4 DE DEZEMBRO DE 2023
54ª SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Presidência: ANDRÉ DO PRADO
Secretaria: CARLOS CEZAR, AGENTE FEDERAL DANILO BALAS e GILMACI SANTOS
RESUMO
ORDEM DO DIA
1 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Abre a sessão.
2 - PAULO FIORILO
Solicita verificação de presença.
3 - ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum. Tece considerações regimentais sobre o comportamento do público nas galerias. Coloca em discussão o PL 1501/23.
4 - PROFESSORA BEBEL
Para questão de ordem, faz pronunciamento.
5 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que deve dar resposta à questão de ordem em momento oportuno.
6 - PAULO FIORILO
Discute o PL 1501/23.
7 - EDUARDO SUPLICY
Discute o PL 1501/23.
8 - PROFESSORA BEBEL
Solicita verificação de presença.
9 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
10 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Para questão de ordem, faz pronunciamento.
11 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Informa que deve dar resposta à questão de ordem em momento oportuno.
12 - DR. JORGE DO CARMO
Discute o PL 1501/23.
13 - REIS
Para comunicação, faz pronunciamento.
14 - LUIZ CLAUDIO MARCOLINO
Discute o PL 1501/23.
15 - REIS
Discute o PL 1501/23.
16 - VINICIUS CAMARINHA
Para comunicação, faz pronunciamento.
17 - ANDRÉ DO PRADO
Cumprimenta Luiz Alfredo Dalben, prefeito de Sumaré, presente no plenário.
18 - ANDRÉA WERNER
Discute o PL 1501/23.
19 - PAULA DA BANCADA FEMINISTA
Solicita verificação de presença.
20 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Defere o pedido. Determina que seja feita a chamada de verificação de presença, que interrompe quando observado quórum.
21 - RÔMULO FERNANDES
Discute o PL 1501/23.
22 - LECI BRANDÃO
Discute o PL 1501/23.
23 - PRESIDENTE ANDRÉ DO PRADO
Lembra sessão extraordinária a ser realizada, hoje, dez minutos após o término desta sessão. Encerra a sessão.
* * *
-
Abre a sessão o Sr. André do Prado.
* * *
O SR.
PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Presente o número regimental de Sras.
Deputadas e Srs. Deputados, sob a proteção de Deus iniciamos os nossos
trabalhos. Esta Presidência dispensa a leitura da Ata da sessão anterior.
Ordem
do Dia.
* * *
- Passa-se à
ORDEM
DO DIA
* * *
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Discussão e
votação adiada do Projeto de lei nº 1501, de 2023, de autoria do Sr.
Governador.
Com a palavra o deputado Paulo
Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente, nós
vamos entrar num debate tão importante, eu não vejo aqui a base do governo para
acompanhar.
Então, eu quero pedir uma
verificação de presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência.
Solicito ao deputado Carlos Cezar
e ao deputado Agente Federal Danilo Balas para que façam a verificação de presença.
* * *
- É feita a verificação de votação
pelo sistema eletrônico.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Por favor,
deputado Carlos Cezar.
Vou já fazer a comunicação logo no
início da discussão desse projeto e dizer a todos os que estão na galeria,
nossos convidados, que fazem parte da nossa democracia, que esta Presidência
vai, desde já, fazer um comunicado que todos os oradores inscritos para
discutir terão seu direito de fala preservado.
Em todas as nossas comunicações,
verificação de presença também, será respeitado o que está no Regimento. E
comunico a todos os senhores que estão na galeria que, de acordo com o Art.
280, que quero ler aqui nosso Regimento Interno desta Casa, que os expectadores
não poderão estar armados e deverão guardar silêncio, não lhes sendo lícito
aplaudir, reprovar o que se passar no plenário.
Exatamente é do povo e o povo tem
que cumprir o que está na democracia, no Regimento Interno. Então, desde já, se
não cumprir o que está no Regimento Interno, infelizmente eu terei que usar o
que está no Regimento e pedir para esvaziar a galeria, ou quem perturbar a
ordem será convidado a se retirar.
Não quero fazer isso, não vou
fazer isso. É um direito de vocês não concordarem com a privatização, mas aqui
nesta Casa o debate será mantido, e desde o início são vocês que vão definir se
vocês permanecerão na galeria ou não. Estou deixando bem claro desde o início,
senão vocês terão que se manifestar fora da galeria e não acompanharão na
galeria a discussão desse projeto.
Não estou aqui fazendo ameaças,
estou aqui querendo deixar que o direito de todos seja garantido.
Eu espero,
espero mesmo, porque se em algum momento eu perceber que a ordem não vai ser
preservada, o que está no Regimento não será garantido, eu não terei nenhum
problema em pedir, suspender esta sessão e pedir que a Polícia Militar esvazie
a galeria.
Não quero fazer
isso. Mais uma vez, não quero fazer isso. Eu quero que vocês permaneçam na
galeria, acompanhando democraticamente, cumprindo o Regimento, acompanhando a
nossa sessão, que está se iniciando agora, com a discussão desse projeto.
Com a palavra o deputado Carlos Cezar,
para dar andamento à verificação de presença.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado o
quórum regimental, agradeço ao deputado Carlos Cezar e ao deputado Agente
Federal Danilo Balas.
Em discussão. Para discutir a favor,
não temos por enquanto. Para discutir contra, com a palavra o deputado Paulo
Fiorilo.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr.
Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputada Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Eu quero fazer uma
questão de ordem por escrito.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Três minutos, Professora Bebel.
A
SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - PARA
QUESTÃO DE ORDEM - Obrigada, Sr. Presidente.
Questão de
ordem:
“Sr.
Presidente, formulo a presente questão de ordem com a finalidade de obter de V.
Exa. esclarecimentos acerca da aplicação do inciso I do Art. 18 do Regimento
Interno da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, neste momento em que
se discute o PL 1501, de 2023, de autoria de S.Exa., o governador do estado de
São Paulo.
Passo
a explicar e desenvolver o questionamento que ora formulo:
O
inciso I do Art. 18 do Regimento Interno afirma que o presidente da Casa
decidirá soberanamente sobre as questões de ordem que lhe forem dirigidas.
Há
questões de ordem que foram tratadas durante o trâmite da propositura, que
podem influir no projeto de forma a tornar inútil todo o trabalho que a Alesp
está desenvolvendo até o momento, como, por exemplo, que foi formulado sobre a
postura que será adotada face ao fato de a propositura ser considerada
inconstitucional.
É fato que o Regimento
Interno estabelece o prazo para que V. Exa. decida e se manifeste sobre as
questões de ordem. Contudo, há algumas dessas que são tão fundamentais ao processo
legislativo que a demora em se pronunciar sobre essas pode tornar impossível
que a propositura caminhe.
A questão de
ordem que se formula, então, é a seguinte: até que as questões de ordem, Sr. Presidente,
que digam respeito à impossibilidade de trâmite da propositura sejam
respondidas, a propositura seguirá tramitando?
Formula-se essa
questão de ordem por duas razões. A primeira é que o regimento interno não é
suficientemente claro sobre esse particular assunto; e a segunda é para que
seja esclarecido o que se fará se a questão de ordem for respondida de modo a
indicar que realmente o PL 1501/23 não poderia ter tramitado, mas ele já
estiver em ponto muito mais adiantado do que o que hoje se encontra?
E que, se tal
hipótese acontecer, é mais do que evidente que a propositura estará imprestável
desde o momento em que o vício aconteceu, restando claro que todo ato que
acontece depois desse momento será nulo de pleno direito, devendo assim ser
reconhecido, declarado e tomadas todas as medidas para sanar esse ato, Sr. Presidente.”
Muito obrigada,
Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Acolho a
questão de ordem da deputada Professora Bebel e será respondida oportunamente.
Com a palavra o deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, quem
nos acompanha aqui das assessorias, o público que veio acompanhar esse debate
tão importante, quem nos acompanha também pela TV Alesp. Primeiro, Sr. Presidente,
fazer um registro aqui. É interessante não ter nenhum deputado para falar,
defendendo o projeto da privatização. Me deixou meio perplexo.
Espero até que
o deputado Barros Munhoz, que é o relator, se inscreva para fazer a defesa
desse projeto na hora certa. Espero que a hora certa chegue logo, porque é
importante que a gente possa ouvi-lo.
Até porque eu
acho correto o senhor ficar por último, porque quem sabe, e eu sei que não é
responsabilidade do senhor, o senhor poderia tentar responder algumas questões
que serão levantadas aqui e que o governo não respondeu, que a secretária não respondeu.
Eu não tenho
aqui nenhuma dúvida de que o senhor também não vai responder. Mas não tem
problema. Pelo respeito e pelo carinho que eu tenho pelo senhor, eu vou
entender.
Nós iniciamos
um debate aqui muito apressado, mas muito, deputado Rômulo. Primeiro, o
governador traz um projeto e pede urgência. Ou seja, propõe 45 dias para ele
tramitar e ser trazido para o plenário. Segundo, nós não tivemos oportunidade
de aprofundar o debate, nem de conhecer todo o estudo que foi contratado.
A consultoria contratada
apresentou só uma parte do estudo, a primeira. Esse projeto tem muitas lacunas,
muitas. Eu vou perguntar ao relator: a Sabesp vai ficar com 15, com 20, com 25,
com 30% das ações? Ninguém sabe, nem o relator.
As cláusulas
que não podem ser mudadas, que propuseram para o projeto de lei, a tal da “golden
share”, são três: não mudar o nome da Sabesp, não mudar o endereço da Sabesp, e
não mudar o objeto da Sabesp. É impressionante.
Queria saber
por que não tem uma cláusula em que a Sabesp tem que dar de dividendos apenas
25%, como é hoje. Que, aliás, nós apresentamos aqui, como uma emenda de
plenário.
Isso
possibilita que 75% seja investido em obras, em saneamento, mas isso não está
no projeto de lei, esqueceram de colocar, ou é melhor não colocar, como
esqueceram várias outras coisas que eu vou trazer aqui para o debate.
Tem uma outra
coisa que me incomoda muito, deputada Bebel, que é ouvir o tempo todo que esse
projeto foi aprovado nas urnas. Isso não é verdade. O governador se esquivou do
debate eleitoral e não colocou no programa de governo, já dito aqui.
Nós precisamos
deixar claro isso, é um estelionato eleitoral, porque o governador não
defendeu. Ele teve medo de defender na campanha, porque deve ter avaliado nas
pesquisas que ia perder e recuou. Agora, ao contrário, traz o projeto com
urgência, sem a possibilidade de um amplo debate.
Nós tivemos uma
audiência pública - uma - e uma segunda promovida pela frente do deputado
Emídio, o que foi insuficiente. Mas, possivelmente, para os deputados e deputadas
aqui, só uma audiência pública, um projeto de urgência, a ausência de um estudo
com uma profundidade necessária, são o suficiente.
Aí, deputado
Cachorrão, eu me pergunto, o que será que convenceu cada um dos deputados e
deputadas? O que será que moveu os deputados desta Casa a serem favoráveis? A
ter, em uma segunda-feira, 24, 25, 26 deputados aqui, nesta Casa?
Essa é uma
pergunta que nem o relator pode responder, quem sabe o líder do Governo - quem
sabe. Ou, quem sabe, cada um dos deputados e deputadas que estão aqui, que
passaram horas dialogando com o governador.
A
responsabilidade de vocês é grande, para os que são candidatos a prefeito, para
os que não são, aos que vão ter que responder para a sociedade porque
resolveram entregar a empresa mais lucrativa do estado dessa forma, sem a gente
ter clareza de todas as questões que estão obscuras.
Então, eu
queria deixar aos deputados e deputadas esse primeiro desafio. Como o relator
não pode responder, os deputados e deputadas deveriam responder como foi a
conversa com o governador. Qual foi a proposta do governador para convencer os
deputados e deputadas?
Dizem que
Jesus, para os que são evangélicos, católicos, assim como eu, foi vendido por
Judas por parcas 20 moedas. Se não foram 20, agora serão. Aqui vai ser 20. Aqui
serão 20 moedas. Eu acho que 20 é um número bom, redondo, dá para dividir. É
inacreditável. Vocês não podem, não devem vender uma empresa como essa, que é
lucrativa, por 20 moedas. É muito pouco.
Segundo, é uma
empresa que é lucrativa, três bilhões de lucro por ano, que investe cinco
bilhões de reais por ano. Uma empresa altamente rentável, que todo estado
gostaria de ter.
Aqui, como já
disseram outros deputados, nós dissemos isso em outros debates, não é uma
questão de ser a favor ou contra a privatização, mas nós estamos falando de uma
empresa que é importante para o estado, que dá lucro.
O que o estado
está propondo nesse projeto? Quando privatizar, quando vender as ações e a
Sabesp ficar como minoritária, o estado vai usar um fundo para garantir a
tarifa, para não aumentar a tarifa.
Agora, vírgula,
não aumentar a tarifa de quem? Tem 500 mil moradias que poderão ter aumento,
porque estão em uma faixa que não é de vulnerabilidade, mas que é de quem está
cadastrado no CadÚnico, ou quem está na tarifa social. Isso ninguém fala.
Quem colocar o
dedo aprovando esse projeto, está colocando o dedo no bolso de muita gente que
vai ter que pagar mais. Esse é o grande problema que nós estamos discutindo e
que precisa ser enfrentado.
Agora, eu quero
aproveitar, para poder dialogar com alguns deputados e deputadas de algumas
regiões do estado, em especial, da região de Jales. Eu acabei de receber -
pedir para a técnica colocar aqui - essa moção aprovada em Jales contra a
privatização da Sabesp.
Em Jales,
vários deputados e deputadas dialogam com aquela cidade, tem voto naquela
cidade - deputado Carlão, deputada Analice e outros deputados. Todos os
vereadores, inclusive aqueles que apoiaram os deputados que estão aqui, votaram
contra a privatização da Sabesp. Contra!
Eu estou dando um exemplo das várias outras câmaras
municipais que fizeram a mesma coisa. A pergunta é: esses vereadores têm aqui
neste parlamento a representação que, na campanha, disseram que teriam?
Deputada Thainara, que é de Araraquara, e sabe a importância da câmara, porque
foi vereadora.
Quando os vereadores se reúnem, e votam uma moção,
dizendo “não” à privatização da Sabesp, e os seus deputados, aqueles que eles
apoiaram, dão de costas, dão de ombros, é inadmissível.
Mas eu quero aproveitar o final do meu tempo para
trazer... Aí estão as assinaturas. Mas para trazer a segunda questão. E acho
essa muito mais relevante. Aliás, eu queria que pudesse ter uma atenção
redobrada, inclusive dos deputados que se preocupam com a economia do estado.
Tem um mapa, que eu queria apresentar para vocês. Aliás, eu vou trazer todas as
informações.
Eu tive a oportunidade de dialogar com o presidente
desta Casa sobre uma questão que eu considero importante, e que está sendo
discutida na COP, que são os créditos oriundos do ativo ambiental. A Sabesp tem
33 mil hectares de mata nativa. Não estou falando, nem da área protegida, nem
de mananciais. Estou falando de Mata Atlântica.
Você consegue subir ele, ou não? É isso que eu queria.
As áreas avaliadas, o estoque ambiental, essa é uma análise feita pela BMV
Global, que apresenta a possibilidade da utilização de selo de certificação
AUCS. É um ativo ambiental que vai muito além do crédito de carbono, uma vez
que compensa a pegada ecológica de uma forma mais abrangente.
Cada UCS conserva, estoca, evita a emissão de uma
tonelada de CO2. Bem como possui mais de 26 benefícios ambientais incorporados,
além de facultar, aos seus adquirentes, certificarem-se com um Selo de
Sustentabilidade Tesouro Verde, que confere a certificação de práticas da ESG
em suas marcas, operações e produtos. Deputado Barros Munhoz, nós estamos
falando de um ativo de 3,3 bilhões por ano.
Deputado Barros Munhoz, eu queria perguntar ao senhor,
que foi relator. Em algum momento da relatoria, da audiência pública, nós
discutimos esse ativo da Sabesp?
Nós discutimos com quem vai ficar 3,3 bilhões de reais
por ano? Não! Sabem por quê? Porque não foi precificado, porque não colocaram
nem no projeto de lei. Querem entregar, para a iniciativa privada, também para
fazer parte do ativo da empresa? Coloque. Mas diga lá: uma parte desse ativo,
70% ou 80%, será do estado.
Não tem absolutamente nada. Eu disse aqui, falei com o
presidente da Casa. Eu disse a ele que esta Casa poderia produzir uma emenda
aglutinativa para produzir um erro crasso.
Falei com a secretária, passei a ela os estudos.
Aliás, tem um estudo aqui comigo que faz referência a esta possibilidade de uso
das unidades de crédito de sustentabilidade. Nós não estamos falando de pouco
dinheiro, deputado Barros Munhoz.
São 3,3 bilhões, deputado Cachorrão, que é o valor que
a Sabesp tem de lucro por ano. Sabem qual é o trabalho que precisa ter? A
proteção daquela área, dos 33 mil hectares. A proteção, a Sabesp já faz. Agora
eu quero perguntar para vocês. Nós vamos entregar mais 3,3 bilhões, sem ter
sido precificado, para a iniciativa privada, para os acionistas?
Sem dizer que esse dinheiro tem que ser usado para o
estado, para investir em obras necessárias. É disso que nós estamos falando. E
nós vamos fazer cara de paisagem: 3,3 bilhões não existem. Se apropriarão
desses recursos aqueles que vão comprar as ações da empresa.
A secretária disse que está preocupada - e com razão -
com a questão dos mananciais, que as prefeituras têm entrado com ações, e têm
perdido. Ela quer corrigir isso. Possivelmente, vai corrigir nos anexos. Agora,
essa situação, na minha humilde opinião, é que não cabe resolver nos anexos.
Não cabe.
Nós temos a
oportunidade de trazer ao estado mais três bilhões de recursos e nós estamos
dizendo “não”. Aliás, eu não sou especialista em crédito de carbono, em
unidades de sustentabilidade. Eu não sou. Quem é, é quem escreveu.
Aliás, a gente
podia olhar o que está acontecendo na COP. Esse debate foi feito lá. Aliás,
dois grandes debates: o do fundo e o da utilização desses recursos para as
matas, para as áreas de proteção que estão em pé, que tem para além do crédito
de carbono. Nós estamos deixando isso passar aqui, na nossa frente, como se não
existisse.
Então, eu quero
insistir: nós podemos mudar essa situação. Tem uma possibilidade. Eu disse isso
ao presidente. Sessenta e três assinaturas de líderes poderiam construir uma
emenda aglutinativa. Eu não estou propondo isso para postergar a votação, não
estou propondo isso para obstruir. De jeito nenhum.
Estou
perguntando ao deputado Leo, que se preocupa com as finanças do estado, se o
estado precisa ou não, quer ou não mais três bilhões para investimento. É uma
pergunta básica, basilar, primeiro ano, se a gente responde “sim” ou se a gente
responde “não”, mas parece que o estado não se preocupou com isso.
Aliás, sabe por
que não se preocupou? Porque no congresso de comissões, a comissão responsável
por discutir isso não foi convocada. Aliás, foi pedido que participasse, mas
não teve nenhum aceno à possibilidade.
A gente teve só
três comissões, que se preocuparam, obviamente, com outras questões. Eu estou
falando desse ativo, mas e os outros? E os outros ativos que a Sabesp tem? Nós
vamos deixar passar batido?
Então, Sr.
Presidente, aqui estou deixando um alerta, porque não acredito que 20 moedas
possam dar conta de três bilhões. Não acredito. Não acredito e tenho certeza de
que os deputados e deputadas desta Casa não permitirão isso.
Eu acho que
aqui a gente ainda tem uma oportunidade única, que é uma emenda aglutinativa
para colocar no projeto de lei, dizendo: “Os ativos, ou os recursos amealhados
com os ativos ambientais serão utilizados na sua totalidade, ou em ‘X’ por
cento, para investimentos do estado”.
Esse é o grande
desafio, até porque, deputada Bebel, com esse dinheiro, não precisaria tirar os
dez bilhões da Educação. Teria mais três bilhões e a gente poderia tirar
dinheiro também da desoneração do ICMS, para não ter problema.
Então, eu
queria deixar, Sr. Presidente, esse alerta e pedir a serenidade e a capacidade
de reflexão dos deputados para que apresentem a emenda aglutinativa para a
gente salvar três bilhões e não ficar com os investidores.
Muito obrigado.
(Manifestação nas galerias.)
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra,
para discutir contra, o deputado Eduardo Suplicy. (Manifestação nas galerias.)
O
SR. EDUARDO SUPLICY - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Caro presidente André do Prado, Sras. Deputadas, Srs.
Deputados, eu gostaria de fazer, primeiramente, uma reflexão sobre o
plebiscito.
Neste domingo,
aconteceu um plebiscito que me parece estranho. A população da Venezuela foi
perguntada se quer ou não que seja estendida, como território da Venezuela, uma
área do tamanho do estado do Acre que pertence à Guiana, para se tornar
Venezuela, mas os moradores daquela área da Guiana não foram objeto do
plesbicito.
Acho que seria
adequado, se é para haver uma decisão plebiscitária, que a população da própria
Guiana pudesse responder se querem ou não se tornar venezuelanos.
Mas aqui seria
adequado, em uma decisão tão importante quanto a privatização da Sabesp, a
empresa que tem responsabilidade por algo tão significativo quanto a água, o
saneamento, o esgoto, eventuais trabalhos para evitar inundações em São Paulo,
que poderão ocorrer agora neste verão.
Seria muito
adequado que a população toda do estado de São Paulo, mais de 40 milhões, ou
pelo menos os eleitores, mais de 20 milhões, pudessem dizer “sim” ou “não”, se
são a favor da privatização, ou que continue a Sabesp sendo administrada pelo
estado, como, aliás, prevê a Constituição do Estado de São Paulo.
Soa um tanto
estranho que o governo Tarcísio e a própria base de apoio aqui, conscientes de
que na Constituição do Estado está escrito que a Sabesp deve ser uma empresa
pública, que através apenas de um projeto de lei queiram que ela se torne
privatizada.
Então, são
argumentos que me levam a pensar: “ah, puxa vida, se o governador Tarcísio quisesse
efetivamente tomar uma decisão com maior respeito à democracia, à vontade da
população de São Paulo, que então se permitisse a todos nós”.
A vocês que
estão aqui presentes hoje, assistindo o nosso debate e a decisão, que todos
vocês, nós também os deputados, mais os jornalistas e os policiais militares,
os que trabalham em todo e qualquer lugar do estado de São Paulo, e depois de
um debate muito esclarecedor, onde teriam direito de falar por todo o estado de
São Paulo os que defendem a privatização, mais aqueles, como nós, da oposição, que
somos contrários, mas nós estaríamos percorrendo o estado de São Paulo em
debate - não é, Emídio, como você até organizou muitos - em que todos os
argumentos seriam colocados, e aí sim, se o governador conseguisse persuadir a
toda a população, nós da oposição naturalmente iríamos respeitar esta decisão.
Isso é que seria lógico acontecer, mas não é
propriamente o que está acontecendo. Os representantes dos movimentos sociais,
trabalhadores do setor de saneamento, lideranças políticas, no último dia 16 de
novembro aqui na Assembleia, nós debatemos o PL 1.501, de 2023, do governador
Tarcísio, que trata da privatização da Sabesp, que é a maior empresa de
saneamento do Brasil.
Naquela ocasião,
o deputado Emídio de Souza, coordenador da Frente Parlamentar Contra a
Privatização da Sabesp, marcou o posicionamento da bancada da Federação PT/PCdoB/PV,
contra o projeto de venda da companhia de saneamento, questionando os
principais argumentos do governo para privatizar uma empresa lucrativa e
eficiente, e acredito que seja adequado lembrar que naquele dia, Emídio
demonstrou que as justificativas do governo para privatizar a Sabesp não têm a
devida sustentação.
A primeira
delas, da antecipação da universalização do abastecimento até 2029, não faz
sentido, uma vez que esse objetivo pode ser atendido pelo atual modelo da
Sabesp e já está previsto em diversos contratos mantidos pela companhia com os
municípios paulistas.
Quanto ao
segundo argumento, o da redução da tarifa, o próprio governo admite que isso só
será possível se houver o subsídio do estado, a ser financiado com os recursos
advindos da própria privatização.
Os principais pontos do projeto de Tarcísio foram defendidos pela secretária do Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, que apresentou as linhas do modelo que o governo pretende impor aos serviços de saneamento no estado de São Paulo. Mas nós, da oposição, destacamos a ausência do presidente da Sabesp naquele dia, André Salcedo, que preferiu não comparecer.
Representantes dos trabalhadores da Sabesp desmontaram as principias premissas apresentadas pela secretária Natália Resende: de que o estado pode permanecer com uma posição acionária relevante; que a desestatização permitirá o atendimento das metas de universalização, incluindo áreas rurais e núcleos urbanos informais; e a de que a tarifa será reduzida de imediato.
Naquele dia, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo - Sintaema, José Faggian, disse que o projeto autoriza a venda da Sabesp sem parâmetros e sem métricas.
Não define nenhum percentual de participação do estado para manter o controle acionário. Segundo ele, nenhum investidor aplicará bilhões na compra da Sabesp para admitir que o estado se mantenha no controle da empresa, influindo nas decisões que afetam a maximização dos lucros e o rápido retorno do capital.
O agente privado vai sempre priorizar a lucratividade em detrimento dos investimentos, disse Faggian.
E assim a tarifa social para todos os domicílios considerados vulneráveis poderia ser implantada já agora...
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Eu obedecerei a sua sugestão. Só queria...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem, deputada Professora Bebel.
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - É que a bancada saiu, por isso, Sr. Presidente...
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - A bancada nossa saiu e a Bebel está...
A SRA. PROFESSORA BEBEL - PT - Pela ordem, Sr. Presidente. Para uma verificação.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Carlos Cezar juntamente com o deputado Agente Federal Danilo Balas que faça a verificação de presença.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Então, Sr. Presidente, eu peço que considere como concluída a minha fala.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Deputado Eduardo Suplicy, está mantido o tempo de Vossa Excelência. Terá um tempo restante ainda para discussão de cinco minutos e 13 segundos.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Só fico preocupado que, se houver a privatização da Sabesp, é capaz de a conta de todos aumentar muito.
Com licença, vou sair um pouquinho.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Por favor, deputado Carlos Cezar.
*
* *
-
Verificação de presença.
*
* *
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado quórum regimental,
devolvo a palavra ao deputado Eduardo Suplicy para o tempo restante de sua
discussão, de cinco minutos e 13 segundos.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - Sr. Presidente, André do Prado,
Sras. Deputadas, Srs. Deputados, o especialista que tem estudado este assunto,
Pedro Luiz Côrtes, fez uma análise bastante interessante que foi publicada pela
Rádio USP e outros órgãos da imprensa.
O governo de
São Paulo encaminhou um projeto que autoriza a privatização da Sabesp para a
Assembleia Legislativa e, de acordo com o programa, a venda será realizada por
um modelo de oferta pública em que um número maior de ações é colocado à venda,
fazendo com que a participação do governador seja diluída.
A gestão
estatal relata que com a privatização seria possível promover uma redução
tarifária e as metas de universalização dos serviços de saneamento seriam
alcançados com uma antecipação de quatro anos, de 2033 para 2029.
Mas o professor
Luiz Côrtes, da Escola Comunicação e Artes, ECA, e do Instituto de Energia e
Ambiente da USP, relata que o estudo da corporação financeira internacional foi
utilizado para modelar e estudar a viabilidade da privatização.
Assim, de
acordo com a pesquisa, por mais que a gestão privada seja eficiente, com os
investimentos e custos operacionais a serem realizados, isso somente não
garantiria uma redução das atuais tarifas da Sabesp.
A atual gestão
do governo de São Paulo também relata que para reduzir a tarifa um fundo de
apoio para a universalização do saneamento do estado será criado. Essa ação
seria realizada com pelo menos 30% dos recursos obtidos com a venda de ações da
Sabesp, e parte do lucro da empresa seria destinada ao governo como forma de
subsidiar a tarifa.
Mas, na
prática, ele pegaria parte do que foi arrecadado com a privatização,
constituiria um fundo e os dividendos recebidos seriam utilizados para
subsidiar a tarifa, diz o especialista.
Apenas no ano
passado, mais de 400 milhões de reais foram recebidos pelo governo em
dividendos pela sua participação na composição acionária da empresa. Dessa
forma, Portella relata que, na prática, o governo diz que vai subsidiar uma
empresa privada, fator que não parece ser uma lógica condizente com o
neoliberalismo que o próprio governador tanto defende.
Com essa proposta,
as tarifas serão reduzidas apenas por um curto período, produzindo uma sensação
artificial do benefício. Porém, isso é insustentável financeiramente, debate o
professor. Assim, a modelagem que o governo relata a respeito do fundo não está
propriamente delineada.
Observa-se
também que não é possível identificar o quanto ela pretende gastar com a
eventual privatização da Sabesp.
Assim, o
professor avalia que, da maneira como essa proposta está colocada, a redução
tarifária não é sustentável. Contudo, ela poderia ser alcançada agora,
independentemente da privatização da estatal, a partir de uma extensão dos prazos
contratuais com os municípios de maior porte.
Assim, alguns
contratos que venceriam em poucos anos poderiam ser negociados e ter os seus
finais remanejados. A partir desse planejamento, a remuneração de ativos da
empresa seria estendida, gerando a redução das tarifas.
Isso acontece,
pois, se os contratos apresentam prazos mais curtos, e embora precisasse,
dentro do prazo do investimento, pagar todos os investimentos que foram feitos
dessa forma, se o prazo de vencimento é mais longo, o prazo desse investimento
também aumenta e a tarifa pode ser reduzida.
Alguns críticos
comentam que a Sabesp não...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para concluir, deputado Eduardo
Suplicy.
O SR. EDUARDO SUPLICY - PT - ... realizar essa movimentação,
contudo, perfeita, exemplifica que a Companhia de Saneamento do Paraná, a Unepar,
em termos de composição, é similar à estatal paulista.
Assim, eu
acredito que, para acelerar esse processo, não seria necessário privatizar, já
que a Sabesp é bem valorizada e apresenta uma saúde financeira bem avaliada
pelo mercado.
Assim, Sr. Presidente,
eu avalio que precisamos todos pensar muito bem, as deputadas e os deputados,
antes de votar pela privatização da Sabesp.
Melhor
será se o governador Tarcísio resolver realizar um plebiscito convidando todos
os eleitores, cidadãos do estado de São Paulo, para ajudar na sua decisão e
respeitar a decisão do plebiscito.
Obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para discutir
contra, com a palavra o deputado Carlos Giannazi. Ausente. Para discutir
contra, deputado Jorge do Carmo.
O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra,
agora, o deputado Luiz Claudio Marcolino.
O SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Para uma
questão de ordem, para esclarecer, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Tem o tempo regimental de três minutos.
O SR. LUIZ CLAUDIO
MARCOLINO - PT - PARA QUESTÃO DE ORDEM - “Sr. Presidente, formulo a
presente questão de ordem com a finalidade de obter de V. Exa. esclarecimentos
acerca da aplicação da alínea ‘b’, inciso II, do Art. 18, do Regimento Interno
da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, que não está sendo seguido
neste momento em que se discute o PL 1501, de 2023, de autoria de S. Exa., o governador
do estado de São Paulo.
Passo a
explicar e desenvolver o questionamento que ora formulo:
O dispositivo
regimental sobre o qual formulo a presente questão de ordem estabelece que V.
Exa. deve deixar de aceitar qualquer propositura que não atenda às exigências
constitucionais que se sustente. E é muito claro que a propositura e a análise são
francamente inconstitucionais.
Que não se diga
que o PL 1501, de 2023, não padece de vício de constitucionalidade. Podem ser
destacadas as seguintes inconstitucionalidades:
Em primeiro
lugar, deve ser destacado que a propositura em questão atribui ao governador do
estado possibilidades para tratar de aspectos do processo restabelecido, sem
sequer esclarecer o modo como isso pode acontecer. E isso é inconstitucional,
por saber-se que apenas a lei stricto sensu pode criar, modificar ou extinguir
direitos e obrigações.
O PL 1501, de
2023, foi encaminhado à Alesp sem o necessário apontamento sobre os impactos
orçamentários, financeiros e atuariais, uma vez que ele cria despesas para o
estado, e tal exigência está contida na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Da mesma forma,
foi apresentado à Alesp sem o necessário estudo de reequilíbrio
econômico-financeiro das secretarias às quais se vincula a empresa pública de
onde sairão os recursos orçamentários. Não pode ser esquecido que o PL 1501, de
2023, ataca de morte o princípio constitucional do bem-estar social.
Feitas essas
premissas, Sr. Presidente, formulo a presente questão de ordem para indagar de
V. Exa. o seguinte: sendo o PL 1501, de 2023, francamente inconstitucional, V.
Exa. seguirá o Regimento Interno e tomará as medidas necessárias para que o
projeto seja reconduzido ao seu proponente, o Sr. Governador, para que aquele,
se for o seu desejo, o corrija e o reconduza à Alesp?”.
Então, fica
aqui a nossa questão de ordem, Sr. Presidente. É um projeto que ora está
tramitando, em debate. É um projeto inconstitucional, de acordo com o Regimento
Interno. Eu queria ouvir a posição de Vossa Excelência.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Eu acolho a
sua questão de ordem, deputado Luiz Claudio Marcolino, e será respondida
oportunamente.
Com a palavra, o deputado Dr. Jorge do
Carmo.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT - Sr.
Presidente, estou assinando aqui a questão de ordem e encaminhando à relatoria.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Obrigado.
O
SR. DR. JORGE DO CARMO - PT -
Boa tarde, Sr. Presidente, deputado André do Prado. Boa tarde, Sras. Deputadas,
Srs. Deputados, público da TV Alesp, assessorias, policiais, público da
galeria, que veio hoje aqui prestigiar o nosso debate, mas sobretudo, a grande
maioria, questionar, protestar contra essa atrocidade que nesta Casa - com
exceção, evidentemente, das deputadas e deputados que não terão coragem de
colocar suas digitais para vender e entregar o patrimônio paulista - deve
acontecer.
Esperamos que
não, e vamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance, sempre fazendo o bom
combate aqui, para evitar que o patrimônio do povo paulista, que foi
conquistado a duras penas por todos os paulistas e paulistanos, seja entregue
para o capital estrangeiro, para a iniciativa privada e para aqueles que não
têm nenhum compromisso com o social, sobretudo e principalmente com o
Saneamento Básico no nosso estado.
Começo este
debate, Sr. Presidente, Sras. Deputadas, Srs. Deputados: hoje, a “Folha de S.
Paulo” traz uma matéria sobre a privatização da Sabesp. Diz o título: “Em São
Paulo, mais de 600 mil pessoas vivem em meio ao esgoto”.
O SR. TEONILIO BARBA - PT - Questão de ordem, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Questão de ordem, Teonilio Barba.
O SR. TEONILIO BARBA - PT - Está rodando um vídeo da Sabesp
agora, no momento em que o deputado está falando...
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - É meu, deputado.
O SR. TEONILIO BARBA - PT - Está fazendo o seu pronunciamento.
Então, eu acho que... É seu?
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - É meu.
O SR. TEONILIO BARBA - PT - Então, desculpa. Desculpa,
presidente.
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Obrigado, deputado Barba, pela
observação. Mas eu falava, Sr. Presidente, que hoje, na “Folha de S. Paulo” tem
lá uma matéria: “Em São Paulo, mais de 600 mil pessoas vivem em meio ao
esgoto”.
Todos os dias,
praticamente, nós temos, no “Bom Dia, São Paulo”, na rádio e televisão aí, a
indução ao povo paulista de que a Sabesp é uma empresa deficitária, de que a
Sabesp deve ser vendida, de que a Sabesp deve ser entregue ao capital.
Como se isso
aqui fosse uma forma de induzir as pessoas a acreditar que a Sabesp é inviável,
que a Sabesp é uma empresa que não se justifica e que, portanto, deve ser mesmo
entregue para o capital.
O Rodrigo
Bocardi, parece que ele está fazendo propaganda do governador. Ele deve ter
combinado com o governador, porque parece o programa do governo Tarcísio de
Freitas.
Tarcísio
de Freitas todo dia, praticamente, falando lá que a Sabesp é uma empresa ruim,
é uma empresa que não se presta para o povo paulista, e é uma forma, deputada
Bebel, de induzir a sociedade paulista de que nós estamos falando de uma
empresa que não é saudável, uma empresa que não é... Não tem os seus
investimentos e não tem o seu compromisso com o social.
Isso não é
verdade, isso é uma farsa, isso é uma maneira de induzir a população, que deve
tomar muito cuidado, que deve ficar muito atenta ao deputado e à deputada que
vocês elegeram. Aqui as pessoas, muitas vezes, votam em um deputado - já falei
isso aqui outras vezes - que vai lá na sua cidade ou na sua comunidade e diz
que está do lado das pessoas e quando chega aqui a esta tribuna - ou nem chega,
ou nem vem, porque nós vimos aqui que muitos nem se inscrevem...
Se o projeto é
tão bom, se o projeto de privatizar a Sabesp é tão bom, por que não vem
defender? Por que não vem se expor e se dispor aqui para dizer que isso aí é
uma maravilha?
É porque sabe
que isso aí vai render prejuízos políticos para aqueles que falam uma coisa
quando estão lá na cidade ou na comunidade e quando chegam aqui se comportam diferente,
de acordo com as conveniências.
Eu acho lamentável
que a coerência e a seriedade não sejam quando está pedindo votos para a
população e também quando diz que quer ser representante da sociedade e aqui se
comporta como tal ou diferente daquilo que se propôs.
Pois bem, Sr.
Presidente, a Sabesp é uma empresa saudável, e eu tenho uma relação
institucional muito forte com a Sabesp porque eu comecei a minha militância, a minha
trajetória política como líder comunitário do meu bairro, lá na Cidade
Tiradentes, bairro longínquo do Centro, do Grande Centro, onde eu moro desde
1988.
Lá, a Sabesp,
para implantar a rede de água, implantar a rede de esgoto em áreas e
comunidades que só a Sabesp, com compromisso social, fez, está fazendo e fará,
se tiver no seu compromisso esse objetivo, se a visão não for a de lucro...
Por isso eu
tenho essa empatia, essa simpatia pelos funcionários, pelos trabalhadores, por
aquelas pessoas que tantos serviços bons prestaram para a nossa sociedade ao
longo desses 50 anos, dos quais 35 anos, pelo menos, eu convivi.
Eu dialogo com
o gerente, eu dialogo com os trabalhadores, eu converso sobre os problemas de
diversas comunidades. E agentes comunitários e comunitárias da Sabesp que vão
até as comunidades falar sobre o uso racional da água, sobre a importância da
água, sobre o meio ambiente, sobre como a gente ter educação para o uso e para
o consumo da água, que é um bem da natureza, é um bem importantíssimo para a
nossa sociedade...
Pois bem, a
gente já debateu aqui, tanto no congresso de comissões quanto em outras
oportunidades, sobre os vícios desse Projeto nº 1501, de 2023. Já falamos aqui
que o governador contratou o IFC, que é um instituto aí que tinha como objetivo
dizer para o governador, para o governo, se a privatização da Sabesp era viável
ou não era viável, e, pasmem, Sras. Deputadas, Srs. Deputados: qual era o
objetivo?
O governador
disse para o IFC: “se você disser para mim, para o governo, que a Sabesp é
viável à sua privatização, você receberá um montante bastante abastado, ou seja,
45 milhões, mas se você não disser o que eu quero, se você disser aquilo que
ele vem ao desencontro do meu compromisso com o capital ou com o mercado, eu
vou pagar para você só oito milhões”.
Pensem bem,
gente, o que vocês acham que alguém que é contratado e que vai ser pago pelo
que você quer dizer, pelo que é contratado... Não vai falar aquilo para alguém
que o contratou? Certamente o IFC fez o relatório, um relatório de apenas 100
páginas, evidentemente concordando que a Sabesp precisaria ser privatizada.
E, pasmem
senhores: cada página custou 150 mil reais, porque cem páginas custaram 45 milhões de reais, ou seja, cada página que foi
escrita, 150 mil reais. Começa aí já o interesse, o espúrio interesse do capital,
ou seja, é um estudo de cartas marcadas.
Foi um estudo que tinha como objetivo
dizer o que o governador queria, não o que a população paulista gostaria de
ouvir, não o que as pessoas que precisam do serviço de saneamento básico, do
serviço da Sabesp gostariam de ouvir.
Não obstante, esse projeto chegou a
esta Casa com vícios, penso eu, insanáveis de inconstitucionalidade. Já falamos
aqui por diversas vezes que a Constituição estadual, a Constituição do nosso
estado fala claramente, no seu Art. 216, parágrafo II, sobre a necessidade, na
sua interpretação, de que esse projeto não deveria ser um projeto de lei puro e
simples para que pudesse ser aprovado aqui com 48 votos, e sim com 57, através
de uma PEC, que seria a proposta de emenda à Constituição.
Isso foi ignorado pela condução da Casa,
pela forma como ele está tramitando aqui. Não obstante isso, também ainda, no
âmbito da ilegalidade, nós tivemos também a forma atabalhoada que foi a
constituição das Uraes por decreto, quando deveria ser também matéria de
discussão e aprovação em todos os municípios que têm a Sabesp gerenciando e
prestando serviço.
Mas tudo isso foi ignorado porque, ao
protocolizar esse projeto aqui, ele veio também em regime de urgência, deputada
Professora Bebel, tanto era o afã, a angústia, a vontade, a necessidade de
entregar o patrimônio do povo paulista ainda este ano, ainda em 2023, porque possivelmente
teme que, lá em 2024, o processo eleitoral possa atrapalhar os planos e os
projetos do governador, que quer cumprir o seu compromisso não com o povo
paulista, mas sim com aqueles com quem ele combinou.
Digo isso porque o governador não assumiu
esse compromisso na campanha eleitoral, não falou de forma clara para a
sociedade. Aqueles que disseram aqui que o plebiscito foi no dia da eleição, o
governador não disse, ele titubeou.
Quando o nosso candidato Fernando
Haddad, que disputou a eleição para governador, questionou, ele não respondeu.
Ele não colocou isso no programa de governo dele, ao contrário do que alguns
defendem aqui, que isso está no programa de governo.
Não tem uma vírgula, uma linha, uma palavra
sobre a privatização, porque certamente, se ele colocasse no programa de
governo dele que iria privatizar a Sabesp, muito possivelmente o governador deste
estado hoje seria o professor Fernando Haddad, e não o Tarcísio de Freitas, que
veio lá do Rio de Janeiro para vender o nosso patrimônio, sabendo inclusive
que, lá no Rio de Janeiro, a privatização não deu certo e não está dando certo,
porque ela só piorou a vida das pessoas, só encareceu a tarifa, só prejudicou a
população.
No congresso de comissões, aqui nesta
Casa, em uma das comissões de que sou membro titular, que é a CCJR, Comissão de
Constituição, Justiça e Redação, foi feito o congresso de comissões ignorando a
tramitação adequada, que seria passar por todas as comissões que tivessem
relação com essa questão do saneamento básico e meio ambiente. Por exemplo,
imaginem vocês que nós estamos falando de meio ambiente, de água, e esse
projeto não passou, aqui na Casa, pela Comissão de Meio Ambiente.
Pasmem vocês com o quanto se atropela
o procedimento e o Regimento desta Casa, dando urgência para aquilo que
necessariamente não terá tanta urgência assim. Nós estamos falando de serviço
público, nós estamos falando de bem da natureza, nós estamos falando de um
projeto que também deveria passar pela Comissão de Administração Pública, que é
aquela que versa, trata e discute o serviço público do nosso estado.
Pois bem, pois
tudo isso foi atropelado aqui nesta Casa, e nós fizemos o bom combate, mas a
maioria dos deputados das comissões, que estão aqui para servir ao seu
governador, simplesmente atropelaram e votaram favorável no congresso de
comissões, deixando de passar por todas as comissões por onde deveria.
Quero dizer
também, senhoras e senhores, que com a privatização da Sabesp aprovada nesta
Casa, vai acontecer a mesma coisa que está acontecendo hoje com a Enel. O
serviço vai piorar, a qualidade vai piorar e vai aumentar cada vez mais para a
população a tarifa, porque isso já foi demonstrado em todos os estados,
inclusive nos outros países onde se privatizou o serviço público de
abastecimento e saneamento básico.
A gente sabe o
que aconteceu e nós tivemos aqui um exemplo que foi terrível, que é esse
exemplo da privatização da Enel, que infelizmente foi aprovada aqui.
Sobre a
universalização, é falácia dizer que a universalização vai ser alcançada com a
privatização. Quando alguém que compra, que compra algo, uma empresa, quer
investir, por exemplo, nas áreas irregulares, nos assentamentos urbanos, que a Sabesp
tem feito isso, nas palafitas, lá na região da Baixada Santista, em tantas
comunidades que são irregulares...
E não são
irregulares porque a Sabesp quer, são irregulares porque a prefeitura, as
administrações municipais deixam de regularizar, não investem, como é o caso de
São Paulo.
Enquanto tem,
lá no Jardim Helena, como foi falado na matéria da “Folha de S. Paulo”, gente
morando à beira do esgoto, nós temos também uma prefeitura que tem 35 bilhões
guardados em caixa. Não é falta de dinheiro, é falta de gestão.
Por isso, Sr. Presidente,
Sras. Deputadas e Srs. Deputados, nós queremos aqui fazer o bom combate, dizer
para o governador: a universalização não será alcançada com a privatização. O
patrimônio do povo paulista não pode ser entregue para o capital estrangeiro.
Por isso, nós queremos dizer: não, não à privatização. Nós estamos aqui junto
com vocês...
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para concluir, deputado Jorge do
Carmo.
O SR. DR. JORGE DO CARMO - PT - Em defesa da Sabesp, que é o
patrimônio do povo paulista.
Forte abraço a
todos. (Manifestação nas galerias.)
O
SR. REIS - PT - Pela ordem, Sr. Presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem.
Antes, porém, gostaria de chamar o deputado Luiz Claudio Marcolino para
discutir contra e uma questão de ordem do deputado Reis.
O
SR. REIS - PT - É uma comunicação. Para uma
comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Uma
comunicação. Dois minutos. Tem o tempo regimental.
O
SR. REIS - PT -
PARA COMUNICAÇÃO - Presidente, hoje eu fui procurado aqui nesta Casa pelos
integrantes do Sindicato dos Trabalhadores na área da Segurança Pública do Estado
de São Paulo, o Sitraspesp.
Eles estão
reclamando a questão do transporte dos policiais, o transporte intermunicipal,
que a secretaria de parcerias acabou editando uma resolução em que se revogou
esse direito que tinham os policiais civis, os policiais militares, os
policiais penais.
Eles procuraram
o secretário de Segurança Pública, o secretário Guilherme Derrite, juntamente,
inclusive, com alguns deputados desta Casa, o deputado Capitão Telhada, o
deputado Major Mecca, e fizeram um acordo com as empresas para que apenas dois
policiais por ônibus pudessem ter acesso a esse transporte gratuito. Os
policiais estão sendo humilhados.
Centenas de
policiais pedindo carona para poder chegar ao serviço, porque eles moram em cidades
distintas, e, por conta do fim dessa gratuidade, nós temos aqui policiais que,
para que pudessem pagar o transporte, ficaria, numa tabela que foi apurada, R$
3.800,00 por mês. E como agora o ônibus intermunicipal só pode transportar
dois, os demais ficam esperando.
Então é uma
questão que o governo de São Paulo precisa ajustar para que os nossos policiais
não sejam humilhados. Eles estão sendo humilhados por conta de que têm que
pedir carona para poderem chegar em seus locais de trabalho, Sr. Presidente.
Muito obrigado.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra
o deputado Luiz Claudio Marcolino.
O
SR. LUIZ CLAUDIO MARCOLINO - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sr. Presidente, Srs. e Sras. Deputadas, público que nos
acompanha aqui pela TV Assembleia, funcionários e funcionárias.
Sr. Presidente,
antes de entrar no debate da Sabesp, eu vou contextualizar um pouco do debate
ideológico sobre as privatizações. Aqui no estado de São Paulo, nós tivemos
algumas experiencias sobre privatizações, no estado de São Paulo.
Foi o caso da
Telesp, da Eletropaulo e do Banespa, que eram três empresas importantíssimas
para o Estado de São Paulo. Três empresas que tinham, por obrigação e função, o
desenvolvimento do Estado de São Paulo.
O Banespa,
quando foi colocado para ser privatizado, naquele momento, o Governo do Estado
de São Paulo fez duas afirmações. A primeira, que seriam reduzidas as tarifas.
E a segunda,
que as taxa de juros praticadas pelo banco Santander, por ser um banco
estrangeiro, seriam as menores taxas no mercado financeiro brasileiro. Até
porque, a taxa de juros no mercado internacional sempre foi muito baixa.
Essa era a
afirmação do governador do estado de São Paulo, quando privatizou o Banespa. E
o Banespa tinha um papel importante, aqui no estado de São Paulo, que era um
banco que ajudava no desenvolvimento. Era um banco que ajudava a desenvolver e
potencializar o estado de São Paulo.
Hoje eu ainda
ando muito no estado de São Paulo, e encontro muitos ex-gerentes do Banespa,
hoje aposentados, que me diziam: “Marcolino, o nosso papel, no estado de São
Paulo, enquanto servidor do Banespa, era ajudar no desenvolvimento”.
E nós perdemos
esse banco no estado de São Paulo, e hoje nós não temos um banco de
financiamento, no estado de São Paulo, uma agência de desenvolvimento e
fomento, como nós tínhamos no Banespa. O que nós temos hoje, no estado de São
Paulo, não chega aos pés do que o Banespa tinha, de papel de ajudar a
desenvolver o nosso estado.
A Telesp,
quando foi privatizada, o argumento era quase o mesmo. Que era necessário
universalizar o atendimento de telefonia no estado de São Paulo. E que ia
diminuir também o custo do processo de ligação da telefonia no nosso estado.
A gente olha
hoje a telefonia, ela seguiu um caminho diferente do caso da Eletropaulo ou da
CPFL. Hoje você não tem um monopólio na questão da telefonia.
Só que a gente
anda no estado de São Paulo. Tem muitos bairros, na cidade de São Paulo e no
estado de São Paulo, que têm apagão telefônico. Você passa, e não consegue
conversar com a população, em diversas regiões. Antigamente, com a Telesp, você
conseguia dialogar com todas as cidades, com todas as regiões.
A telefonia não
deu conta, depois de muito tempo da privatização, primeiro, reduzir o preço, e
garantir a universalização. A outra empresa que o Governo do Estado de São
Paulo privatizou foi a Eletropaulo.
Não precisa
dizer, nós estamos vendo a CPI da Enel. Aumentou o custo para a população e não
garantiu a universalização. A universalização da energia elétrica, no estado de
São Paulo, é uma determinação federal.
Quando a gente
olha os postes, a fiação, a estrutura de energia, no estado de São Paulo, a
matriz vem a partir de uma estruturação do governo federal. E nem assim a
estrutura elétrica, no estado de São Paulo, consegue garantir a universalização
com preço baixo para a população do estado de São Paulo.
Nesse debate,
que nós estamos trazendo a discussão do Banespa, da Eletropaulo e da Telesp, é
o mesmo debate em relação à Sabesp. O governo vem com o mesmo argumento:
reduzir tarifa, universalização, incluir mais pessoas. O governo Tarcísio não
conseguiu mudar a retórica do que os governos do PSDB fizeram ao longo dos 30
anos.
É disso que nós
estamos falando. E as empresas públicas, no estado de São Paulo, e mesmo no
Brasil, têm um papel fundamental. Eu quero dialogar com os deputados
privatistas.
Eu quero
dialogar com os deputados privatistas, quero dialogar com os deputados do
estado mínimo, quero debater com os deputados que, até pouco tempo atrás,
defendiam a gestão do Bolsonaro e defendem a gestão do Tarcísio.
O Bolsonaro
acabou de assumir a Presidência do Brasil na eleição de 2018 e as principais
ações foram privatizar empresas importantes vinculadas à Petrobras. Não é à toa
que, quando privatiza a Liquigás, aumenta o valor do botijão de gás.
Não é à toa
que, quando para de desenvolver o pré-sal e passa boa estrutura para a Shell...
Vocês acompanharam esse debate: liberou por 10 bilhões, na época, 10 bilhões de
reais. A Shell deixou de pagar imposto para o governo federal. Quando falo em
governo federal são, para a população, 10 bilhões a menos.
Então,
privatiza parte da Petrobras, vende a Liquigás, privatiza a Eletrobras. Quase
privatizou os Correios, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. O
Bolsonaro, no governo federal, é a mesma gestão, a mesma forma e a mesma
leitura que o Tarcísio tem aqui no estado de São Paulo.
Se começar pela
Sabesp, na sequência vai vir a CPTM, vai vir o Metrô, vai vir o DAEE, vai vir a
Emae, vai vir a estrutura da Educação. A Saúde, já estão desmontando, com a
OSs. Esse é o governo privatista, esse é o governo do estado mínimo.
Só que é
interessante, nobre deputado Paulo Fiorilo. Quando falam de estado mínimo, o
pessoal vem aqui e enche a boca para falar: “Eu sou um deputado que defende o
estado mínimo, eu sou um deputado que defende a lógica neoliberal, eu sou um
deputado conservador”. É isso que a gente ouve o tempo todo neste Parlamento.
Só que esse mesmo deputado que fala que é um deputado conservador, um deputado
neoliberal, um deputado de extrema-direita...
A gente acabou
de ouvir, nesta semana, que o governador do estado de São Paulo vai colocar
mais recursos na Linha 4 - Amarela. Eu acho estranho uma privatização onde...
No caso, a
Linha 4, que o governador enche a boca para falar que é uma linha privatizada,
a Linha 4 - Amarela do Metrô, só que você olha a Linha Amarela do Metrô e quem
é que fez toda a estruturação do metrô? Por onde passou o “tatuzão”? Quem
estruturou as estações do metrô da Linha Amarela? Quem comprou a sinalização?
Quem comprou os trens? Fomos nós, a população do estado de São Paulo.
Aí depois está
tudo pronto, a Linha 4 - Amarela do Metrô, e o governo fala: “Eu não consigo
agora fazer a gestão do metrô e vou passar para a iniciativa privada fazer a
gestão”.
Ser neoliberal,
conservador, é fácil, porque eles usam o nosso dinheiro, da população do estado
de São Paulo, para fazer toda obra de infraestrutura e depois entregar de mão
beijada a gestão para o setor privado.
E ainda mais:
entrega a bilhetagem do Metrô, onde dá o lucro. E quando dá prejuízo, nós, a população
que paga imposto, trabalhadores, empresários, temos que ir lá e colocar mais
dinheiro na Linha 4 do Metrô. Vocês viram esta semana: a “Folha de S. Paulo”, a
UOL, abriu a caixa-preta da bilhetagem do Metrô, do transporte no estado de São
Paulo.
Então, é
importante que cada um de nós olhemos e, quando o governador encher a boca para
falar que a Linha 4 é privatizada, vamos cobrar o quanto ele continua colocando
de subsídio na Linha 4 do Metrô.
E não vai ser
diferente na Linha Laranja, porque quem está construindo a Linha Laranja somos
nós. Quem está fazendo a CPTM, que está indo lá para Varginha, somos nós, a população
do estado de São Paulo, mesmo a ViaMobilidade já sendo uma linha privatizada.
Ela já é privatizada e quem está fazendo a Estação Varginha, quem vai fazer
toda a estruturação da CPTM somos nós, a população do estado de São Paulo.
A gente olha
agora para a Sabesp, olha o quanto não foi feito de investimento na Sabesp ao
longo dos últimos anos. Quanto não foi feito nas últimas décadas? Muito
investimento.
Imaginem agora
a iniciativa privada ter que construir a represa de Mairiporã, fazer toda a
estrutura do Cantareira, fazer a Represa Billings, fazer a Represa
Guarapiranga, fazer a estruturação em Americana, as comportas que tem que fazer
em Atibaia, nobre deputado Emídio. Imagine toda essa estrutura que nós temos
hoje na Sabesp, imagine o setor privado tendo que fazer toda essa estrutura. Vocês
avaliam que o setor privado faria esse investimento?
Não, esse
investimento foi feito por nós, nós que defendemos um estado forte, um estado
que ajuda o desenvolvimento do estado de São Paulo e a intervenção firme do estado,
seja na energia, na água, na estruturação das rodovias, no investimento em
parque industrial, nós sempre defendemos que o estado tem que ter um papel
desenvolvimentista. Nós usamos recursos do estado, do nosso imposto para fazer
o desenvolvimento.
Os deputados que são de extrema direita, que
defendem o estado mínimo, que defendem a privatização, defendem isso quando a
obra está pronta. Eu nunca vi nenhum dos deputados dizerem aqui que as próximas linhas do metrô e da CPTM têm
que ser feitas por gestão privada.
Em outros
países isso é feito, olha no Japão, olha na Itália, olha na Espanha, onde o
pessoal defende a gestão privada, lá o setor privado faz investimento, aqui
não. Aqui esperam o estado investir para depois ver como vai fazer a gestão.
Eu estive, deputado
Emídio, um período como superintendente do Ministério do Trabalho. Nós fizemos
uma reunião, nobre deputado Reis, com toda a indústria pesada do estado de São
Paulo, que era feita
em Brasília e foi feita no estado de São Paulo.
Lá estavam
todas as empresas da indústria pesada querendo saber onde é que o Ministério
das Cidades, onde é que a Petrobras ia fazer investimento no ano seguinte para
eles tomarem a decisão de como que eles fariam investimento das empresas
privadas, a partir do investimento do governo federal.
Eu não vejo
problema nisso não, mas eu defendo um estado forte, eu defendo um estado, nobre
deputado Donato, que lá na periferia da zona sul, na hora que faltar água na
região do Campo Limpo, do M’Boi... Nós sabemos que hoje a Sabesp, com toda a debilidade,
(Inaudível.) que tem, vai lá e atende a população. Na hora que for uma empresa
privada, deixará de fazer o atendimento.
Olhe como isso
vai ser possível: eu estou acompanhando a CPI da Enel agora aqui na Assembleia
Legislativa,
e quando falta luz na região do Campo Limpo a Enel demora 15 horas para fazer o
reestabelecimento da energia, 15 horas, nobre deputado Barros Munhoz, lá no
Campo Limpo.
Quando é aqui
na região do centro expandido, pegando aqui a região da paulista, a região
central, aqui onde nós estamos hoje, são 45 minutos. Quarenta e cinco minutos
para reestabelecer a energia aqui onde nós estamos, próximo ao Ibirapuera. No
Campo Limpo, Cidade Tiradentes, na região de Perus, leva no mínimo 15 horas
para fazer o reestabelecimento. A prioridade não é para quem precisa.
Nós estamos
falando de 375 municípios no estado de São Paulo, que está aqui a relação de todos
os municípios, que hoje a Sabesp faz um ótimo trabalho, 375 municípios. O lucro
da Sabesp sai da cidade de São Paulo, de Guarulhos, principalmente da
Grande de São Paulo.
Na hora que a
Sabesp for privatizada, e nós vamos lutar até o último minuto para não deixar
que ela seja privatizada, são esses pequenos municípios que a maioria dos deputados estaduais...
Os nossos 94 deputados estaduais, a maioria, foram
eleitos nesses 375 municípios. E eu quero ver os deputados que vão vir aqui para falar que
são a favor da privatização da Sabesp, se vão ter coragem de voltar no
município, nesses 375 municípios, para falar: “Eu fui lá e defendi a
privatização”.
Seria
importante, Sr. Presidente, que cada deputado viesse aqui nominalmente, não se
esconder atrás do dedo na hora da votação e falar: “Eu sou favorável ou
contrário à privatização”, porque é importante que a população, que elegeu os
94 deputados no estado de São
Paulo, também saiba
quem foram os deputados que venderam a principal empresa pública que nós temos hoje
no estado de São Paulo.
Uma empresa
construída por todos nós, trabalhadores e empresários, ao longo das últimas
décadas. E nós não vamos entregar essa empresa como o Governo do Estado de São
Paulo quer, achando
que nós vamos recuar, não. Nós vamos lutar até o último minuto.
Não, não, não à
privatização. (Manifestações nas galerias.)
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL -
Com a palavra para discutir contra o deputado Reis.
O
SR. REIS - PT -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Sras. Deputadas e Srs. Deputados, presidente, deputado
André do Prado, cumprimentar também aqui o público presente. Olha, já há alguns
dias que nós estamos participando desse debate contra a venda da Sabesp.
Nós tínhamos um
governador anteriormente, chamava-se João Agripino Doria, que era o João
Privatizador, só pensava em vender. Aí o povo foi à urna e escolheu um outro
governador, que não é aqui de São Paulo, todo mundo sabe disso, mas que, assim
que chegou aqui em São Paulo, ele também incorporou o João Privatizador e virou
o Tarcísio Privatizador, o Tarcísio Mercador, o Tarcísio Vendedor, e ele só
pensa em vender, só pensa em privatizar.
E nós passamos
vários dias aqui no congresso de comissões participando desse debate, e vários
representantes da base sólida, a tropa de choque do governador Tarcísio de
Freitas, fizeram o possível e o impossível para defendê-lo.
Inclusive o
próprio voto do relator, um voto de leão, um voto tentando engolir a oposição.
Eu até falei, foi um contorcionismo jurídico, para defender com todas as suas
forças a privatização da Sabesp.
E trazem
exemplos. “A telefonia civil, depois que privatizou a telefonia”. É fato que a
água é um monopólio. Nós não teremos várias empresas de água para poder vender
água para o povo.
Você não vai
escolher entre uma outra como você escolhe hoje a telefonia. E mesmo a
telefonia não é tão acessível ao nosso povo. Tem muita gente que tem celular
que só recebe ligação. Ele não tem crédito sequer para ligar. E tem celulares
que são caríssimos, celulares de 10 mil reais, 15 mil reais.
Então, não é
tão assim como se pinta, como se fala. E a questão da pressa é verdade. A
Sabesp está aí. Ela pode continuar fazendo as ligações, ela pode continuar
fazendo saneamento. Ou seja, nós temos uma empresa que está fazendo a sua lição
de casa, que está fazendo o seu trabalho, e que é uma empresa lucrativa.
Eu quero ver,
daqui a dois, três anos, depois de privatizar a Sabesp, se acontecer o que
aconteceu com a Enel, que as pessoas ficaram sem energia elétrica. As pessoas
tiveram que subir 10, 20, 30 andares para chegar em seus apartamentos, e quando
chegarem lá não tiver sequer água. Como vai ficar o ônus nas costas dos
senhores deputados que vão votar a favor desse famigerado projeto?
Eu trouxe aqui
para contribuir, presidente André do Prado, um parecer que inclusive foi
encaminhado para V. Exa., um parecer do conselheiro João Antonio, do Tribunal
de Contas do Município de São Paulo. Ele diz aqui, no Item 1. Eu não vou ler a introdução,
vou entrar direto no Item 1 do seu parecer:
“Como
amplamente noticiado na mídia, indicada em meu pronunciamento ocorrido na 3.291ª
Sessão Ordinária, o município de São Paulo assinou termo de adesão às Unidades
Regionais de Serviços de Abastecimento de Água Potável e Esgotamento Sanitário 1,
Sudeste, Uraes 1, conforme o Decreto Estadual nº 66.289, de 02 de dezembro de 2021,
alterado pelo Decreto Estadual nº 67.880, de 15 de agosto de 2023.
Ocorre que a referida adesão propicia um
controle por parte do estado de São Paulo para uniformizar, gerir e fiscalizar a política do
plano Municipal de Saneamento, pois a prefeitura passará a responder a um órgão
colegiado para tomar as decisões sobre o
saneamento, nos termos do Art. 6º, do referido Decreto nº 67.880, de 2023.
Sobre esse ponto, o ato do prefeito comporta, em tese, questionamento acerca de
sua legalidade, uma vez que o município possui legislação específica.
É a Lei nº
14.934, de 2009, que autorizou a celebração de acordo entre o município e a
Sabesp, razão pela qual há representações em curso nesta Corte questionando a
legalidade do ato praticado sem autorização legislativa da Câmara Municipal.
Além disso, o
ato praticado pelo prefeito de adesão à Urae implica perda de autonomia, na
medida em que o município de São Paulo ficará submetido às decisões do conselho
deliberativo vinculado à Urae1, pois o sistema de governança é baseado na
representatividade da população, restando ao município de São Paulo a
porcentagem em torno de 19 por cento.
A conta é
simples: pelo sistema de representatividade, o estado de São Paulo ficará com
39% dos assentos no referido conselho deliberativo, enquanto os demais municípios
paulistas terão 36% e a sociedade civil 6%, ficando o município de São Paulo
com apenas 19% de peso nas decisões.
Ou seja,
comparado com o quadro do conselho gestor do atual contrato, que estabelece ao
município 50% de peso, a cidade abrirá mão de seu poder de decisão nos rumos da
política de saneamento básico.
O papel singular
do município de São Paulo - decorrente da sua particularidade populacional e,
sobretudo, do seu peso financeiro no faturamento da Sabesp que representa 47,5%
– enseja valor que deveria ter sido objeto de sopesamento na decisão de adesão,
que teve como justificativa um suposto acordo verbal entre o Governo de São
Paulo e a administração municipal de que os atuais repasses de recursos seriam
mantidos sem qualquer alteração (7,5% para o Fundo de Meio Ambiente e 12,5%
para investimentos na universalização do saneamento na cidade).
Por se tratar de
algo não previsto em nenhum termo quando da assinatura da adesão da prefeitura
à Urae1, depreende-se que não haverá garantia que, de fato, os percentuais de
repasse ao município de São Paulo serão mantidos.
E o pior: sem a
possibilidade de repactuação futura dos percentuais em valores mais atrativos
ao município, visto que a administração municipal estaria lidando com uma
empresa privada, caso venha a se efetivar a pretendida alienação da companhia
ao setor privado.
É importante
observar que os percentuais acima foram estabelecidos tendo em vista que o
contrato foi celebrado com uma sociedade de economia mista, com a titularidade
do controle acionário público.
Nesse sentido, o
que norteia a atuação da empresa nos moldes atuais é um combinado de lucro e
interesse público. Ilustra esse argumento o fato de que atualmente, no
percentual de dividendos distribuídos aos acionistas, a Sabesp fixou o mínimo
previsto em lei, de 25% do seu faturamento, o que permitiu à empresa, na última
década, realizar uma média de investimentos anuais superiores a 5 bilhões de
reais, conforme dados apurados relativos a 2022.
Esse valor
representa aproximadamente 50% de todos os investimentos em saneamento básico
no País aportados pelas demais companhias desse setor.
O ato do
prefeito sinaliza a manutenção do atual "status quo", sem se
preocupar com os resultados financeiros advindos da alienação da empresa e a
participação do município nos mesmos.
2 - Vale
destacar que o contrato em vigor celebrado em 23 de junho de 2010, entre o
estado de São Paulo, o município de São Paulo e a Sabesp para a prestação dos
serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário na capital por 30
anos, possui várias cláusulas favoráveis ao interesse público.
No mesmo
instrumento, identificam-se as Cláusulas 68, letra "g" e 79, que
dispõem sobre a possibilidade de extinção do contrato mediante a transferência do
controle acionário da Sabesp à iniciativa privada. Então isso está lá previsto
no contrato que a Prefeitura de São Paulo tem com a Sabesp, de que, caso ela
seja privatizada, poderá ser extinto o contrato.
Ocorre que, com
a privatização da Sabesp, os contratos de programa podem ter a sua validade
estendida, pois, nos termos do Art. 14, da lei federal nº 17.383, de 2021, em
caso de alienação de controle acionário de empresa pública ou sociedade de
economia mista prestadora de serviços públicos de saneamento básico, os
contratos de programa ou de concessão em execução poderão ser substituídos por
novos contratos de concessão, observando-se, quando aplicável, o Programa
Estadual de Desestatização.
Sobre o tema, a
Sabesp informou por meio de fato relevante aos seus acionistas e ao mercado em
geral, emitido no último dia 30 de setembro, que o estado de São Paulo enviou
ofícios aos municípios operados pela companhia com propostas de
alterações nas condições dos contratos de concessão em vigor.
A comunicação
destaca aspectos gerais da proposta de novo contrato de concessão, que objetiva
substituir os contratos em vigor, nos termos do Art. 14 do Novo Marco Legal do
Saneamento, indicando que serão observadas as seguintes diretrizes no âmbito do
novo contrato a ser celebrado com tais municípios: a antecipação do atingimento
das metas de universalização estabelecidas no Novo Marco Legal do Saneamento
para 2029, resguardados eventuais prazos inferiores previstos contratualmente;
a extensão do prazo de duração do contrato de concessão para 2060; a obrigação
de atendimento, pela Sabesp, da população residente em núcleos urbanos
informais consolidados e áreas rurais, de modo a abranger todo o território
municipal; o detalhamento dos investimentos a serem realizados em cada
município.
O atual
contrato já prevê a universalização dos serviços até 2029. Há uma cláusula
contratual de que, em caso de privatização da Sabesp, os serviços retornariam
ao município com a rescisão contratual.
O ajuste atual
tem vigência até 2040, quando, segundo a legislação, os serviços deverão ser
objeto de nova licitação na cidade, como constou do fato relevante
anteriormente referido, com acordo assinado pelo prefeito de adesão à Urae 1.
A cidade está
oferecendo mais 20 anos de duração do contrato de concessão à Sabesp, visto que
seria estendido de 2040 para 2060. Nesta linha de raciocínio, trago como
exemplo o município de Olímpia, no noroeste paulista, em que a Sabesp
recentemente venceu a concorrência pública para prestação por 30 anos do serviço
público de abastecimento de água e esgotamento sanitário, com outorga de
pagamento fixo de 148 milhões.
Aquele
município possui uma população de aproximadamente 56 mil habitantes. Pergunto:
qual não seria o cenário de uma concorrência lançada pelo município de São
Paulo, que conta com aproximadamente 12 milhões de habitantes, com peso de
faturamento da companhia de 47,5%, assim tomado como referência a licitação do
município de Olímpia? Quanto renderia para o Tesouro esses acréscimos de 20
anos?
Há dados que
estimam esse valor e podem ultrapassar 30 bilhões de reais que o município
estaria abrindo mão de receber a título de uma possível outorga em razão de uma
nova licitação do serviço para o período de 20 anos, encerrado o atual contrato
em 2040.
Outro ponto que
merece a devida atenção é o relacionado à universalização do serviço. Nos
termos do relatório de sustentabilidade de 2022, publicado no próprio site da
Sabesp, as tempestivas adaptações, as exigências colocadas pelo Novo Marco do Saneamento,
Lei Federal nº 14.026, permitiram avançar com confiança no comprimento das
metas contratuais e aceleração da universalização.
O relatório em
referência reconheceu que a Sabesp comprovou, junto à Agência Reguladora de Serviços
Públicos de São Paulo, a Arsesp, a sua capacidade econômica e financeira para
investir e universalizar o serviço de água e esgoto em todos os 375 municípios
até 2033, podendo, inclusive, antecipar em quatro anos a universalização. Isto
é, para 31/12/2029.
Ou seja, para
universalizar, não precisa privatizar. Portanto, há que se falar sobre a necessidade de prorrogação do contrato, nem gerar expectativa
contra a privatização no que toca à universalização do serviço.
Esta questão já está solucionada nos termos do atual
contrato, não se justificando a utilização desse argumento como fundamento
balizador do ato de adesão a Urae 1, praticado pelo prefeito que tem potencial
de causar prejuízo ao erário, conforme já amplamente aqui demonstrado. A
questão tarifária também merece de especial deferência. Como noticiado pelo
governo de São Paulo...
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para concluir, deputado Reis.
O
SR. REIS - PT - Para
concluir, o estado pretende utilizar parte do dinheiro arrecadado com a venda
da própria Sabesp para subsidiar a tarifa. Tal projeto não mostra
sustentabilidade por si só, já que o dinheiro é finito, constatação corroborada
por alguns economistas que acenam para a insustentabilidade da estratégia a
longo prazo, com potencial de ensejar pedidos de reequilíbrio contratual.
Nessa toada, uma
análise comparativa com gestões privadas de saneamento demonstra considerável
potencial de percentuais de acréscimo sobre a tarifa de São Paulo. Tome-se como
exemplo as tarifas aplicadas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, onde o
serviço de água...
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para concluir, deputado Reis.
O
SR. REIS - PT - Só
faltam duas laudas.
O esgoto foi
entregue à empresa AGE, Águas de Guariroba, em que a tarifa comum representa
87,4% maior que a tarifa praticada em São Paulo, enquanto que a tarifa social
representa 172% a mais. Outro exemplo é o Rio de Janeiro, que também a conta de
água custa 36%, a comum, a mais que São Paulo, e 102% para todos a mais que São
Paulo.
Então, faltaram
duas páginas para eu terminar, eu devo continuar em outro momento, Sr.
Presidente, mas é isso, nós temos que nos unificar, lutar, gritar e ocupar aqui
todo o entorno dessa Assembleia e do estado de São Paulo.
Não, não, não, não
à privatização.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra para
discutir contra a deputada Andréa Werner.
O
SR. VINICIUS CAMARINHA - PSDB - Pela ordem, presidente. Só para uma comunicação.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental, dois minutos.
O
SR. VINICIUS CAMARINHA - PSDB - É que eu não consigo
fazer a comunicação se não tiver silêncio, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra o deputado Vinicius.
O
SR. VINICIUS CAMARINHA - PSDB - Presidente, saudar aqui no
nosso plenário...
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Por favor, eu peço a quem
esteja na galeria...
Com a palavra o deputado Vinicius Camarinha.
O
SR. VINICIUS CAMARINHA - PSDB - Presidente, saudar no
plenário...
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Solicito que a deputada
Andréa Werner já vá para a tribuna para fazer a discussão.
O
SR. VINICIUS CAMARINHA - PSDB - PARA COMUNICAÇÃO - Saudar a presença no plenário da
Assembleia, presidente, do ilustre e grande prefeito Luiz Dalben, de Sumaré,
aqui conosco, acompanhado de seu pai, deputado Dalben, da nossa federação, que muito nos honra aqui. Seja bem-vindo, prefeito.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Seja bem-vindo, deputado
Luiz Dalben, prefeito da cidade de Sumaré.
Com a palavra a deputada Andréa Werner.
A
SRA. ANDRÉA WERNER - PSB - SEM REVISÃO DO ORADOR - Boa tarde,
colegas deputados e deputadas; boa tarde a todos que estão aí na tribuna, em
cima; boa tarde, policiais também desta Casa; nós estamos aqui como
representantes dos paulistas, e eu queria falar um pouquinho sobre empresas
públicas, empresas privadas, o seu objetivo. Queria falar um pouquinho sobre
monopólio.
Quando a gente pensa em política pública, quando a
gente vota nos projetos aqui nesta Casa que estão tramitando, uma pergunta
precisa ser respondida: a gente votar "sim" ou votar "não" vai
ter qual impacto para a população?
Eu não tenho entendimento de alguns colegas aqui da Casa
de que privatização sempre traz prejuízos para a população, em 100% das vezes.
Eu também não tenho entendimento de outros colegas de que qualquer empresa
pública vira cabide de emprego, é ineficiente, mal gerida, é corrupta.
Eu gostaria de achar um meio do caminho aí. A minha
posição não é baseada em dogma, em ideologia. A gente tem exemplos claros dos
dois cenários aí de que sim pode ter estatal ruim que privatizada vai melhorar,
e sim tem casos em que a privatização colocou a população nas mãos de uma
empresa irresponsável e disposta a sacrificar o bem-estar do cidadão por causa
do lucro. Aliás, não é só um exemplo.
As teles que são citadas constantemente como exemplo
de privatização, eu concordo, e eu queria comentar aqui. A internet e a
telefonia ficaram mais acessíveis, várias empresas entraram no mercado, a
infraestrutura melhorou.
Eu sou da época, eu lembro que para ter uma linha de
telefone você tinha que entrar na fila, tinha que ficar esperando e o valor era
quase como um automóvel, era um patrimônio quando você conseguia uma linha de
telefone.
Por outro lado, a gente tem a Enel,
ninguém nem sabe como fala isso direito. Quatro milhões de pessoas sem luz,
bilhões em prejuízos, os investimentos em aterramento de fios esquecidos
convenientemente. E a prefeitura falando e depois “desfalando” em cobrar taxas
para o cidadão, para que esse serviço fosse cumprido como ele deveria ser
cumprido.
Se eu penso na Sabesp, ela é mais
parecida com as teles ou ela é mais parecida com a Enel? Eu vou lembrar a todos
de uma coisa que aconteceu em 2012 para que nós pensemos juntos.
Depois de uma escalada de reclamações
de clientes, a Anatel proibiu a venda de chips da TIM, da Claro, da Oi em 18
estados do Brasil. Juntas, elas tinham 70% do mercado, quase 250 milhões de
linhas de telefone.
Quando isso aconteceu, a população, que
estava frustrada com a má prestação de serviço dessas marcas, ainda tinha
acesso à telefonia. É um serviço de suma importância. Por que a população ainda
tinha acesso ao serviço de telefonia? Porque o mercado das teles, desde o
primeiro dia, trouxe alternativas, concorrência.
A Enel, por outro lado, deixa a
população em uma situação precária. Quando ela falha, para onde vai o cidadão
atrás de luz? Ou ele aceita um serviço ruim ou ele tem que mudar de cidade,
porque a gente está falando de um monopólio.
E com a Sabesp, vai ser como? A Sabesp,
por um acaso é ruim, está com problemas crônicos, está dando prejuízo, tem uma
operação insustentável? A Sabesp é uma das empresas do setor de saneamento
básico mais bem avaliadas e ela apresentou um plano de universalização de 50
bilhões de reais.
Enquanto isso, lá no Rio de Janeiro,
aqui pertinho, um estudo da UFRJ, da Uerj e da Uenf mostrou que só um terço dos
municípios tem acesso à água de qualidade. Ainda por cima, lá em Manaus, Campo
Grande e também Cuiabá, as tarifas cobradas são mais altas que as da Sabesp.
Todas são geridas por empresas privadas.
Tivemos aqui, na Alesp, uma audiência
pública longa, com muitas falas, a favor e contra a desestatização da Sabesp. A
gente teve muitas manifestações, o que é legítimo, é assim que tem que ser
mesmo. O debate precisa acontecer e eu, inclusive, esperava que esse debate
fosse mais longo, porque a gente está falando de um assunto muito sério.
O que mais me incomodou nesse processo
é como ele foi rápido, atravessado e ignorando as manifestações populares,
principalmente. Mas a gente acaba sentindo que foi mais uma performance essa
audiência pública, porque nada do que foi falado trouxe mudanças reais no
texto.
Novecentas mil pessoas se manifestaram
contra a privatização. O nosso dever, como legisladores, é ouvir a população. E
por que eu tenho uma posição contrária a esse texto que foi apresentado pelo
governador? Porque a Sabesp combina dois pontos que, sob a perspectiva do
mercado, são a receita para a catástrofe.
Um deles é que o que ela oferece é
água, saneamento básico, que é bem essencial, é um direito humano básico. Segundo,
é que a Sabesp é um monopólio, a Sabesp não é as teles. É a mesma coisa que
aconteceu com a Enel. Você vai fazer o que se ficar sem água, mudar de cidade?
Uma empresa pública tem uma função,
prestar um serviço de qualidade para o cidadão. Ela está ali para isso. Uma
empresa privada tem outra função, trazer lucro para o acionista, e tudo bem,
tá? Tudo bem, a gente está no capitalismo e é isso aí, está certo.
A Braskem, lá em Maceió, em nome do
lucro, ignorou especialistas, e hoje tem um bairro inteiro afundando. Vai ter
uma CPI lá em Brasília por causa do que aconteceu, porque ignoraram tudo em
nome do lucro. É uma população inteira e a sua história sendo enterrada em nome
do lucro dos acionistas.
A Samarco...
A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - Pela ordem, presidente.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Pela ordem,
deputada Dra. Paula.
A SRA. PAULA DA BANCADA FEMINISTA - PSOL - Gostaria de pedir uma verificação de
presença.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - É regimental o
pedido de Vossa Excelência. Solicito ao deputado Gilmaci Santos, que está aqui
conosco, juntamente com o deputado Danilo Balas, que façam a verificação de
presença.
* * *
- Verificação de presença.
* * *
O SR.
PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Constatado o quórum regimental, devolvo a palavra à
deputada Andréa Werner.
A SRA. ANDRÉA WERNER - PSB - Voltando. Falei da Braskem lá em Maceió, que está afundando um bairro
inteiro. A Samarco, a Vale e a BHP, em nome do lucro, seguiram com barragens
inadequadas, porém baratas, ignoraram riscos, ignoraram alertas, para ter uma
margem maior.
Os acionistas
encheram os bolsos. Centenas de pessoas morreram. Como sempre, o lucro é
privado, mas o prejuízo é público. Todo um ecossistema devastado, centenas de
pessoas perderam suas famílias, vidas perdidas, cidades varridas do mapa, em
nome do lucro.
Associações de
escolas particulares têm procurado parlamentares e secretários, presidente,
para reclamar da lei, que o governador sancionou, que partiu de um projeto de
lei meu aqui. E aí eu queria fazer esse parênteses, porque agora a gente não
está mais falando de Sabesp, mas a gente está falando de empresa privada,
escolas privadas.
O governador
Tarcísio sancionou uma lei de minha autoria que proíbe as escolas de limitarem
o número de alunos autistas por sala. Porque isso, apesar de já ser crime de
discriminação contra pessoa com deficiência, era usado com frequência para
recusar matrícula de alunos autistas. “Não, mãe, aqui já tem um autista nessa
sala”.
Começaram a
procurar parlamentares aqui nesta Casa para reclamar. Afinal de contas, é muito
absurdo não poder limitar o número de autistas na sala de aula, porque tem
autistas que gritam, tem autistas que dão muito trabalho.
E aí eu trago
aqui a lógica da empresa privada para vocês: sabe por que tem autista que
grita? Porque a sala está lotada, porque não tem ar condicionado, porque o
professor, coitado, não recebeu uma formação continuada porque a escola não
quis gastar dinheiro com isso.
Porque não
colocaram, com aquele aluno, um acompanhante especializado que entenda de
autismo para entender quando aquele aluno está se desregulando e ajudá-lo a se
regular de novo.
Então, o
problema não é o autista que grita, o problema não é ter um, dois, três
autistas; o problema é que a escola não quer investir em salas menos lotadas,
em capacitação profissional, em adequação dos ambientes, para que eles fiquem
menos inóspitos para os alunos com deficiência. O meu filho teve matrícula
negada não sei quantas vezes nesta vida.
O meu filho é
autista; agora está com 15 anos. E uma vez, inclusive, usaram essa desculpa,
sabe, Rômulo. Perguntaram para mim, ele estava com oito anos: “ô mãe, o seu
autista fala?”.
Elas não
perguntaram se ele gritava, não, Rômulo; perguntaram se ele falava. Eu falei:
“não, ele não fala”. “Ai, que pena; já tem um autista nessa sala, a gente não
vai poder fazer a matrícula dele”. O problema não é o autista que grita; o
problema é que a empresa privada quer lucro e não quer gastar.
Foi só um
parênteses para dizer que a lógica da empresa privada é o lucro, não é o
bem-estar do cidadão. Para terminar esse parênteses: meu filho, hoje em dia,
está muito bem incluído, graças a Deus, na escola pública, na rede lá em Vinhedo.
Vai se formar agora na nona série, lá em Vinhedo. Porque a rede pública não tem
essa lógica só do lucro. (Manifestação nas galerias.) Lembrando que já era
crime recusar matrícula. Então, para essas escolas, seguir a legislação não é
bom, não, porque não vem o lucro no fim do mês.
Lucro não é
pecado, tá, gente. Vamos lá: todo mundo precisa pagar boleto. O problema é que
a gente tem que entender que, devido à natureza de algumas empresas, fica
complicado você botar um monopólio na mão delas.
Vimos
esse exemplo claro da Enel, que não investiu nos fios aterrados, cortou 36% da
sua força de trabalho, porque é óbvio, gente, funcionário é despesa. E na hora
que passa um aperto, cai uma tempestade, a gente vê o resultado disso. Oito
dias sem luz. E a pessoa vai fazer o quê? Mudar de cidade? É um monopólio.
Suponhamos que
para a desestatização a gente tenha um contrato mais severo, mais rígido, ok.
Mas a gente vê que um dos pontos centrais que estão destacados é a redução das
tarifas.
Qual garantia a
gente tem de que a tarifa vai ficar baixa? Ah, vai fazer um fundo, que para mim
não faz o menor sentido. Você vai vender, você vai pegar o dinheiro da venda e
você vai pagar para a pessoa manter a tarifa baixa? Não faz o menor sentido
isso. E quando esse fundo acabar?
Qual a garantia
que a gente vai ter de que a tarifa vai continuar baixa? Zero. Nenhuma
garantia. A gente vai vender um bem público e dar o dinheiro que a gente ganhou
com essa venda para o acionista continuar feliz, para ele não ter que gastar
para manter a tarifa baixa.
O cidadão vai
subsidiar uma empresa privada para que ela mantenha a tarifa baixa? O acionista
vai continuar feliz, com certeza. No interior do estado, a gente sabe que isso
é bem mais grave.
E quando a
gente fala de pessoas mais vulneráveis, e o meu público principal são pessoas
com deficiência, gente, R$ 20,00 de diferença na conta de luz, na conta de
água, é uma compra a menos no mercado, é um pacote de fralda para um adulto com
paralisia cerebral a menos, é um pacote de sonda a menos.
Tem mãe
fervendo sonda de criança com paralisia cerebral porque não tem condições de
comprar sonda. São pessoas que dependem do benefício da prestação continuada.
Sem garantias
incisivas e específicas de que não haverá um aumento no longo prazo, como é que
eu vou votar “sim” nesse negócio? Me ajuda aí, gente. Não dá. E mesmo com
garantia, por estarmos falando de um serviço essencial, em formato de
monopólio, não é um bom movimento para a população do estado de São Paulo.
Eu fui eleita
para pensar na população do estado de São Paulo e não no bolso do acionista. Eu
não me sinto confortável em votar esse projeto, que é tão sério, que foi tocado
a toque de caixa, tão rápido, atropelando tudo, com tantas dúvidas pairando no
ar.
E eu queria
saber se meus colegas que estão aqui, se eles assumem esse risco perante os
seus eleitores. Cada deputado que está aqui pode garantir para os seus
eleitores que a tarifa não vai subir? Botar a cara nas suas redes: “Eleitor que
me botou aqui, eu te garanto, a tarifa não vai subir.”. Vocês podem garantir
que, mesmo com a escassez de água - porque sim, a água vai virar um bem escasso
-, uma empresa privada não vai seguir a lógica do mercado, que é produto
escasso, sobe o preço?
Vocês podem
garantir isso para os eleitores de vocês? Isso é a lógica do mercado. Se a
gente não puder garantir, com toda certeza, que no longo prazo as tarifas não
vão subir, mesmo com um projeto com tantas lacunas, o recado que a gente está
passando é que a gente não se importa com o que vai acontecer. Sabe por quê?
Porque isso não nos atinge pessoalmente. Porque isso não atinge o nosso bolso.
Para nós, que estamos aqui, R$ 20,00 de diferença realmente não vão ter um
impacto.
Mas eu preciso
perguntar: como que você vai explicar que tudo bem para um cidadão, para quem R$
20,00 de aumento na conta de luz significa uma compra a menos no mercado?
Nós somos
representantes do povo. Essa conta, no fim, chega para todos nós. A lógica da
empresa privada é o lucro, não é o bem da população, não necessariamente. Nós
não fomos eleitos só para garantir o lucro da empresa privada.
Nós fomos
eleitos para garantir o bem da população, para garantir a inclusão escolar,
para garantir água na torneira, para garantir a luz no lugar certo, não para
atropelar todos os processos legislativos desta Casa e para passar um projeto,
na véspera do Natal, com tantas dúvidas pairando no ar, sendo que ninguém aqui
tem coragem de botar a cara nas redes e garantir para os seus eleitores que
essa tarifa não vai subir.
Muito obrigada.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Para discutir
contra, deputado Rômulo Fernandes. (Manifestação nas galerias.)
O SR. RÔMULO FERNANDES
- PT - SEM REVISÃO
DO ORADOR - (Manifestação nas galerias.) Srs. Deputados, meu querido presidente
André do Prado, a todos os funcionários que nos ouvem, principalmente à plateia
que está aí.
Eu queria
começar minha fala com uma palavrinha, e falar do governador. A impressão que
eu tenho é de que o governador está insensível a esta causa. Ele não conhece o
estado de São Paulo, não conhece a Sabesp, não conhece o patrimônio público que
nós estamos discutindo. Eu queria explicar um pouco o porquê. Quem é o
Tarcísio?
Com todo o
respeito à figura do governador, mas eu lembro, em 2021, a discussão que era
feita se ele ia ser senador em Goiás, se ia ser senador no Mato Grosso. Tinha
essa discussão. Aí me parece que houve uma reunião, no Rio de Janeiro. Por que
eu estou dizendo isso? Para explicar um pouco a insensibilidade do governador.
Aí teve uma
reunião, provavelmente na praia de Copacabana, regada a um bom vinho. Estava lá
o Zero Um, estava lá o Zero Dois, estava lá um grande exportador de pedras
preciosas. E começaram a discutir o que ia acontecer. Aí pensaram: “Vamos botar
ele lá em São Paulo.” Porque não é possível.
É um erro de
origem, um erro de sensibilidade, de trazer um projeto tão importante como
esse, e não ouvir as pessoas, não ouvir o que está acontecendo. Uma empresa tão
importante como essa. Para mim, é falta de sensibilidade e falta de empatia.
Por isso que eu queria começar a minha fala falando diretamente com ele.
Tenha
sensibilidade, governador. Conheça um pouco o estado de São Paulo. Eu lembro,
quando ele chegou aqui, ele não sabia onde ia votar. Vocês se lembram disso?
Ele confundiu Itaim Bibi com Itaim Paulista. Aí começou a se embananar, chamou
a avenida Santo Amaro de rua Santo Amaro. Um amigo meu disse assim: “Ele comia
até pizza com catchup, em São Paulo”.
Então é por
isso que ele não conhece e não tem sensibilidade: não conhece o povo paulista.
Eu queria começar falando um pouco sobre isso. E a insensibilidade, antes de eu
falar da Sabesp, eu queria falar da Educação. Ele está mandando um projeto para
cá - a Bebel é a nossa defensora, uma especialista na Educação - cortando 10
bilhões! (Manifestação nas galerias.)
Eu queria pedir
para o governador visitar algumas escolas do estado. Outro dia eu fui numa
escola estadual. A mãe falou assim para mim:
“Rômulo, eu não
estou podendo mandar os meus filhos à escola, porque não tem porta nos banheiros”.
Falei, sabe
quando você não acredita nisso? “Não, não é possível!”
“Não, Rômulo!
Eu não posso mandar, porque não tem porta! Como é que eu faço isso?”
As escolas hoje
parecem uma prisão. E ele quer cortar 10 bilhões da Educação. A gente tem que alertar o povo paulista para
isso. Eu queria falar uma coisa para vocês. Nós vamos lutar o tempo todo contra
esse absurdo da privatização da Sabesp. Nós não vamos parar, até o último
minuto. Não tenham dúvida disso. (Manifestação nas galerias.)
Porque daqui a
pouco vai começar a privatização para a Educação e para a Saúde. E vai muito
mais além disso. Como é que você prega a questão da eficiência? Você vendendo
as coisas? Aí é fácil. O que é eficiente, na gestão? É vender o Metrô, é vender
a Sabesp, é vender a CPTM? Isso é ser eficiente? Isso é choque de gestão?
Por isso que eu
começo dizendo da insensibilidade do governador. E aí, gente, eu fico
imaginando, falar um pouco da Sabesp, uma empresa fundada em 1973, 12 mil
funcionários, que todo mundo falou aqui, lucrativa, e agora a água passa a ser
uma mercadoria. É simples assim.
Eu fico
imaginando uma cidade. Temos a menor cidade aqui de São Paulo, ela chama Borá.
Ela tem, eu acho, 800 habitantes, 870, 850 habitantes. Eu fico imaginando o
prefeito de Borá, se ele vai conseguir falar com alguém da Sabesp, ou do
mercado financeiro, porque a partir dali não vai ser mais a Sabesp, vai ser o
mercado financeiro que vai comandar uma cidade como Borá, a menor cidade do estado
de São Paulo.
Se vão
conseguir falar com esse pessoal lá em Pinheiros, no Alto de Pinheiros. Não
vão. Não vão ser atendidos, não vão ter absolutamente nenhum... E mais do que o
prefeito, a população usuária.
Todo mundo já
falou aqui da Enel, que foi um absurdo o que aconteceu aqui na Assembleia Legislativa.
Em plena CPI da Enel, acaba a luz. Isso é fato. Foi motivo de piada e é isso
que estamos falando, porque falaram aqui... Eu quero que os deputados, de
verdade, assumam a responsabilidade desse absurdo que o governador Tarcísio
está tentando.
Na minha cidade
tem mais um deputado. Eu queria perguntar para ele aqui, publicamente, qual é a
posição dele. Eu estou falando claramente aqui que o meu voto é contra a
privatização da Sabesp. Eu quero ouvir aqui no microfone qual é a posição dele.
Nós temos que
cobrar todos os deputados, porque lá na frente, quando acontecer o que
aconteceu com a Enel, ninguém vai lembrar. “Não, eu não estava sabendo, não
soube de nada.” E a gente precisa, como disseram os deputados aqui
anteriormente, que me antecederam, as pessoas precisam assumir a sua
responsabilidade.
E aí falando
agora um pouco da nossa luta aqui. Nós não vamos cansar de brigar juridicamente
com relação a isso, porque não há argumento que justifique a privatização da
Sabesp, como foi falado aqui.
Não é
eficiente? É eficiente. Não dá lucro? Ela dá lucro. Tem má qualidade do
atendimento? Não, ela tem qualidade no atendimento. Então, não há argumento que
sustente essa ideia da privatização. Não existe.
E aí vamos
falar um pouco sobre as formas que o governador mandou para cá, esse projeto de
lei. Ele mandou como PL e a gente está insistindo... É uma briga jurídica de
que não vamos desistir, de que a forma mandada foi uma forma equivocada. Eu
queria ler aqui, e já foi lido várias vezes, mas me parece que as pessoas não
estão ouvindo ou não estão entendendo.
Eu vou ler o
Art. 216, que já foi lido umas dez vezes aqui, mas vale a pena ler novamente: “§ 2º - O Estado assegurará
condições para a correta operação, necessária ampliação e eficiente
administração dos serviços de saneamento básico prestados por concessionária
sob seu controle acionário”.
Então, começa
por aí a questão jurídica, porque nós estamos falando que não pode ser um PL,
que tem que ser uma PEC.
Aqui na Assembleia
Legislativa, em uma outra frente de batalha, nós vamos tentar convencer a todos
os deputados e deputadas a terem sensibilidade e não cometerem esse grande
equívoco.
E nas ruas.
Essa é outra batalha de que a gente tem falado. Fizemos vários movimentos. Na
minha cidade, na cidade de Mauá, fizemos uma assembleia. Houve a participação
de vários deputados, várias deputadas, para as pessoas entenderem o que
significa. E o que significa? Vamos repetir aqui alguns preços, porque precisa
estar muito claro, e dar valor para as coisas.
A partir do
momento em que acontecer esse absurdo aqui, e nós vamos lutar para não
acontecer essa privatização, é aquilo que eu falei: é mercadoria. Tem uma frase
que eu estava vendo outro dia aqui. Vocês imaginam...
A Andréa Werner
falou um negócio que é muito verdadeiro aqui: essas empresas querem lucro.
Simples assim. E ninguém é contra o lucro, mas, ao invés de a gente falar em
responsabilidade social, nós vamos falar de lucro.
Ao invés de
falar de preço justo, nós vamos falar de lucro. Ao invés de falar de
solidariedade, é lucro. Ao invés de falar de justiça social, é lucro. Esses caras só pensam
nisso.
E aí eu queria
falar um pouco do que vai acontecer na dona Maria, no seu Zé do boteco ali, o
dono da padaria, daquela pessoa que mora nas comunidades ali, que tem tarifa
social, e eu queria deixar muito claro alguns valores aqui, para as pessoas
terem isso na mente. Porque vai acontecer. Vai acontecer.
Vamos lá.
Manaus, empresa privada. Enquanto a Sabesp aqui a tarifa comum é R$ 71,70, lá é
R$ 103,84 - 45% de diferença. As pessoas precisam saber disso. Vamos lá. No
social, que é privada também em Manaus. O social, enquanto aqui é R$ 22,38, lá
52 reais. Essas coisas todos nós vamos sentir.
E a gente fez
audiência pública aqui. Nós fizemos uma série de audiências públicas, e tiveram
várias perguntas que ninguém respondeu, e eu queria deixar algumas aqui,
algumas três, neste tempo que me resta aqui.
Qual o
percentual de redução na tarifa os municípios podem esperar com o aporte do
referido subsídio? Ninguém falou isso até agora. Absolutamente ninguém, e eu
queria que as pessoas respondessem, quem defende esse projeto.
Outra. Qual o
tempo de duração da redução da tarifa do subsídio externo previsto? Todo mundo
está falando. O próprio lucro vai subsidiar por quanto tempo? O estudo que foi
falado aqui, da IFC, que foram oito milhões para algumas páginas, e será 40
milhões agora, se der tudo certo...
Porque nunca vi
um estudo que defende só um lado, e a IFC só defendeu um lado. E é incrível, o
Marcolino falou brilhantemente aqui. Pelas poucas páginas que foram apresentadas,
foram oito milhões. Agora, pelo restante do relatório, serão 45 milhões, sem
nenhuma previsão, sem responder essas perguntas.
Outra pergunta.
De forma objetiva, quais os fatores de ineficiência identificados na Sabesp,
uma vez que a empresa sempre foi apresentada como referência para o setor de
saneamento do país? Essa é a pergunta.
O estudo da IFC,
ele tinha que falar assim: “tá, a gente quer privatizar a Sabesp. Por quê?”.
Porque não tem eficiência nisso naquilo, naquilo, naquilo, naquilo. Não foi
apresentada uma linha.
Uma outra
pergunta, para a gente terminar aqui. Um dos argumentos da privatização é que o
governo pretende antecipar o atendimento da meta da universalização para 2029.
Caso esse prazo não seja cumprido, haverá consequências penalidades ou
possibilidade de reversão contratual? Ninguém fala sobre isso.
Então, por isso,
para terminar a minha fala, eu volto no começo dela. É insensibilidade do governador
Tarcísio, e eu contei um pouco a história aqui da chegada dele aqui em São
Paulo, quando chamou
“Campo dos Elísios”.
Essas coisas a
gente não pode esquecer. A gente não pode esquecer que o melhor amigo dele
quando ele veio para cá, aqui em São Paulo, e ele falava isso pelo todo, era o
Waze. Porque ele não conhecia. O Waze era o grande amigo dele aqui.
Então a gente
pede ao governador sensibilidade política e com o povo paulista. Conheça a
Sabesp. Não cometa esse absurdo.
Por isso, “não à
privatização”.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Com a palavra para
discutir contra a deputada Leci Brandão. (Manifestação nas galerias.) Por
favor, respeito à deputada Leci Brandão, que quer fazer o início da sua
discussão.
A
SRA. LECI BRANDÃO - PCdoB -
SEM REVISÃO DO ORADOR - Minha gente
querida aí da plateia, minha gente querida que está aí na galeria, vocês que
estão assistindo aí pela nossa TV Alesp, funcionários desta Casa.
Eu começo dizendo
o seguinte. As pessoas às vezes falam: “mas você quase não tem ido à tribuna”,
mas eu às vezes não preciso ir à tribuna. Nosso posicionamento como cidadã já
demonstra isso.
Inclusive eu
queria até chamar atenção da mídia, porque é muito ruim, é covarde a atitude de
alguns noticiários que quando tem greve, quando o pessoal do Metrô e tal faz
alguma coisa, eles ficam jogando a opinião pública contra os trabalhadores e eu
sou totalmente contra isso.
Eu acho que
quem está em sindicato... Se não houvesse o sindicato não havia a ordem que
ainda existe no Brasil. Por isso, Bebel, que eu digo a você o seguinte:
professores são os mestres do nosso País e salvam realmente a Educação e quem
formam os cidadãos são os professores.
E os
trabalhadores fazem outra coisa, mas todo mundo age, todo mundo atua. Minha
gente, essa questão da privatização, já está provado que onde houve
privatização a conta aumentou, tudo piorou, nada melhorou onde aconteceu a
privatização. Uma coisa também que me incomoda muito é o semblante do
governador quando ele vai falar contra essa luta.
Parece um tom
de deboche, sabe? Tipo: “Não adianta vocês fazerem isso porque não vai
adiantar, não sei o quê”. Adianta sim, olhe aí. A força está aqui assistindo,
participando, entendeu?
Então a gente
não pode ter temor de nada disso, absolutamente. Dizer para os meus amigos aí
do Partido dos Trabalhadores que eu sou umazinha só do PCdoB, mas me sinto com
a força que vocês me dão, sabe?
Mesmo eu não
(Inaudível.) toda hora, enfim, mas vocês estão aí, estão levando nosso legado,
que é a liberdade, é o respeito ao outro e o meu amigo Suplicy nos dá muita
força e muito incentivo também.
O que eu quero
dizer é o seguinte: que a Sabesp - eu queria falar sobre a Sabesp - é um
patrimônio do povo de São Paulo. Foi construída através de esforço dos seus
funcionários numa dedicação de mais de 50 anos. A Sabesp retribui com
eficiência os investimentos feitos.
A Sabesp possui
uma vasta rede de abastecimento e tratamento de água e esgoto com reservatórios
e estações que se espalham em todo o estado e atualmente já devolve recursos
financeiros para esse mesmo. Então é o seguinte: qual a razão que justifica a
venda dessa estatal paulista?
A gente não
sabe, eu também não sei. Onde a privatização foi realizada houve corte ou piora
dos serviços prestados e aumento da conta de água, porque é o povo que vai
pagar essa conta. O povo não está entendendo às vezes o que é que está por trás
disso tudo aí.
Os meus colegas
que estiveram aqui anteriormente já explicaram aqui, foram dados vários
exemplos. Inclusive eu quero parabenizar o deputado Dr. Jorge do Carmo pelo
discurso que ele fez, porque ele consegue explicar certinho o que é um lado e o
que é o outro, quem pode, como é que essas empresas tratam, e quem não pode,
deixam de lado; não precisa ter interesse nessas coisas.
E é dizer o
seguinte - porque eu estou querendo diminuir o tempo porque tem outras pessoas
também para falar - a privatização pode ser uma verdadeira tragédia porque água
não é, como disse o Rômulo ainda há pouco, nem pode ser mercadoria. Água é vida,
água é vida.
A água está em
primeiro lugar e eles querem colocar o povo de São Paulo de qualquer forma. Tem
que colocar o povo de São Paulo em primeiro lugar, primeiro lugar o povo. Sabe
por quê? Não à privatização da Sabesp. Eu vou passar o meu tempo aqui para o
deputado, nosso líder, Paulo Fiorilo.
O
SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Passo então o
tempo remanescente da deputada Leci Brandão para o deputado Paulo Fiorilo.
O
SR. PAULO FIORILO - PT - Sr. Presidente, primeiro
agradecer a deputada Leci Brandão e pelo tempo que eu tenho é impossível
iniciar a minha fala. Então eu queria sugerir ao senhor encerrar, porque já vai
terminar e na volta fará o uso da palavra o deputado Luiz Cláudio no tempo
remanescente da deputada Leci.
O SR. PRESIDENTE - ANDRÉ DO PRADO - PL - Então,
estamos agora às 19 horas, realmente acabou o tempo da sessão. Está preservado
o tempo de nove minutos e 44 segundos para o deputado Luiz Claudio Marcolino,
pelo tempo remanescente da deputada Leci Brandão e do deputado Paulo Fiorilo.
E antes de dar por encerrada a sessão,
convoco as Sras. Deputadas e os Srs. Deputados para uma sessão extraordinária a
realizar-se 10 minutos após o término desta sessão.
Está encerrada a sessão.
* * *
- Encerra-se a sessão às 19 horas.
* * *