dos aumentos da taxa.

É um projeto polêmico, senão já teria sido votado, porque ainda está tramitando, desde 2021. Se não fosse polêmico, já teria sido aprovado em 21, em 22 e também vinte e três.

Então peço a V. Exas., ainda neste momento de debate deste projeto, que a gente possa retirar o projeto de discussão, suspender o processo de discussão, conversar com o Tribunal de Justiça, conversar com o Governo do Estado de São Paulo, e aqui na Assembleia tentar fazer um projeto de recomposição do orçamento para que de fato o Tribunal de Justiça possa ter seu recurso necessário para fazer a gestão do tribunal, da Justiça, aqui no estado de São Paulo, sem a necessidade de aprovar esse projeto na nossa Casa.

Muito obrigado pelo aparte, nobre deputada Ana Perugini.

 

A SRA. ANA PERUGINI - PT - Obrigada, deputado Luiz Claudio Marcolino. Continuando aqui, obrigada pelas informações em relação aos números, seis milhões, seis milhões, seis milhões, seis e novecentos, seis milhões e novecentos, subindo, subindo. Mas essa responsabilidade da alocação de recursos, da mudança da peça orçamentária que é apresentada aqui na Casa, é de todos nós.

Sabemos que na política principalmente arde a responsabilidade na argumentação, porque essa argumentação que nós não podemos mudar, aquilo que vem para cá bastaria só chancela, um selo da época do Império seria o suficiente para isso. Mas cada um de nós aqui, como um voto e uma instituição, tem a responsabilidade de fazer a interlocução.

Deputado Barros Munhoz, com toda a reverência ao senhor, nós falávamos do senhor em um encontro ainda ontem, numa cidade do interior. Na região de Bauru nós tínhamos um deputado que foi deputado durante longos anos aqui, e que hoje ele não quer mais saber de voltar a estar aqui na Assembleia Legislativa. Eu indaguei a um assessor, “por que ele não quer mais voltar?” Ele falou: “Olha, não muda, é sempre a mesma coisa, eu cansei. Eu cansei.”

Eu acredito que esta Casa tenha a condição de fazer mudança e trazer o resgate e a seriedade do Legislativo, porque isso se perdeu com o tempo. E trazer seriedade é tomar posse da nossa competência.

Nós temos competência, sim, de mudar a peça orçamentária que chega a esta Casa. A responsabilidade da falta que está fazendo ao Tribunal de Justiça não é da população que precisa garantir seu acesso à Justiça.

Na ocasião da audiência, eu falei: “eu mesma tive que deixar de impetrar uma ação porque eu não tinha condição de pagar as custas iniciais.” Eu falei: “Espera que depois eu vou pensar”. Imagina se eu não tinha condição. Falei com a advogada, “espera um pouco”.

Se a nossa população tem a nossa condição, majorando isso em 50%, como é que vai ficar? O Tribunal de Justiça tem direito à peça orçamentária, tem direito ao recurso, e nós temos o dever de fazer a mudança para que mais tarde nós não tenhamos que revotar o que está sendo discutido aqui nesta Casa.

Muito obrigada.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência à lista de oradores inscritos para falar contrário, deputado Carlos Giannazi.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, telespectador da TV Assembleia, público presente na galeria, funcionários desta Casa, eu queria iniciar o meu pronunciamento, a minha intervenção de hoje, contra a aprovação desse PL n.º 752, que aumenta as custas judiciais, sobretudo para a população pobre, a população que não tem acesso. Já tem dificuldade de ter acesso à Justiça e terá muito mais.

É um projeto, Sr. Presidente, que veio do Tribunal de Justiça; porém ele não foi, ele ficou tramitando aqui durante praticamente dois anos, chegou aqui em 2021. Nós tínhamos já obstruído esse projeto, ele não tinha apoio do Governo até então. Nós realizamos algumas audiências públicas antes dessa última que nós tivemos, essa derradeira audiência pública, que só demonstrou o quanto esse projeto é injusto e antidemocrático.

Eu senti que a base do governo não estava disposta a votar nesse projeto, até porque era um projeto do Tribunal de Justiça que iria e que vai penalizar toda a nossa população. No entanto, o governador Tarcísio de Freitas entrou no jogo agora para se livrar de uma possível suplementação orçamentária.

Na verdade, o Poder Executivo, o Estado tem a obrigação em financiar o sistema de Justiça. O sistema de Justiça tem que ser financiado pelo Estado, pelo Poder Público, através do Tesouro Estadual dos nossos impostos em geral. Esse é o nosso entendimento. E nós temos que garantir a democratização, o acesso à Justiça de todas as pessoas, dos 42 milhões de habitantes do nosso Estado.

No entanto, esse projeto agora recebe o apoio do governador Tarcísio. Não é à toa que agora a base do governo começa a se mobilizar, atendendo a esse apelo a um possível acordo feito aqui com a base, com o governador Tarcísio. Na audiência pública, Sr. Presidente, eu deixei muito claro que a nossa luta não é contra o TJ, não é contra o Tribunal de Justiça.

Eu até propus a organização, a criação de uma frente ampla aqui com a união do TJ, da Magistratura, dos servidores do Tribunal de Justiça, dos deputados, da OAB para que nós pudéssemos cobrar do Executivo a transferência desses recursos, sem penalizar a população.

Até porque nós já discutimos aqui em exaustão que o Orçamento do estado de São Paulo em 2023 é o maior da história, são mais de 317 bilhões de reais. Já discutimos aqui em exaustão que o estado de São Paulo tem a maior transferência hoje, através dos benefícios fiscais, das isenções fiscais para o setor econômico, para grandes grupos econômicos do estado de São Paulo, que recebem bilhões de reais.

São quase 80 bilhões de reais que o Estado está transferindo para os grandes grupos empresariais do Estado, dinheiro público do nosso Orçamento. Sem contar a questão da dívida ativa que mal é cobrada.

O Estado faz corpo mole para cobrar a dívida ativa do estado de São Paulo. Eu tenho questionado bastante essa questão das isenções fiscais, dos benefícios fiscais para esses grandes grupos econômicos. Inclusive, recentemente, eu entrei com uma ação aqui no Tribunal de Justiça, acionei o MP, o Tribunal de Contas também contra um decreto do governador, agora, Tarcísio que está abrindo mão de quase 300 milhões de reais para beneficiar as empresas de embalagens metálicas do estado de São Paulo, onde ele reduziu drasticamente os impostos sem nenhuma justificativa. E nós estamos perdendo, a partir de agora, quase 300, no mínimo, é mais, mas por baixo 300 milhões de reais.

Mostrei aqui, falei sobre isso durante as sessões que antecederam o debate da urgência da aprovação desse projeto, nós estamos esperando uma decisão da Justiça. Enfim, então são 80 bilhões destinados aos grandes grupos econômicos, muitos deles devedores da dívida ativa, como os grandes frigoríficos, que têm isenções e devem bilhões para os cofres do estado de São Paulo.

Então, a questão não é que não tem dinheiro. Tem dinheiro no cofre estadual, a questão é a disputa por esse recurso. O que nós estamos querendo aqui, propondo aos deputados da base do governo e ao presidente do Tribunal de Justiça, a Magistratura que eles possam participar dessa frente ampla para pressionar o governo Tarcísio de Freitas a fazer essa suplementação orçamentária porque o recurso existe.

E ele só mobilizou a base do governo agora porque ele não quer fazer a transferência. Então, ele se alia ao TJ para tentar aprovar o projeto aqui na Assembleia Legislativa. E nós aqui temos outros pleitos em relação ao Tribunal de Justiça. Não temos nada contra o TJ, contra a Magistratura.

A nossa luta aqui, na verdade, é em defesa dos servidores do TJ. Nós queremos mais recursos para a valorização salarial, funcional e da melhoria das condições de trabalho dos servidores, dos escreventes técnicos, dos oficiais de Justiça. Essa é a nossa luta aqui, na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Então, o que que nós queremos? O que deveria estar sendo votado aqui, pautado, Sr. Presidente, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, é o PLC nº 30, de 2013, que já foi aprovado em todas as comissões e, inclusive, já tem um requerimento de regime de urgência a esse projeto.

Ele reconhece, é um projeto do TJ, do Tribunal de Justiça, que está parado aqui desde 2013, que reconhece uma dívida com os servidores, um reajuste de 10,15%, parcelado.

O TJ está dizendo, “olha, o TJ deve aos servidores”. E ele apresentou o projeto, mas não foi votado ainda aqui. Eu até aprovei esse regime de urgência, acho que em 2015, 2016, e até agora o projeto não foi pautado.

Esse é um projeto importante, porque esse projeto vai valorizar os servidores que estão lá na ponta atendendo a população, nos cartórios, nos fóruns, enfim, em cada região da Grande São Paulo, da Capital, do Interior paulista e da Baixada Santista. Esse é o nosso compromisso com os servidores.

Ou então aprovar também o nosso PLC nº 3, que é um projeto importante, que garante o nível universitário para o escrevente técnico, projeto já aprovado em todas as comissões, com o regime de urgência. É um projeto importante, é uma antiga reivindicação dos escreventes técnicos.

Esses são os projetos que nós deveríamos estar debatendo aqui, não o 752. Então, nesse sentido, é muito importante que a gente cobre o governo, o governador Tarcísio.

Ele tem os recursos para canalizar para o Tribunal de Justiça, porque tem algo que a gente tem denunciado exaustivamente, desde sempre, desde 2007 pelo menos, quando eu cheguei aqui, na Assembleia Legislativa, que são os cortes que o Executivo promove no orçamento do Tribunal de Justiça, muitas vezes pela metade.

Isso há muitos anos vem acontecendo. Então, se o Tribunal de Justiça encaminha um orçamento para ser enviado à Alesp, de 20 bilhões, o governo corta metade disso, dez bilhões.

O orçamento hoje é de aproximadamente 15 bilhões, o orçamento do Tribunal de Justiça, mas houve um corte bilionário. Esse não foi o orçamento encaminhado à Casa Civil, foi muito mais. Então, o governo cortou bilhões de reais.

Nós, na Assembleia Legislativa, tentamos recompor uma parte através das emendas que nós apresentamos. Eu apresento todos os anos emendas para a valorização dos servidores do Judiciário, mas elas não são aprovadas porque o governo boicota essas emendas.

E outros deputados, acho que não só da oposição, mas da base do Governo, apresentam também essas emendas, mas elas não são incorporadas ao Orçamento. Então tem um corte, o governo já sai com uma dívida em relação ao Tribunal de Justiça

O apelo que eu faço aqui aos deputados e deputadas da base do Governo é para que, primeiro, não deem quórum à aprovação desse projeto, porque V. Exas. estarão, na verdade, indo contra o eleitorado de V. Exas., as pessoas mais pobres que votaram em V. Exas. terão mais dificuldades de acessar a Justiça, porque ela vai ficar mais cara ainda, mais difícil de ser acessada.

Faço um apelo aqui, tem vários deputados que são advogados e advogadas. O Dr. Jorge, por exemplo, Dr. Jorge do Carmo é um advogado. Ele é um jurista e ele está seguindo a orientação da OAB. A OAB se posicionou, está presente aqui nas votações.

Teve uma brilhante e importante participação nas audiências públicas, em todas elas realizadas, mas nessa aqui ela teve uma participação exemplar, através da presidente Patricia Vanzolini, neta do grande compositor Vanzolini, que compôs “Ronda” e tantas outras canções da Música Popular Brasileira.

Então, o Dr. Jorge, por exemplo, está afinado com a OAB, vai seguir a orientação da entidade de classe dele. Não é isso, Dr. Jorge do Carmo, que é advogado? A Paula da Bancada Feminista é doutora, é advogada, é jurista.

Vai seguir a orientação da OAB, e alguns outros da oposição. Agora, eu vejo que tem deputados advogados, que têm carteira da OAB, mas vão votar contra a orientação da sua entidade de classe. Eu não me vejo fazendo isso. Sou professor. Se os sindicatos da Educação se colocarem contra um projeto, eu vou seguir a orientação dos meus sindicatos, das minhas entidades de classe.

Eu não vou trair a minha classe. Eu estou aqui por conta de uma classe de trabalhadores. Aliás, de todos os trabalhadores, mas da Educação sobretudo. Então eu não posso ser um traidor da minha classe. Mas eu sinto que aqui tem deputados que vão se colocar contra a sua entidade de classe, contra a OAB.

Faço um apelo: reflitam, deputados. Até faço também uma sugestão para a OAB, que haja algum tipo de punição para os deputados advogados que votarem contra a orientação de uma entidade de classe, uma autarquia importante no Brasil, que se colocou contra a ditadura, contra governos autoritários.

A OAB sempre esteve presente nas lutas em defesa da democracia no Brasil. Em defesa do Estado Democrático de Direito, na luta contra o fascismo, a OAB é uma entidade importante. Então faço uma sugestão: a OAB conversar com os deputados, impor algum tipo de punição. Não é possível! Talvez, a cassação do registro na Ordem.

Porque isso vai dificultar a vida da população. Não é nem uma questão corporativista, que a gente está defendendo só os advogados. Não: a gente está defendendo a população do estado de São Paulo, que paga impostos.

Quero ainda dizer, aos deputados e deputadas, aqueles que têm compromisso com o agronegócio, com o comércio, com a indústria, que todas as entidades, várias delas, na verdade, que representam esses segmentos, já se manifestaram contra o projeto. A Fiesp é contra o 752; organizações ligadas ao agronegócio, que V. Exas. defendem, também se colocaram.

Nós defendemos a agricultura familiar, os assentamentos, o MST. Mas V. Exas., que batem no peito que “o agronegócio é isso, é aquilo”, olha, o agronegócio é contra o 752, deputado Jorge. Vossa Excelência, que é advogado, o deputado Marcolino... O comércio também se colocou contra. Soltou... tem notas dessas entidades, todas.

Então o comércio é contra o 752, o agronegócio, a indústria, a sociedade civil é contra. Só mesmo o TJ é a favor, e o Tarcísio de Freitas. E agora, me parece que com o apoio de alguns deputados. Então encerro aqui a minha intervenção contrária à aprovação do PL 752, fazendo um apelo derradeiro: deputados e deputadas, por favor, não deem quórum a esse projeto.

Vamos obstruir esse projeto. Infelizmente, nós só conseguimos oito assinaturas para apresentar uma emenda de plenário, para retirar o projeto da pauta hoje. Mas essa é a nossa luta contra o PL 752.

 

O SR. CARLOS GIANNAZI - PSOL - Sr. Presidente, eu gostaria de pedir uma verificação de presença. Estou vendo que a base do Governo não está aqui hoje.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de V. Exa., deputado Carlos Giannazi. Então eu solicito uma verificação de presença. Eu peço ao deputado Carlos Cezar e deputado Alex Madureira para fazerem a verificação de presença.

 

* * *

 

- Verificação de presença.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra ao deputado Carlos Giannazi. Como o tempo do deputado Carlos Giannazi já tinha se encerrado, passo a palavra ao deputado Dr. Jorge do Carmo. E peço até desculpas, porque estava inscrito anteriormente o deputado Carlos Giannazi. Então, cedo a palavra a V. Exa. e minhas desculpas, deputado Jorge do Carmo. Para falar contra.

 

O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sem nenhum problema, deputado presidente, André do Prado. Boa tarde, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, Sr. Presidente, público aqui presente, assessores, policiais, público da galeria, público da TV Alesp. Sr. Presidente, eu me inscrevi para falar contra o PL 752, de 2021. Mas antes quero pedir licença para falar rapidamente de dois outros assuntos, que são oportunos.

Hoje, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, a Igreja Católica perdeu um grande bispo emérito da diocese de São Miguel Paulista, na zona leste, Dom Fernando Legal. Dom Fernando Legal foi um bispo daquela região, daquela diocese, muito progressista, muito social; um bispo que tinha uma relação muito boa nas comunidades, que ajudou muito na formação da Igreja Católica, na organização das comunidades.

Eu tive a alegria de participar de muitas missas celebradas por ele e também de conviver, de certa forma, nas comunidades onde ele organizava a Igreja Católica naquela região, de onde eu sou, inclusive - da zona leste de São Paulo.

Então, quero aqui me solidarizar com a Igreja Católica e com todos os padres, com toda a comunidade religiosa, que perdeu hoje um grande homem, que sempre defendeu a democracia, uma sociedade mais justa, sempre lutou contra as injustiças, sempre lutou contra as desigualdades e sempre fortaleceu a Igreja Católica.

Então, ao Dom Fernando, que Deus conforte o coração dos familiares e dos amigos. E dá-lhe, Senhor, o descanso eterno e brilhe para ele a Vossa luz. Deixa saudade. E o céu está em festa por receber Dom Fernando Legal.

Quero também, Sr. Presidente, falar de uma decisão importante da justiça, da nossa corte, o Supremo Tribunal Federal decidiu ontem, confirmando já a liminar, a decisão do ministro Alexandre de Moraes, proibindo as prefeituras - todas as prefeituras do estado de São Paulo e do Brasil - de fazer as remoções coercitivas das pessoas que moram, que vivem na verdade, não que moram, porque ninguém deve morar na rua, as pessoas vivem nessa condição.

Então, o Supremo Tribunal Federal confirmando a decisão liminar já do ministro Alexandre de Moraes, proíbe que o prefeito, por exemplo, o prefeito Ricardo Nunes... Falo do prefeito Ricardo Nunes porque só a cidade de São Paulo tem 53 mil pessoas morando ou vivendo em situações precárias, em situação de rua e no estado de São Paulo nós temos, aproximadamente, 86 mil pessoas vivendo nessas condições.

Não obstante a isso, muitas vezes a Guarda Civil Metropolitana, por ordem do prefeito, deputado Barros Munhoz, que já foi prefeito, sabe também... A Guarda Civil Metropolitana dá ordem para remover os pertences, o pouco que já têm ou quase nada que têm, de forma compulsória, deixando aquelas pessoas que não têm nem, sequer, comida. Se tem lá um sapato, se tem lá uma roupa, se tem lá um pertence, é removido sabe lá para onde e sem a garantia que vai ser devolvido.

Então é desumano, é desumana essa atitude que prefeitos e prefeitas, infelizmente, ainda fazem e precisou o Poder Judiciário... Às vezes a gente fala aqui da jurisdição da política, que às vezes a política vai muito ao Judiciário para coibir ações de prefeitos, de prefeitas, da administração.

Mas não dá, infelizmente - e eu sou defensor da política, porque a política é a maneira de a gente viver em sociedade e melhorar a vida das pessoas - prefeitos e prefeitas muito autoritários às vezes tomam atitudes em que é necessário que o Judiciário entre para mudar situações como essa.

Por isso, acertou o Supremo Tribunal Federal em mudar, em proibir que as prefeituras façam isso. No próximo ano tem eleição para prefeito, certamente esse assunto virá à tona na cidade de São Paulo e também na Região Metropolitana, que infelizmente tem muita gente vivendo nessas condições, e também no interior.

E o que a gente tem visto aqui é que a política que o governador tem apontado ou apresentado não é eficaz, e por isso a gente vê cada vez mais aumentando o número de pessoas nessas condições, nessa situação, por falta de política adequada, porque não é um problema de...

É um problema de Saúde pública, mas é também um problema social, é um problema de falta de política adequada. Não é simplesmente internando, não é simplesmente fazendo a remoção para um abrigo ou para um (Inaudível.) que você resolve esse problema.

Então, é preciso que a gente discuta no próximo ano que prefeito ou que prefeita nós queremos para os municípios, que sejam prefeitos que não tenham comportamentos como esse, que foi necessário o Supremo Tribunal Federal intervir para proibir que situações como essa acontecessem na cidade de São Paulo e nos municípios de São Paulo.

Mas, Sr. Presidente, eu me inscrevi para falar contra o PL nº 752, de 2021. Eu sou advogado, estou deputado. Mas lendo o projeto, verificamos que o problema... A gente sabe que falta recurso, sempre falta recurso para bancar garantia às custas do Judiciário.

E, como disse a deputada Ana Perugini, que me antecedeu aqui ainda hoje, ela dizia que não dá para um governador colocar uma disputa entre a OAB e o Tribunal de Justiça para a Assembleia resolver, para os deputados aqui resolverem.

Nós estamos em um estado que é o estado mais rico da Federação, é o estado em que todo ano sobra dinheiro. Todo ano a gente vê o governador se gabando, dizendo: “Olha, sobraram 40 bilhões”.

Esta Casa mesmo, muitas vezes, devolve dinheiro. E a gente vê que o orçamento do Tribunal de Justiça, que foi apresentado aqui em outro formato, em outra quantidade, é cortado pelo governador, que depois traz essa demanda como se nós, deputadas e deputados, tivéssemos a obrigação de resolver.

Eu quero entender que os valores que faltam para complementar, para garantir acesso à justiça, têm que ser complementados pelo estado, como disse aqui o deputado Luiz Claudio Marcolino. Vamos reunir a Assembleia, o governador, o Tribunal de Justiça, vamos sentar, conversar, vamos chegar a um bom termo para que a gente não onere ainda mais a sociedade.

Pode parecer que eu estou aqui de forma corporativista, falando porque eu sou advogado, mas eu estou falando pelas pessoas que têm que pagar a conta. Quem vai pagar a conta é a sociedade, é aquele que já tem dificuldade de recolher as taxas do Judiciário. Aquele que já faz um sacrifício danado para ter acesso à justiça vai ser onerado ainda mais.

Então não é taxando ainda mais a nossa sociedade, não é dobrando - 50% a mais na primeira instância, 100% a mais na segunda - que a gente vai resolver um problema de acesso à justiça. Aqueles que têm direito à gratuidade da Justiça, aquela população que ganha até “x” salário mínimo e que por isso a Constituição garante a gratuidade da Justiça, esses vão continuar tendo esse direito.

Aqueles que têm dinheiro para pagar honorários para nós, advogados - aqueles que dependem dos seus honorários para pagar as suas contas, mas sobretudo para pagar as taxas do Judiciário, que já não são baratas - esses que têm dinheiro vão continuar não tendo problema, vão continuar acessando a Justiça.

Nós estamos falando é daqueles que já passam por um esforço, já fazem um esforço e um sacrifício muito grandes, porque a justiça não é barata no Brasil. Tudo você tem que pagar, tudo.

Se o oficial de Justiça tem que ir até uma diligência, tem que pagar; se tem que ajuizar a execução, tem que pagar; se vai iniciar a ação, tem que pagar. Tudo tem que pagar, e tudo sai do bolso daquele que quer ter acesso à justiça.

Nós, advogadas e advogados, que queremos proporcionar justiça - a advocacia é indispensável à administração da justiça, nos termos da nossa Constituição Federal, Art. 133 - nós, que queremos proporcionar justiça, não vemos as pessoas nessas condições.

O trabalhador, a trabalhadora, aquela pessoa que tem que buscar a justiça pelos seus direitos, esse que não tem recurso vai deixar de exercer esse direito, que é sagrado e que lhe é garantido na Constituição, porque o limite da gratuidade está dado.

Como eu disse e repeti, aquele que tem recurso vai continuar pagando, não vai ter dificuldade, mas aquela camada da sociedade, o trabalhador sobretudo e principalmente, que ganha acima de, por exemplo, dois salários mínimos e que depende de acessar a justiça... Por conta de esta Casa, de forma equivocada, aprovar o aumento das taxas do Judiciário, vai fazer com que essas pessoas não tenham mais acesso.

Eu não vou colocar a minha digital em um projeto como esse, não porque eu não seja defensor da justiça, porque todos nós queremos, sim, mas eu não vou colocar, e na nossa bancada nós já tiramos essa questão da nossa reunião. Nós não vamos aprovar, nós não vamos votar “sim”, porque nós não concordamos, porque não faltam recursos do Estado.

O Estado pode, sim, majorar o valor para o Judiciário e não deixar os deputados e deputadas aqui em uma situação de conflito. Parece que quem votar contra esse Projeto 752 é contra o Tribunal de Justiça do nosso Estado.

Eu não sou contra, deputado Caio França, eu sou a favor. Eu defendo o nosso Judiciário. Eu também defendo os nossos advogados e advogadas, que são trabalhadores e trabalhadoras que precisam acessar a Justiça, de seu trabalho, para poder garantir pagar suas contas, manter os seus escritórios.

Agora, eu não posso fazer com que a gente, ao invés de promover Justiça, a gente, ao invés de acessar a Justiça, ou de facilitar, para que as pessoas tenham condições de cada vez mais garantir aquilo que é sagrado, que é um direito constitucional. Eu não posso dificultar isso.

E não dá também para o governador, que agora abraçou essa causa... Porque, como foi falado aqui também por deputados que me antecederam, esse projeto não é um projeto simpático de alguns deputados, e nem do governador.

Aliás, ele se arrasta aqui desde 2021, exatamente pela antipatia, porque ninguém quer aumentar taxa, aumentar imposto. Não é simpático para ninguém. Por isso, não dá para também trazer essa conta e jogar nas costas aqui das deputadas e deputados.

Então, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, eu, advogado que sou, militante do movimento social, que vi... Quantas vezes eu já encostei o umbigo no balcão?

Quantas vezes já fui ao fórum, para olhar os processos, quando ainda nem eram eletrônicos? Quantas vezes eu fiz isso? Quanto esforço já fiz para defender a nossa classe, para defender as advogadas e advogados, mas sobretudo para defender a Justiça e o acesso a ela?

Por isso, eu não vou colocar a minha digital nesse projeto, porque eu acho ele injusto. Injusto para uma população que já paga imposto demais nesse nosso Estado e no Brasil. Por isso a gente não pode sair daqui e dizer: “olha, hoje eu promovi a Justiça, hoje eu votei com a minha consciência”, e quando você chega em casa, você realmente não votou com a sua consciência.

Votar com a consciência é poder ter certeza que nós vamos votar dentro daquilo que é importante e que não vai prejudicar alguém. E esse projeto, se for aprovado, prejudicará muitas pessoas, que vão ter dificuldade de acessar a Justiça cada vez mais. Por isso, quero votar “não” ao Projeto 752, de 2021.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência à lista de oradores para discussão, para discutir a favor o deputado Caio França. Antes, porém, quero dizer que está entre nós, a convite do deputado Marcio Nakashima, o nosso presidente da Assembleia Legislativa da província de Mie, o Sr. Hirofumi Nakamori.

Seja bem-vindo. Esteve presente também, mas teve que se ausentar, devido ao voo, o Sr. Katsuiuki Ichimi, que é o governador da província de Mie, e também muitos líderes de departamentos da província de Mie estavam presentes conosco.

É uma honra muito grande receber o governador da província de Mie, bem como o nosso presidente da Assembleia aqui nesta Casa. O povo japonês, esse povo que tanto fez e faz pelo nosso país, nossos irmãos.

Então, sejam bem-vindos a esta Casa. Uma honra muito grande, eu, como presidente da Assembleia, estar recebendo aqui também o presidente da Assembleia Legislativa de Mie, o Sr. Hirofumi Nakamori.

Muito obrigado pela presença.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Barros Munhoz.

 

O SR. BARROS MUNHOZ - PSDB – PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, fazendo força para dominar a emoção que me invade a alma neste momento, eu quero voltar aos idos de 1992, quando era secretário da Agricultura de São Paulo.

Eu recebi a incumbência do governador Fleury de representar São Paulo junto a quatro províncias irmãs do nosso querido Estado no Japão, e uma dessas províncias era província de Mie.

Tive a felicidade, a honra, a alegria inesquecível de conhecer o Japão, de conhecer a província de Mie, de conhecer Tóquio, e de representar São Paulo nessa irmandade das províncias japonesas com o nosso Estado.

São Paulo não seria o que é se não fosse a colônia japonesa. São Paulo não seria o que é se não fosse a colônia italiana.  São Paulo acolheu os povos do mundo todo e as gentes de todos os estados brasileiros para ser o grande estado que é, orgulho de todos nós.

Que Deus os tenha sempre, que Deus os abençoe sempre, e que o Japão continue sendo o exemplo de país que é, para todos nós.

 

O SR. EMÍDIO DE SOUZA - PT - Pela ordem, presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Emídio de Souza.

 

O SR. EMÍDIO DE SOUZA - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, também só para me somar aos cumprimentos à delegação do Japão, da província de Mie, e lembrar que a cidade de Osasco, da qual fui prefeito por oito anos, é uma cidade irmã da capital do estado de Mie, que é a cidade de Tsu.

Tive a oportunidade de estar lá também, é uma região muito desenvolvida do Japão. Então, quero agradecer também à comitiva e levar um abraço a todos da cidade de Tsu.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Dando sequência então aos oradores inscritos, com a palavra, para discutir a favor, o deputado Caio França.

 

O SR. CAIO FRANÇA - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Muito obrigado, presidente. Colegas deputados que nos acompanham aqui, servidores, colegas advogados que estão nos acompanhando pela internet, através do YouTube da TV Alesp, quero aqui seguir coerente com a minha postura desde o início deste processo envolvendo o PL 752, de autoria do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

Presidente, primeiro quero fazer um registro a respeito da audiência pública que foi realizada na semana passada, com uma forte presença da advocacia paulista, que lotou o Plenário Juscelino Kubitschek, com a presença da presidente Patricia Vanzolini, que foi muito bem na sua explanação a respeito dos contrapontos no que diz respeito a esse projeto que está tramitando nesta Casa desde 2021. E apontou, item a item, o motivo pelo qual a OAB, neste momento, se manifesta contra o avançar do projeto.

É importante esclarecer também que, ao meu ver, faltou envolver a sociedade civil nesse movimento, afinal de contas, todo mundo sabe aqui que os advogados, é claro, passarão essa conta para os seus clientes, que são as pessoas físicas e jurídicas que acessam o tribunal, seja lá por qual motivo for.

Então, muito embora a OAB tenha protagonizado os principais movimentos contra esse projeto de lei, é bem verdade que a sociedade será a principal atingida, ou seja, o povo é que vai pagar essa conta.

Aí, presidente, eu quero aqui dar sequência às falas, primeiro, com muito respeito ao Tribunal de Justiça. Tenho muitos amigos, colegas, professores, alguns desembargadores, colegas que hoje trabalham no Tribunal e que fazem um serviço de excelência e por quem tenho muito respeito.

Quero lembrar, que, da minha parte, quando, no mandato passado, o governador João Doria apresentou aqui um projeto que fazia uma reforma administrativa e mexeu diretamente na vida dos servidores, eu estava aqui para defendê-los.

Portanto, tenho a tranquilidade de, com o coração tranquilo e com a consciência absolutamente tranquila, vir aqui e, neste momento, me posicionar contra esse projeto.

Digo isso porque, entre as principais justificativas que nos foram dadas, a primeira delas: o Tribunal de São Paulo é um tribunal que trabalha muito, que tem a maior quantidade de processos.

Pois bem. Não sei se todos os colegas sabem, mas aquele que mais aciona o Tribunal é o próprio estado de São Paulo. Portanto, é importante esclarecer que essa conta não pode ficar para o cidadão, sendo que o Tribunal é acionado pelo próprio governo, principalmente, nas execuções.

E aí, além do aumento das custas judiciais, o que me chama atenção e que tentei, ao longo do tempo, modificar no texto principal, é que, no caso das execuções, aquele que está pleiteando, que é um credor, por exemplo, ele vai ter que não só pagar mais, deputada Marta, mas ele vai ter que pagar antecipadamente.

O que hoje acontece apenas no final do processo, a partir da aprovação desse projeto, caso ele seja aprovado, a pessoa que tem um crédito, deputada Paula, para poder cobrar aquele devedor, ela vai ter que pagar desde o início do processo. E muitas vezes, todo mundo sabe aqui que pode acabar acontecendo que mesmo que seja reconhecido aquele crédito, caso o seu devedor não tenha nenhum patrimônio vai acabar não conseguindo pagar aquele que tem esse crédito.

Ou seja, a pessoa vai pagar na entrada do processo e não vai ver esse dinheiro ao longo do tempo. Eu tentei, por exemplo, mudar esse trecho do projeto de lei e não foi possível.

Ou seja, na minha perspectiva, faltou a esta Casa a capacidade de poder fazer um diálogo de alto nível e de fazer mudanças que talvez não sejam substanciais ao projeto principal, mas que pudessem amenizar os danos que estão sendo trazidos através dele.

Além disso, eu quero também aqui apresentar alguns dados, e isso foi trazido não só pela presidente da OAB, mas por outras associações e sindicatos que defendem a advocacia paulista, a advocacia bandeirante, por exemplo, com relação às custas processuais.

Muito foi falado que São Paulo tem uma das menores custas de um processo, o que não é verdade, isso ficou claro durante a audiência pública, inclusive com números que estão abertos para toda a sociedade.

Aqui eu tenho, por exemplo, sobre a arrecadação do estado de São Paulo em relação ao Tribunal de Justiça, ficando muito parecido com, proporcionalmente falando, o estado de Goiás e do Piauí.

São os estados que mais arrecadam, óbvio, proporcionalmente. Então não me parece justo que o principal motivo seja a quantidade de processos que envolvem o tribunal quando quem mais aciona o tribunal é o próprio estado de São Paulo.

E aí, colegas, para não parecer que somente a OAB se posicionou durante esse movimento todo, a Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, a Ciesp, que também representa todos os empreendedores do estado de São Paulo, também estiveram presentes na audiência e o que foi falado é que as pessoas jurídicas podem pagar.

Quando nós falamos isso, parece que nós estamos falando de grandes empresas, quando na verdade eu vivo, por exemplo, em uma região onde pessoas jurídicas tem cinco, seis, dez funcionários e também têm muitas dificuldades, é um pequeno comerciante, uma pessoa que tem um restaurante, um bar, uma pousada, nós também estamos falando dessas pessoas.

Então, a gente tentou aqui, ao longo do tempo, de forma muito respeitosa, dialogar com os colegas deputados, com o governo, que acabou se envolvendo mais diretamente aqui agora, no avançar desse projeto, e, principalmente, com o Tribunal de Justiça, para que a gente pudesse ter a chance de rever alguns trechos desse projeto de lei que está tramitando aqui na Assembleia desde 2021.

Fora tudo isso, não é momento de se pensar em aumento de custas. A gente vive ainda um período pós-pandemia em que as pessoas têm mais dificuldade, as pessoas estão desempregadas. Ainda que esse projeto não afete diretamente a gratuidade da Justiça, mas claro que a classe média também pagará essa conta.

Então eu quero ainda aqui relembrar os colegas que esse é um projeto de lei que depende de maioria qualificada, portanto é preciso ter 48 votos favoráveis para que o governo possa avançar com esse projeto, nesse caso aqui o Tribunal de Justiça.

Portanto, eu quero pedir aos colegas deputados que ainda não estão confortáveis em votar esse projeto, que possam aguardar que os parlamentares que são favoráveis coloquem os 48 votos para que, aí sim, aqueles parlamentares que são contrários possam manifestar sua posição.

Caso contrário vai acontecer como já aconteceu na primeira votação aqui, em relação à urgência, quando alguns deputados, talvez ainda sem muito conhecimento de como é que funciona esta Casa, que eram contrários, acabaram votando contra durante o processo de votação, sem que ao menos o governo, os parlamentares que são favoráveis, tivessem alcançado ainda 48 votos.

Então quem for contra, para não restar nenhuma dúvida, aguarda que 48 deputados... Pelo jeito eu percebo que há mobilização nesta Casa para que possa aprovar. Então eu peço que os colegas deputados que ainda não estão definidos em relação ao tema, ou que são contrários, aguarde que possa colocar 48 votos favoráveis.

Quero também, presidente, além de me manifestar a respeito desse tema, quero muito poder compartilhar deste momento com alguns presidentes das subseções de OABs com quem tenho contato, que a gente conversou ao longo do tempo.

Tenho muito orgulho de ser advogado. Sou inscrito na subseção de São Vicente, no litoral do estado de São Paulo, tenho, com muito orgulho, minha carteira da Ordem dos Advogados do Brasil.

Mas quero compartilhar este momento, além de com a presidente Patrícia Vanzolini, também com outras personalidades: com o presidente, por exemplo, da Ordem dos Advogados do Brasil de Santos, que esteve presente conosco na audiência pública, inclusive se manifestou, Dr. Raphael Meirelles; com a presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de São Vicente, Dra. Josiane; com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil de Cubatão, Antonio Sarraino; com o Marcelo, do Guarujá; com a Elisa, de Bertioga; com o meu xará Caio, de Registro; com o Helder Piedade, de Jacupiranga; com o Marcos Freire, de Miracatu; com o meu amigo de muitos anos, o Dr. Luiz Gustavo, da Ordem dos Advogados do Brasil de Iguape; com o Dr. Hélio Marcos, de Peruíbe; com o Merenciano, de Itanhaém.

A gente fez um grande movimento no litoral do Estado para convencer os demais colegas a respeito da importância desta votação. Porque - ainda voltando ao tema de que as pessoas jurídicas têm condição de pagar - nós vivemos em uma região, deputado Barros, que não tem grandes empresas, com exceção do ramo portuário e da Usiminas em Cubatão, que já não é a mesma. Os CNPJs lá são restaurantes com entre dez e quinze funcionários, às vezes, com menos do que isso, um bar com cinco funcionários.

Então essas pessoas têm grande capacidade de, às vezes, recorrer no Tribunal? Não é bem verdade isso. Então penso que a gente poderia, ao longo dessa jornada, ter melhorado esse projeto. E se ele era para corrigir, por exemplo, um grande problema que acontece com os bancos, que acabam ocupando por demais o Tribunal, que a gente pudesse ser mais específico com relação a isso.

É possível você detectar isso. Hoje o Tribunal, por meio dos mecanismos da tecnologia, consegue definir quantos processos uma empresa tem. Mais de cem, duzentos, trezentos - é claro que é uma empresa de grande vulto - e aí algo está errado ali.

Agora, não estamos falando só dessas pessoas; estamos falando de pessoas jurídicas que às vezes têm um único processo no Tribunal, mas que será nesse momento obrigado a ter um pagamento de custas ainda maior e muitas das vezes antecipando o momento de recolher essas custas.

Lembrando que essa foi uma tentativa da nossa parte. E nós, ainda, teremos algumas tentativas aqui com relação ao método de votação de poder corrigir essa distorção.

Por exemplo, convido os colegas aqui, aqueles que entendem que o Tribunal precisa aumentar as custas, ok. Mas será que também entendem que é preciso recolher, no caso das execuções, no começo do processo ou ao final, quando você consegue executar aquele que te deve?

Então a gente vai ter a oportunidade aqui, por meio de um método de votação retirando esse artigo, que as pessoas poderão emitir as suas opiniões. Agora, é claro, também nós não podemos aqui parecer crianças no meio de um processo.

Não dá para depois dizer que não sabia. Nós estamos aqui orientando, explicando item por item o que está acontecendo e o que pode ser feito. Não dá para depois a pessoa dizer que votou contra, mas que não sabia que quem estivesse votando contra antes de dar 48, não sabia que estava ajudando o projeto a avançar.

Não dá mais. Na primeira votação, no requerimento para poder ter a urgência do projeto, tudo bem. Agora, não. Aí é mais fácil que a pessoa possa oficialmente declarar o seu voto favorável ao projeto, e faz parte também. As pessoas, neste momento... cada um arca com as consequências da escolha do seu voto.

A gente, que está na vida pública, tem que expor aquilo que pensa. E, às vezes, o que a gente pensa é mais simpático, às vezes, o que a gente pensa é menos simpático.

Dessa maneira, eu quero, mais uma vez aqui, reiterar que com muito respeito ao Tribunal de Justiça, com grandes amigos que tenho lá, trabalhadores e colegas, eu reitero que sou contra o PL n.º 752 por diversos motivos, dentre eles, por entender que aumento de custas não é o melhor remédio para a gente fazer com que as pessoas deixem de acessar o Tribunal de Justiça. Afinal, justiça cara não é justiça.

É isso, presidente.

 

O Sr. PAULO MANSUR - PL - Uma comunicação, presidente?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Gostaria de chamar o deputado Teonilio Barba para discutir contra. Ausente. Não, Emidio de Souza para discutir contra. Ausente

Então, para discutir contra, ainda na lista de oradores, o deputado Simão Pedro. E uma comunicação antes para o deputado Paulo Mansur.

 

O Sr. PAULO MANSUR - PL - PARA COMUNICAÇÃO - Há uma distorção muito grande como o PT fala aqui. Quando o PT defende, o PSOL, a esquerda, algo, a gente precisa ir por outro caminho, até porque na área federal as custas são de dois por cento. E na área estadual as custas é de um por cento.

Então vocês colocam aqui como o governador Tarcísio, mas vocês não olham para a área federal de vocês, que lá são dois por cento. E tem um detalhe: hoje o governador, com os seus recursos que poderiam ir para a Segurança Pública, que poderia aumentar o número de presídios, que a gente precisa no nosso estado de São Paulo, dar dinheiro para a Saúde, para o Transporte Público, é cerca de 350 milhões de reais que são destinados para ajudar o TJ, ajudar os juízes, porque eles não têm recurso. E com esse aumento de 1, a 1,5% eles vão conseguir se sustentar e esse dinheiro público dos nossos impostos vai para defender, sim, as pessoas que pagam impostos.

Esse é o detalhe, até porque o PT só quer aumentar imposto. Ele não quer colocar agora a taxa do sindicato na gente, dos trabalhadores? Ele também agora não quer aumentar, e aumentou a gasolina? E quando o Bolsonaro colocou lá para abaixar a gasolina, toda a bancada do PT no Senado foi contra. Vocês votaram contra também ao aumento do Bolsa Família.

Então vocês olham sempre o que é importante para vocês e não para a sociedade. Então eu coloco aqui o meu voto para esse recurso público, que é nosso de direito, ir para o contribuinte. Mais uma coisa, as pessoas que não têm dinheiro que vão entrar com um processo elas não vão pagar custas. Continua a mesma coisa.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Simão Pedro, com a palavra para discutir contra.

 

O SR. SIMÃO PEDRO - PT - SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, André do Prado, que preside esse Parlamento, Sras. Deputadas, Srs. Deputados, público que nos acompanha aqui na galeria, nas redes sociais da Assembleia, na TV Assembleia, funcionários; queria me dirigir, num primeiro momento, aos advogados e às advogadas que nessas últimas semanas têm vindo aqui acompanhar os debates, as sessões sobre o Projeto de lei nº 752, de 2021, que nós estamos discutindo nesse momento, que compareceram aos debates das comissões, que compareceram à audiência pública realizada a semana passada, que eu achei muito importante, estamos com vocês, estamos do lado de vocês nesse momento desse debate.

E eu queria começar dizendo o seguinte: esse debate não pode ser politizado, deputado Barros Munhoz, V.Exa. tanto tempo presente aqui nesse Parlamento. É um debate técnico, um debate de oportunidade, debate se é o momento ou não de discutir isso, um debate técnico sobre o custo do Judiciário, o custo do trabalho dos advogados. Não se trata de esquerda, de direita, governo federal ou governo estadual, como o deputado Mansur veio aqui provocar.

Então nessa linha que eu quero discutir aqui, também coerente com a discussão que eu fiz no Congresso de Comissões, os meus posicionamentos nas redes sociais, nos debates que eu pude fazer em vários locais.

Eu tenho dito que sou contra esse PL não só pela oportunidade, ou seja, nós estamos recuperando a economia do País agora, nós estamos lutando para combater a inflação, para deixar a inflação em um patamar razoável, que permita o crescimento da economia.

Nós estamos discutindo a recuperação dos salários, dos ganhos do nosso povo, que perdeu muito durante a pandemia, que perdeu muito nesses últimos anos pelo baixo crescimento.

Agora que nós estamos recuperando o nível de emprego, colocar um projeto que está aqui parado para ser votado, que vai encarecer as custas do trabalho dos advogados, que vai encarecer o acesso à Justiça por amplos setores da nossa sociedade, não é o momento. Não é o momento.

Nós podíamos deixar esse debate para depois, mas eu não sei por que a Presidência desta Casa insiste em colocar em votação, quer votar de qualquer jeito. Não há consenso nesta Casa sobre esse projeto.

Há consenso na bancada da esquerda, na bancada do PT, na bancada do PSOL, na bancada do PSB, que a gente percebe os deputados que se inscreveram estão falando que nós vamos votar contra.

Mas eu acho que também não tem consenso nas bancadas que dão apoio ao governador Tarcísio. Por quê? Porque eu tenho certeza de que na base dos deputados, sua base eleitoral, nas suas cidades, nos seus bairros, nas suas famílias, tem advogados que trabalham, que lutam para ganhar a vida, lutam para dignificar essa profissão, lutam para ajudar aquelas pessoas que precisam do acesso à Justiça através do advogado e que estão dizendo “não deixe esse projeto ir para frente porque isso vai prejudicar o nosso trabalho, vai prejudicar o acesso à Justiça, vai encarecer o serviço”.

Não se trata aqui de ser contra o Judiciário. Ao contrário, nós votamos o Orçamento, nós, de certa forma, concordamos que 3% do Orçamento do estado de São Paulo - 3% significa quase 14 bilhões, por aí - para custear o Judiciário, o salário dos juízes, dos funcionários, a manutenção do Judiciário...

Então nós não somos contra o Judiciário, achamos que o Judiciário tem que ter recursos orçamentários suficientes para prestar um serviço fundamental e necessário a uma sociedade que tem conflitos, que tem problemas, em que pessoas cometem crimes, pessoas são acusadas e precisam de um Judiciário eficiente e ágil.

Mas nós achamos o seguinte, aumentar as taxas, como está propondo o Tribunal de Justiça, de 1 para 2% a taxa inicial, majorar a alíquota das custas judiciais de 1 para 1,5%, cobrar as custas de execução, no início da execução, em 2% - 1% das custas iniciais, mais 1% do que hoje se denomina custas finais, independentemente da satisfação integral parcial do crédito executado em momento posterior - majorar a taxa judiciária para a interposição do recurso de agravo de instrumento, atualmente em 10 UFESPs, para 15 UFESPs, aumento da metade de...

Só para vocês terem uma ideia, de 342 reais, vai pular para 513 reais, em valores deste ano. Atualizar a base de cálculo do valor de preparo no momento do seu recolhimento, cobrar pelo envio eletrônico de citações, intimações, ofícios e notificações, inclusão, exclusão de cadastro de inadimplentes do sistema Serasajud e do Sisbajud, restauração de autos.

Ou seja, é majoração dos custos, das taxas do trabalho. A gente entende que o Judiciário precisa ser custeado, além do orçamento, também pelas taxas. Ninguém é contra. Mas nós somos contra esse aumento, neste momento, pessoal.

Agora, outro debate aqui, que se faz, e que eu já escutei, embora só nós da oposição estamos subindo aqui para discutir. Mas é o seguinte: “O Judiciário paulista é muito barato em relação a outros estados.” Não é bem verdade. Eu participei da audiência pública. Eu escutei o representante do Tribunal de Justiça. Escutei a presidente da OAB.

E o estado de São Paulo, quando não é em primeiro lugar, em segundo lugar, em terceiro lugar, ou seja, o estado de São Paulo está entre os mais caros do País. Então não justifica esse aumento, nesse momento, Sras. Deputadas e Srs. Deputados.

Então eu quero dizer que nós estamos discutindo no sentido de jogar para frente. Vamos conversar mais. Vamos debater e votar outros projetos de interesse da população.

Outro argumento. “Ah, mas o povo pobre, que precisa do acesso à Justiça, tem a Defensoria. É verdade, a Defensoria cumpre um papel muito importante na nossa sociedade. Nós, da esquerda, brigamos muito para ter a Defensoria.

Eu participei do movimento pró Defensoria Pública, lá nos anos 2000, 2001. Quando eu entrei aqui como deputado, em 2003, fui um dos que mais batalhei para que a gente aprovasse a lei que criou a Defensoria.

Agora, a Defensoria atende uma parcela da população, os mais pobres. Mas tem um setor assalariado, de trabalhadores, setores de renda média baixa, que precisam contratar um advogado quando têm um problema na Justiça. E vai ficar mais caro para esse trabalhador. Sua vida vai dificultar mais ainda, deputado Barros Munhoz.

Vossa Excelência, que vai disputar a Prefeitura de Itapira... Não vai? Mas o senhor tem conversado com a população, sabe que esse é um problema. Então eu queria ler essa conclusão, para encerrar essa minha intervenção, para reforçar porque nós somos contra, com esses argumentos.

O argumento de que o estado de São Paulo tem defasagem na cobrança das taxas judiciais em relação a outras unidades, não se sustenta na sua totalidade. Era o que seu estava falando aqui.

Uma vez que, quando comparamos a integridade de taxas cobradas, ao longo de todo o processo, e é considerado o teto de recolhimento permitido em cada unidade da Federação, São Paulo figura entre os maiores cobradores.

Muito embora tenha sido evidenciado que o estado de São Paulo cobra tributos relacionados aos serviços judiciais, em menor proporção que variadas unidades federativas, ou seja, outros estados, é sabido que a aprovação do projeto implicará no aumento dos tributos pagos pelos contribuintes para o acesso à Justiça.

Além disso, o aumento proposto não parece razoável. Ora com majoração de metade dos valores atualmente cobrados, ora com proposta de dobrá-los. De outro lado, apontamos que cabe ao Tribunal de Justiça apontar o impacto do acréscimo na arrecadação dos recursos, na hipótese de aprovação do projeto de lei, e melhor discutir a aprovação dos recursos adicionados com a medida proposta.

Isso é um item que a gente chamou a atenção nos debates também. O Judiciário não deixou muito claro e transparente o que vai fazer com essa arrecadação a mais. Não está claro no projeto de lei. Vai melhorar o trabalho dos advogados, para que eles possam prestar um melhor serviço, vai aumentar as varas? Não está claro.

Então é uma espécie de cheque em branco que a gente está dando aqui. É lógico que queremos ter uma boa relação com o Judiciário. Isso é fundamental entre os Poderes. Mas, nesse projeto, não fica claro como que vai ser, qual é a destinação desses recursos cobrados a mais.

É preciso que o órgão justifique a necessidade do recurso adicional, considerando que o seu orçamento tem tido anualmente bons resultados, com valores executados sempre acima daqueles inicialmente previstos, e que o órgão conta hoje com uma dotação bastante significativa, quando comparada a outros órgãos de especial relevância para o Estado e seus cidadãos. É aquilo que eu já citei aqui também.

Por isso, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, deputado André do Prado - com todo respeito a quem possa pensar diferente da gente, tem outra posição - por isso que nós somos contrários a esse projeto e, seguindo o debate que nós fizemos, se for a voto vamos votar contra.

Obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Simão Pedro. A pedido de seus líderes, vou estar suspendendo a sessão, por conveniência da ordem, por cinco minutos.

 

* * *

 

- Suspensa às 18 horas e 40 minutos, a sessão é reaberta às 18 horas e 44 minutos, sob a Presidência do Sr. André do Prado.

 

* * *

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Reaberta a sessão.

 

O SR. CARLOS CEZAR - PL - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Carlos Cezar, líder do PL.

 

O SR. CARLOS CEZAR - PL – PARA COMUNICAÇÃO - Sr. Presidente, em acordo construído com todos os líderes da Casa, nós vamos dar por discutido cinco horas, hoje, deste projeto, com uma hora para discutirmos amanhã, sendo três parlamentares da oposição e um da situação.

E, depois, fazer os encaminhamentos da votação. Cada liderança partidária terá a liberdade para fazer os seus encaminhamentos. É esse o acordo que foi construído.

Havendo acordo com todas as lideranças, com esse acordo registrado por V. Exa., eu requeiro o levantamento da presente sessão.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Antes de levantar a sessão, consulto todos os deputados que estão no plenário, lideranças...

 

O SR. CARLOS CEZAR - PL - Gostaria que o deputado Luiz Claudio Marcolino confirmasse o acordo.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Luiz Claudio Marcolino, líder aqui do PT.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Quer Paula fazer? Monica.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputada Monica Seixas, então.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT – PARA COMUNICAÇÃO - Nós, que estamos aqui na oposição, temos esse entendimento, e acho que é importante também a deputada Monica reafirmar o compromisso. São quatro, fica amanhã uma hora para a decisão de amanhã, encaminhamentos. Sendo três falas da oposição e uma fala da base do governo.

 

A SRA. MONICA SEIXAS DO MOVIMENTO PRETAS - PSOL - PARA COMUNICAÇÃO - Tem o compromisso da bancada da Federação PSOL REDE.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Então, havendo o compromisso de todos os senhores líderes, tanto situação, quanto oposição, e deputados em plenário, em liderança do Governo, antes, porém, de levantar a presente sessão, desconvoco a segunda sessão extraordinária na data de hoje.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputado Luiz Claudio Marcolino.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Que horas inicia a discussão amanhã?

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Amanhã na primeira extra... a partir de 16 horas e 30 minutos.

 

O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Ok. Obrigado, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Havendo acordo de lideranças, está levantada a sessão.

 

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- Levanta-se a sessão às 18 horas e 46 minutos.

 

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